A perigosa corrente que arrasta migrantes da costa da África para o Caribe:bonus dafabet
Além dessa ilha, 4.500 kmbonus dafabetágua aguardam os migrantes até que vejam terra novamente. Ninguém sobrevive a uma viagem como essa.
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Fim do Matérias recomendadas
Foi o casobonus dafabetum barco que chegou a Tobagobonus dafabet2021 com quinze corpos a bordo reduzidos a esqueletos.
O barco estava registrado na Mauritânia, no noroestebonus dafabetÁfrica, a cercabonus dafabet4.800 kmbonus dafabetdistância,bonus dafabetonde havia partido havia seis meses, segundo apuraram os investigadores.
Um barco à mercê das correntes pode levar seis, sete ou oito meses para chegar ao Caribe, dependendobonus dafabetonde perde o motor.
"O percurso até as Canárias é muito longo e muitos dos barcos, sobretudo os que saem do Senegal e da Gâmbia, sãobonus dafabetpropriedadebonus dafabetpescadores, que conhecem o mar, mas não o alto mar. Eles conhecem o mar seguindo a costa como os fenícios [povo mediterrâneo da Antiguidade conhecido por seu domínio da navegação]", explica Maleno.
Quando percorrem a zona costeira, os migrantes enfrentam muitos problemas, porque trata-sebonus dafabetuma área com muito controle — por exemplo das guardas costeira e civil, e da Frontex (Agência Europeia da Guardabonus dafabetFronteiras e Costeira), cita a especialista.
É por isso que muitos decidem ir um pouco mais fundo no Atlântico e, quando vão para o alto mar, enfrentam grandes perigos.
"Muitas das embarcações que desaparecem é porque entraram na 'terrabonus dafabetninguém'", diz Maleno.
"Outra questão é a embarcaçãobonus dafabetmadeira ser suficientemente sólida para chegar ao Caribe. As mais sólidas são as que chegam, mas muitas desaparecem porque são engolidas pelo Atlântico”, afirma a porta-voz do coletivo Caminando Fronteras.
"Além disso, é preciso levarbonus dafabetconta que há uma zona onde, se a embarcação sai do curso, não há navios", acrescenta Maleno sobre a rota das Canárias, que inclui uma vasta região que se estende desde Guelmim, no Marrocos, até Ziguinchor, no sul do Senegal.
Ter problemas com o barco é mais comum do que se imagina, explica Silvia Cruz Orán, do projeto Migrantes Desaparecidos da Cruz Vermelha, à BBC News Mundo (serviço da BBCbonus dafabetespanhol).
Na verdade, não são apenas os barcosbonus dafabetmigrantes que se perdem no mar, diz Orán.
"Outro dia, um colega do Resgate Marítimo nos contou como também se perdem pessoas que saem para pescarbonus dafabetTenerife a La Gomera [duas das ilhas das Canárias] e cujos barcos também chegaram ao Caribe", observa.
"Ou seja, é algo comum porque o Atlântico tem correntes muito fortes e, dependendo das condições meteorológicas, é bastante comum que elas acabembonus dafabetáreas tão remotas quanto Trinidad e Tobago ou partes do Caribe", acrescenta.
O que é a corrente das Canárias
A corrente das Canárias é uma corrente costeirabonus dafabetáguas muito frias do Oceano Atlântico. Está localizada entre a costa noroeste da África e a corrente do Atlântico Norte.
Ela atravessa as Ilhas Canárias, segue ao longo da costa africana e separa-se e abre-se quando chega a Cabo Verde.
De lá, a corrente vaibonus dafabetdireção ao Caribe. E do Caribe, a corrente do Golfo sobe e chega novamente à Europa, e quase retorna novamente às Ilhas Canárias.
"Nas Canárias, juntam-se as águas frias do norte da Europa, que é a corrente do Golfo esfriada; as águas do Mediterrâneo, que também podem se esfriar por efeito dos Alpes; e tudo isto junta-se e forma a corrente das Canárias, que desce outra vez até as ilhasbonus dafabetmesmo nome”, explica o engenheiro naval Jesús Alarcón Prieto, representante da Escolabonus dafabetEngenheiros Navais da Universidade Politécnicabonus dafabetMadrid, na Espanha.
Na corrente das Canárias, os ventos predominantes têm direção semelhante às águas, ou seja, também sopram para o oeste, diz Alonso Hernández Guerra, professorbonus dafabetoceanografia física.
"Portanto, se um navio vembonus dafabetonde quer que seja, e fica sem motor, tanto a corrente quanto o vento o movembonus dafabetdireção à América. Por isso, muitas vezes são encontrados barcos no Caribe", observa o professor do Institutobonus dafabetOceanografia e Mudanças Globais da Universidadebonus dafabetLas Palmasbonus dafabetGran Canaria, nas Ilhas Canárias.
"Esta é a mesma corrente e o mesmo vento que Cristóvão Colombo tomou para chegar à América", acrescenta o professor.
Esta corrente e os ventos alísios, que sopram regularmentebonus dafabetleste para oeste, mantêm-se mais ou menos estáveis durante todo o ano — excetobonus dafabetsetembro e outubro, quando o tempo é calmo e praticamente sem vento nas Ilhas Canárias.
À ausênciabonus dafabetvento soma-se o efeito peculiar da contracorrente das Canárias, que ajuda os barcos que passam perto da costa africana a chegar às ilhas.
Entre Lanzarote e La Palma, a corrente das Canárias segue para sul, mas entre as ilhas e o continente africano flui para norte.
Esta contracorrente só ocorrebonus dafabetsetembro e outubro, o que significa que estes são os meses com mais chegadasbonus dafabetmigrantes às ilhas.
De 1°bonus dafabetjaneiro a 15bonus dafabetoutubrobonus dafabet2023, 23.537 migrantes chegaram às Ilhas Canárias por via marítima, o que representa um crescimentobonus dafabet79,4%bonus dafabetrelação ao mesmo períodobonus dafabet2022.
A crise política e social que o Senegal atravessa fez com que centenasbonus dafabetsenegaleses decidissem se arriscar no mar. Só no mêsbonus dafabetoutubro do ano passado, maisbonus dafabet9 mil migrantes chegaram às ilhas.
Em 2022, 1.784 pessoas desapareceram ou morreram ao tentar chegar às Ilhas Canárias, segundo dados do Caminando Fronteras.
"Os ventos diminuem consideravelmentebonus dafabetsetembro e outubro, ou seja, são tempos calmos. Além disso, a corrente das Canárias tem a particularidade de, no sul,bonus dafabetsetembro e outubro, se deslocar para norte ao longo da costa africana", comenta Hernández Guerra.
"Portanto, os barcos que vêm do Saara e da Mauritânia aproveitam esta corrente para chegar ao norte, ou seja, para chegar às Ilhas Canárias."
No casobonus dafabetquem sai do Senegal, é normal chegar às ilhas mais ocidentais como El Hierro ou Tenerife. Entretanto, quem sai do Marrocos ou da Mauritânia costuma chegar principalmente à Gran Canaria.
"Quem sai do Senegal tem que 'abrir', ou seja, se você olhar no mapa, a linha reta não é ao longo da África, é uma linha reta até El Hierro. A contracorrente está próxima da área do Saara. Ao passar pela Mauritânia, a corrente das Canárias joga para oeste e depois é preciso ir contra a corrente e ela vai jogando as embarcações para fora da rota", detalha.
'As estradas do mar'
Navios e embarcações mercantes usam correntesbonus dafabetsuas rotas para navegar mais rápido e economizar combustível.
"Chamo elas [as correntes]bonus dafabetestradas do mar", diz Alarcón Prieto, que durante 25 anos trabalhou como agente e representante comercial da companhiabonus dafabetnavegação Lloyds nas Ilhas Canárias e nos territórios espanhóis no norte da África.
"Os migrantes descobriram que indobonus dafabetlinha reta a partir do norte do Senegal, sobembonus dafabetdireção direta a El Hierro. O problema é se você tiver uma avaria. Você já está chegando perto do que seria a zonabonus dafabetcalmaria e pouco tráfego marítimo", comenta o especialista.
O tráfego marítimo convencionalbonus dafabetnavios mercantes está bastante próximo da África. Tanto o que vai para a África do Sul, quanto o que vai para o Brasil e a América do Sul, observa.
"Quando os barcos com migrantes são levados pela abertura da corrente das Canárias para oeste, encontram-se numa zona com pouco tráfego", explica, apontando para o perigobonus dafabetuma avaria naquela região.
"Nos navegadores, você pode ver como as rotas [de navegação] acompanham as correntes."
"A corrente das Canárias tem 1.000 kmbonus dafabetlargura a partir da costa. Se [os migrantes] forem mais longe, entrarãobonus dafabetuma 'zonabonus dafabetninguém', onde se pode ficar perfeitamente sem mover-se para cima ou para baixo. É o Mar dos Sargaços. É uma zona muito difícil porque não tem trânsito como há na costa da África”, explica.
"Às vezes, encontramos barcos com até 150 pessoas a bordo. Lá, no meio do Atlântico, fora das rotas normais, um navio os encontra por acaso."
Nesse tipobonus dafabetsituação, normalmente é dada a instrução para a embarcação ficar por perto do navio, aguardando a chegada do resgate para evitar situaçõesbonus dafabetperigo.
No entanto, Prieto reconhece que isso é algo raro: "Não são muitos os que encontramos. Um por ano ou um a cada quatro ou cinco meses, no máximo."
Junto ao perigobonus dafabetir parar na zonabonus dafabetcalmaria, o especialista explica que também é preciso levarbonus dafabetconta alguns redemoinhos nublados que se formam ao redor das ilhas, conhecidos como vórticesbonus dafabetKarman, e que podem ter até 100 a 200 kmbonus dafabetdiâmetro.
"Esses redemoinhos podem levar você onde menos imagina, oubonus dafabetrepente te jogar na costa ou te levar para o meio do Atlântico, porque muitos desses redemoinhos chegam perfeitamente até o meio do Atlântico."