As 22 facções que aterrorizam a Amazônia com tráfico, grilagem e crimes ambientais:valor minimo de saque sportingbet

As consequências, mostra a pesquisa, são índicesvalor minimo de saque sportingbetviolência muito acima aos do resto do Brasil.

A taxa médiavalor minimo de saque sportingbetmortes violentas intencionais foivalor minimo de saque sportingbet33,8valor minimo de saque sportingbetcada 100 mil habitantes, um número 45% maior do que a média nacional (de 23,3 para cada 100 mil habitantes).

Cercavalor minimo de saque sportingbet15 municípios — a maioria no Pará e no Mato Grosso — conviveram com uma violência ainda mais extrema,valor minimo de saque sportingbet80 mortes por cada 100 mil habitantes.

Outros marcadoresvalor minimo de saque sportingbetviolência acompanham essa alta: a taxavalor minimo de saque sportingbetfeminicídio é 30,8% maior na Amazônia do que no resto do Brasil e a taxavalor minimo de saque sportingbetestupros é 33,8% superior à média nacional.

‘Hub’ logístico do crime organizado

A região tem uma importância estratégica para organizações criminosas, que buscam controlar as rotasvalor minimo de saque sportingbettransportevalor minimo de saque sportingbetdrogas tanto para distribuição no Brasil quanto para o repasse para outros países, explica Renato Sergiovalor minimo de saque sportingbetLima, pesquisador do FBSP e um dos coordenadores do estudo Cartografias da Violência na Amazônia.

A pesquisa foi feita na Amazônia Legal, região composta pelos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e parte do Maranhão.

A atuação das facções, entretanto, não se resume ao tráficovalor minimo de saque sportingbetdrogas. Segundo os pesquisadores, elas passaram a controlar cada vez mais redes criminosas mais amplas, que envolvem desde trabalho análogo à escravidão, exploração sexual e invasãovalor minimo de saque sportingbetterras indígenas até crimes ambientais como exploração ilegalvalor minimo de saque sportingbetmadeira e minérios, tráfico ilegalvalor minimo de saque sportingbetanimais e pesca predatória.

“As facções vão ocupando o território e o gerindo a partirvalor minimo de saque sportingbetuma simbiose entre crimes ambientais, grilagemvalor minimo de saque sportingbetterra, narcotráfico e o tráficovalor minimo de saque sportingbetarmas”, explica Lima. “Dá para dizer, sem nenhuma margemvalor minimo de saque sportingbeterro, que hoje o principal inimigo da Amazônia, o principal inimigo do Brasil, é o crime organizado.”

A dinâmica do crime local começou a mudar principalmente a partirvalor minimo de saque sportingbet2016, diz o pesquisador, quando a organização criminosa Comando Vermelho (CV) fez uma parceria com a facção local Família do Norte para usar a rotavalor minimo de saque sportingbetTabatinga (AM) como principal viavalor minimo de saque sportingbetabastecimentovalor minimo de saque sportingbetdrogas, principalmente cocaína e skank (ou skunk, maconhavalor minimo de saque sportingbetefeitos altamente potentes).

“Hoje essa rota é a segunda mais importante do país”, explica Lima. “Só perde para a rota que o Primeiro Comando da Capital (PCC) controlavalor minimo de saque sportingbetPonta Porã (MS).”

Além da presença do CV (de origem carioca) e o do PCC (criadovalor minimo de saque sportingbetSão Paulo), há a atuaçãovalor minimo de saque sportingbetorganizações criminosas locais, como os grupos Bonde dos 13, Deus da Morte, Os Crias, Cartel do Norte, entre outros.

Resultados dos inúmeros processos históricosvalor minimo de saque sportingbetocupação da região, a violência não é uma novidade nos Estados da Amazônia, explica Lima. Mas no caso das facções, há uma diferença.

“As frentesvalor minimo de saque sportingbetexpansão sempre foram como a borracha, por exemplo, onde os seringueiros iam para dentro da floresta, tiravam a borracha e iam embora. Com o garimpo, as pessoas vão, tiram os minérios e vão embora deixando condições precáriasvalor minimo de saque sportingbetvida para quem fica”, diz ele.

Com as facções, o processo acontecevalor minimo de saque sportingbetforma diferente,valor minimo de saque sportingbetdentro para fora, explica Lima, porque elas precisam ocupar o territóriovalor minimo de saque sportingbetforma permanente para poder consolidar as suas rotas e, inclusive, brigar com as demais facções que tentam ter esse controle.

“As facções ficam no território. Elas usam, por exemplo, a estrutura do garimpo para escoar drogas e a economia local para lavar dinheiro. Vão conectando o território. O que a gente percebe é que, no fundo, a região virou quase como um enorme hub logístico do crime organizado”, diz Lima.

“Assim como a Zona Francavalor minimo de saque sportingbetManaus passou a ter importância estratégica para a produção industrial, a região amazônica passou a ter uma importância estratégica para a economia do crime.”

Nos últimos anos, fatores como a diminuição da fiscalização ambiental na Amazônia e o aumentovalor minimo de saque sportingbetpresosvalor minimo de saque sportingbetprisões superlotadas e precárias (usadas como localvalor minimo de saque sportingbetrecrutamento) contribuíram para a consolidação das facções na região, aponta o estudo.

Facções internacionais

A pesquisa identificou também a atuaçãovalor minimo de saque sportingbetpelo menos 10 organizações criminosas internacionais nas regiõesvalor minimo de saque sportingbetfronteira, que atuamvalor minimo de saque sportingbetconjunto com os grupos brasileiros evalor minimo de saque sportingbetoutras vezes disputam rotas e territórios.

Desdobramentos políticos recentesvalor minimo de saque sportingbetpaíses vizinhos também contribuíram para ampliar essa atuação, explica Rodrigo Chagas, pesquisador da Universidade Federalvalor minimo de saque sportingbetRoraima (UFRR) que também participou da pesquisa do FBSP.

Alguns exemplos são a crise na Venezuela e os acordosvalor minimo de saque sportingbetpaz entre o governo da Colômbia e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Depois disso, foi registrada nas regiõesvalor minimo de saque sportingbetfronteiras da Amazônia brasileira a presençavalor minimo de saque sportingbetgrupos dissidentes das Farc, como a Frente Armando Rios, Frente Carolina Ramirez e Frente Segunda Marquetalia, alémvalor minimo de saque sportingbetfacções peruanas, como Clã-Chuquzita, Comandovalor minimo de saque sportingbetLas Fronteiras e Los Quispe-Palamino.

Em Roraima, o grupo venezuelano Trem do Aragua e os brasileiros CV e PCC disputam o controle. Há indícios tambémvalor minimo de saque sportingbetnovas facções da Venezuela atuando na capital, Boa Vista.

Apesar da presença dos criminosos estrangeiros no Brasil, a ampliação da atuação dos grupos brasileiros nos outros países da América Latina é bem mais proeminente, explicam os pesquisadores.

“Os grupos brasileiros é que estão indovalor minimo de saque sportingbetdireção a esses países e constituindo controle. Se antes eles faziam contato com os grupos estrangeiros para ter acesso às rotas, hoje a gente vê a presença do PCC e do CV nos territórios desses países”, diz Lima.

Não há, segundo o estudo, um grupo que possa ser considerado hegemônico na região. As disputasvalor minimo de saque sportingbetpoder, inclusive, levam a conflitosvalor minimo de saque sportingbetextrema violência, como o massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj)valor minimo de saque sportingbetManaus,valor minimo de saque sportingbet2017, que resultou na mortevalor minimo de saque sportingbet54 pessoas, algumas delas decapitadas. Acre, Amazonas, Roraima e Amapá são os Estados onde as disputas têm sido mais intensas nos últimos anos.

No entanto, seria possível perceber que o PCC e o CV são tanto as facções com maior controle no Brasil quanto as que mais atuam nos países vizinhos da região.

O PCC tem atuação na Bolívia, na Guiana, na Guiana Francesa, no Suriname e na Venezuela. Já o CV tem presença registrada no Peru e na Bolívia.

“Pensando nos nove países que compõem a Amazônia, o PCC é o único grupo da região que está presente no Brasil evalor minimo de saque sportingbetmais cinco países”, destaca Lima.

Conjuntovalor minimo de saque sportingbetações

A pesquisa pontua que o aumento do narcotráfico pode ser verificado inclusive por outros indicadores, como o aumentovalor minimo de saque sportingbetapreensõesvalor minimo de saque sportingbetcocaína pelas polícias federal e estadual.

Entre 2019 e 2022, a apreensãovalor minimo de saque sportingbetcocaína pelas polícias locais cresceu 194%, com um totalvalor minimo de saque sportingbetmaisvalor minimo de saque sportingbet20 toneladasvalor minimo de saque sportingbet2022.

Mas o estudo destaca que, nesse mesmo período, as apreensões pelo Exército e pela Marinha tiveram um volume quase insignificante. Em 2022, por exemplo, a somavalor minimo de saque sportingbetmaconha e cocaína apreendida por ambos os órgãos não chegou a 4 toneladas.

A integração da atuação do Exército e da Marinha com as polícias locais, a Polícia Federal e instituições como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) e o ICMBio (Instituto Chico Mendesvalor minimo de saque sportingbetConservação da Biodiversidade) é uma das iniciativas apontadas pelos pesquisadores como essenciais para combater as facções. Também é preciso investirvalor minimo de saque sportingbetinvestigação para esclarecer crimes, reduzir a impunidade e melhorar as condições do sistema penitenciário.

Mas segundo os pesquisadores, recuperar os territórios e diminuir os índicesvalor minimo de saque sportingbetviolência é uma tarefa que exige um conjuntovalor minimo de saque sportingbetações além da esfera criminal - ela vai desde impedir a invasão das reservas indígenas até fortalecer a economia local e garantir fontesvalor minimo de saque sportingbetrenda legais para a população.

“As facções se aproveitam dos vazios, da ausênciavalor minimo de saque sportingbetEstado”, diz Lima. “É preciso prevenir a violência levando direitos. Os povos indígenas, os quilombolas, têm que ter suas terras garantidas. Nós precisamos garantir isso, garantir que eles não sejam expulsos pelas facções. É preciso ter serviço público, política pública. É preciso ter estrada, ter financiamento para uma produção que seja sustentável.”