O que levou maiscadastro blaze40% das eleitoras nos EUA a votaremcadastro blazeDonald Trump:cadastro blaze

Apesar disso, muitos deles consideraram o apoio feminino recebido pelo republicano significativo - e indicativo dos fatores que motivam muitas das eleitoras no momentocadastro blazedecidir seu voto.

Economia e avaliação do mandatário

"Nesta eleiçãocadastro blazeparticular, oucadastro blazeeleições presidenciais dos Estados Unidoscadastro blazegeral, as duas coisas que mais importam [para os eleitores] são a avaliação do trabalho do atual presidente e as crenças das pessoas sobre o estado da economia", explica Kathleen Dolan, cientista política e professora da Universidadecadastro blazeWisconsin-Milwaukee.

"E no momento o presidente Biden não está muito popular entre o público e as pessoas acham que a economia estácadastro blazeuma situação ruim."

Uma pesquisa realizada na terça-feira (5/11) pela agênciacadastro blazenotícias AP com americanos registrados para votar apontou uma alta na ansiedadecadastro blazerelação aos níveiscadastro blazeinflaçãocadastro blazetodo o país, assim como um impulso na crençacadastro blazeque Trump estaria melhor preparado do que Harris para lidar com a economia e a geraçãocadastro blazeempregos.

Segundo a sondagem, cercacadastro blazetrêscadastro blazecada 10 eleitores acreditam que a situação financeiracadastro blazesuas famílias estava "ficando para trás", ante cercacadastro blazedoiscadastro blazecada 10 na eleição presidencialcadastro blaze2020.

Muitos americanos também parecem ainda estar se recuperando da alta na inflação, que atingiu seu picocadastro blazequatro décadas nos EUAcadastro blazejunhocadastro blaze2022.

Cercacadastro blazenovecadastro blaze10 eleitores se disseram muito ou um pouco preocupados com o custo dos mantimentos no dia da eleição, segundo a pesquisa. E cercacadastro blazeoitocadastro blazecada 10 se mostraram receosos com seus gastoscadastro blazesaúde, moradia e gasolina.

As pesquisascadastro blazebocacadastro blazeurna ainda apontam uma ampla visão negativacadastro blazerelação à Kamala Harris entre os americanos que escolheram Trump.

Segundo os dados divulgados até agora, 93% dos eleitores que disseram ter uma perspectiva negativa da democrata escolheram o republicano nas cédulascadastro blazevotação, enquanto 88% dos que dizem ter uma visão ruimcadastro blazeDonald Trump elegeram a democrata comocadastro blazecandidata.

E segundo as especialistas consultadas pela BBC Brasil, todas essas preocupações também pesaram para as mulheres.

"A suposiçãocadastro blazeque as mulheres não têm os mesmos preconceitos, preocupações e prioridades que os homens não é - e nunca foi - uma suposição enraizada na realidade", afirma Christina Wolbrecht, cientista política da Universidadecadastro blazeNotre Dame,cadastro blazeIndiana, nos EUA.

Questõescadastro blazegênero e identificação

E enquanto Biden atraiu o votocadastro blazecercacadastro blaze57% das mulheres que foram às urnas há quatro anos, Kamala Harris recebeu o apoiocadastro blazealgocadastro blazetornocadastro blaze53% do público feminino votante.

"Na história da política americana, nunca houve evidênciascadastro blazeque as mulheres como um grupo preferem votarcadastro blazeoutras mulheres do quecadastro blazecandidatos do sexo masculino", diz Christina Wolbrecht.

Segundo a pesquisadora, é muito raro que tanto mulheres que se identificam como republicanas quanto como democratas tenham tendência a mudarcadastro blazeorientação política por conta do sexo dos concorrentes.

"Classe social, educação, raça - todos esses são fatores que podem ajudar a predizer se uma pessoa votará no partido democrata ou republicano. Mas o sexo do candidato não costuma ser um fator."

Kathleen Dolan nota ainda que, diferentecadastro blazeoutros conjuntos demográficos, as mulheres não costumam se unircadastro blazetornocadastro blazeum candidatocadastro blazecomum nos EUA.

"As mulheres nos Estados Unidos não compartilham nenhum tipocadastro blazeidentidadecadastro blazegênero", diz. "Ao contrário dos eleitores negros ou latinos, que têm um sensocadastro blazecomo acadastro blazeidentidade racial é importante para suas vidas e por isso tendem a votarcadastro blazeforma mais uniforme."

Entre as eleitoras negras nessas eleições, apenas 7% votaramcadastro blazeTrump - 91% escolheram Harris.

Em termoscadastro blazeeducação, 51% das mulheres com diplomacadastro blazeensino superior declararam apoio para o republicano, contra 61% que disseram ter votado na democrata, segundo a bocacadastro blazeurna.

As especialistas consultadas pela BBC Brasil concordam ainda que os temas relacionados à vida das mulheres que dominaram a campanha eleitoral nos Estados Unidos não uniram as americanascadastro blazetornocadastro blazeuma única candidatura.

Um desses tópicos é o acesso ao direito ao aborto no país, que ganhou mais relevância no país após 2022, quando a Suprema Corte americana anulou a decisão que durante meio século garantiu o direito constitucional à interrupção da gravidez no país.

Hoje alguns dos 50 Estados norte-americanos têm proibições quase totais ao aborto com exceções limitadas ou sem exceções - incluindocadastro blazecasoscadastro blazeviolação, incesto e riscos para a vida da mulher grávida - e vários outros proíbem o procedimento com base na duração da gestação.

Donald Trump assumiu o crédito pela decisão judicial que restringiu o aborto no país, já que foi o responsável por indicar três dos nove juízes que ocupavam o Supremo no momentocadastro blazeque ela foi aprovada.

No entanto, ele minimizou o aborto como um tema prioritário do seu segundo mandato, apesarcadastro blazenão ter dito explicitamente que vetaria legislaçõescadastro blazerestrição nacional caso elas chegassem àcadastro blazemesa.

Já Kamala Harris prometeu restaurar o direito ao aborto e vetar qualquer proposta que promulgasse uma proibição nacional.

Diferente do seu adversário, a democrata tornou esse tópico um dos pilarescadastro blazesua campanha ao longo dos últimos meses, promovendo a ideiacadastro blazeque a vida e a liberdade das mulheres estariamcadastro blazerisco caso Trump fosse eleito.

E assim comocadastro blazeeleições anteriores, o tema dividiu profundamente o eleitorado americano: enquanto 87% dos americanos que se declararam a favor da legalização do abortocadastro blazetodos os casos votaramcadastro blazeHarris, 88% dos que defendem que a prática seja ilegalcadastro blazequalquer circunstância se declararam apoiadorescadastro blazeTrump.

Os democratas, porém, esperavam que as discussões sobre o tema mobilizassem mais mulherescadastro blazetorno da campanhacadastro blazeKamala Harris do quecadastro blazefato aconteceu.

Entre as eleitoras que disseram que o aborto deve ser legal, 88% votaramcadastro blazeHarris, segundo a pesquisacadastro blazebocacadastro blazeurna realizada pela CNN.

Por outro lado, 85% das mulheres que querem que a prática seja ilegalcadastro blazetodo o país ecadastro blazetodos os casos votaramcadastro blazeTrump.

Christina Wolbrecht, da Universidadecadastro blazeNotre Dame, reafirma a ideiacadastro blazeque temas sociais diversos, e especialmente econômicos, tendem a mobilizar mais as eleitoras americanas do que questões identitárias ligadas ao gênero.

A pesquisadora também afirma que outros fatores, tais como religião e educação, podem pesar mais quando o tema é, por exemplo, o aborto, do que o gênero do eleitor - especialmente entre os americanos que se declaram republicanos.

"É bastante possível que mulheres com ensino superior que tenham obtido ganhos econômicos independentes vejam Trump como uma ameaça maior do que mulheres sem ensino superior, para quem a economia não está trazendo benefícios", diz.

Os resultadoscadastro blazeDonald Trump entre as mulheres surpreenderam especialmente eleitores e observadores que acreditavam que algumas das declarações feitas pelo republicano durante a campanha e que foram amplamente apontadas como misóginas teriam um efeito repelente maior.

Nas redes sociais, apoiadorescadastro blazeKamala Harris passaram as semanas antes da eleição compartilhando postagens que analisavam o comportamento do agora presidente eleito.

Os posts relembravam episódios como suas condenações por ocultaçãocadastro blazeum pagamento para comprar o silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels e por abuso sexual e difamação contra a escritora americana Elizabeth Jean Carroll.

Muitos mencionam o vídeo que veio à tona antes das eleições presidenciaiscadastro blaze2016cadastro blazeque o republicano insinua que poderia usarcadastro blazefama para "agarrar as mulheres pela vagina".

Declarações feitas durante a campanha mais recente também entraram na mira, com ofensas constantes dirigidas a Harris e outras democratas.

Em agosto, Trump foi fortemente criticado por compartilhar uma publicação na rede social Truth Social que parecia insinuar que a candidata democrata e vice-presidente teve uma ascensão política graças à concessãocadastro blazefavores sexuais.

Mas segundo Wolbrecht, apesarcadastro blazemuitos terem notado que Donald Trump estaria adotando uma "retórica mais dura" nas últimas semanas, algumascadastro blazesuas opiniões e posicionamentos não são novidade.

"Ele foi processado e considerado culpado por agressão sexual. Ele vem falando coisas assim durante todacadastro blazecarreira pública", diz.

"As pessoas que estão votando nele sabem quem ele é e, ou aprovam esses comportamentos, ou não se importam com eles o suficiente para mudar seu voto."

Kathleen Dolan, da Universidadecadastro blazeWisconsin-Milwaukee, afirma que algumas americanas não enxergam tais comportamentos como ofensivos - e até valorizam tais declarações vindas do seu candidato preferido.

"Há muitas mulheres que têm muita misoginia internalizada. Assim como há muitas mulheres que acreditamcadastro blazeum tipo muito tradicionalcadastro blazeideologiacadastro blazegênero que dita o que é apropriado ou não para mulheres ou que são pró-vida", diz.

"Esperar que todas as mulheres se comportemcadastro blazeuma certa maneira quando um candidato trata as mulheres mal não é realista."