Como atentado contra Bolsonarobwin pt app2018 se compara à tentativabwin pt appassassinatobwin pt appTrump:bwin pt app

Durante um eventobwin pt appcampanha à Presidência, Bolsonaro era carregado por uma multidãobwin pt appapoiadores quando Adélio Bispobwin pt appOliveira se aproximou e esfaqueou o político no abdômen.

O candidato — que meses depois seria eleito presidente do Brasil — teve uma grave hemorragia e precisou ser submetido a uma sériebwin pt appcirurgias.

Bispobwin pt appOliveira foi preso no próprio local do atentato, e uma investigação feita pela polícia concluiu que ele agiu sozinho, sem nenhum mandante por trás da ação.

Nos Estados Unidos, os tiros contra Trump foram disparados por Thomas Matthew Crooks, que foi morto no próprio local, e acertaram a orelha direita do ex-presidente, causando um sangramento.

Depoisbwin pt appser retirado do palco por agentes do serviço secreto americano, o ex-presidente americano foi a um hospital onde logo recebeu alta, porque não apresentava nenhuma lesão mais grave.

Mas quais são as semelhanças e diferenças entre os episódios ocorridos no Brasil e nos EUA?

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil se mostram preocupados com a escalada da violência na políticabwin pt appvárias partes do mundo — e entendem que esses episódios fazem partebwin pt appum fenômeno global.

A violência invade a política

A antropóloga Andrezabwin pt appSouza Santos, diretora do Brazil Institute na universidade King's College London, no Reino Unido, avalia que ambos os episódios revelam como a política está se tornando cada vez mais violenta.

"Por definição, a política é o contrário da violência. Ela é a forma pacífica que encontramosbwin pt appresolver conflitos ao criar partidos, promover discussões e formar maiorias", diz Santos.

"Mas parece que a política não consegue mais dar conta desse recado. As pessoas estão se polarizandobwin pt apptal forma que episódios violentos, como esses registrados no Brasilbwin pt app2018 e agora nos Estados Unidos, se tornaram mais frequentes."

Christopher Sabatini, pesquisador-sênior do Programabwin pt appAmérica Latina, Estados Unidos e Américas do centrobwin pt appestudos Chatham House, no Reino Unido, classifica as duas tentativasbwin pt appassassinato como "tragédias humanas".

"Independentemente do espectro político, os alvos são pessoas, que representam uma parcela do eleitorado e o próprio país", diz Sabatini, que também atua na London School of Economics.

"No entanto,bwin pt appambos os casos, falamosbwin pt appcenários altamente polarizados, que envolveram duas figuras eleitorais altamente polarizantes."

Efeitos nas eleições

Para Santos, ainda não dá para ter certeza se a tentativabwin pt appassassinatobwin pt appTrump terá o mesmo efeito eleitoral e político que se desenrolou após a facadabwin pt appBolsonaro.

"Algo que diferencia os dois episódios é o fatobwin pt appBolsonaro ter ficado hospitalizado por um tempo prolongado, enquanto Trump já recebeu alta", reflete ela.

"Por causa do atentado, o então candidato nas eleições brasileirasbwin pt app2018 não esteve presentebwin pt appvários debates políticos, onde poderia ter sido confrontado pelos adversários, e havia uma expectativabwin pt appque ele pudesse sair-se mal e acabasse enfraquecido."

Para a professora, a ausência dele nesses eventos decisivos permitiu que abwin pt appcampanha investissebwin pt appdiscursobwin pt app"vitimização" e criasse "um Bolsonaro para cada tipobwin pt appeleitor".

"Em mensagens dirigidas a grupos específicos, havia um Bolsonaro que era contra a corrupção para agradar a parcela antipetista, outro que se posicionava contra as minorias para dar voz aos eleitoresbwin pt appdireita e assim por diante", exemplifica Santos.

"E, sem a possibilidadebwin pt appfazer debates, não houve como confrontar essas diferentes versões do então candidato."

Sabatini concorda que, apesar da tragédia do atentado, Bolsonaro obteve um benefício eleitoral com o episódio.

"Já no casobwin pt appTrump, a grande questão é que ele já está saindo-se muito bem na campanha até o momento. Será que esse episódio vai reforçar ainda mais essa posição?", questiona o pesquisador.

Paralelos com o passado

Algo que também diferencia os ataques a Trump e Bolsonaro tem a ver com o histórico dos dois países.

Nos Estados Unidos, houve diversos episódiosbwin pt appque candidatos, presidentes e ex-presidentes foram atacados e mortos — os casos mais conhecidos são osbwin pt appAbraham Lincoln,bwin pt app1865, e John F. Kennedy,bwin pt app1963.

Já no Brasil, especialistas apontam que a violência contra políticos costuma envolver forças e interesses locais,bwin pt appbairros ou municípios, como o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL)bwin pt app2018 no Riobwin pt appJaneiro.

Entre os casos nacionais mais famosos há o do senador Arnonbwin pt appMello (PDC-AL), pai do futuro presidente Fernando Collor, que,bwin pt app1963, matou o colega José Kairala (PSD-AC) durante uma briga no Congresso Nacional.

Outro episódiobwin pt appgrande repercussão nacional ocorreubwin pt app1930, quando o então candidato a vice-presidente João Pessoa foi assassinadobwin pt appRecife.

"O Brasilbwin pt appfato não tem tantos episódiosbwin pt appviolência direta que envolvem cargos nacionais, mas são vários os casosbwin pt apppolíticos que desapareceram ou morrerambwin pt appacidentes pouco explicados", pondera Santos.

No entanto, para Sabatini, o ataque contra Trump não pode ser diretamente comparado ao históricobwin pt appviolência política dos Estados Unidos.

"Me parece que ele está mais conectado à atual política polarizada e violentabwin pt appvárias partes do mundo, como vemos nos Estados Unidos, no Brasil, na Índia, na Turquia, na Alemanha, na França...", lista Sabatini.

O pesquisador usa como exemplo deste fenômeno global os recentes ataques contra Robert Fico, primeiro-ministro da Eslováquia, e Shinzo Abe, ex-premiê do Japão.

O que esperar agora?

Sabatini espera que o atentado contra Trump seja interpretado pelas lideranças políticas como um sinalbwin pt appque algo precisa mudar.

"É preciso que eles façam uma reflexão e vejam que o extremismo e a polarização estão levando o mundo inteiro para um caminho bastante perigoso", alerta o pesquisador.

"Esses fenômenos estão corroendo o tecido social, o que representa um custo altíssimo para todos nós."

O especialista tem a expectativa que os principais candidatos a cargos eletivos modifiquem a formabwin pt appagir e busquem o caminho da conciliação e do apaziguamento — algo que, para Sabatini, tanto Trump quanto Biden buscaram fazer nas manifestações e postagens divulgadas nas horas que sucederam o ataque.

Santos concorda: "A política existe para resolver conflitosbwin pt appforma pacífica."

"Precisamos que todos os envolvidos voltem a reforçar a credibilidade e o papel das eleições, dos debates, das instituições ebwin pt apptodas as esferasbwin pt apprepresentação política nesse processo", conclui.