Venezuela: as riquezas da região da Guiana que Maduro quer anexar:20 bet bônus
Mas a Venezuela parece agora determinada a romper a situação.
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O governo venezuelano anunciou a realização20 bet bônusum polêmico referendo20 bet bônus320 bet bônusdezembro sobre a região disputada.
Nele, será perguntado aos venezuelanos, entre outras coisas, se apoiam a criação do estado Guiana Essequiba, além20 bet bônusum plano para conceder a cidadania venezuelana aos seus habitantes.
Segundo o governo da Guiana, o referendo representa uma ameaça existencial à integridade territorial do país e pediu ao Tribunal20 bet bônusHaia que o impedisse.
A Venezuela criticou o pedido, argumentando que ele interfere nos seus assuntos internos.
"Nada impedirá a realização do referendo marcado para 320 bet bônusdezembro", afirmou ao tribunal a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez,20 bet bônus1520 bet bônusnovembro.
Os marcos20 bet bônusquase dois séculos20 bet bônusdisputa
20 bet bônus 1777 - O Império Espanhol funda a Capitania Geral da Venezuela, subentidade territorial que inclui Essequibo.
20 bet bônus 1811 - A Venezuela torna-se independente da Espanha e Essequibo passa a fazer parte da nascente república.
20 bet bônus 1814 – O Reino Unido adquire a Guiana Inglesa, com cerca20 bet bônus51.700 km², através20 bet bônusum tratado com os Países Baixos que não define a20 bet bônusfronteira ocidental.
20 bet bônus 1840 – Londres nomeia o explorador Robert Schomburgk para definir a fronteira. Pouco depois, é inaugurada a Linha Schomburgk, uma rota que ocupava quase 80.000 km² adicionais.
20 bet bônus 1841 – A disputa começa oficialmente quando a Venezuela denuncia uma incursão do Império Britânico20 bet bônusseu território.
20 bet bônus 1886 – Uma nova versão da Linha Schomburgk é publicada, reivindicando mais território.
20 bet bônus 1895 - Os Estados Unidos intervêm sob a Doutrina Monroe após denunciar que a fronteira foi ampliada20 bet bônus"maneira misteriosa" e recomenda que a disputa seja resolvida20 bet bônusarbitragem internacional.
20 bet bônus 1899 - É emitida a Sentença Arbitral20 bet bônusParis, uma decisão favorável ao Reino Unido, com a qual o território cai oficialmente sob domínio britânico.
20 bet bônus 1949 - É tornado público um memorando do advogado norte-americano Severo Mallet-Prevost, parte da defesa da Venezuela na disputa20 bet bônusParis, no qual ele denuncia que os juízes não foram imparciais. Os posicionamentos20 bet bônusSevero Mallet-Prevost e outros documentos servem para que a Venezuela declare a sentença "nula e sem efeito".
20 bet bônus 1966 – Três meses antes20 bet bônusconceder a independência à Guiana, o Reino Unido firma com a Venezuela o Acordo20 bet bônusGenebra, o qual reconhece a reivindicação venezuelana e busca encontrar soluções para resolver a disputa.
Críticos afirmam que o referendo tem um tom nacionalista20 bet bônusum momento-chave: os preparativos para as eleições presidenciais20 bet bônus2024 na Venezuela.
Analistas prevêem um apoio massivo às propostas do governo venezuelano, que mobilizará o seu eleitorado num país onde a reivindicação por Essequibo une chavistas e opositores como nenhuma outra questão.
O resultado do referendo, no entanto, não será vinculativo à luz do direito internacional.
Em visita à região no final20 bet bônusoutubro, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, garantiu que seu país não abrirá mão20 bet bônusum "centímetro"20 bet bônusterritório.
"Que ninguém cometa um único erro. Essequibo é nosso, cada centímetro quadrado", disse.
O geógrafo guianês Temitope Oyedotun, professor da Universidade da Guiana, afirma que o Essequibo é vital para o seu país.
"É um território três vezes maior que a Costa Rica, onde vivem quase 300 mil pessoas", diz à BBC News Mundo (serviço20 bet bônusespanhol da BBC).
O Essequibo representa dois terços da superfície da Guiana e abriga quase um terço20 bet bônussua população.
Para ele, não há disputa.
"Essequibo faz parte da Guiana e não tenho dúvidas disso", acrescenta.
Os governos da Guiana e da Venezuela não responderam a pedidos20 bet bônusposicionamento da BBC.
Tamanha disputa se explica pelo tamanho do território, mas sobretudo pela20 bet bônusriqueza.
O Escudo das Guianas
O Essequibo cobre cerca20 bet bônus160.000 km², a maioria deles20 bet bônusselva impenetrável.
"Do ponto20 bet bônusvista geográfico, o Essequibo faz parte do Maciço Guianês, também conhecido como Escudo das Guianas", explica Reybert Carrillo, geógrafo da Universidade20 bet bônusLos Andes, na Venezuela.
"Compartilha características muito semelhantes com estados venezuelanos como Delta Amacuro, Bolívar e Amazonas".
Nestes três estados venezuelanos, que fazem fronteira com a área reivindicada, está o Arco Mineiro do Orinoco, uma área20 bet bônusexploração20 bet bônusmais20 bet bônus111.800 km² que possui grandes reservas20 bet bônusouro, cobre, diamante, ferro, bauxite e alumínio, entre outros minerais.
Carrillo destaca que as formações geológicas do Maciço Guianês costumam conter minerais "de alto valor".
No território, existem também vários tepuis — formações montanhosas com topos planos e paredes incomumente verticais. Eles são compostos majoritariamente por arenito e estão entre as estruturas geológicas mais antigas do planeta, com cerca20 bet bônus2 a 4 bilhões20 bet bônusanos.
Petróleo e gás
As tensões entre a Venezuela e a Guiana aumentaram desde que dezenas20 bet bônusdepósitos20 bet bônuspetróleo começaram a ser descobertos20 bet bônus2015 na costa da área disputada.
Até o momento, a multinacional americana ExxonMobil e os seus parceiros fizeram 46 descobertas que elevaram as reservas20 bet bônuspetróleo da Guiana para cerca20 bet bônus11 bilhões20 bet bônusbarris, representando cerca20 bet bônus0,6% do total mundial.
As descobertas inesperadas tornaram a Guiana, um país20 bet bônus800.000 habitantes, uma das economias que mais crescem no mundo. Seu produto interno bruto (PIB) deverá crescer 25% este ano, depois20 bet bônuster expandido 57,8%20 bet bônus2022.
Mas a maior parte das reservas está localizada num bloco20 bet bônuspetróleo e gás20 bet bônus26.000 km² conhecido como Stabroek, ao largo da costa atlântica do país.
Uma parcela importante desse bloco está localizada nas águas da região disputada pela Venezuela.
Segundo dados da consultoria Refinitiv Eikon, a Guiana exportou 338.254 barris por dia durante o primeiro trimestre20 bet bônus2023, mais que o triplo do que produziu20 bet bônus2021.
Analistas do site OilPrice afirmam que toda essa produção vem do bloco Stabroek, operado por um consórcio liderado pela ExxonMobil.
A Guiana espera produzir 1,2 milhão20 bet bônusbarris por dia até 2027, o que a tornaria um dos maiores produtores20 bet bônuspetróleo da América Latina — superado apenas pelo Brasil e pelo México, e à frente dos 750 mil barris por dia que a Venezuela produz atualmente.
A exploração na área também levou à descoberta20 bet bônusreservas significativas20 bet bônusgás20 bet bônusStabroek, mas a grande maioria está localizada no sudeste do bloco, perto da fronteira com o Suriname, segundo mapa do Ministério20 bet bônusRecursos Naturais da Guiana.
O Ministro das Finanças do país, Ashni Singh, afirmou20 bet bônusjaneiro que as reservas20 bet bônusgás do país estão atualmente estimadas20 bet bônus17 bilhões20 bet bônuspés cúbicos.
Ouro e outros recursos minerais
No século 19, a disputa entre o Reino Unido e a Venezuela se acirrou quando foi descoberta a existência20 bet bônusouro na região — e o Reino Unido buscou ampliar ainda mais seu domínio, acrescentando mais20 bet bônus80.000 km² à20 bet bônuscolônia.
Em 1876, pessoas que falavam inglês já haviam se estabelecido na bacia do rio Cuyuní, que no entanto estava20 bet bônusterritório venezuelano. Trabalhando para Londres, o explorador Robert Schomburgk acreditava que os ingleses poderiam reivindicar aquela área.
Ali nasceu a mina20 bet bônusouro20 bet bônusOmai, que se tornaria uma das maiores do Escudo das Guianas e uma das grandes fontes20 bet bônusrenda da Guiana.
Quase dois séculos depois, a mina20 bet bônusouro localizada no território disputado ainda produz riquezas.
No início do ano passado, toneladas20 bet bônusouro foram detectadas20 bet bônusum poço conhecido como Wenot.
"Essequibo é uma região com muitos recursos minerais. Além do petróleo, há muito ouro", observa o geógrafo Temitope Oyedotun, da Universidade da Guiana.
"Existem também outros recursos minerais como diamantes, bauxita, manganês e urânio."
Importante rede20 bet bônusrios
O pesquisador também destaca os recursos hídricos da região, como os dos rios Cuyuní, Mazaruní, Kuyuwini, Potaro e Rupununi.
Reybert Carrillo afirma que a extensa rede20 bet bônusafluentes do Essequibo é “um dos recursos naturais mais importantes” do território.
"Existem rios como o Potaro, que abriga uma grande variedade20 bet bônuspeixes e cachoeiras20 bet bônusaté 200 metros. Esse rio também tem grande potencial para gerar energia hidrelétrica", diz o geógrafo da Universidade dos Andes.
No rio Potaro, que deságua no Essequibo e tem 225 km20 bet bônusextensão, existem nove cachoeiras, entre as quais se destacam as Kaieteur e as Tumatumari.
Com queda livre20 bet bônusaté 227 metros, as Cataratas Kaieteur são até cinco vezes mais altas que as Cataratas do Niágara, localizadas entre os EUA e o Canadá.
Para Oyedotun, é "uma das cachoeiras mais impressionantes do mundo".
Carrillo acredita que os recursos hídricos20 bet bônusEssequibo podem ser vitais para o futuro.
"Pelo que se projeta com a crise climática e a escassez20 bet bônuságua, ter uma rede20 bet bônusrios como a que tem este território poderia ser muito importante", explica.
"Acho que esse será o recurso mais importante por várias décadas."
Águas costeiras
O território reivindicado tem quase 300 km20 bet bônuscosta.
"A costa e as suas águas permitem consolidar e ampliar uma saída20 bet bônusdireção ao Atlântico", afirma Carrillo.
"Ela também proporciona 370 km20 bet bônuszona econômica exclusiva, o que confere jurisdição aduaneira. Isso significa que qualquer navio que passa por ali tem20 bet bônuspagar impostos".
E foi nessas águas que foi encontrado o "mar20 bet bônuspetróleo" responsável por reavivar,20 bet bônus2015, as tensões entre a Guiana e a Venezuela.
O professor Oyedotun critica que a Venezuela tenha se interessado mais pela reivindicação20 bet bônusEssequibo após a descoberta20 bet bônuspetróleo e acredita que o governo venezuelano também está usando a disputa para obter apoio político.
Oyedotun também questiona os itens do referendo previsto para 320 bet bônusdezembro.
"Não se pode organizar um referendo perguntando a um povo se ele gostaria20 bet bônuscomeçar a considerar uma região20 bet bônusoutro país como sua", argumenta o geógrafo guianês.
"Por que você não pergunta aos cidadãos20 bet bônusEssequibo como e por quem eles gostariam20 bet bônusser governados?", indaga.
Georgetown insistiu que a organização do referendo faz parte20 bet bônusum "plano sinistro da Venezuela para tomar o território da Guiana".
Para a Guiana, a disputa fronteiriça já foi resolvida há mais20 bet bônusum século com a Sentença Arbitral20 bet bônusParis20 bet bônus1899, na qual a Linha Schomburgk foi estabelecida como a fronteira entre os dois territórios.
Mas20 bet bônus1949, começaram a surgir evidências que denunciavam a cumplicidade entre os delegados britânicos e o jurista Friedrich Martens para decidir contra a Venezuela.
Por essa e outras razões, a Venezuela considera que Essequibo foi tomado20 bet bônusforma ilegítima e ilegal pelo Reino Unido no século 19.
Pouco antes da independência da Guiana do Reino Unido20 bet bônus1966, Caracas e Londres assinaram o Acordo20 bet bônusGenebra, um tratado ainda20 bet bônusvigor que reconhece a reivindicação da Venezuela e procura encontrar soluções para a disputa.
Caracas adere a esse acordo e rejeita a competência do Tribunal20 bet bônusHaia para definir a questão.
A equipe jurídica da Guiana, que denunciou o referendo perante o tribunal, descreve-o como uma "ameaça existencial" que procura preparar o caminho para a anexação20 bet bônusEssequibo pela Venezuela.
Nenhum dos países cede. Em jogo está um grande território cheio20 bet bônusriquezas.
* Ilustração20 bet bônusDaniel Arce e mapas20 bet bônusCaroline Souza