7 coisas que Divertida Mente 2 revela sobre o cérebro e as emoções, segundo especialistas:bwin yasal mı
Mas o que hábwin yasal mıciência por trás da animação? O roteiro contou com a consultoriabwin yasal mıpesquisadores, que usaram alguns conceitosbwin yasal mıpsicologia e psiquiatria para elaborar a trama.
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A BBC News Brasil conversou com especialistas na área — que assistiram as duas animações — para entender que conceitos são esses.
A seguir, você confere sete coisas que Divertida Mente 2 ensina sobre o cérebro, as emoções e a saúde mental.
1. As emoções ficam complexas (e diversas) conforme crescemos
A psiquiatra Gibsi Rocha, professora da Escolabwin yasal mıMedicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), destaca que os roteirosbwin yasal mıDivertida Mente têm como umabwin yasal mısuas bases as pesquisas do psicólogo americano Paul Ekman.
"Ele foi pioneiro no estudo das emoções e das expressões faciais ou corporais", resume a médica.
"Segundo os trabalhosbwin yasal mıEkman, as emoções que aparecem nas animações são universais e estãobwin yasal mıtodas as culturas do mundo", complementa ela.
A forma como essas emoções se manifestam conforme crescemos também é retratada com certa fidelidade nas duas animações.
Ou seja: na infância, emoções mais básicas, como alegria, tristeza, medo, nojo e raiva, sãobwin yasal mıfato as mais preponderantes. Elas aparecem logo após os reflexos iniciais do bebê, quando ele começa a interagir com o ambiente.
Nessa etapa, a criança pequena já sorri ao se interessar por algo ou chora ao sentir tristeza e medo.
Porém, conforme crescemos e entramos na adolescência, outras emoções ficam preponderantes — assim como acontece na cabeçabwin yasal mıRiley, onde ansiedade, tédio, inveja e vergonha dão as caras quando o "botão da puberdade" é acionado.
A psicóloga Marjorie Wanderley, especialistabwin yasal mısaúde da criança e do adolescente do Hospital Pequeno Príncipe,bwin yasal mıCuritiba, pondera que esse grupobwin yasal mıemoções mais profundas já aparece na infância.
"Podemos pensar, por exemplo, na vergonha, algo muito comum entre crianças. Masbwin yasal mıfato essas emoções não são tão complexas e ganham mais protagonismo a partir da transição para a adolescência", diz a especialista.
2. As emoções tornam as memórias inesquecíveis
As animações também retratam cada memóriabwin yasal mıRiley como uma bolabwin yasal mıvidro — a cor da esfera define a emoção relacionada àquele episódio.
Por exemplo: a lembrança da primeira vez que ela andoubwin yasal mıpatins no gelo possui tons amarelos, relacionados à alegria.
As especialistas consultadas pela BBC News Brasil explicam que a emoção vinculada a cada episódio que vivemos torna determinadas experiências praticamente inesquecíveis.
"Os processosbwin yasal mıaprendizado são facilitados pelas emoções", diz Wanderley.
"É por isso que os professoresbwin yasal mıcursinho pré-vestibular criam tantas músicas e paródias para ensinar certos conteúdos. As melodias estão relacionadas com as emoções e isso nos ajuda a memorizar as informações", complementa ela.
Certamente cada pessoa tem memórias inesquecíveis — e elas estão diretamente relacionadas ao sentimento experimentado naquele momento. E isso inclui coisas boas (o primeiro beijo, uma nota boa na prova, uma ofertabwin yasal mıemprego, uma festa…) e ruins (um assalto, uma doença, um acidente…).
Ainda no primeiro filme, conforme Riley cresce, as tais bolasbwin yasal mımemórias ganham múltiplas cores. Ou seja, uma recordação que era amarela (de alegria) fica amarela-azul (de alegria com tristeza) ou roxa-verde (de medo com nojo).
"É o casobwin yasal mıuma lembrança que temosbwin yasal mınossos avós. Ela pode ser alegre no início, mas, quando eles morrem, se torna agridoce, com um mistobwin yasal mıfelicidade e tristeza", cita Wanderley.
Isso mostra mais uma vez como nossos sentimentos se aprofundam e ganham complexidade conforme envelhecemos.
"Com o passar do tempo, o que a gente viveubwin yasal mıfato não importa tanto. O mais relevante,bwin yasal mıtermosbwin yasal mımemória, é o significado que damos para aquele momento", observa a psicóloga.
"Por isso, é muito comum que duas pessoas que viveram exatamente a mesma coisa tenham lembranças completamente diferentes, segundo as emoções que cada uma sentiu."
3. Não existe emoção boa ou ruim
Uma das principais mensagensbwin yasal mıDivertida Mente está relacionada à noçãobwin yasal mıque todas as emoções são importantes para nossa vida — mesmo aquelas que consideramos ruins, como tristeza, medo, nojo, raiva…
"Um poucobwin yasal mıtristeza é fundamental para a gente ter a clarezabwin yasal mıencarar a realidade e os desafios da vida", constata Rocha, que se especializoubwin yasal mıPsiquiatria da Infância e da Adolescência no Hospital Monte Sinai,bwin yasal mıNova York, nos EUA.
A raiva permite reagirmos às injustiças que nos cercam. O medo nos faz evitar situações perigosas e potencialmente fatais. Já o nojo impede o contato com um alimento estragado, que poderia causar uma infecção grave.
E esse mesmo racional se aplica às novas emoções, que são apresentadas na parte dois da animação: leves pitadasbwin yasal mıansiedade, por exemplo, nos permitem antecipar diferentes cenários e estar prontos para lidar com elesbwin yasal mıforma satisfatória.
"A ansiedade sobre dar uma aula ou uma entrevista, por exemplo, faz com que eu me prepare para essas situações e fique melhor na horabwin yasal mırealizar essas atividades", conta Rocha.
"Todas as emoções são importantes para a construçãobwin yasal mınossa identidade", complementa ela.
O problema, explicam as especialistas, é quando essas emoções saem do equilíbrio — e uma delas acaba tomando o centrobwin yasal mıcontrole do cérebro.
"Até alegria exagerada faz mal. Essa, aliás, é uma crítica do filme à pressão que vivemos hoje para estarmos felizes o tempo todo", reflete Rocha.
Já a tristezabwin yasal mıdemasia desembocabwin yasal mıdepressão. O medo excessivo paralisa. O nojo impede novas experiências. E assim por diante.
Um cenário desses é retratadobwin yasal mıDivertida Mente 2, quando a Ansiedade toma para si toda a responsabilidade e deixa as demais emoçõesbwin yasal mısegundo plano.
O que parecia benéfico num primeiro momento para Riley evolui para algo sufocante e prejudicial, como é possível acompanhar na trama.
4. Esquecer é algo positivo
No desenho, muitas das esferasbwin yasal mımemória perdem as cores com o passar do tempo — e são descartadas numa espéciebwin yasal mı"lixão cerebral".
Algo similar acontece na nossa própria cabeça e, segundo especialistas, deve ser encarado mais como uma dádiva do que como uma maldição.
"Esquecer é algo salutar para nossa sobrevivência", diz Wanderley.
"Nós temos esse desejobwin yasal mınão perder nada do que vivemos, mas o descartebwin yasal mıalgumas memórias faz parte do processobwin yasal mıaprendizado."
"A gente só consegue criar novas memórias porque recicla lembranças que não são tão úteis assim", complementa ela.
A psicóloga também destaca como a animação mostra a importância do sono nesse processobwin yasal mıorganização das recordações: é apenas quando Riley vai para a cama e "apaga" que as esferas são organizadas adequadamente.
Isso também acontece no nosso cérebro durante o sono — sem a presençabwin yasal mıbonequinhos fofos e amigáveis (infelizmente).
Na vida real, esse processo é mediado por pulsos elétricos, neurotransmissores e outros elementos que fazem a comunicação entre os neurônios e as demais células do sistema nervoso central.
5. As basesbwin yasal mınossa personalidade mudam
No desenho, o centrobwin yasal mıcontrole do cérebro onde as emoções trabalham é conectado com uma sériebwin yasal mıbases, ou ilhas. Elas representam aquilo que influencia a personalidadebwin yasal mıRiley.
Uma dessas estruturas trata da família. Outra, das amizades. Uma terceira, da práticabwin yasal mıesportes (oubwin yasal mıhockey, mais especificamente). E assim por diante.
Na segunda animação, é possível observar uma mudança importante nessas bases: o campo que representa a família diminuibwin yasal mıtamanho, enquanto o das amizades fica maior.
Isso é algo que acontece com todo mundo na passagem da infância para a adolescência.
"Nesse período, há uma mudançabwin yasal mıprioridades. Os amigos passam a ser algo muito importante para nossa basebwin yasal mıpersonalidade", explica Wanderley.
"Esse processobwin yasal mıdistanciamento dos pais, geralmente cercadobwin yasal mırevolta e rebeldia, é extremamente natural e saudável."
A psicóloga aponta que, até certo estágio da vida, filhos e pais funcionam como uma unidade harmônica, quase numa simbiose.
"Mas chega uma hora que não dá para continuar assim. O adolescente precisa descobrir quem ele é, qual abwin yasal mıindividualidade e identidade. E isso envolve um processobwin yasal mıque ele estabelece que é diferente daqueles que o criaram", diz ela.
Obviamente, esse momento costuma ser bem doloroso para os pais.
No final da adolescência e começo da vida adulta, a tendência é que essas cisões se amenizem — e os filhos busquem uma nova aproximação com a família.
6. As convicções/crenças têm diferentes origens emocionais
Uma novidade no enredobwin yasal mıDivertida Mente 2 é o surgimentobwin yasal mıuma espéciebwin yasal mısubsolo do centrobwin yasal mıcomando do cérebro.
Ali, há um lago, onde as emoções jogam as esferas com memórias mais relevantes. Dessa interação, surge uma corda que, ao ser tocada, diz uma frase.
Uma lembrança alegrebwin yasal mıRiley com a família gera um fio que repete: "Eu sou uma boa pessoa."
Outro, relacionado a um ponto marcado numa partidabwin yasal mıhockey, garante: "Eu sou uma ótima jogadora."
Wanderley entende que, dentro da terapia cognitivo-comportamental, uma das linhasbwin yasal mıpesquisa da psicologia, essas cordas podem ser interpretadas pelo conceitobwin yasal mı"crenças".
"Essas crenças ou convicções são formadas desde a infância e retratam o modo como nos relacionamos com o mundo", conta a especialista.
"Elas podem ser muito rígidas ou flexíveis. No começo do segundo filme, é possível ver que Riley tinha crenças positivas sobre si mesma, pois ela teve uma criação muito amorosa."
"Por isso, ela se considerava uma pessoa legal, que merecia ser feliz", complementa a especialista.
Isso muda um pouco quando chega a adolescência. A ascensãobwin yasal mıAnsiedade, Inveja, Tédio e Vergonha bagunça esse cenário.
Riley passa a lidar com inseguranças, se afasta das amigasbwin yasal mıinfância e questiona suas capacidades.
"Nesse momento, ela desenvolve convicções que chamamos na terapia cognitivo-comportamentalbwin yasal mı'se - então'", pontua Wanderley.
Na animação, Riley cria pressupostos do tipo: "Se eu não entrar no timebwin yasal mıhockey, então minha vida acabou."
"Nós fazemos esse tipobwin yasal mıconexão o tempo todo e as tomamos como verdades absolutas. Muitas vezes, elas só são questionadas por um terceiro, como um terapeuta", diz a psicóloga.
"Ou seja, grande parte do sofrimento pode estar relacionado a coisas que uma pessoa acredita, mas não são necessariamente verdades", reflete ela.
7. As crenças formam o ‘sensobwin yasal mıser’ — e é importante desenvolver uma flexibilidade cognitiva
Em Divertida Mente 2, os tais fios que representam as crenças/convicções se juntam e formam uma espéciebwin yasal mıescultura.
"Na visão da terapia cognitivo-comportamental, esse objeto representa o 'sensobwin yasal mıser'", explica Wanderley.
Em outras palavras, é como se as memórias cheiasbwin yasal mıemoções formassem nossas crenças e convicções — que, porbwin yasal mıvez, interagem para criar uma espéciebwin yasal mıidentidade própria, ou como nos enxergamos diante do resto do mundo.
Um dos pioneiros no desenvolvimento desse conceito foi o psicólogo alemão-americano Erik Erikson (1902-1994).
No início da animação, Riley possui uma escultura harmônica e bela,bwin yasal mıtons suaves, que reforça aqueles sentimentos positivosbwin yasal mıser feliz e amada.
Porém, com o avançar da trama — e a chegada da puberdade, com ansiedade e companhia limitada — a tal peça ganha formas duras e tortuosas, com cores fortes, que representam inseguranças, aflições e temores.
"A dependerbwin yasal mıcomo essas crises se desenrolam, o indivíduo sofrerá", constata Rocha.
"Esse sensobwin yasal mıser pode ser rígido e inflexível, o que causa agonia", concorda Wanderley.
"Mas vemos que essa estrutura pode se tornar maleável e mudarbwin yasal mıcor e formabwin yasal mıacordo com a situação."
"Essa flexibilidade cognitiva, algo que buscamos constantemente na psicoterapia, acontece quando nós conseguimos adequar nossas crenças segundo o que estamos vivendo."
"Desse modo, nos questionamos o tempo todo e damos espaço para outras emoções atuarem", conclui a psicóloga.