Por que númerocassino androidperuanos que abandonam seu país quadruplicou:cassino android
"Como sabiam que minha família estava aqui [nos EUA], me ligavamcassino androiduma prisão para pedir dinheiro, eles achavam que eu tinha muito dinheiro. Então tomei a decisãocassino androidvir."
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Fim do Matérias recomendadas
“Tive que largar o emprego e começar do zero.”
Em 2022, ele viajou Lima ao México, pediu asilo na fronteira com os EUA e chegou a Paterson, Nova Jersey, na costa leste do país.
JC foi um dos 401.740 peruanos que deixaram o paíscassino android2022 e não retornaram, segundo dados enviados pela Superintendência Nacionalcassino androidMigração do Peru à BBC News Mundo.
Até junhocassino android2023, o número subiu para 415.393.
Os números são quase quatro vezes maiores do que oscassino android2021, anocassino androidque 110.185 peruanos deixaram seu país e não voltaram.
“Trabalheicassino androiddiversas áreas: construção, colocaçãocassino androidteto, como garçom, como lavadorcassino androidlouças... Até que surgiu a oportunidade deste restaurante”, diz JC, referindo-se ao estabelecimento que administracassino androidPaterson, aberto há alguns meses com parentes que já moravam na cidade.
Alejandra,cassino android28 anos, também moracassino androidPaterson. Ela saiu do Perucassino android2022 “por motivos econômicos” e prefere não divulgar o sobrenome.
“Estudei comunicação na faculdade. Mas eu estava passando por um momento ruim na minha carreira. Eu trabalhavacassino androidum canal conhecido no Peru, como repórter. Mas eu não tinha contrato fixo, apenas [trabalhos] esporádicos”, conta à BBC News Mundo.
“Eu queria algo fixo. Mas vieram as greves, as manifestações. Além disso, os jornalistas estavam sendo agredidos, então não me via mais ali”, lembra a jovem.
“Uma amiga disse que estava vindo [para os EUA], então eu disse: vou tentar e ver o que acontece”.
Ela vooucassino androidLima para a Cidade do México. Depois, pediu asilo na fronteira com os EUA e agora trabalha numa padaria.
Desde que chegaram, JC e Alejandra não retornaram ao Peru e esperam regularizarcassino androidsituação migratória.
Além dos EUA, os principais destinos dos peruanos são Espanha, Chile e México — embora isso não signifique que eles tenham necessariamente permanecido ou se estabelecido nesses locais.
O fatocassino androido México ser um dos destinos mais escolhidos fez analistas consultados pela BBC News Mundo suporem que a intençãocassino androidmuitos peruanos é na verdade chegar à fronteira com os EUA e pedir asilo.
Mas a que se deve esse aumento na saídacassino androidperuanos? Aqui estão quatro possíveis motivos, segundo entrevistados.
1. Pandemia e crise econômica
A última ondacassino androidaumento da emigração peruana havia ocorridocassino android2018, mas o fechamento das fronteiras devido à pandemia interrompeu a tendênciacassino android2020, segundo dados da Superintendência Nacionalcassino androidMigração.
“Durante o boom econômico (2010-2017), poucos peruanos viram melhorias significativas nas suas vidas. Houve problemas que não foram resolvidos na educação, na saúde, no acesso à água. Isso é parte das razões pelas quais a emigração começou a aumentarcassino android2018”, diz Ulla Berg, autoracassino androiddois livros sobre a emigração peruana, à BBC News Mundo.
Agora que as fronteiras estão novamente abertas, “a tendência está se recuperando”, diz a socióloga Tania Vásquez, especialistacassino androiddemografia e migração do Institutocassino androidEstudos Peruanos (IEP).
Porque tal como a pandemia interrompeu a curva ascendentecassino androidemigração, agora os seus efeitos econômicos podem favorecê-la.
Em 2020, a economia do Peru contraiu 11%, segundo o Banco Centralcassino androidReserva (BCR) do país.
Enquanto isso,cassino android2022 a pobreza aumentou 1,6%cassino androidrelação a 2021 e 7,3%cassino androidrelação a 2019,cassino androidacordo com a última Pesquisa Nacionalcassino androidLares do Instituto Nacionalcassino androidEstatística e Informática (INEI) do Peru.
“O governo lidou muito mal com a pandemia. As pessoas tiveram que consumir as suas pequenas poupanças enquanto a economia estava paralisada”, critica Teófilo Altamirano, autor do livro Éxodo: Peruanos en el exterior.
“A pobreza aumentou, o que gera insatisfação nas famílias... As crianças não têm acesso a uma boa educação, a uma boa saúde.”
2. Crise política
Para Altamirano, a crise política que atinge o país há pelo menos cinco anos — o Peru teve seis presidentes desde 2018— também traz dificuldades econômicas.
“Isso cria uma grande instabilidade na economia para o investimento estrangeiro. Os investidores tiveramcassino androidrecuar porque não conseguem planejar a longo prazo. Isso se traduz na estagnação, no declínio da economia peruana, do PIB”, acrescenta o autor.
A combinação da crise econômica com a instabilidade política "fez com que as pessoas dissessem 'não há nada para nós aqui'", diz Ulla Berg, que acredita que agora "mais peruanos pensam que têm mais chancescassino androidreceber asilo nos EUA do que na década passada, quando seu país era mais estável.”
3. Violência
Nada menos que 80% dos peruanos dizem que se sentem muito inseguros ou algo inseguros nas ruas do país devido à delinquência e ao crime organizado,cassino androidacordo com a última pesquisa do IEP sobre o tema,cassino androidjunhocassino android2023.
“Quando entrevisto pessoas que agora estão emigrando, elas me dizem que uma parte importante [decassino androiddecisão] é a preocupação com a segurançacassino androidsuas famílias, como elas vão crescer neste país inseguro”, diz Vásquez.
Altamirano também acredita que “há insatisfaçãocassino androidcontinuar morando no Peru devido à insegurança cotidiana dos cidadãos”.
A violência no Peru piorou durante a pandemia, à medida que mais e mais pessoas ficaram desempregadas, diz Ulla Berg. Segundo a especialista, muitos dos peruanos que solicitam asilo denunciam que já sofreram extorsão, como é o casocassino androidJC.
“Muitas pessoas sentem que as suas vidas estãocassino androidperigo como resultado desta violência generalizada, mas também dirigida a pessoas com pequenos negócios ou famílias no estrangeiro”, diz Berg.
A pesquisa do IEP afirma que 42% “relatam ter sido vítimascassino androidcrimes nos últimos três anos”. No último ano, 28% afirmam ter sofrido algum crime.
4. Redes migratórias
Apesar da gravidade dos problemas apresentados anteriormente, Vásquez não acredita que eles necessariamente sejam os principais. Ela aponta outro fator que considera muito importante.
"Uma das razões que considero fundamental é a 'causalidade cumulativa'", afirma. "Cada vez que um país experimenta a emigração, criam-se redes migratórias nos destinos para onde se vai. Quando essas redes existem, há sempre mais emigração."
Desde as emigrações peruanas nas décadascassino android1980 e 1990, provocadas por crises econômicas e conflitos armados internos, estas redes cresceram e diversificaram-se, segundo a socióloga.
Em 1992, havia cercacassino android1,5 milhãocassino androidperuanos no exterior, o triplo do que haviacassino android1981, segundo estudoscassino androidAltamirano.
Entre 1990 e 2020, os peruanos no exterior totalizavam 3.309.635, 10,1% da população do paíscassino android2020, segundo dados do INEI.
“Há famílias mais móveis, mais transnacionais. Antes não tínhamos essas famílias no Peru. Há mais recursos para emigrar, mais experiências acumuladas, práticascassino androidmobilidade que não tínhamos nos anos 1990”, explica Vásquez.
Berg discorda dessa hipótese.
“A causalidade cumulativa pode explicar a existênciacassino androiduma infraestrutura migratória que ajuda as pessoas a sair, pedir dinheiro emprestado e se estabelecer no exterior, mas não pode explicar por que os peruanos partemcassino androidtão grande número dentrocassino androidtão poucos anos.”
“A crise econômica e política, a violência e o crime como resultadocassino androidproblemas sociais não resolvidos, e o impacto da pandemia são partes importantes da imagem que explica por que isto está acontecendo agora."
Altamirano e Vásquez também defendem que o termo “emigrantes” seja evitado por enquanto.
“A emigração é medida quando a pessoa sai por maiscassino androidum ano”, esclarece Altamirano.
“Vamos esperar até 2024, 2025, para ver se são mesmo emigrantes no sentido estrito da palavra. Aí podemos dizer quantos são emigrantes e quantos não são. É preciso muito mais pesquisas para dizer que 400 mil peruanos emigraramcassino android2022. Vamos ver se isso vira padrão.”
Vásquez acredita que “não seria correto dizer que estamos testemunhando um êxodo”.
“Isso pode mudarcassino androidalguns anos porque esses peruanos podem retornar. Resta ver o real saldo migratório."