As ilhas onde se faz um dos melhores chocolates do mundo:casas de aposta copa do mundo

Em São Tomé e Príncipe, pessoa abre cacau para extrair as sementes

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“Forte e amargo não são a mesma coisa”, afirma ele. “Nós aprendemos que o bom chocolate é escuro e amargo, mas amargo é errado e escuro é queimado.”

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Uma das diversas criações que provei chamava-se Ubric 1, um chocolate 70% cacau com uvas passas destiladascasas de aposta copa do mundopolpacasas de aposta copa do mundocacau, aquela pasta branca do interior da fruta. Corallo descreve o aroma da polpa como “o mais fresco e estimulante” que ele conhece.

Eu nunca havia provado nada como aquilo. Não surpreende que o jornal italiano Corriere della Sera tenha considerado Claudio Corallo “um dos melhores fabricantescasas de aposta copa do mundochocolate do mundo”.

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São Tomé e Príncipe é o segundo menor país da África, atrás apenas das ilhas Seychelles. Mas, pouco maiscasas de aposta copa do mundo100 anos atrás, esta minúscula nação composta por duas ilhas era o maior produtorcasas de aposta copa do mundochocolate do mundo.

Agora, diversos produtores como Corallo estão revitalizando o comérciocasas de aposta copa do mundocacau, utilizando variedades antigas e intocadas, plantações históricas e o clima do país, favorável ao cultivo do cacau, para criar produtoscasas de aposta copa do mundochocolate orgânico.

Corallo estudou agronomia tropicalcasas de aposta copa do mundoFlorença,casas de aposta copa do mundocidade-natal na Itália. “Eu sonhava com florestas tropicais quando era criança”, diz.

Por maiscasas de aposta copa do mundo30 anos, ele cultivou café no Zaire (hoje, República Democrática do Congo), até se mudar para São Tomé e Príncipe quando a situação política no antigo país se deteriorou, nos anos 1990. Corallo queria usar seus conhecimentos sobre café para criar um chocolate com alto teorcasas de aposta copa do mundocacau que não fosse amargo.

Ele encontrou os cacaueiros que procurava na fazenda Terreiro Velho na ilha do Príncipe, a menor e mais preservada do país. Foi ali, a cercacasas de aposta copa do mundo130 km a nordestecasas de aposta copa do mundoSão Tomé, que ele se estabeleceu para aperfeiçoar o processo.

Os fabricantescasas de aposta copa do mundochocolate artesanal usam técnicas diferentes durante os principais estágios — colheita, fermentação, secagem e torrefação — para criar sutis diferençascasas de aposta copa do mundosabor. A técnicacasas de aposta copa do mundoCorallo combina o demorado trabalho e seu próprio instinto.

Ele retira manualmente o tegumento (a casca amadeirada que cobre cada amêndoacasas de aposta copa do mundocacau) ecasas de aposta copa do mundoraiz dura e amarga. Muito poucos fabricantescasas de aposta copa do mundochocolate se dão ao trabalhocasas de aposta copa do mundoremover a raiz.

Em seguida, ele fermenta o cacau por duas ou três vezes mais tempo do que o padrão. Já a torrefação é feita pelacasas de aposta copa do mundointuição, adquirida ao longo do tempo.

“O cacau é um produto vivo, ele quer ser conhecido, [ser] tratado corretamente”, explica Corallo.

“Para fabricar chocolatecasas de aposta copa do mundoalta qualidade, você precisa viver a sensação. Se a temperatura estiver baixa demais e o tempocasas de aposta copa do mundotorra for muito longo, o cacau perde a alegria. Se as temperaturas forem apenas um pouco mais altas ou o tempo apenas um momento mais curto, ele fica amargo e pungente.”

São Tomé e Príncipe

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São Tomé e Príncipe era o maior produtorcasas de aposta copa do mundochocolate do mundo no início do século 20

Origens no Brasil colônia

As árvores que crescem na plantaçãocasas de aposta copa do mundoCorallo são descendentes dos primeiros cacaueiroscasas de aposta copa do mundoSão Tomé e Príncipe.

Até o início dos anos 1800, só havia cacau na América Latina. Foi quando o reicasas de aposta copa do mundoPortugal, Dom João 6º (1767-1826), percebeu que estava a pontocasas de aposta copa do mundoperder o Brasil como colônia portuguesa.

Antevendo a perda da receita oriunda da indústria brasileiracasas de aposta copa do mundocacau, ele ordenou que fossem embarcados cacaueiros para a colônia portuguesa mais seguracasas de aposta copa do mundoSão Tomé e Príncipe.

As árvores chegaram à ilha do Príncipecasas de aposta copa do mundo1819. Rapidamente, vieram pessoas escravizadas do oeste africano e trabalhadores contratadoscasas de aposta copa do mundooutras colônias portuguesas, particularmente Cabo Verde, Angola e Moçambique, para trabalhar nas plantações que surgiriamcasas de aposta copa do mundoseguida.

Os cacaueiros se desenvolveram no rico solo vulcânico. No início dos anos 1900, São Tomé e Príncipe era o maior exportadorcasas de aposta copa do mundocacau do mundo, o que lhe valeu o apelidocasas de aposta copa do mundo“Ilhas do Chocolate”.

As roçascasas de aposta copa do mundocacau eram como cidades autossuficientes. Havia um bairrocasas de aposta copa do mundoacomodações para os trabalhadores, comcasas de aposta copa do mundoprópria igreja, hospital e escolas.

Mas as condiçõescasas de aposta copa do mundovida desses trabalhadores contratados eram tão ruins e seu tratamento pelos senhores da terra era tão brutal que,casas de aposta copa do mundo1910, fabricantescasas de aposta copa do mundochocolate britânicos e alemães boicotaram o “cacau português”, o que levou ao declínio das plantações locais.

As roças foram completamente abandonadas depois que São Tomé e Príncipe conquistoucasas de aposta copa do mundoindependênciacasas de aposta copa do mundoPortugal,casas de aposta copa do mundo1975. Agora, elas estãocasas de aposta copa do mundovariáveis estadoscasas de aposta copa do mundodecadência, com seus esqueletoscasas de aposta copa do mundoconcreto sendo lentamente consumidos pela floresta.

'O cacau é como o vinho'

Cacau

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Cacau, a matéria-prima do chocolate

A Roça Sundy já foi a segunda maior fazenda da ilha do Príncipe. Lá, as raízes das paineiras escalam as paredes dos armazéns destelhados.

Em um antigo depósito, encontrei um secador manual danificado, uma relíquia dos diascasas de aposta copa do mundoque o cacau fermentado era colocado para secar sobre enormes fornalhas à lenha.

Em um lado do jardim central da roça, ficavam os estábulos, protegidos pela torrecasas de aposta copa do mundouma fachada com aparência medieval. Seu relógio, corroído pelo tempo, parou às sete e meia. Havia também trechos com trilhos semienterrados que cruzavam a roça e os restos abandonadoscasas de aposta copa do mundoum hospital.

As construções podem ter visto dias melhores, mas a vidacasas de aposta copa do mundoSundy continua.

No jardim central, observei galos esqueléticos ciscando na poeira e crianças gargalhando e perseguindo leitões pelos arbustos. Uma senhora varria a varandacasas de aposta copa do mundouma igreja que parecia não ver uma missa há séculos.

A roça é o larcasas de aposta copa do mundocercacasas de aposta copa do mundo300 pessoas, descendentes dos primeiros trabalhadores contratados que trabalharam ali. Todas elas irão se mudar no final do ano para a Terra Prometida — um empreendimento recém-construído, com eletricidade e água corrente. Mas, por enquanto, eles ainda vivem nas senzalas.

Apesar da simplicidade das suas instalações, Sundy é uma comunidade vibrante. Muitos dos homens trabalham na plantação que se estende atrás do jardim,casas de aposta copa do mundodireção ao mar.

“Com os portugueses, tudo isso eram monoculturas, com setores separadoscasas de aposta copa do mundocacau, coco e café”, afirma Jon McLea, diretor agrícola da empresacasas de aposta copa do mundoecoturismo e agroflorestamento HBD Príncipe, que agora é dona da Roça Sundy e transformou a antiga casa grande da fazendacasas de aposta copa do mundoum hotel.

“Mas a natureza seguiu seu próprio curso nos últimos 50 anos [desde a independência]”, segundo ele. “Ela conseguiu se recuperar. Por isso, agora estamos envolvidoscasas de aposta copa do mundoagroflorestamento dinâmico, cultivando diversas espéciescasas de aposta copa do mundoum equilíbrio entre o cultivocasas de aposta copa do mundocacau e a preservação da floresta.”

Atualmente, a floresta montanhosa é coberta por uma diversidadecasas de aposta copa do mundoárvores. Bananeiras fornecem sombra para os cacaueiros jovens, enquanto coqueiros e mulungus servemcasas de aposta copa do mundoandar superiorcasas de aposta copa do mundoproteção para os cacaueiros mais velhos, jácasas de aposta copa do mundoprodução. E árvorescasas de aposta copa do mundofruta-pão estão espalhadas entre as demais, com seus frutos caídos agindocasas de aposta copa do mundocomposto para o solo.

As amêndoascasas de aposta copa do mundocacau da Roça Sundy costumavam ser vendidas para uma cooperativacasas de aposta copa do mundoSão Tomé, que as exportava para a Europa para processamento. Até que,casas de aposta copa do mundo2019, a HBD abriu a Fábricacasas de aposta copa do mundoChocolatecasas de aposta copa do mundouma construção no jardim central da roça. Nela, as mulheres das senzalas selecionam manualmente as amêndoas para fabricar os pequenos lotescasas de aposta copa do mundobarrascasas de aposta copa do mundochocolate que serão vendidos nas ilhas.

O chocolate recebe a marca Paciência Organic. Paciência era uma das plantações satélite da Roça Sundy no auge da indústria cacaueira do local. Agora, é uma fazenda orgânica administrada pela HBD. A fazenda e a Fábricacasas de aposta copa do mundoChocolate estão abertas para os visitantes.

A gerente da Fábricacasas de aposta copa do mundoChocolate, Lina Martins, é minha guia dos produtos, que incluem chocolate 60%, 70% e 80% cacau e sacos amarradoscasas de aposta copa do mundonibs – pequenos pedaçoscasas de aposta copa do mundoamêndoascasas de aposta copa do mundocacau torradas.

Apesar do alto percentual, a barra 80% cacau tem delicadas notas florais, enquanto os nibs têm forte sabor terroso ecasas de aposta copa do mundonozes.

Martins fabrica apenas 150 kgcasas de aposta copa do mundocada percentual duas vezes por ano e espera até seis meses depoiscasas de aposta copa do mundofermentar as amêndoas para torrá-las.

“O cacau é como vinho”, ela conta. “Se você descansar um pouco entre as etapas, seu sabor é melhor.”

Mas este chocolate écasas de aposta copa do mundoboa qualidadecasas de aposta copa do mundodiversos aspectos.

“Transformar cacau cultivado na floresta tropicalcasas de aposta copa do mundochocolate ecasas de aposta copa do mundooutros produtos baseadoscasas de aposta copa do mundocacau é uma das iniciativas alinhadas com a nossa visãocasas de aposta copa do mundodesenvolvimento socioeconômico sustentável da ilha do Príncipe”, afirma a diretoracasas de aposta copa do mundosustentabilidade da HBD, Emma Tuzinkiewicz. “Estamos fornecendo oportunidadescasas de aposta copa do mundoemprego enraizadas na riqueza natural da ilha.”

A HBD emprega maiscasas de aposta copa do mundo500 pessoas na ilha do Príncipe e construiu as novas casas na Terra Prometida. E, ao cultivar o cacau na floresta tropical, eles também trabalharam muito para manter a maior biodiversidade possível nacasas de aposta copa do mundoplantação.

“Sabemos que o sabor do nosso chocolate será apenas tão bom quanto a formacasas de aposta copa do mundoque tratamos a Terra por aqui”, afirma Tuzinkiewicz. “E o seu sabor é muito bom.”

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Travel.