'Limpeza da morte': a prática suecajogo dase livrarjogo dabens acumuladosjogo davida:jogo da

Margareta Magnusson

Crédito, Alexander Mahmoud

Legenda da foto, Magnusson conta que faz um poucojogo da'limpeza da morte' cada dia — e que agora, aos 90 anos, 'está quase terminando'

Trata-sejogo dauma prática conhecida como döstädning — um termo relativamente recente para designar um costume antigo — que combina a palavra (morte) e städning (limpeza).

Esta "limpeza antes da morte" consistejogo dase livrarjogo datudo o que é desnecessário antesjogo dadeixar este mundo. Uma prática que a artista sueca nonagenária Margareta Magnusson explicajogo dadetalhes no livro O que deixamos para trás: a arte sueca do minimalismo e do desapego.

Basicamente, "a ideia é não deixar um montejogo dalixo para trás quando você morrer. Lixo que outras pessoas vão ter que dar um fim", explica Magnusson à BBC News Mundo, serviçojogo danotíciasjogo daespanhol da BBC.

"Nesta cultura consumistajogo daque vivemos, o döstädning é uma formajogo daajudar aqueles que deixamos para trás", acrescenta.

Cômodojogo dacasa bagunçado

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O que você não resolverjogo davida, vai sobrar para seus familiares ou amigos
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É uma ideia tão simples que se poderia dizer que não precisajogo daexplicação, se não fosse pelo fatojogo daque a mortejogo daum ente querido deixa para muita gente uma montanhajogo daproblemas não resolvidos, coisas para organizar, alémjogo dauma tristeza sem fim.

"Um dia, quando você não estiver mais aqui,jogo dafamília vai ter que lidar com todas as suas coisas, e não acho isso justo", explica Magnussonjogo daum vídeo que gravou com a filha.

"Pense nas suas pessoas favoritas. Você quer colocar todo seu lixo no colo delas? E pensejogo datodas as suas coisas favoritas: elas deveriam acabar na lixeira?", diz ela à BBC News Mundo.

"Tive que arrumar tudo tantas vezes após a mortejogo daoutra pessoa que não obrigaria ninguém a fazer isso após minha morte”, acrescenta a autora, que teve que cuidarjogo datudo que seu pai,jogo damãe e seu marido deixaram para trás após falecerem.

Ainda assim, a artista reconhece que o processo não é fácil para todos.

"Fazer um inventáriojogo datodos os nossos pertences antigos, lembrar da última vez que os usamos, e dizer adeus a alguns deles, não é uma tarefa fácil para muita gente. As pessoas são mais propensas a acumular coisas do que a jogá-las fora", ela afirma.

Mas admite que está sempre fazendo este tipojogo dalimpeza, porque "gostojogo dater tudo bonito e arrumado ao meu redor".

"Gosteijogo darever minhas memórias, minha vida. Dar coisas para meus netos e meus filhos."

"Não vejo isso como algo triste", ela diz.

"Mas, sim, como um alívio."

Mãos à obra

Se este conceito nórdico te agrada, e você acha que pode ser útil, Magnusson tem várias sugestões sobre como colocarjogo daprática.

Primeiro, comece analisando o que você tem no sótão, no porão ou nos armários do corredor. Ou seja, nos lugares que estão forajogo davista, e onde costumam estar as coisas que você não usa, aquelas com as quais você não sabe o que fazer e que talvez nem se lembre que tem.

Você também pode pensarjogo daum parente ou amigo mais jovem, a quem pode dar coisas que não te servem mais e que podem serjogo dagrande utilidade para ele.

Capa da ediçãojogo dainglês do livrojogo daMargareta Magnusson

Crédito, Alexander Mahmoud

Legenda da foto, O livro foi lançado no Brasil com o título O que deixamos para trás: a arte sueca do minimalismo e do desapego

"Comece com as coisas grandes. Mesas, cadeiras, móveis. Depois passe para coisas menores, como roupas e panelas", diz ela à BBC News Mundo.

Em relação às roupas, ela argumenta que o ideal é ter um guarda-roupa só com o que gostamosjogo dausar, com peças que possam ser combinadas entre si, que você possa escolher quasejogo daolhos fechados e sair sempre bem vestido.

Prova disso é a maioria das fotos que você verá dela na internet,jogo daque sempre aparece com uma calça lisa e camiseta listrada.

Os itens que só te dizem respeito, como souvenirs, cartas, diários ou fotos íntimas, podem ser guardadosjogo dauma caixa etiquetada com o nomejogo daalguémjogo daconfiança, e com instruções claras para que descarte sem inspecionar seu conteúdo.

Ela também recomenda adquirir uma fragmentadorajogo dapapel para destruir documentos muito particulares, potencialmente prejudiciais ou simplesmente desnecessários.

Igualmente importantes são os problemas ou situações não resolvidas com amigos e familiares: é uma boa ideia tentar esclarecê-las antes que seja tarde demais.

As senhasjogo daacesso a sites e contasjogo daplataformas digitais podem ser anotadasjogo daalgum lugar para facilitar a vidajogo daquem fica para trás, diz ela.

E, por fim, você pode se dedicar a organizar (ou descartar) as fotos e lembranças.

É sempre melhor deixar isso para o final, "porque se não você fica preso no baú das recordações, e não consegue fazer nada", explica.

O melhor é fazer isso sozinho, uma vez que o objetivo é justamente não sobrecarregar os outros.

Conversa difícil

Qual é o momento ideal para encarar esta tarefa?

"Se você está na reta final, não espere demais…" escreve a artista.

Ela sugere começar aos 65 anos, no mínimo. Mas, na verdade, acredita que é melhor começar o mais cedo possível.

"Comece cedo, antes que você fique velho e fraco demais para fazer isso", recomenda Magnusson, que diz fazer um pouco todos os dias.

"Nunca é cedo demais. Só é tarde demais quando você já está morto", diz ela à BBC News Mundo.

Margareta Magnusson

Crédito, Alexander Mahmoud

Legenda da foto, Magnusson tem um guarda-roupajogo daque todas as peças combinam entre si

"Você não vai se arrepender, tampouco seus entes queridos."

E se não estivermos pensandojogo danós mesmos, masjogo danossos pais, Magnusson sugere que tenhamos essa conversa com elesjogo daalgum momento.

"Claro que não é fácil, mas acho que se você não fizer isso enquanto eles estão vivos, vai ser um inferno para você depois", explica.

"Você precisa ser um pouco indelicado, e talvez possa ir com eles até o porão ou o sótão, e perguntar o que eles querem fazer com isso ou aquilo, e se você pode ajudá-los a reduzir seus pertences."

"Não acho que eles vão ficar bravos com isso", conclui.