Por que Kim Jong-un decidiu abandonar ideiaafiliado galera betreunificação das Coreias do Norte e do Sul:afiliado galera bet

O termo "reunificação"— tongil, em coreano — também foi removidoafiliado galera betjornais, livros didáticos e até mesmoafiliado galera betuma estaçãoafiliado galera betmetrôafiliado galera betPyongyang, que passou a se chamar Moranbong.

Tudo isso aconteceuafiliado galera betum momentoafiliado galera bettensão entre o Norte e o Sul, mas os dois Estados têm alternado fasesafiliado galera betconflito e reaproximação há décadas, sem ter questionado até então o objetivo sagrado da reunificação.

O que está por trás, afinal, da mudança radicalafiliado galera betparadigmaafiliado galera betKim?

A importância da reunificação

A Península da Coreia e o povo coreano estão divididosafiliado galera betNorte e Sul há quase oito décadas.

Parece muito tempo, mas não é tanto se comparado aos maisafiliado galera bet12 séculosafiliado galera betque seu território permaneceu unido sob diferentes dinastias e impérios, do ano 668 até 1945.

É por isso que, quando os americanos e os soviéticos dividiram o país após a Segunda Guerra Mundial, tanto no Norte comunista quanto no Sul capitalista, a secessão foi vista como uma anomalia histórica que precisava ser corrigida o quanto antes.

Kim Il-sung, fundador da Coreia do Norte e avô do atual líder, tentou fazer isso pela força, e quase conseguiu quando invadiu o Sulafiliado galera bet1950.

"Kim pressionou muito [Joseph] Stalin e Mao [Tsé Tung] para permitir que ele invadisse a Coreia do Sul, até que conseguiuafiliado galera bet1950, com o objetivo principalafiliado galera betalcançar a reunificação sob seus termos, assumindo o controle do Sul", explica à BBC News Mundo, serviçoafiliado galera betespanhol da BBC, o acadêmico Sung-Yoon Lee, professorafiliado galera betestudos coreanos no Wilson Centerafiliado galera betWashington DC.

No entanto, a Guerra da Coreia (1950-1953) deixou maisafiliado galera betdois milhõesafiliado galera betmortosafiliado galera betambos os lados, e a fronteira ficou praticamente no mesmo lugarafiliado galera betque estava no início, consolidando a divisão do país.

O armistício que encerrou o conflito nunca foi substituído por um tratadoafiliado galera betpaz — até hoje, o Norte e o Sul permanecem tecnicamenteafiliado galera betguerra, e separados pela quase intransponível Zona Desmilitarizada (DMZ).

Desde então, dois sistemas que,afiliado galera betoutra forma, seriam irreconciliáveis, mantiveram um ideal comum: a reunificação.

Na Coreia do Sul, o artigo 4 da Constituiçãoafiliado galera bet1948, aindaafiliado galera betvigor, estabelece como objetivo a "reunificação nacional sob os princípios da liberdade e da democracia pacífica".

A Coreia do Norte, porafiliado galera betvez, propunha a "reunificação nacional baseada na independência, a unificação pacífica e a grande unidade nacional",afiliado galera betacordo com o artigo 9 daafiliado galera betConstituição, que também menciona "a vitória do socialismo" como objetivo prévio.

Reunificação pacífica ou pela força?

Mas como unir novamente o país e o povo coreano? É neste ponto que os dois Estados divergem, uma vez que aspiram fazer isso sob seus próprios termos.

Na Coreia do Sul — que tem mais do que o dobro da população da Coreia do Norte, e um Produto interno bruto (PIB) quase 60 vezes maior,afiliado galera betacordo com dadosafiliado galera bet2023 —, a opção que ganhou mais força nas últimas décadas foi o modelo alemão: absorver o vizinho sob um sistema democráticoafiliado galera betlivre mercado.

Pyongyang, porafiliado galera betvez, tem aspirado tradicionalmente impor o socialismoafiliado galera bettoda a península, embora, desde a décadaafiliado galera bet1980, também tenha cogitado a ideiaafiliado galera betum único Estadoafiliado galera betconfederação com dois sistemas, no estilo da China eafiliado galera betHong Kong.

A reunificação pacífica com a coexistênciaafiliado galera betdois sistemas foi,afiliado galera betfato, o objetivo declarado da histórica declaração conjunta assinadaafiliado galera betjunhoafiliado galera bet2000 pelo então líder norte-coreano Kim Jong-il (paiafiliado galera betKim Jong-un) e pelo sul-coreano Kim Dae-jung, mas que, ao longo dos anos, permaneceu letra morta.

"A unificação pela força, não importa quantas vidas sejam perdidas, sempre foi a missão nacional suprema do regime Kim,afiliado galera betKim Il-sung a Kim Jong-un", observa Lee.

O acadêmico do Wilson Center acredita que, no fundo, "a metodologia prioritáriaafiliado galera betPyongyang sempre foi o 'modelo do Vietnã', ou seja, forçar os EUA a abandonar parcialmente o Sul por meioafiliado galera betuma combinaçãoafiliado galera betforça e diplomacia".

Kim Jong-un pediu que a Constituição da Coreia do Norte fosse alterada para remover as referências à reunificação e definir a Coreia do Sul como um "Estado hostil".

Isso, junto às medidas mencionadas anteriormente, como a dissoluçãoafiliado galera betorganismosafiliado galera betcooperação e a demoliçãoafiliado galera betmonumentos e estradas, marca uma mudança ideológica surpreendente no país comunista — e levanta questionamentos sobre o que o líder norte-coreano realmente está buscando.

A seguir, analisamos as diferentes hipóteses que tentam responder a esta pergunta.

Os motivosafiliado galera betKim

Kim atribuiuafiliado galera betmudança ideológica às "provocações" da Coreia do Sul e dos EUA, como fortalecer a cooperação com o Japão, criar um grupo para coordenar respostas a um ataque nuclear e expandir o comando da ONU.

No entanto, nas últimas décadas, foram observados episódios frequentes e ainda mais gravesafiliado galera bettensão na Península da Coreia, sem que o Norte considerasse abandonar o idealafiliado galera betreunificação.

Por que ele fez isso agora, então? Para Ellen Kim, pesquisadora do Centroafiliado galera betEstudos Estratégicos e Internacionais (CSIC, na siglaafiliado galera betinglês), com sedeafiliado galera betWashington DC, "o regime norte-coreano não quer mais a reunificação, sobretudo para preservar seu próprio sistema".

"Eles temem a popularidade dos filmes, das músicas e das sériesafiliado galera betTV sul-coreanas entre a geração mais jovem do Norte", afirmou ela à BBC News Mundo.

A pesquisadora explica que, "à medida que pessoasafiliado galera betfora enviam mais informação à Coreia do Norte, a crescente conscientização da populaçãoafiliado galera betrelação à prosperidade econômica da Coreia do Sul e do resto do mundo pode lançar dúvidas sobre a liderançaafiliado galera betKim Jong-un".

"Assim, a forma mais eficazafiliado galera beto regime fazer com que os norte-coreanos se voltem contra a Coreia do Sul é apontá-la como o principal inimigo", afirma.

Em termos semelhantes, Christopher Green, consultor especializado na península coreana do think tank International Crisis Group (ICG), acredita que Kim Jong-un está tentando restringir "a crescente influência cultural e política da Coreia do Sul" sobre a população do Norte.

"Nos últimos 30 anos, a cultura pop sul-coreana (especialmente o K-pop, as novelas e os filmes) irrompeu na Coreia do Norte, desafiando o controle do regime sobre a informação. Pyongyang tentou impedir o fluxo deste conteúdo por meioafiliado galera betsuas fronteiras, mas com sucesso limitado", escreveu eleafiliado galera betuma coluna publicada no site do ICG.

O especialista enfatiza que, depoisafiliado galera betendurecer as punições por vender ou consumir conteúdo estrangeiro desde 2020, "a nova viradaafiliado galera betKim é o reflexo institucionalafiliado galera betuma tendência que vem se desenvolvendo há vários anos", com o objetivoafiliado galera bet"preservar a narrativa legitimadora do regime e manter o controle ideológico".

Outros especialistas acreditam que o principal objetivo do líder norte-coreano é eliminar qualquer possibilidadeafiliado galera betque o modelo alemão, mencionado anteriormente, seja aplicado à península.

"É natural que a Coreia do Norte, que sofreafiliado galera betcrises econômicas crônicas e sistêmicas , esteja preocupada com uma possível unificação mediante absorção. Portanto,afiliado galera betmelhor estratégiaafiliado galera betsobrevivência seria uma ruptura política e jurídica completa com a Coreia do Sul", argumenta o acadêmico Bong-geun Jun, consultor sobre o Nordeste Asiático do Institutoafiliado galera betPaz dos Estados Unidos,afiliado galera betuma análise publicadaafiliado galera betseu site.

Pura estratégia?

Outros analistas acreditam que tudo não passaafiliado galera betuma mera estratégia políticaafiliado galera betKim Jong-un que, no fundo, não está renunciando às suas ambiçõesafiliado galera betunificar a península. Claro, sob seu mandato.

"Podemos especificarafiliado galera betnossa Constituição a questãoafiliado galera betocupar, subjugar e reivindicar completamente a República da Coreia (do Sul) e anexá-la como parte do território da nossa república no casoafiliado galera betestourar uma guerra na península da Coreia", disse o líder norte-coreanoafiliado galera betjaneiro.

Para o professor Sung-Yoon Lee, trata-seafiliado galera bet"uma guerra política", na qual Kim está tentando criar instabilidade no país "inimigo".

O regime norte-coreano "destaca-se não só nas provocações calculadas contra os EUA e a Coreia do Sul, e na lavagem cerebral daafiliado galera betpopulação, como também na manipulação psicológica do povo sul-coreano", avalia o acadêmico, que observa que "a ideiaafiliado galera betabandonar a reunificação pacífica gera tensão política e social no Sul".

"Não há razão para acreditar que Kim Jong-un tenha desistidoafiliado galera betalgum momentoafiliado galera bettomar o território sul-coreano e seu povo pela força", resume Lee.

O especialista também acredita que, ao considerar o Estado sul-coreano como um "inimigo", o líder comunista estáafiliado galera betuma posição mais confortável para justificar ações hostis, "desde lançar balões carregadosafiliado galera betfezes no Sul até enviar tropasafiliado galera betcombate para a Rússia para lutar contra a Ucrânia, ameaçando constantemente 'aniquilar' a Coreia do Sul".

Um momento-chave

De qualquer forma, a mudança ideológicaafiliado galera betKim aconteceafiliado galera betum momento crucial na cena regional e internacional.

A Coreia do Norte e a Rússia protagonizaramafiliado galera betmaior aproximação desde a Guerra Fria, com Pyongyang fornecendo armas — desafiando as sanções internacionais que Moscou também havia aprovado na época — e, finalmente, mobilizando suas tropas para o conflito na Ucrânia.

A isso se soma a incerteza diante da mudançaafiliado galera betgovernoafiliado galera betWashington após a vitóriaafiliado galera betDonald Trump nas eleições presidenciaisafiliado galera betnovembro, queafiliado galera betseu mandato anterior se tornou o primeiro presidente dos EUA a se reunir com um líder norte-coreano.

O regimeafiliado galera betKim Jong-un continuou, porafiliado galera betvez, a reforçarafiliado galera bettecnologia e arsenal militar nos últimos anos, com mísseis e ogivas nucleares cada vez mais numerosos, potentes e sofisticados.

Tudo isso,afiliado galera betacordo com especialistas, faz parte da estratégia do líderafiliado galera betfortalecerafiliado galera betposição no cenário internacional, buscando aliados estratégicos que permitam a ele combater a pressão ocidental e projetarafiliado galera betinfluência além da Península da Coreia.