O que háapp para apostarverdade na suposta predileção dos antigos gregos e romanos por orgias:app para apostar

Festival pagão no palácio do imperador Nero

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Os historiadores da Roma Antiga descrevem suntuosos banquetes combinando sexo e comida

Esses cultos eram conhecidos como "cultosapp para apostarmistério", ou seja, reservados a homens e mulheres iniciados que haviam se comprometido anteriormente a não divulgar os seus segredos.

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A palavra "orgia" evoca uma ideiaapp para apostarpaixão e excitação. Os ritos das orgias, pouco conhecidos devido ao seu status misterioso, podem ter incluído a manipulaçãoapp para apostarobjetos com formato sexual durante práticasapp para apostarêxtase e violência, cujo objetivo teria sido buscar a embriaguez coletiva.

Somente no final do século 18 e ao longo do século 19, sobretudo na literatura francesa, o termo "orgia" passou a designar práticas sexuaisapp para apostargrupo, geralmente associadas ao excessoapp para apostarcomida e bebidas alcoólicas.

O escritor francês Gustave Flaubert (1821-1880) , no seu conto Smarh (1839), se refere a "uma festa noturna, uma orgia toda cheiaapp para apostarmulheres desnudas, belas como Vênus".

Uma cena do filme Satyriconapp para apostarFellini

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Legenda da foto, O filme Satyricon,app para apostarFellini, recria a Roma dos temposapp para apostarNero fazendo referência à libertinagem da época

Prostitutas… e peixes

Mas a orgia como evento não é uma invenção moderna. Os banquetes que combinavam prazeres alimentares e eróticos são bem documentadosapp para apostartextos antigos.

No século 4 a.C., por exemplo, o orador grego Ésquines,app para apostarseu discurso Contra Timarco, acusou seu inimigoapp para apostarter se entregue aos "mais vergonhosos prazeres da volúpia" e a "todas as coisas com que um homem livre e nobre não deve se deixar soterrar".

Quais eram esses prazeres proibidos? Timarco convidava àapp para apostarcasa flautistas e outras mulheres venais e promovia festas com elas.

É preciso destacar que as flautistas, neste caso, não são meras artistas, convocadas apenas por seu talento musical, mas também jovens prostitutas, dispostas a satisfazer as exigências sexuais dos convidados.

Dança satíricaapp para apostarcerâmica da Apúlia

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Legenda da foto, Dança satíricaapp para apostarcerâmica do sul da Itália

Da mesma forma que a contrataçãoapp para apostarcortesãs, o consumoapp para apostarpeixe, que era muito caro, era objetoapp para apostaratenção especial por parte dos oradores do século 4 a.C. Demóstenes combina estas duas facetas da libertinagemapp para apostarseu discurso Sobre a Falsa Embaixada.

No ano 346 a.C., a cidadeapp para apostarAtenas havia enviado embaixadores ao rei Filipe 2° da Macedônia, ameaçando militarmente a Grécia. Mas o soberano havia subornado alguns dos enviados atenienses para que apoiassem suas ambições imperialistas.

Demóstenes acusou um dos embaixadores, subornado pelo rei da Macedônia,app para apostarter desperdiçado o dinheiro da corrupção com "prostitutas e peixes" — um duplo delitoapp para apostargula, tanto sexual quanto alimentícia.

A libertinagem romana

Os historiadores romanos também descrevem suntuosos banquetes que combinavam sexo e comida.

Nos anos 80 a.C., o ditador romano Sila teria sido o primeiro dirigente políticoapp para apostarRoma a organizar festas sexuais. Ele teria importado o modelo do oriente grego, onde havia conduzido uma campanha militar.

Festa da Roma Antiga

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Legenda da foto, Os banquetes combinavam prazeres eróticos e alimentares, segundo os textos antigos

Plutarco relata emapp para apostarbiografiaapp para apostarSila que o ditador começava a beber pela manhã com atrizes, músicos e mímicos.

A coreografia lasciva era uma atividade complementar praticada pelas cortesãs,app para apostarforma que não era incomum que prostitutas trabalhassem como mímicas. Elas se contorciam, às vezes simulando atos sexuais.

O historiador latino Suetônio apresenta Tibério como a personificação do imperador libertino. No seu palácioapp para apostarCapri, ele organizava atrevidos espetáculos pornográficos.

Tibério havia recrutado um grupoapp para apostarjovens atores que, dianteapp para apostarseus próprios olhos, se entregavam aos acasalamentos aconhecidos como spintriae — termo latino, muito provavelmente formado a partir do grego sphinktèr ("ânus"), que remete à sodomiaapp para apostarsérie.

Calígula, imperador romano

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Legenda da foto, A história do imperador romano Calígula que chegou até nós mistura corrupção do poder absoluto, insanidade assassina e perversão sexual
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Suetônio afirma que Calígula, sucessorapp para apostarTibério, dormia com suas irmãs à vista dos seus convidados. Incestuoso e exibicionista, ele transgredia assim duas proibições ao mesmo tempo.

Calígula também mostravaapp para apostaresposa Cesônia a cavalo, vestidaapp para apostarguerreira ou totalmente nua. Suetônio conta que a imperatriz, cúmplice do marido, apreciava muito essas sessões especiais, pois "se perdia na libertinagem e no vício".

Cercaapp para apostar20 anos depois, o imperador Nero "fazia com que suas festas durassem do meio-dia até a meia-noite", segundo Suetônio.

Durante esses longos banquetes, todos os sentidos precisavam ser satisfeitos. Era uma sinfoniaapp para apostarcomida, música e corpos servis para serem vistos ou acariciados, enquanto os escravos faziam chover flores do teto do salão e pulverizavam perfumes.

Dizem que durante um dos banquetes promovidos pelo imperador Heliogábalo, perto do ano 220 d.C., alguns convidados teriam morrido asfixiados "por não terem conseguido se libertar", conforme narra o autor do livro História Augusta.

Ilustraçãoapp para apostarSalomé apontando para a cabeçaapp para apostarSão João Batistaapp para apostarum prato

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Legenda da foto, Salomé exige a cabeçaapp para apostarSão João Batista como pagamento por seus encantos

Mas estes banquetes não eram mais comuns no Império Romano do que são hojeapp para apostardia.

Por isso, não devemos nos enganar sobre o significado das descrições das orgias feitas pelos escritores antigos. O objetivo é sempre moral: condenar a "libertinagem",app para apostarnome da moderação e da temperança.

A denúncia cristã

A cristianização do Império Romano apenas reforçou esta perspectiva moral. Um bom exemplo está na obraapp para apostarSanto Agostinho, no Sermão 16 pela Decapitaçãoapp para apostarJoão Batista.

A evocação do banqueteapp para apostarHerodes Antipas, governador da Galileia, eapp para apostargrande quantidadeapp para apostaralimentos destaca a gula dos convidados. Soma-se a isso a ideiaapp para apostarque a luxúria seria exclusivamente obraapp para apostarSatanás.

Antipas pede àapp para apostarsobrinha-neta Salomé que dance. E, depoisapp para apostarexibir os seios naapp para apostarfrenética coreografia, a jovem maléfica exige a cabeçaapp para apostarSão João Batista, servidaapp para apostaruma bandeja, como pagamento pelos seus encantos.

De Roma à Babilônia

Rompendo com esses textos antigos, o filme Babilônia (2022),app para apostarDamien Chazelle, apresenta uma grande cenaapp para apostarorgia, sem adotar claramente uma posturaapp para apostarcondenação moral.

Talvez esta seja uma das razões que levaram a uma recepção tão variada por parte do público — enquanto críticos denunciaram o filme como escandaloso, admiradores o louvaram como uma milagrosa "orgia visual".

* Christian-Georges Schwentzel é professorapp para apostarhistória antiga da Universidadeapp para apostarLorena, na França, e autor do livro "Débauches antiques, comment la Bible et les Ancients ont inventé le vice" ("Depravações antigas, como a Bíblia e os Antigos inventaram o vício",app para apostartradução livre).

Este artigo foi publicado originalmente no siteapp para apostarnotícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob licença Creative Commons. Leia a versão original em espanhol e em francês.