'Busco passar borracha no passado': o atoaposta nordesteBolsonaro na Paulista, testeaposta nordesteforça políticaaposta nordestemeio a investigações :aposta nordeste
Jair Bolsonaro (PL) negou que tenha tentado dar um golpeaposta nordesteEstado e disse que agiu dentro dos limites da Constituiçãoaposta nordesteprotestoaposta nordesteSão Paulo no domingo (25/2).
O ex-presidente também afirmou estaraposta nordestebuscaaposta nordeste"pacificação" do país e que deseja "passar uma borracha no passado".
O ato, que reuniu milharesaposta nordesteapoiadoresaposta nordesteBolsonaro na avenida Paulista, foi convocado pelo ex-presidenteaposta nordestemeio ao avanço das investigações da Polícia Federal (PF) sobre um suposto planoaposta nordestegolpeaposta nordesteEstado.
De acordo com a PF, há indíciosaposta nordesteenvolvimentoaposta nordesteBolsonaro eaposta nordestealgunsaposta nordesteseus então auxiliares para reverter o resultado das eleições que levaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto.
A manifestação estava marcada para às 15h. Desde a manhãaposta nordestedomingo, pessoas começaram a se concentrar na Paulista levando bandeiras do Brasil e camisetas da seleção brasileira.
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Bolsonaro chegou ao local por volta das 14h40 ao lado do governadoraposta nordesteSão Paulo, Tarcísioaposta nordesteFreitas (Republicanos).
Em seu discursoaposta nordestepouco maisaposta nordeste22 minutos, Bolsonaro afirmou que agiu dentro dos limites da Constituição.
“Continuam me acusandoaposta nordesteum golpe, porque tem uma minutaaposta nordesteum decretoaposta nordesteestadoaposta nordestedefesa. Golpe usando a constituição? Tenha santa paciência”, disse.
Segundo ele, um decreto como esse dependeria da aprovação do Congresso. “Querem entubar a todos nós um golpe, usando dispositivo da Constituição cuja palavra final quem dá é o parlamento brasileiro.”
Bolsonaro também pediu ao Congresso um projetoaposta nordestelei que anistie seus apoiadores que estão presosaposta nordesteBrasília por conta da participação na depredaçãoaposta nordesteprédios públicosaposta nordesteBrasíliaaposta nordeste8aposta nordestejaneiroaposta nordeste2023.
"[Queremos] Anistia para aqueles pobres coitados que estão presosaposta nordesteBrasília. Nós não queremos mais que seus filhos sejam órfãosaposta nordestepais vivos. Agora, nós pedimos a todos os 513 deputados e 81 senadores um projetoaposta nordesteanistia para que seja feita a Justiçaaposta nordestenosso Brasil", disse Bolsonaro.
"E quem porventura depredou o patrimônio, nós não concordamos com isso. Que paguem, mas que essas penas não fujam ao mínimo da razoabilidade."
Para o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, da Universidade do Estado do Rioaposta nordesteJaneiro (Uerj), a manifestaçãoaposta nordestedomingo "é uma grande aposta"aposta nordesteBolsonaro para “mostrar força” e tentar tornar as investigações e decisões da justiça mais "custosas" .
A manifestação ocorre numa semana marcada pelo comparecimentoaposta nordesteBolsonaro à PF, onde foi intimado a depor mas permaneceuaposta nordestesilêncio, e pela repercussãoaposta nordesteuma declaraçãoaposta nordesteLula sobre a guerra que Israel travaaposta nordesteGaza.
Na última quinta-feira (22/2), Bolsonaro compareceu à PFaposta nordesteBrasília para prestar depoimento no inquérito sobre o suposto golpeaposta nordesteEstado, mas ficou calado sob a justificativaaposta nordestequeaposta nordestedefesa não teve acesso a todos os documentos da investigação.
Alémaposta nordesteBolsonaro, 22 ex-assessores, militares e aliados do ex-presidente foram intimados a prestar esclarecimentos no mesmo horário.
Israel e evangélicos
O protesto contou com a presençaaposta nordestemuitas pessoas que carregavam a bandeiraaposta nordesteIsrael, e havia entre os presentes judeus com adereços tradicionais judaicos.
Os ambulantes vendiam bandeirasaposta nordesteIsrael ao ladoaposta nordestebandeiras do Brasil.
A BBC News Brasil conversou com um dos ambulantes, que se apresentou como Francisco, que disse ter vendido todas as 50 bandeiras israelenses que tinha levado para o ato, ao preçoaposta nordesteR$ 50 cada.
Há uma semana, Lula gerou controvérsia no mundo político ao comparar as açõesaposta nordesteIsrael na guerra contra o Hamas com o Holocausto sofrido pelos judeus na 2ª Guerra Mundial.
A fala desencadeou uma crise diplomática com Israel e reverberou ao longo da semana, com repercussões também na política doméstica.
Na última sexta-feira (23/2), o ministroaposta nordesteRelações Exteriores israelense, Israel Katz, publicou no X (antigo Twitter) uma ilustração que mostra brasileiros e israelenses abraçadosaposta nordestemeio às bandeiras dos dois países e pessoas vestidasaposta nordesteamarelo.
"Ninguém vai separar o nosso povo — nem mesmo você, Lula", escreveu Katz na postagem, publicadaaposta nordesteportuguês eaposta nordestehebraico.
Após as falasaposta nordesteLula, congressistas da oposição protocolaram um pedidoaposta nordesteimpeachment do presidente por causa da declaração, que foi criticada até mesmo por alguns aliados do governo, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Outros congressistas da base governista, no entanto, defenderam a falaaposta nordesteLula.
Muitos judeus brasileiros e associações judaicas criticaram a declaraçãoaposta nordesteLula, e a expectativa era que bandeirasaposta nordesteIsrael também aparecessem neste domingo na avenida Paulista, o queaposta nordestefato aconteceu.
Um levantamento da empresa Arquimedes, que monitora as redes sociais, apontou que as menções ao protestoaposta nordesteBolsonaro foramaposta nordestequantidade muito menor do que a falaaposta nordesteLula sobre Israel.
O tema "Lula e Israel" soma 2,4 milhõesaposta nordestepublicações nas redes entre os dias 18 e 22aposta nordestefevereiro, três vezes a quantidadeaposta nordesteposts sobre a manifestação bolsonarista. Entre 10 e 22aposta nordestefevereiro, o protesto contabilizou 829 mil menções nas redes sociais, segundo a Arquimedes.
Fábio Wajngarten, ex-secretárioaposta nordesteBolsonaro, escreveu no X (ex-Twitter) que iria sugerir ao ex-presidente que convidasse o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, que seria "muito bem recebido e acolhido". O governo Netanyahu,aposta nordesteIsrael, é um aliado do bolsonarismo.
Em entrevista neste sábado, Wajngarten afirmou que a organização do protesto esperava 700 mil pessoas na avenida. Até a publicação deste texto, não havia estimativa oficialaposta nordestepúblico na Paulista.
Além da proximidade com Netanyahu, a defesaaposta nordesteIsrael é uma bandeira cara a muitos evangélicos - um dos grupos mais próximosaposta nordesteBolsonaro.
Uma das mais influentes lideranças evangélicas do país, o pastor Silas Malafaia, da Assembleiaaposta nordesteDeus Vitóriaaposta nordesteCristo, foi um dos organizadores e um dos principais oradores do ato.
Foi ele quem falou antes do ex-presidente na Paulista.
'Séria, disciplinada e pacífica'
No vídeoaposta nordesteque convocou o protesto, Bolsonaro pediu que seus apoiadores façam uma manifestação "séria, disciplinada e pacífica" no domingo e que o movimento se restrinja apenas à capital paulista.
Segundo ele, o objetivo do protesto é defender "nosso Estado democráticoaposta nordestedireito e nossa liberdade".
Ao final da mensagem, Bolsonaro pediu que os manifestantes evitem levar faixas contra "quem quer que seja".
Para cientistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil, o protesto é uma "grande apostaaposta nordesteBolsonaro" para tentar demonstrar força política, apesaraposta nordesteestar inelegível até 2030.
Segundo os analistas, o efeito desta manifestação vai depender do númeroaposta nordestepessoas presentes na avenida Paulista, onde será realizado o ato, e também da participaçãoaposta nordesteoutros nomes relevantes da política, como governadores e congressistas.
A adesãoaposta nordestepolíticosaposta nordestedireita é um dos fatores que vinha mobilizando o bolsonarismo nos últimos dias.
Entre os nomes na Paulista, estavam o governadoraposta nordesteSão Paulo, Tarcísioaposta nordesteFreitas, e o governadoraposta nordesteGoiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Bolsonaro também chegou a saudar no palco a "guarda municipalaposta nordesteRicardo Nunes". Prefeito da capital paulista, Nunes, do MDB, busca a simpatia da parcela conservadora do eleitorado para se reeleger nas eleições municipais deste ano.
Grande apostaaposta nordesteBolsonaro
Uma pesquisa do instituto AtlasIntel, divulgada no início do mês, aponta que 42,2% dos entrevistados acreditam que as "investigações contra Bolsonaro constituem uma perseguição política". Já 40,5% não acreditam nisso.
Por outro lado, um levantamento do mesmo insituto mostrou que 57% dos entrevistados acreditam que Lulaaposta nordestefato venceu as eleiçõesaposta nordeste2022, contrariando o discurso bolsonaristaaposta nordesteque houve fraude no pleito - algo que nunca foi comprovado.
O cientista político Sérgio Praça, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), diz que Bolsonaro costuma convocar manifestações quando se sente fragilizado.
Para o analista, mais importante do que a quantidadeaposta nordestegente na rua, é quem esteve ao ladoaposta nordesteBolsonaro no palanque.
"O principal objetivo do protesto é mediraposta nordesteforça entre os profissionais da política. Quanto mais parlamentares e governadores aparecerem, melhor para ele", diz Praça.
"Quem se arrisca a aparecer ao lado dele? Tarcísio, [Romeu] Zema [governadoraposta nordesteMinas Gerais]? O que eles vão falaraposta nordesteseus discursos? Ele quer demonstrar que ainda tem força mesmo estando inelegível por oito anos."
Entretanto, o analista não acredita que isso fará alguma diferença no rumo das investigaçõesaposta nordesteque Bolsonaro e seus aliados são alvo ou mesmo nas decisões que a Justiça pode tomar a respeito.
Bolsonaro investigado
A manifestação deste domingo acontece após uma sérieaposta nordesteinvestigações envolvendo Bolsonaro eaposta nordestefamília, como uma apuraçãoaposta nordesteum suposto esquemaaposta nordestenegociação ilegalaposta nordestejoias dadas por delegações estrangeiras à Presidência da República.
Também acontece duas semanas depois da operação Tempus Veritatis, que foi autorizada pelo ministro Alexandreaposta nordesteMoraes.
A ação teve Bolsonaro como alvo, alémaposta nordesteparteaposta nordesteseu clã político e militares supostamente envolvidos na trama golpista.
A operação investiga uma organização acusadaaposta nordeste"tentativaaposta nordestegolpeaposta nordesteEstado e abolição do Estado Democráticoaposta nordesteDireito" nos períodos que antecederam e se seguiram às eleições presidenciaisaposta nordeste2022,aposta nordesteuma tentativaaposta nordestegarantir a "manutenção do então presidente da República (Jair Bolsonaro) no poder".
Quatro pessoas foram presas: Filipe Martins, ex-assessor especial da Presidência; o coronel do Exército Marcelo Câmara; Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército; e o coronel Bernardo Romão Corrêa.
De acordo com a decisãoaposta nordesteAlexandreaposta nordesteMoraes, a PF obteve evidênciasaposta nordesteque:
- Bolsonaro teria se envolvido na confecçãoaposta nordesteuma minutaaposta nordestedecreto com medidas para impedir a posseaposta nordesteLula e mantê-lo no poder;
- Militares teriam organizado manifestações contra o resultado das eleições e atuado para garantir que os manifestantes tivessem segurança;
- O grupoaposta nordestetornoaposta nordesteBolsonaro teria monitorado os passosaposta nordesteMoraes, incluindo acesso àaposta nordesteagendaaposta nordesteforma antecipada.
Por ordem da Justiça, Bolsonaro teve seu passaporte apreendido e não pode fazer contato com outros investigados.
Em um vídeo publicado nas redes sociais no dia 9aposta nordestefevereiro, Paulo Cunha Bueno, advogado do ex-presidente, negou que qualquer documento apreendido durante a operação da PF implique o ex-presidenteaposta nordesteenvolvimentoaposta nordesteum "golpeaposta nordesteEstado".
Nesta quarta-feira, Bolsonaro voltou a dizer que é alvoaposta nordesteuma "perseguição política".
“Houve a eleição, o TSE anunciou o resultado da mesma, me torna inelegível sem crime, depois se falaaposta nordesteprender…qual o próximo passo, me executar na prisão? Eu devo fazer o que, fugir do Brasil, pedir asilo?“, disse o ex-presidente,aposta nordesteentrevista à rádio CBN Recife.
Manifestaçõesaposta nordestesérie
Não é a primeira vez que Bolsonaro convoca manifestaçõesaposta nordesteseu apoioaposta nordesteum momentoaposta nordestequeaposta nordesterelação com o Judiciário se encontra estremecida.
Entre 2019 e 2022, quando era presidente, houve uma sérieaposta nordesteprotestos pró-governo e com críticas ao Judiciário - mesmo durante a pandemiaaposta nordestecovid-19.
Em 7aposta nordestesetembroaposta nordeste2021, por exemplo, Bolsonaro afirmou, também na avenida Paulista, que não cumpriria mais decisões proferidas por Alexandreaposta nordesteMoraes.
"Dizer a vocês que, qualquer decisão do senhor Alexandreaposta nordesteMoraes, este presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou, ele tem tempo aindaaposta nordestepedir o seu boné e ir cuidar daaposta nordestevida. Ele, para nós, não existe mais", discursou.
Dois dias depois, diante da repercussão negativa eaposta nordesteconselhos do ex-presidente Michel Temer, Bolsonaro divulgou uma "Declaração à Nação" na qual dizia não ter "intençãoaposta nordesteagredir quaisquer dos poderes" e que "as pessoas que exercem o poder não têm o direitoaposta nordeste'esticar a corda', a pontoaposta nordesteprejudicar a vida dos brasileiros eaposta nordesteeconomia".