'É mito que orgasmo seja ápice do prazer': o que ensina pesquisadora que estuda ciência da sexualidade feminina:bets bola aposta

Com basebets bola apostaestudos científicos e nas experiênciasbets bola apostamilharesbets bola apostamulheres, a autora explora a ciência da sexualidade feminina e questiona muitos dos conceitos que são tidos como certezas.

Nagoski tem doutoradobets bola apostaComportamentos da Saúde, com especializaçãobets bola apostaSexualidade Humana, e mestradobets bola apostaAconselhamento Educacional, ambos pela Universidadebets bola apostaIndiana (EUA).

Ela publicoubets bola apostajaneiro deste ano o livro Come Together: The Science (and Art!) of Creating Lasting Sexual Connections ("Gozando juntos: A ciência (e arte!)bets bola apostacriar conexões sexuais duradouras",bets bola apostatradução livre, ainda sem edição no Brasil).

Confira abaixo os principais trechos da entrevista da autora à BBC News Mundo, serviço da BBCbets bola apostaespanhol.

bets bola aposta BBC News Mundo - Como educadora sexual, você diz que um dos seus objetivos é desmascarar os mitos sexuais comuns que fazem as mulheres "se sentirem inadequadas entre os lençóis". Você pode nos contar sobre alguns desses mitos?

bets bola aposta Emily Nagoski - Meu Deus, são tantos! Vamos abordar apenas os mitos sobre o orgasmo.

É um mito que a maioria das mulheres tenha orgasmos através da penetração: somente cercabets bola aposta25% das mulheres conseguem isso dessa forma. O restante delas, consegue às vezes, raramente ou nunca.

É um mito que atingiremos o orgasmo na primeira vez que fizermos sexo: apenas cercabets bola aposta10% das mulheres conseguem isso e a maioria é porque tocam seus próprios genitais.

É um mito que o orgasmo seja "o auge do prazer": pode ser, mas existem muitas outras maneirasbets bola apostaexperimentar um prazer sexual intenso. Além disso, nem todos os orgasmos são prazerosos.

Existem muitos mitos, eu poderia ficar citando-os o dia todo, literalmente.

bets bola aposta BBC News Mundo - Existe algum mito que seja particularmente prejudicial às mulheres?

bets bola aposta Nagoski - Um mito realmente perigoso é a ideiabets bola apostaque você pode dizer o que uma pessoa quer ou gosta com base no que seus órgãos genitais fazem.

A resposta genital indica simplesmente que o cérebro está percebendo algo relacionado ao sexo, mas isso não significa que a pessoa queira ou goste do que está acontecendo.

É chamadobets bola aposta"incompatibilidadebets bola apostaexcitação". Eu dei uma palestra no TEDTalks sobre isso.

bets bola aposta BBC News Mundo - Temos medido e avaliado nossas experiências sexuais da maneira errada? Supervalorizamos o orgasmo como objetivo principalbets bola apostauma experiência sexual? Como mulheres, estamos colocando muita pressãobets bola apostater orgasmos?

bets bola aposta Nagoski - Os orgasmos só importam na medidabets bola apostaque você decide que eles são importantes. Se eles são muito importantes para você, ótimo. Se não forem, ótimo também.

Se você se preocupa com eles, recomendo saber que tipobets bola apostaestímulo ebets bola apostaque tipobets bola apostacontexto você sente maior prazer.

Caso não sejam importantes, sugiro potencializar a comunicação com seu parceiro, para que ele saiba que essa não ébets bola apostaprioridade e que você prefere vivenciar o prazer sexualbets bola apostaoutras formas.

Comunique-se com confiança e alegria; é o seu corpo e abets bola apostasexualidade, você decide como e quando será tocado.

bets bola aposta BBC News Mundo - Você diz que não se tratabets bola apostaorgasmos,bets bola apostaquantos temos, da frequência com que fazemos sexo ou do desejobets bola apostafazê-lo, mas sim do prazer. "O prazer é a medida", "o prazer é o que importa". Por quê?

bets bola aposta Nagoski - Por um lado, digo que "o prazer é a medida" do bem-estar sexual, porque é isso que as pesquisas indicam.

Quando os cientistas conversam com pessoas que se identificam como tendo relações sexuais extraordinárias, essas pessoas não falam sobre desejo ou orgasmos, falam sobre autenticidade, vulnerabilidade, empatia e prazer.

Se quisermos ser como as pessoas que fazem o tipobets bola apostasexo que muitosbets bola apostanós invejaríamos, colocaremos o prazer no centro e deixaremos o desejo, o orgasmo e o resto cuidarembets bola apostasi mesmos.

Por outro lado, focar no prazer é uma maneira infalívelbets bola apostagarantir que você desfrutarábets bola apostatodos os aspectos do sexo que pratica.

Porque às vezes o desejo nos faz sentir bem, mas outras vezes é doloroso, fontebets bola apostafrustração e angústia. O prazer, por definição, não é.

Quero viverbets bola apostaum mundo onde a gente só faça o sexo que gostamos e não se sinta mal por não fazer o sexo que não gostamos.

Acho que essa é a parte difícil.

bets bola aposta BBC News Mundo - Você diz que "é o lugar certo, da maneira certa, pela pessoa certa, na hora certa, nas circunstâncias externas certas e no estado interno certo". Qual é o papel do "contexto certo" quando pensamos nas nossas experiências sexuais?

bets bola aposta Nagoski - O prazer é mais complexo e sutil do que a maioriabets bola apostanós foi levada a acreditar.

Neurologicamente, existebets bola apostapequenos "bolsões hedonistas", que são ajustados para serem mais ou menos sensíveis ao prazer, dependendo do estado do cérebro.

Quando o cérebro está estressado, os centrosbets bola apostaprazer estão sintonizados para interpretar quase qualquer sensação como uma ameaça potencial, mesmo aquelas quebets bola apostaum contexto diferente poderiam ter sido interpretadas como algo a ser explorado com curiosidade.

É quando o cérebro está num estadobets bola apostacuriosidade, segurança e/ou diversão que esses centrosbets bola apostaprazer se sintonizam para interpretar quase qualquer sensação como prazerosa.

A importância neurológica do contexto é a razão pela qual às vezes fazer cócegas é bom. Se você está se sentindo brincalhona, animada e conectada a um parceiro atraente e confiável, as cócegas dele podem fazer você se sentir bem.

Mas e se o mesmo parceiro por quem você se sentiu atraída fizesse cócegasbets bola apostavocê quando você estivesse no meiobets bola apostauma discussão? Seria bem irritante.

É a mesma sensação, é até o mesmo parceiro, mas é um estado interno diferente, então seu cérebro interpretabets bola apostaforma completamente diferente.

Esse é o poder do contexto.

bets bola aposta BBC News Mundo - Quando pensamosbets bola apostasexo, temos a ideiabets bola apostasensações, hormônios, emoções, partes muito específicas do nosso corpo e talvez nos esqueçamos do chefe supremo: o cérebro. Você diz que "o sexo é muito mais um processo cerebral do que um processo genital" e que os orgasmos são "orquestrados principalmente pelo cérebro, não pelos órgãos genitais". Por que é importante ter issobets bola apostamente?

bets bola aposta Nagoski - Hojebets bola apostadia, quando os cientistas querem estudar o orgasmo, fazem tomografias cerebrais, porque o orgasmo é uma função cerebral, ao contrário da ejaculação, que é um reflexo espinhal.

O que você listou: sensações, hormônios, emoções e até partes do corpo são funções cerebrais no todo ou pelo menosbets bola apostaparte.

As sensações são percebidas no cérebro, as emoções são um produto do cérebro, os hormônios influenciam o cérebro e o cérebro possui múltiplos mapasbets bola apostatodo o corpo, um mapa para perceber as sensações e um mapa para organizar as funções motoras.

Seu corpo não sente algo sem que seu cérebro esteja envolvido, você não tem fantasias, nem conexão emocional.

Quando as pessoas têm dificuldadebets bola apostaatingir o orgasmo, é quase sempre porque há algo no contexto, isto é, nas circunstâncias externas e no estado interno, que "pisa no freio" no cérebro.

bets bola aposta BBC News Mundo - Falandobets bola apostacérebro,bets bola apostaumabets bola apostasuas falas no TedTalks você sugere um exercício ao público: ficar diantebets bola apostaum espelho o mais nu possível e escrever tudo o que gostamos naquilo que vemos. E você acrescenta: "É claro que primeiro seu cérebro será inundado com mensagens culturalmente construídas sobre como seu corpo não atende ao ideal que foi culturalmente elaborado". Como essa ideia do corpo desejável afeta nossa sexualidade?

bets bola aposta Nagoski - A pesquisa é muito consistente nisso: a imagem corporal impacta o funcionamento sexual.

A autocrítica corporal está associada a todas as formas pelas quais podemos vivenciar problemas com a sexualidade, desde o prazer até a excitação, o desejo e o orgasmo.

Para perceber prazerbets bola apostaseu corpo, você deve concentrarbets bola apostaatenção nele. E se isso desencadear todos os tiposbets bola apostaautocrítica, isso irá desacelerar ou até mesmo interromper abets bola apostaresposta sexual.

Mas se, ao direcionarmos a atenção para o nosso corpo, sentirmos apenas autoaceitação e até orgulho, isso pode ativar o acelerador sexual no nosso cérebro.

bets bola aposta BBC News Mundo - Você ressalta que muitosbets bola apostanós, inclusive você, crescemos acreditandobets bola apostauma "narrativa desatualizada sobre como o desejo funciona (…) que não é apenas incorreta, mas também equivocada". Por exemplo, a ideiabets bola aposta"manter viva a centelha, a paixão",bets bola apostarelacionamentosbets bola apostalongo prazo é uma formabets bola apostasimplificar demais o sexo e a evolução. Por quê?

bets bola aposta Nagoski - O “porquê”bets bola apostacomo isso simplifica demais a ciência evolutiva poderia ocupar um livro inteiro, mas basicamente a ideiabets bola apostaque o sexo deveria ser sobre estar excitado e no climabets bola aposta"mal posso esperar para colocar minha língua nabets bola apostaboca", parte da concepçãobets bola apostaque a experiência divertidabets bola apostase apaixonar é e deve ser a mesmabets bola apostaestar apaixonado.

Quando duas pessoas começam a se conhecer e se apaixonar, elas passam muito tempo juntas fazendo coisas sensuais, às vezes atébets bola apostadetrimentobets bola apostaoutras coisasbets bola apostasuas vidas.

Mas, quando já estão apaixonados e têm um relacionamento estabelecido, passam o tempo juntos vivendo suas vidas normais.

Isso não é um problema, é inevitável, e para as pessoas que desejam uma ligação sexualbets bola apostalongo prazo com uma pessoa com quem também partilham uma casa e até filhos, esse é precisamente o ponto!

Sua conexão sexual pode ser um adorável aprimoramento disso, uma fontebets bola apostaprazer que contribui para a qualidadebets bola apostasua vida juntos.

Não que haja algobets bola apostaerradobets bola apostaquerer e criar "faísca".

Compartilhar o prazer sexual faz partebets bola apostacomo expresso o amor, por isso farei questãobets bola apostareservar tempo, energia e atenção suficientes para poder compartilhar momentos sensuais com aquela pessoa especial.

É assim que fazem os casais que mantêm uma forte conexão sexualbets bola apostalongo prazo.

Fui sábia o suficiente para aprender com o exemplo deles, e as coisas estão melhores agorabets bola apostameu relacionamento do que têm sido nos 13 anosbets bola apostaque estamos juntos.

bets bola aposta BBC News Mundo - Naquela narrativa muito difundidabets bola apostaque depois dos 50 anos "aparentemente todos os hormônios que já tivemos flutuam num marbets bola apostaenvelhecimento e ficamos assexuados e castrados",bets bola apostaideiabets bola apostacentralidade do prazer ganha ainda mais importância. A bets bola aposta perimenopausa bets bola aposta e a menopausa trazem seus próprios desafios para muitas mulheres. Como aproveitar nossa sexualidade nessas fases?

bets bola aposta Nagoski - A ideiabets bola apostaque as alterações hormonais associadas ao envelhecimento normal significam que nossa sexualidade está condenada faz parte do mito do "desejo imperativo".

Acontece que não há impacto direto dos hormônios sexuais no funcionamento sexual, incluindo o desejo e o prazer sexual, com uma exceção: com níveis mais baixosbets bola apostaestrogênio, o tecido genital pode tornar-se mais frágil, o que causará dor.

A lubrificação é absolutamente essencial, mas se sentir dor durante o contato genital, converse com um profissionalbets bola apostasaúde sobre cremesbets bola apostaestrogênio, que podem ajudar a restaurar esses tecidos.

São principalmente as mudanças na vida que acompanham o envelhecimento que podem afetar o nosso funcionamento sexual, incluindo a forma como nos sentimosbets bola apostarelação às mudanças do nosso corpo, à nossa sexualidade e aos nossos relacionamentos.

Nesta fase ocorre uma revolução nas mentesbets bola apostamuitas mulheres.

Elas reconhecem que todas as regras que têm seguido sobre quem elas "deveriam" ser como pessoas sexuais, como seu relacionamento sexual "deveria" funcionar, simplesmente não se aplicam a elas.

E elas começam a explorar seu eu sexual autêntico e obets bola apostaseus parceiros, e colaboram para criar contextos que facilitam a experiênciabets bola apostaprazerbets bola apostaseus cérebros.

Quando nos libertamos da culturabets bola apostapureza e das normasbets bola apostagênero, libertamos partes da nossa sexualidade que pensávamos que devíamos esconder. E expandimos nosso acesso ao prazer sexual.