'Nasci para ser esposa troféu': as mulheres que defendem serem sustentadas como formabrabet casino onlinevalorização:brabet casino online
"Ter um homem que paga pelas suas contas não te faz menos feminista. Para mim, o feminismo é ter direitos iguais", diz Byanca.
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'Faz tempo que não pago uma conta'
O discurso que defende a ideiabrabet casino onlineque o homem deve ser o grande responsável pelo sustento da família, enquanto a mulher se dedica aos cuidados da casa e dos filhos, deixoubrabet casino onlineser o status quo há décadas.
Ainda assim, há quem acredite, por motivos religiosos ou ideológicos, que esse é o caminho a ser seguido.
Mas para Byanca e muitas outras mulheres que têm exposto nas redes sociais suas vidas como mulheres sustentadas pelos parceiros — as "esposas troféu", como muitas delas se chamam —, desejar que o homem assuma todas os gastos não significa apoiar o modelo patriarcalbrabet casino onlinefamília tradicional.
"Esse conceito mudou muito. O homem provedor hojebrabet casino onlinedia é aquele que te alimenta financeiramente, mas também te exalta, te reconhece e te admira. Esse deveria ser o mínimo para todos os relacionamentos, mas infelizmente não é", diz Byanca.
Em suas redes sociais, a mineira compartilhou um vídeobrabet casino onlineque conta "os luxos" que o marido permite que ela tenha como responsável pelas finanças do casal.
"Faz muito tempo que eu não pago uma conta", diz ela na postagem, confessando também que sequer se lembra da databrabet casino onlinevencimento do aluguel da casa.
"Toda semana, no mínimo uma vez, a gente sai para jantar e eu tenho o luxobrabet casino onlinepoder levar minha micro bolsinha que só cabe um batom porque eu sei que ele que vai pagar a conta."
Byanca afirma ainda que tem acesso a todas as contas bancárias do casal e pode comprar o que quiser, "mesmo eu sendo aquela que não traz o dinheiro para casa".
A mineira mantém seu trabalho como influencer, mas diz que todos os lucros que obtém com as redes sociais vão para gastos supérfluos com ela mesma ou investimentos pessoais. "Mas se um dia eu decidir pararbrabet casino onlinetrabalhar, sei que ele vai me apoiar", afirma.
Para ela, seu modelobrabet casino onlinerelação é reflexo da confiança do maridobrabet casino onlineseu sensobrabet casino onlineresponsabilidade financeira, mas também uma formabrabet casino onlinevalorizá-la.
Alémbrabet casino onlinepagar as contas e jantares, Byanca afirma que o marido, que é empresário autônomo, frequentemente chegabrabet casino onlinecasa com presentes. "Não acho que é necessário o homem pagar algo para você se sentir valorizada. Mas essas pequenas coisas fazem a diferença."
Em casa, o casal divide as tarefas domésticas. "Não existe essa obrigaçãobrabet casino onlineque por ele estar pagando eu tenho que fazer isso ou aquilo", diz.
"Na realidade mesmo, aqui dentrobrabet casino onlinecasa nós dois sentamos para conversar sobre qualquer tipobrabet casino onlineassunto e tomamos todas as decisões juntos."
'Não se tratabrabet casino onlineinteresse'
A paulista Amanda Okamoto,brabet casino online26 anos, tem uma história semelhante àbrabet casino onlineByanca.
Formadabrabet casino onlineEnfermagem, ela conheceu o marido Guilherme, que é médico, no centro cirúrgico do hospitalbrabet casino onlineque ambos atuavam. Hoje ela não trabalha mais e é sustentada inteiramente por ele.
"Na minha adolescência, por voltabrabet casino online2010 ou 2011, o movimento feminista estava ganhando força e eu acreditava que não queria casar e queria ser independente", relata.
"Eu achava que eu não precisavabrabet casino onlinehomem para viver. E não é que eu precise — mas eu gosto e é melhor com ele."
Amanda afirma que o marido não espera nadabrabet casino onlinetroca por pagar todas as contas da casa ou disponibilizar um cartãobrabet casino onlinecrédito que ela pode gastar como quiser. "Mas eu sei que tudo é uma troca e eu sempre busquei atender a algumas necessidades dele. Se eu sei que ele gosta que eu faça tal comida, porque eu não vou fazer?", diz.
"Não me sinto comprada. Sinto que eu gostobrabet casino onlinefazer porque eu gostobrabet casino onlinever ele bem, gostobrabet casino onlinever ele feliz."
Amanda abandonou o trabalho depoisbrabet casino onlinepassar por um burnout e ser diagnosticada com depressão após a pandemia. Ela até tentou retornar às atividades auxiliando o marido embrabet casino onlineclínica privada, mas voltou a se sentir mal e decidiu abandonar a ocupação por enquanto.
"Todo mundo me chamabrabet casino onlineaproveitadora, dizem que eu só fiz enfermagem para me casar com um médico. Eu nunca usaria uma profissão tão honrada para fazer isso, mas infelizmente a nossa cultura é muito machista", afirma.
Nas redes sociais, Amanda brinca ao se definir como "esposa troféu". Mas no dia a dia diz que usa o termo mais como uma provocação.
"Já usei para responder outros homens que me diminuem pela minha situação, para dar uma cutucada", afirma. "Mas acho que pode ser um termo problemáticobrabet casino onlinealguns contextos, principalmente quando o homem expõe a mulher como um objeto."
Mas a jovem diz não se sentir menos independente por deixar o marido arcar com todos os gastos: "Eu sou independente. Tenho a liberdadebrabet casino onlineir e vir, não vivobrabet casino onlineuma prisão".
E apesarbrabet casino onlineno passado sequer se imaginar casada, Amanda diz que não conseguiria mais aceitar um relacionamentobrabet casino onlineque tivesse que dividir as contas com o parceiro ou não se sentisse valorizada.
"Depois do meu relacionamento com o Guilherme, subiu muito a minha réguabrabet casino onlinecomo eu quero ser tratada,brabet casino onlinecomo eu mereço ser tratada. E não se tratabrabet casino onlineinteresse", diz.
"Já tive relacionamentobrabet casino onlineque tudo era dividido, mas eu não sentia que ele cuidava ou se importava comigo. Então eu vejo tudo isso como uma formabrabet casino onlinedemonstrar amor e zelar pela pessoa que está com você."
'Nasci para ser esposa troféu'
Assim como Byanca e Amanda, outras mulheres, que são mantidas pelos maridos e acreditam que esse estilobrabet casino onlinevida corresponde aobrabet casino onlineuma parceira amada e valorizada, têm exposto mais suas opiniões nas redes sociais.
As reações às postagens são diversas. Enquanto algumas mulheres criticam a atitude como gananciosa ou submissa, outras dizem sonhar com o diabrabet casino onlineque encontrarão um marido que as torne "esposas troféu".
"Como consigo isso para mim?", questiona uma internautabrabet casino onlineum dos vídeosbrabet casino onlineque Byanca compartilhabrabet casino onlinerotina.
"Eu nasci para ser esposa troféu", diz outra.
Poder escolher abrir mão da própria carreira e ter um relacionamentobrabet casino onlineque o marido sustenta a casa não é a realidade da maior parte das mulheres no Brasil.
Segundo dados do Instituto Brasileirobrabet casino onlineGeografia e Estatística (IBGE) divulgados no final do ano passado, quase 7 milhõesbrabet casino onlinemulheres entre 15 e 29 anos não estudavam nem estavam ocupadasbrabet casino online2022.
Desse total, pelo menos 2 milhões disseram que tiveram que abrir mão das atividades para cuidarbrabet casino onlineafazeres domésticos ou tomar contabrabet casino onlineparentes.
Para Brena Fernandez, professora da Universidade Federalbrabet casino onlineSanta Catarina (UFSC) e coordenadora do Núcleobrabet casino onlinePesquisabrabet casino onlineEconomia Feminista (NEEF), casos como osbrabet casino onlineByanca e Amanda são exceção.
"A grande maioria das mulheres que não trabalha e é dependente financeiramente dos maridos no Brasil não tem condições financeiras boas e o faz não por desejo próprio, mas por necessidade", diz.
"Elas não dão contabrabet casino onlinetrabalhar fora por faltabrabet casino onlineformação ou porque precisam estar envolvidas com o trabalho invisívelbrabet casino onlinecuidados e não têm condiçõesbrabet casino onlineobter ajuda para que possam cumprir a segunda jornada."
De acordo com Mirla Cisne, professora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), muitas dessas mulheres acabambrabet casino onlinesituaçãobrabet casino onlinevulnerabilidade ao abrirem mão do poder econômico dentro da família.
"É preciso ter cuidado para não estabelecer uma relaçãobrabet casino onlinepoder desigual,brabet casino onlineque o homem é o sujeito central da relação e determina até onde as coisas podem ir ou não só porque ele banca tudo e a mulher é dependente dele", diz.
Mesmo nos casosbrabet casino onlineque não trabalhar ou se isentar das responsabilidades financeiras é uma escolha da mulher, as especialistas enfatizam a importânciabrabet casino onlinemanter uma relação saudável e equilibrada.
"Em uma relaçãobrabet casino onlinedependência, a mulher pode se tornar uma propriedadebrabet casino onlineque o homem faz investimentos. Às vezes pode parecer cuidado ou valorização, mas quando a mulher não corresponde mais aos interesses do investidor ele pode simplesmente descartá-la", diz Cisne.
Segundo a especialista, não é incomum que mulheres que se dedicaram a vida toda ao trabalho não remuneradobrabet casino onlinecuidado sejam deixadas pelos parceiros sem nada quando a relação acaba.
Além disso, muitos casosbrabet casino onlinedependência financeira evoluem para violência psicológica e até física, diz.
Byanca Moraes também vê esse risco e, por isso, sempre procura aconselhar outras muheres que a procuram como inspiração do modelobrabet casino onlinerelação.
"É preciso ter maturidade para saber tomar uma escolha como a que eu tomei", diz.
"Nos meus vídeos, vejo muitas meninas novinhas comentando que queriam ter minha vida, ou que queriam ser esposas troféu para passar o diabrabet casino onlinecasa vendo novela", diz. "Eu me preocupo."
"Mas eu não me considero uma esposa troféu. Uma esposa troféu seria aquela que não faz absolutamente nada, que tem empregados para tudo. Então é essa não é minha realidade financeira."
A mineira diz ainda que acredita ser muito importante manter certa independência financeira sempre que possível, guardando dinheiro ou investindobrabet casino onlineeducação.
"Quem casa nunca pensabrabet casino onlinedivorciar, né? Mas é importante pensar no futuro e se resguardar. E se você decidir não trabalhar, esteja segura do seus direitos", aconselha.
'Nunca gosteibrabet casino onlinedependerbrabet casino onlineninguém'
Yasmin Carmona,brabet casino online23 anos, não consegue se imaginar sendo sustentada pelo atual parceiro.
"Conheço muitos casosbrabet casino onlineque a mulher perdeu a independência — o homem arcava com tudo, mas a mulher ficava engolindo sapo, ouvindo coisas que não queria", diz. "Não quero passar por isso nunca na minha vida."
Ela e o namorado moram juntos há cercabrabet casino onlineum anobrabet casino onlineMaricá, Riobrabet casino onlineJaneiro, e desde o começo da vidabrabet casino onlinecasal dividem todos os gastos.
"Não acho justo que seja uma dívida unilateral, uma relaçãobrabet casino onlineque só ele paga, porque estamos começando a vida e tentando construir algo legal juntos", diz.
Segundo a carioca, o casal distribui os custosbrabet casino onlineforma proporcional. "Não é 50% para cada porque recebemos salários diferentes", conta. "Mas nunca gosteibrabet casino onlinedependerbrabet casino onlineninguém."
Para Brena Fernandez, a luta pela independência feminina passa também pelo direitobrabet casino onlineescolher.
"Existem várias linhasbrabet casino onlinediscussão e discordâncias dentro do femininismo, mas o mínimo denominador comum seria a busca fundamental pela garantiabrabet casino onlinedireitos. Desde a luta pela educação básica, passando pelo direitobrabet casino onlineter uma carreira, tudo deve ser um direito garantido", explica.
"Mas se a mulher decidir que não quer usufruir desse direito (de ter uma carreira), isso é uma questão pessoal."
Segundo Mirla Cisne, a própria estruturabrabet casino onlineque nossa sociedade está ancorada torna impossível que essa escolha seja tomadabrabet casino onlineforma totalmente justa.
"O desemprego afeta grandemente as mulheres e os trabalhos mais precarizados são aqueles destinados às mulheres", diz.
Segundo a especialista, as próprias condições precarizadas a que muitas mulheres são submetidas no mercadobrabet casino onlinetrabalho podem motivar o sonhobrabet casino onlinealgumasbrabet casino onlinese tornarem "esposas troféu" ou serem sustentadas.
"Somos ensinadas desde a infância a esperar um príncipe encantado que vai nos salvarbrabet casino onlinetodos os problemas da pobreza, das durezas da vida, do trabalho precarizado", diz.
"Mas nem todas nós queremos ser princesas. Se as mulheres puderem ter condiçõesbrabet casino onlinedesenvolver uma consciência crítica, nada é mais importante do que poder ter autonomia e o direitobrabet casino onlinedizer sim ou nãobrabet casino onlineacordo com os nossos desejos".