Por que o suicídio causa debate 'acalorado' sobre ritual do candomblé:aplicativos de apostas on line

Pessoasaplicativos de apostas on linebranco reunidas e sentadasaplicativos de apostas on linesala; há imagensaplicativos de apostas on linesantos e velas no chão

Crédito, Reprodução/Ilê Axé Otá Olé

Legenda da foto, Ritualaplicativos de apostas on lineaxexê,aplicativos de apostas on linefoto gentilmente cedida pelo terreiro Ilê Axé Otá Olé,aplicativos de apostas on linePaço do Lumiar, no Maranhão
  • Author, Mariana Alvim
  • Role, Da BBC News Brasilaplicativos de apostas on lineSão Paulo
  • Twitter,

A reportagem a seguir faz parte da série "Suicídio & Fé", que aborda o tabu religioso com o ato.

Plantar, cuidar, colher. Nascer, crescer, morrer. Aprender, ensinar e passar o bastão aos mais novos. Em religiões tão baseadas nos ciclos da natureza como a umbanda e o candomblé, como mostram seus mitos e rituais, a decisãoaplicativos de apostas on linese romper a trajetóriaaplicativos de apostas on linevida com um suicídio é difícilaplicativos de apostas on lineser assimilada.

"Como tudo que nós fazemos é voltado para nossa ancestralidade, seja elas os orixás ou os nossos antepassados que se tornaram ancestrais, esse é um ato que eu não diria vergonhoso, mas é uma missão não cumprida dentro desse processo ancestral”, explica o pesquisador André Aluize, sacerdoteaplicativos de apostas on linecandomblé (função conhecida também como paiaplicativos de apostas on linesanto ou babalorixá)aplicativos de apostas on lineMonte Azul Paulista eaplicativos de apostas on linecujo terreiro há também práticas da umbanda.

Talvez o “maior problema” do suicídio para essas religiões seja justamente a interrupção da possibilidadeaplicativos de apostas on linese tornar mais velho, aponta Aluize, criador e coordenador do Educaxé, um grupoaplicativos de apostas on lineestudos na Universidade Estadual Paulista (Unesp) sobre cultura negra e religiõesaplicativos de apostas on linematriz africana no Brasil.

Como vem mostrando a BBC News Brasil na série "Suicídio & Fé", diversas religiões rejeitam historicamente o atoaplicativos de apostas on linese matar, prevendo punições —aplicativos de apostas on lineritos funerários ouaplicativos de apostas on lineplanos espirituais — aos suicidas, o que traz dor a famílias enlutadas.

No candomblé, há um debate “acalorado”, nas palavrasaplicativos de apostas on lineAndré Aluize, neste sentido — sobre se o axexê, um ritualaplicativos de apostas on linetransição entre o mundo terreno e o espiritual, deve ser realizado para pessoas que se mataram.

Na internet, inclusive, há várias postagensaplicativos de apostas on lineredes sociais e textosaplicativos de apostas on lineblogs discutindo essa questão.

O que é o axexê e por que alguns argumentam que suicidas não devem ter ritual

O axexê é um rito funerário destinado a pessoas iniciadas no candomblé, ou seja, que passaram por um processoaplicativos de apostas on lineinserção na religião que leva anos e tem várias etapas.

“O axexê é um atoaplicativos de apostas on linedesfazer os atos religiosos que foram feitos durante a vida. Se você não desfizer esses atos, fica preso à Terra e não consegue ir para o orum [o mundo espiritual]; e não indo para o orum, você não consegue renascer", explica o sociólogo Reginaldo Prandi, professor emérito da Universidadeaplicativos de apostas on lineSão Paulo (USP), pesquisador e autoraplicativos de apostas on linediversos livros sobre o candomblé, como Mitologia dos Orixás.

Na prática, inclusive por ser considerado caro, o ritual costuma ser feito para as pessoas mais importantes das comunidades, como pais e mãesaplicativos de apostas on linesanto e ogãs (um cargoaplicativos de apostas on lineprestígio que tem rituais e funções específicas, como tocar atabaques, e que não incorpora entidades).

Pessoasaplicativos de apostas on linebranco reunidas e sentadas

Crédito, Reprodução/Ilê Axé Otá Olé

Legenda da foto, O axexê é um ritualaplicativos de apostas on linetransição entre o mundo terreno e o espiritual
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Mas é importante destacar que, no candomblé — assim como na umbanda —, não há uma instituição que centralize decisões e normas comoaplicativos de apostas on lineoutras religiões.

As regras também não costumam ser escritas: há uma forte tradição oral,aplicativos de apostas on lineque as crenças e o conhecimento são repassadosaplicativos de apostas on linegeraçãoaplicativos de apostas on linegeração por meioaplicativos de apostas on linemitos e cantos, por exemplo.

Assim, as práticas variam muito a depender do terreiro, da região do país e da naçãoaplicativos de apostas on linecandomblé (que corresponde à origem, na África,aplicativos de apostas on linecertas práticas e orixás cultuados no Brasil).

Segundo os entrevistados pela BBC News Brasil, a nação ketu,aplicativos de apostas on lineorigem iorubá, é a maior e a mais influente no candomblé. É dela que vem o nome “axexê”.

Outras nações têm outros nomes para esse tipoaplicativos de apostas on lineritual, como sirrum para a nação jeje e ntambi para nação angola — mas é comum que também esses segmentos usem o termo “axexê”.

Resguardadas as diferenças, o axexê pode levar dias e inclui cantos, danças, sacrifícios, oferendas, comida e a destruiçãoaplicativos de apostas on lineobjetos rituais do morto, como colares e roupas.

Várias decisões sobre esse ritual são tomadas a partir do jogoaplicativos de apostas on linebúzios, um oráculo através do qual são feitas consultas aos orixás e ancestrais.

Pergunta-se, por exemplo, se objetos ritualísticos do morto devem ser destruídos ou repassados para outra pessoa da família ou comunidade.

"Quanto mais iniciado você for, quanto mais um sábio da religião você se tornar, quanto mais responsabilidades você adquiriu ritualmente falando, mais complexo é o seu axexê”, explica Prandi.

“Uma mãeaplicativos de apostas on linesanto que tem muitas responsabilidades e laços com todos os filhosaplicativos de apostas on linesanto do terreiro é a pessoa que tem mais laços religiosos a desfazer", exemplifica.

Mesmo que não seja uma situação frequente, o suicídioaplicativos de apostas on linealguém que teria direito a um axexê rompe com essa programação e traz controvérsias sobre a realização ou não do ritual.

O babalorixá Alcemiraplicativos de apostas on lineOdé, da casaaplicativos de apostas on linecandomblé Ile Ase Alaketu Ode Labure (nação ketu),aplicativos de apostas on lineSão José dos Pinhais, no Paraná, afirma categoricamente que “quem faz o suicídio não tem direito a axexê”.

"Porque orixá deu a vida, orixá leva a vida", argumenta. "Eu concordo porque são meus ancestrais que assim fizeram, assim tem seguidoaplicativos de apostas on linegeraçõesaplicativos de apostas on linegerações."

“Quando a pessoa tira a própria vida, ela já decidiu seu destino”, diz o babalorixá.

Ele afirma ter conhecimentoaplicativos de apostas on linedois casos emaplicativos de apostas on lineregiãoaplicativos de apostas on linepessoas que se suicidaram e que,aplicativos de apostas on lineoutra forma, teriam tido um axexê: um ogã, há cercaaplicativos de apostas on lineum mês, eaplicativos de apostas on lineum paiaplicativos de apostas on linesanto, há cercaaplicativos de apostas on lineoito anos.

Ele esclarece que, nesses eaplicativos de apostas on lineoutros casosaplicativos de apostas on linesuicídio, rituais mínimos são feitos.

“A gente também não pode deixar a pessoaaplicativos de apostas on linequalquer jeito... A gente vai preparar o corpo, preparar o túmulo e acabou. A gente dá o que ela mereceu naquele momento que terminou aaplicativos de apostas on lineprópria vida”, diz o babalorixá.

Pessoa com trajes típicos jogando búzios

Crédito, Bruna Prado/Getty Images

Legenda da foto, O jogoaplicativos de apostas on linebúzios é um oráculo usado no candomblé e bastante consultado durante o ritual do axexê

O babalorixá Égbé Leandro, da Casaaplicativos de apostas on lineOxumarê,aplicativos de apostas on lineSalvador, na Bahia, também afirma que não se faz axexê para pessoas que se suicidam. Segundo ele, a casa tem influência principalmente das nações ketu e jeje.

“O axexê é uma celebração da passagem da pessoa ao orum. É uma festa. Então, eu não tenho como fazer axexê para a pessoa [que se matou] porque não se tem como comemorar uma pessoa que tirou a própria vida. Mas o rito fúnebre, as liturgias são iguais para todos”, diz Égbé Leandro.

“É feito o enterro dentro dos moldes da nossa religião. A liturgia acontece. Ela tem que acontecer, porque ela é imprescindível. Na nossa filosofia, é necessário desligar o espírito do indivíduo”aplicativos de apostas on lineinstrumentos ritualísticos pertencentes a ele, explica.

O sacerdote André Aluize prefere não firmar uma orientação e diz que, caso uma notíciaaplicativos de apostas on linesuicídio emaplicativos de apostas on linecomunidade chegasse até ele, seguiria o que fosse determinado pelo jogoaplicativos de apostas on linebúzios.

“Cada um acaba por fazer àaplicativos de apostas on linemaneira. É bem complexo, por conta disso existe um tabu muito grande", aponta o pesquisador e sacerdote, cujo terreiro também integra a nação ketu.

Ele conta ter ficado sabendoaplicativos de apostas on lineum caso, por voltaaplicativos de apostas on line2019,aplicativos de apostas on lineque foi preciso fazer uma espécieaplicativos de apostas on lineconcílio entre sacerdotesaplicativos de apostas on linecandomblé para se decidir sobre o axexêaplicativos de apostas on lineuma pessoa que se matou — e cuja identidade e detalhes ele prefere não compartilhar.

“Foi preciso envolver líderesaplicativos de apostas on lineoutras casas,aplicativos de apostas on lineoutras comunidades, para se discutir o oráculo", relata, afirmando que os sacerdotes jogaram búzios individualmente para depois se chegar a uma decisão coletiva.

"Comoaplicativos de apostas on lineum concílio religioso, chegou-se a uma jogada definitiva. Foi autorizado o procedimento da ritualística do axexê com ressalvas”, diz.

Por exemplo, pessoas importantes para a comunidade podem ser reverenciadas nos chamados assentamentos, locais no terreiro que reúnem inúmeros objetos sacralizados que pertenciam à pessoa e ficam na comunidade emaplicativos de apostas on linememória. No caso relatado por André, a pessoa não pôde ser honrada com um assentamento.

Entretanto, o sociólogo Reginaldo Prandi diz que, nos itãs (mitos iorubás), não há “uma linha” que fale do suicídio.

Por isso, para ele, a rejeição ao suicídio nas religiões afrobrasileiras são resultado da influência do espiritismo e do catolicismo.

“A proibição não vem da origem africana”, afirma.

Na primeira reportagem da série “Suicídio & Fé”, a BBC News Brasil mostrou que, por séculos, o catolicismo proibiu a realizaçãoaplicativos de apostas on lineritos fúnebres para suicidas, como a missaaplicativos de apostas on linesétimo dia. A proibição foi derrubada na décadaaplicativos de apostas on line1980.

Assim como nas igrejas evangélicas, tambémaplicativos de apostas on lineorigem cristã, o suicídio foi historicamente encarado no catolicismo como um pecado, por conta da interpretação do mandamento “Não matarás”.

Já no espiritismo, que também cresceu no Brasil sobre uma base cristã, o suicídio é visto como algo que trará consequências — frequentemente penalidades, segundo alguns livros espíritas famosos — no mundo espiritual eaplicativos de apostas on linefuturas reencarnações.

As religiões afrobrasileiras não têm tantos adeptos no Brasil como as religiões citadas, mas a BBC News Brasil decidiu incluí-las na sérieaplicativos de apostas on linereportagens poraplicativos de apostas on lineimportância cultural.

De acordo com o Censo 2010, do Instituto Brasileiroaplicativos de apostas on lineGeografia e Estatística, o candomblé tem 167.363 adeptos no país (0,08% da população) e a umbanda, 407.331 (0,2%).

O candomblé e a umbanda têm várias semelhanças, mas também diferenças — o pesquisador André Aluize explica uma delas.

"O candomblé lida com deidades africanas e a umbanda lida com espíritos desencarnados. A principal divergência entre as duas seria essa: uma [candomblé] é voltada a todo um conhecimento ancestral ligado a pessoas que já existiram, a reis e rainhas, aos nossos ancestrais e antepassados, e a umbanda lidaria com os espíritosaplicativos de apostas on lineuma forma geral", esclarece Aluize.

Assim, o candomblé tende a se manter mais próximo das práticas africanas, enquanto a umbanda, que inclusive se estruturou mais recentemente, tem mais presente a influênciaaplicativos de apostas on linecrenças indígenas, do catolicismo e do espiritismo.

Entretanto, algumas linhasaplicativos de apostas on lineumbanda se mantiveram mais próximas do candomblé e da matriz africana ou estão se esforçando para resgatar essa origem.

E como o suicídio é visto na umbanda?

Homem abre cortina do congá (altar) com imagensaplicativos de apostas on linedivindades

Crédito, CARL DE SOUZA/AFP via Getty Images

Legenda da foto, Terreiroaplicativos de apostas on lineumbanda no Rioaplicativos de apostas on lineJaneiro; religião afrobrasileira tem sincretismo com crenças indígenas, com o catolicismo e o espiritismo

Com mais adeptos que o candomblé e com uma variedade maioraplicativos de apostas on linevertentes, não há notíciasaplicativos de apostas on lineque a umbanda deixeaplicativos de apostas on linefazer rituais para pessoas que se matam, segundo entrevistados pela BBC News Brasil.

Mas ainda assim, esse ato é considerado “grave”, diz a mãe Flávia Pinto, matriarca da Casa do Perdão, um terreiroaplicativos de apostas on lineumbandaaplicativos de apostas on lineSeropédica, no Rioaplicativos de apostas on lineJaneiro.

“Houve uma força divina que consagrou a vida. Portanto, não é você que tem o direitoaplicativos de apostas on lineceifá-la”, diz a ialorixá, também socióloga e autoraaplicativos de apostas on linevários livros, como Umbanda Religião Brasileira: Guia para leigos e iniciantes.

“Se algo não está indo bem a pontoaplicativos de apostas on linevocê se suicidar, é porque você não está conduzindo bem aaplicativos de apostas on linevida. Então, você deve buscar ajuda.”

Ela conta que, frequentemente, recomenda ajuda psicológica e psiquiátrica às pessoas, embora acredite que nem sempre essa assistência “dá conta” sem um “reforço energético”.

Pinto conta que “inúmeras vezes” já sentiu a presençaaplicativos de apostas on lineespíritosaplicativos de apostas on linesuicidasaplicativos de apostas on lineconsultas com entidades ou no jogoaplicativos de apostas on linebúzios.

“Quando você tira o sopro divino por conta própria, você é um espírito condenado a vagar. Porque nós somos reencarnacionistas — tanto pela visão umbandista, quanto indígena e iorubá”, diz, destacando as raízes da umbanda.

"A gente consegue quase sempre detectar se tem um espírito ali perto, tamanho o peso que ele traz. Ele começa a ser um obsessor, um espírito vampirizador, um kiumba [termo da umbanda para um espírito sem luz, ruim] a perturbar aquela pessoa ou a família.”

Ela diz que há também relatosaplicativos de apostas on lineque o espíritoaplicativos de apostas on lineum suicida acompanha a decomposição do próprio corpo.

Essa crença vai ao encontroaplicativos de apostas on linelivros espíritas que colocam o suicídio como uma transgressão à lei divina e mencionam vários tiposaplicativos de apostas on linepunição para os espíritosaplicativos de apostas on linepessoas que se mataram, como mostrou a BBC News Brasilaplicativos de apostas on lineoutra reportagem da série “Suicídio & Fé”.

Em O Céu e o Inferno, um dos livros organizados pelo fundador da religião, o francês Allan Kardec (1804-1869), um trecho diz ser comum que espíritosaplicativos de apostas on linesuicidas sintam vermes corroendo o corpo, embora as consequências do ato variemaplicativos de apostas on line"duração e intensidade conforme as circunstâncias atenuantes ou agravantes da falta".

Em Memóriasaplicativos de apostas on lineum suicida, popular livro da médium Yvonne do Amaral Pereira (1900-1984), é detalhada a existênciaaplicativos de apostas on lineum “Vale dos Suicidas”, um lugaraplicativos de apostas on lineextremo sofrimento para os espíritosaplicativos de apostas on linequem se matou.

O livro traz também históriasaplicativos de apostas on lineespíritosaplicativos de apostas on linesuicidas que tiveram que observar, a partir do plano espiritual, o próprio corpoaplicativos de apostas on linedecomposição, ou testemunhar parentesaplicativos de apostas on linesofrimento por conta da morte.

Segundo o sociólogo Reginaldo Prandi, a ideiaaplicativos de apostas on linereencarnação na umbanda tem influência do espiritismo, enquanto no candomblé manteve-se mais próximo às origens africanas.

"A ideia do renascimento no candomblé é uma ideia nãoaplicativos de apostas on lineque o indivíduo está nascendo [de novo], mas que a sociedade está se refazendo, se reproduzindo. A ideia do renascimento é mais coletivizada", explica o professor emérito da USP.

André Aluize, do grupoaplicativos de apostas on lineestudos Educaxé, também destaca a influência do espiritismo na visão da umbanda sobre a reencarnação, como a ideiaaplicativos de apostas on lineque alguém reencarnaaplicativos de apostas on linevárias etapas ou vidas.

Há também a influência do catolicismo na ideiaaplicativos de apostas on linecastigo a um espírito que tenha se comportado malaplicativos de apostas on lineuma vida passada, diz o pesquisador e candomblecista.

No caso do suicídio, ele diz que a influência do espiritismo pode se manifestar com a crença umbandistaaplicativos de apostas on linedois cenários diferentes.

"Uma delas seria que esse espírito vai para umbral, que é uma crença kardecista, e vai passar por um tempo lá até a remissão. Outra, éaplicativos de apostas on lineque esse espírito vai se tornar um egum", aponta Aluize.

"É um espírito zombeteiro, sem orientação, um espírito que estaria entre nós sem a possibilidadeaplicativos de apostas on lineuma evolução — que é proposta dentroaplicativos de apostas on lineuma visão kardecista."

Já a mãe Flávia Pinto defende que as origens da visão da umbanda sobre o suicídio são muito anteriores ao espiritismo, que ela destaca ter nascido no século 19 na França.

"A umbanda tem muito do kardecismo, mas ela tem uma origem africana e indígena”, argumenta, apontando que essas tradições são milenares.

Aumentoaplicativos de apostas on linesuicídios impõe debate para as religiões

O babalorixá Égbé Leandro afirma, no dia a dia, ser “perceptível” uma maior demanda por questões relativas à saúde mental.

"A doença do momento é a doença emocional. Quando eu vou jogar búzios, orientar as pessoas, muitas das vezes o problema está no emocional. E infelizmente as pessoas não têm a consciência da importância da saúde emocional”, diz, apontando que as pessoas têm “vergonha”aplicativos de apostas on lineprocurar ajudaaplicativos de apostas on lineespecialistas.

O babalorixá Alcemiraplicativos de apostas on lineOdé também destaca a importância da orientação profissional.

“Nossa cabeça, nós chamamosaplicativos de apostas on lineori. A nossa ori nos faz muito forte, mas nossa ori fazaplicativos de apostas on linenós um fracassado também. Existem algumas cabeças que precisamaplicativos de apostas on lineajuda, com psicólogo, psiquiatra...”, afirma.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ligação entre suicídio e distúrbios mentais — com destaque para a depressão e o alcoolismo — já foi comprovada, embora crises pontuais, como términosaplicativos de apostas on linerelacionamentos e problemas financeiros, também possam levar a esse ato.

Taxasaplicativos de apostas on linesuicídio tendem a ser maiores tambémaplicativos de apostas on linecenáriosaplicativos de apostas on lineabuso, violência, desastres e vulnerabilidade social — como entre refugiados e migrantes, priosioneiros e pessoas LGBTQIA+.

No Brasil, um estudo publicado na revista científica The Lancet Regional Health Americas mostrou que a taxa anualaplicativos de apostas on linesuicídios cresceuaplicativos de apostas on linemédia 3,7% ao anoaplicativos de apostas on line2011 a 2022.

O número totalaplicativos de apostas on linesuicídios também cresceu continuamenteaplicativos de apostas on line2016 a 2022, segundo o Fórum Brasileiroaplicativos de apostas on lineSegurança Pública.

A psicóloga Karen Scavacini, fundadora do Instituto Vita Alereaplicativos de apostas on linePrevenção e Posvenção do Suicídio, diz que, além dos dados, percebe claramente no dia a dia um aumento nas tentativas e mortes por suicídio, “especialmente no período pós-pandêmico”.

E as religiões podem ter um papel importante nesse contexto, para bem ou para mal, ela diz.

“Tem muita pesquisa mostrando como ela [a espiritualidade] é um fatoraplicativos de apostas on lineproteção, um fator forteaplicativos de apostas on lineproteção. Acho que, quando a gente põe na balança, a espiritualidade tem um fator maisaplicativos de apostas on lineproteção do queaplicativos de apostas on linerisco”, afirma Scavacini, apontando que as religiões trazem benefícios como a vida comunitária e o reforço da esperança.

“Porém, e esse é o grande porém, quando ela se torna um fatoraplicativos de apostas on linerisco, também se torna um fatoraplicativos de apostas on linerisco forte", coloca a psicóloga.

Por exemplo, para pessoas que estão pensandoaplicativos de apostas on linesuicídio.

“Vai entrar as questõesaplicativos de apostas on linepecado,aplicativos de apostas on lineculpabilização,aplicativos de apostas on linefaltaaplicativos de apostas on linereza,aplicativos de apostas on lineestar possuído... Isso vai ser um fatoraplicativos de apostas on linerisco: pode ser um gatilho, pode ocasionar uma expulsão, um isolamento dessa pessoa da comunidade religiosa", exemplifica.

“E para quem está há pouco tempoaplicativos de apostas on lineluto [por ter perdido alguém que se matou], que está buscando respostas, uma falaaplicativos de apostas on lineculpabilização ligada à religião tem um peso muito grande. É uma família que está tentando entender o que aconteceu, que está se culpando. E se ela pensa também que aquele que faleceu ainda está no lugar pior, isso é cruel”, conclui a psicóloga.

O sacerdote e pesquisador André Aluize diz que, justamente pela maior preocupação social com questõesaplicativos de apostas on linesaúde mental, as religiões precisam rediscutir suas tradições — como a orientaçãoaplicativos de apostas on linenão se fazer axexê para quem se mata, algo sobre o qual ele se mostra aberto a discutir mudanças.

“Por isso a dificuldadeaplicativos de apostas on lineos sacerdotes falarem sobre essas questõesaplicativos de apostas on linemorte, falarem sobre as questõesaplicativos de apostas on linegênero, porque é como seaplicativos de apostas on lineuma certa forma você virasse aos mais velhos e dissesse: eu vou fazer desta forma [diferente]. Como se você estivesse descumprindo algo”, diz o pesquisador.

“Não éaplicativos de apostas on lineforma alguma apologia ao atoaplicativos de apostas on linesi [suicídio], mas nós não podemos condenar, e nem cabe a nós condenar as pessoas e desconsiderar tudo que elas representaram enquanto estiveram conosco enquanto comunidade. Seria para nós algo muito triste que essa memória se perdesse, que essa contribuição se perdesse.”

*Caso seja ou conheça alguém que apresente sinaisaplicativos de apostas on linealerta relacionados ao suicídio, ou caso você tenha perdido uma pessoa querida para o suicídio, confira alguns locais para pedir ajuda:

- O Centroaplicativos de apostas on lineValorização da Vida (CVV), por meio do aplicativos de apostas on line telefone 188, oferece atendimento gratuito 24h por dia; há também a opçãoaplicativos de apostas on lineconversa por chat, e-mail e busca por postosaplicativos de apostas on lineatendimento ao redor do Brasil;

- Para jovensaplicativos de apostas on line13 a 24 anos, a Unicef oferece também o chat Pode Falar;

- Em casosaplicativos de apostas on lineemergência, outra recomendaçãoaplicativos de apostas on lineespecialistas é ligar para os Bombeiros ( aplicativos de apostas on line telefone aplicativos de apostas on line 193) ou para a Polícia Militar ( aplicativos de apostas on line telefone aplicativos de apostas on line 190);

- Outra opção é ligar para o SAMU, pelo aplicativos de apostas on line telefone 192;

- Na rede pública local, é possível buscar ajuda também nos Centrosaplicativos de apostas on lineAtenção Psicossocial (CAPS),aplicativos de apostas on lineUnidades Básicasaplicativos de apostas on lineSaúde (UBS) e Unidadesaplicativos de apostas on linePronto Atendimento (UPA) 24h;

- Confira também o Mapa da Saúde Mental, que ajuda a encontrar atendimentoaplicativos de apostas on linesaúde mental gratuitoaplicativos de apostas on linetodo o Brasil.

- Para aqueles que perderam alguém para o suicídio, a Associação Brasileira dos Sobreviventes Enlutados por Suicídio (Abrases) oferece assistência e gruposaplicativos de apostas on lineapoio.