Depressão, insônia, surdez: o drama dos agricultores que vivem embaixocw betparque eólicocw betcidadecw betLula:cw bet

torres eólicascw betzona ruralcw betCaetés

Crédito, Vitor Serrano/BBC

Legenda da foto,

Dois parques eólicos têm literalmente tirado o sonocw betagricultorescw betCaetés

A BBC News Brasil visitou a região para entender melhor o que está acontecendo ali.

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Os moradores relatam que as torres, com 120 metroscw betaltura e hélicescw bet50, fomentam ansiedade, insônia e depressão, o que fez com que muitos ali começassem a tomar ansiolíticos. Também falam dos sustos causados pelas sombra das hélices, divisãocw betfamílias e a saída forçadacw betsuas fazendas.

As duas comunidades ficam a cercacw bet10 km da réplica da casacw betDona Lindu, mãecw betLula. A casinha original,cw bettaipa, desmoronou com a chuva. Quando Lula nasceu, Caetés ainda era um distritocw betGaranhuns — por isso, o presidente costuma dizer que nasceu ali. Sócw bet1963, ela se emancipou.

Além das histórias antigas e orgulhosas,cw betCaetés fala-se bastante do petista tambémcw bettomcw betpreocupação.

Isso porque o governo Lula anunciou para os próximos anos um investimentocw betR$ 50 bilhões na chamada transição energética, que pretende substituir gradualmente combustíveis fósseis por recursos renováveis e com menos impactos ambientais, como energia eólica e solar.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), também anunciou um "plano verde", conjuntocw betinvestimentoscw betpolíticas ambientais, que também tem como um dos focos a energia eólica.

Hoje, existem 890 desses parques no Brasil, responsáveis por 13%cw bettoda energia elétrica gerada. Até o fim do ano, a expectativa do setor é chegar a mil usinas.

O receiocw betativistas e pesquisadores é que o modelo implantadocw betCaetés se espalhe para outras cidades que hoje são alvo do interesse das empresas.

Réplica da casacw betdona Lindu, mãecw betLula, na zona ruralcw betCaetés

Crédito, Vitor Serrano/BBC

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Réplica da casacw betdona Lindu, mãecw betLula, na zona ruralcw betCaetés

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Podcast traz áudios com reportagens selecionadas.

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Fim do Podcast

Moradorescw betSobradinho e Pau Ferro estão viajando a cidades do Nordeste para apresentarcw betexperiência e convencer agricultores a não cederem suas terras.

No caminho inverso, moradorescw betoutros municípios fazem excursões a Caetés para ouvir os relatos.

Nos últimos meses, esse movimentocw betresistência às eólicas deu resultadocw betpelo menos um local: moradorescw betBorborema, na Paraíba, desistiramcw betceder suas terras para a instalaçãocw betparques na cidade.

A Associação Brasileiracw betEnergia Eólica (Abeeólica), que representa as empresas do setor, reconhece os problemascw betCaetés, e diz que os dois parques não são um exemplo a ser replicado, porque foram construídos sob uma regulação antiga.

As empresas responsáveis pelos parques afirmam que estão dentro das normas e que estãocw betcontato com os moradores e tomando medidas para reduzir os impactos para a população local (veja mais detalhes abaixo).

A BBC News Brasil procurou os ministérioscw betMinas e Energia e Meio Ambiente para tratar do assunto, mas não obteve resposta.

'O barulho fica no meu ouvido'

Eleitorcw betLula, com uma toalha do presidente pendurada na fachadacw betcasa, Acácio Noronha moracw bettrês cômodos a 150 metroscw betquatro torres instaladas na fazendacw betvizinhos,cw betSobradinho.

O barulho, diz ele, aumenta ou diminui a depender da força do vento e do horário.

“Você não dorme, não tem aquele prazercw betdeitar e descansar. Quando cochila, acorda assustado, achando que ela vai cair. Tem hora que parece um apito, cachorro latindo, um avião que nunca decola”, conta Acácio.

Acácio é um dos moradores que começaram a tomar remédios para insônia e ansiedade. “Se estou nervoso, o barulho só piora”, diz.

Acácio Noronha dentrocw betcarro

Crédito, Vitor Serrano/BBC

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O agricultor Acácio Noronha vive a 150 metroscw betquatro torres,cw betSobradinho

Alguns metros à frente,cw betuma casa também rodeada por aerogeradores, a donacw betcasa Edna Pereira,cw bet44 anos, diz tomar quatro remédios para dormir, alémcw betoutros para controlar a ansiedade e a dorcw betcabeça.

“Os médicos estão aumentando os miligramas. O remédio para dorcw betcabeça eracw bet25 miligramas, agora écw bet100. O para ansiedade eracw bet10, agora écw bet150. O remédio para dormir era só um, agora são quatro. E, mesmo assim, não consigo dormir”, diz Edna, segurando uma caixa onde guarda os medicamentos.

Edna costuma ir para a casa da filha, fora da comunidade, para tentar “um alívio para minha cabeça”, diz.

“Só que fica o barulho delas dentro do meu ouvido. Posso ir para onde eu for, que o barulho fica no meu ouvido. Não sai, não sai.”

Edna Pereiracw betfrente acw betcasa

Crédito, Vitor Serrano/BBC

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Edna Pereira conta ter aumentado a medicação para insônia e ansiedade

'Não estão conseguindo mais ouvir'

Os relatos sobre problemascw betsaúde chamou a atençãocw betmédicos e cientistas do agreste. É o casocw betWanessa Gomes, professoracw betSaúde Coletiva da Universidadecw betPernambuco (UPE), que tem um campuscw betGaranhuns.

Nos últimos meses, ela e seus orientandos da pós-graduação iniciaram uma pesquisa, alémcw betuma residência médica, para tentar medir o impacto das torres na saúde da comunidade.

O estudo, que vai durar três anos, é financiado pela UPE e pela Fiocruz.

“Há relatos fortescw betque as pessoas não estão mais conseguindo ouvir como antes. Hoje mesmo, uma senhora contou que não dialoga mais com o filho dentrocw betcasa, porque não consegue mais escutá-lo. E não é uma mulher com idade avançada, ela tem 52 anos”, conta a professora.

"Em Caetés, as casas estão a 150 metroscw betuma torre eólica. É muito pouco.”

Como a tecnologia eólica da forma como conhecemos hoje é relativamente recente — tem cercacw bet25 anos —, não há muitos estudos científicos sobre seus impactos.

Alguns apontam para a relação entre ruídos, insônia e perda auditiva, mas há pesquisas que divergem desse diagnóstico.

Na Holanda, por exemplo, alguns pesquisadores afirmaram que os ruídos não causam problemascw betsaúde mental, mas, logo depois, outro grupocw betcientistas contestou essa conclusão, afirmando que há muitos indícioscw betprejuízos à saúde, alémcw betapontar que a pesquisa inicial havia sido bancada por empresascw betenergia eólica.

A questão da distância ideal entre os aerogeradores e as casas também vem sendo discutidacw betvários paísescw betum momentocw betque a transição energética foi apontada como uma das soluções para frear a emissãocw betgasescw betefeito estufa.

A Polônia, por exemplo, estabeleceu um mínimocw bet400 metros, e a França,cw bet700.

No ano passado, após uma sériecw betprotestos, o Conselhocw betEstado da Holanda, mais alto conselho administrativo do país, suspendeu a construçãocw betum parque eólico e solicitou mais estudos sobre possíveis consequências ambientais e na saúde mental das pessoas que vivem a cercacw bet600 metroscw betonde as torres seriam instaladas.

Torres eólicas na comunidadecw betSobradinho

Crédito, Vitor Serrano/BBC

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Sobradinho é uma das comunidades onde foram instalados os parques eólicos

No Brasil, a executiva Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileiracw betEnergia Eólica (Abeeólica), reconhece os problemascw betCaetés. Ela classifica os parques da cidade como “antigos, construídos antes da regulação que prevê um distanciamentocw bet400 metros entre torres e residências.”

“No Brasil, os grandes parques saíram a partircw bet2011. E nós temos alguns que chamamoscw betmais antigos, que foram construídos no modelo regulatório distinto do atual”, explica Gannoum.

“É importante saber que a energia eólica é, sim, uma fonte limpa, renovável, que vai ser importante para a transição energética. Mas tem algumas coisas que nós chamamoscw betpassado que precisam ser resolvidas.”

Os dois parquescw betCaetés passaram pela mãocw betvárias empresas desde a instalação,cw bet2014.

Essas mudanças são comunscw betum setorcw betfranco crescimento e com fusões entre companhias, incluindo empresas estrangeiras.

Elbia Gannoumcw betseu escritório decorado com imagenscw bettorres eólicas

Crédito, Vitor Serrano/BBC

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Elbia Gannoum, da Abeeólica, afirma que parquescw betCaetés são 'antigos'

Atualmente, os parquescw betPau Ferro e Sobradinho pertencem às empresas Echoenergia e AES Brasil.

A primeira, que assumiu Pau Ferrocw bet2017, afirma que, após ouvir as queixas, realizou estudos na região.

Diz que a “pressão sonora” das torres écw betaproximadamente 40 decibéis (equivalente ao barulhocw betum freezer). Segundo a empresa, isso está dentro das normas previstas para uma zona predominantemente residencial.

Alguns moradores disseram à reportagem, no entanto, que fizeram medições próprias que chegaram a maiscw bet100 decibéis e que a intensidade do ruído varia ao longo do dia ecw betacordo com o vento.

A Echoenergia também diz ter investido R$ 25 milhõescw betmelhoriascw betestrutura e acústica das casascw bet129 famílias, mas que um grupocw betmoradores não aceitou as reformas.

Já a AES Brasil, que assumiu Sobradinhocw betnovembrocw bet2022, afirma que “vem mantendo diálogo permanente com os representantes da comunidadecw betbuscacw betuma solução que priorize o bem-estar e a segurançacw bettodos”.

Terra dividida

A zona ruralcw betCaetés é divididacw betpequenas propriedades na caatinga.

Por voltacw bet2012, as empresas procuraram agricultores que aceitassem arrendar suas terras para a instalação dos aerogeradores. Esse modelo é o mais comum no ramo.

Quem aceitou passou a receber 1,5% do valor da energia geradacw betcada torre, cercacw betR$ 2 mil mensais.

Essas pessoas, que melhoraram consideravelmentecw betrenda com isso, saíramcw betsuas terras e foram viver na zona urbana.

A reportagem tentou conversar com algumas delas, mas o termo assinado com as empresas exige “confidencialidade” sobre o assunto.

A BBC News Brasil teve acesso a dois contratos oferecidos a agricultores por duas empresas diferentescw betcidades do Nordeste.

Alémcw betautorizar a transferência do terreno para outra empresa sem a necessidade do aval do proprietário, um dos documentos afirma que o contrato tem duraçãocw bet49 anos e informa que só pode ser rescindido pelo agricultorcw bet“comum acordo” com a companhia.

agricultor trabalhando com torres ao fundo

Crédito, Vitor Serrano/BBC

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A zona ruralcw betCaetés é divididacw betpequenas propriedadescw betterra

Por outro lado, as empresas têm o direitocw betquebrar o contrato a qualquer momento, sem custos, se o imóvel tiver algum problema que atrapalhe a produção.

Outro documento afirma que, caso o proprietário descumpra obrigações que tenham força para rescindir o contrato, como o pagamentocw bettaxas e impostos, a empresa pode cobrar uma multacw bet30 vezes o valor recebido por ano pela energia gerada.

Ou seja, essa multa pode chegar a milhõescw betreais e ser superior ao valor do próprio imóvel.

Para João do Valle, ativista da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e diretor do documentário Vento Agreste, o modelocw betCaetés é um “latifúndio eólico, no qual as empresas não compram a terra, mas tomam posse dela por décadas.”

“A gente não é contra a energia eólica. E, sim, contra esse padrão trazido ao Nordeste, porque ele se baseia na expulsãocw betagricultores, violência contra a natureza, adoecimento, divisãocw betfamílias e comunidades”, diz João, que junto à CPT e ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), tem organizado excursõescw betcamponeses a Caetés.

Já Élbia Gannoum, da Abeeólica, reconhece as reclamações sobre os contratos, e diz que o modelo precisa ser revisto.

“Um parque tem uma estimativacw betdurar 25 anos, então é normal que os contratos sejam longos. Mas,cw betfato, existem cláusulas que não fazem sentido para um pequeno agricultor que tem uma ou duas torres, porque ele fica muito tempo preso ao contrato. Estamos discutindo um modelo que seja melhor para os dois lados”, diz.

O prefeitocw betCaetés, Nivaldo Martins (Republicanos), afirma que, no geral, a chegada das eólicas levou mais benefícios do que problemas à cidade.

“Tem famílias que têm seis torres… Vamos dizer que ela receba R$ 2 mil por cada uma. São R$ 12 mil por mês”, diz. “Os parques tiveram um impacto importante na renda da cidade. As pessoas pegaram esse dinheiro e fizeram construções aqui, ou compraram casas prontas e vieram viver na zona urbana.”

O prefeito, cujo gabinete é decorado com imagenscw bettorres eólicas, afirma que as empresas “não explicaram direito” aos moradores quais seriam os impactos na saúde e que a Secretaria da Saúde do município tem prestado atendimento às comunidades.

Também diz que a prefeitura não teve participação nas negociações com as empresas nem tem direito a royalties pela energia gerada — recebe apenas impostos indiretos.

Prefeito Nivaldo Martins

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O prefeitocw betCaetés, Nivaldo Martins, diz que eólicas são benéficas à cidade

Identidade perdida

Um dos casos da saída da zona rural é ocw betSimão Salgado,cw bet74 anos, que deixou seu sítiocw bet33 hectarescw betPau Ferro, compradocw bet2008, para viver no centrocw betCaetés.

Mas o caminho dele é diferente dos vizinhos que cederam suas terras. Ele não deixou suas terras porquecw betrenda aumentou, mas porque não conseguiu mais viver perto das torres.

“A gente vivia com muita tranquilidade, minha propriedade era referênciacw betagricultura familiar e na preservação da caatinga. Com a chegada dos parques, a gente deixoucw betreceber visitas,cw betproduzir, e ultimamente, tive que me afastar”, diz.

“Minha mulher teve um sério problemacw betsaúde, entroucw betuma depressão,cw betuma ansiedade…Daí um dia, ela me disse: ‘você vai esperar que eu morra para me tirar daqui?’ Não tive escolha.”

Para Simão, o afastamento impactoucw betnoçãocw betidentidade. “Eu me identificava como agricultor, trabalhador e produtor do semiárido. Hoje, sinto uma tristeza muito grande.”

Simão Salgado

Crédito, Vitor Serrano/BBC

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Simão Salgado deixou seu sítio após pedido da esposa: 'Não tive escolha'

Seu filho, José Salgado,cw bet41 anos, resolveu ficar. Mas, cercado por 11 torres da fazenda vizinha, diz que está mudandocw betideia.

“Quando desligam os geradores, eu continuo com o barulho na mente. Tanto faz se eles estão funcionando ou não, continuo escutando o zumbido. Comecei com remédios para dormir, mas desisti porque não queria ficar viciado”, explica.

Como muitoscw betCaetés, José diz não ser contra a eólica. “Sou a favor, porém, sou contra a forma como ela foi jogada dentro da casa das famílias. E, a depender das empresas, a gente vai ter que escolher entre viver no sofrimento ou correr. E onde vou tirar meu sustento? Eu tiro da roça, da terra, do gado, dos animais.”

Para o prefeito Nivaldo Martins, a solução para os moradores é a judicialização. Houve poucos processos até agora, e eles ainda estãocw betandamento.

“Acho que o ideal seria eles procurarem a Justiça e tentar negociar uma área maior com as empresas… Receber alguma coisa e comprar terras numa área mais distante”, diz.

“Ou então construir dentro do próprio terreno deles, tem gente que tem uma área grandecw betterra. Você tiracw betcasa alicw betperto, constrói distante. Acho que vai ajudar bastante.”

agricultor José Salgadocw betfrente a torres

Crédito, Vitor Serrano/BBC

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O agricultor José Salgado convive diariamente com o barulhocw bet11 torres

'Vai caircw betcimacw betnós'

Enquanto os agricultores que cederam seus sítios melhoraramcw betrenda, quem ficou embaixo das torres vive essencialmente do Bolsa Família e da produção agrícola.

Em Sobradinho, há casoscw betfamílias que nunca mais se falaram depois da instalação dos parques: uma parte saiu da roça com o dinheiro, enquanto a outra, que ocupa o terreno ao lado, sofre as consequências dessa escolha.

Já o medo das torres afeta essas famílias até na horacw betplantar.

“Funcionários da manutenção nos disseram que há cabos elétricos no solo e que há riscocw betdescargas elétricas. Então, a gente não planta mais como antes”, diz Roselma Oliveira,cw bet35 anos, que se tornou a principal liderança dos agricultorescw betSobradinho.

A empresa AES Brasil, responsável por Sobradinho, afirma que atualmente toda a transmissãocw betenergia é feita por linhas aéreas.

Neste ano, Roselma viajou a outras cidades do Nordeste para falar dos impactos na comunidade, e diz ter se encontrado,cw betBrasília, com ministros do governo Lula, como Alexandre Silveira,cw betMinas e Energia, e Marina Silva, do Meio Ambiente.

As pastas não responderam aos questionamentos da BBC News Brasil.

No ano passado, a famíliacw betRoselma passou por um susto.

“A gente estavacw betcasa às 6h da manhã. De repente, uma explosão. Meu marido disse ‘corre, tira as crianças que a torre tá caindo no telhado, vai caircw betcimacw betnós”, conta ela, que gravou um vídeo do momentocw betque hélice se soltou e caiu a poucos metroscw betsua casa.

Ninguém ficou ferido, mas a família diz que ficou traumatizada.

Roselma com torre ao fundo

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No ano passado, a hélicecw betuma das torres próximas à casacw betRoselma Oliveira se desprendeu, assustando a família

A alguns quilômetros dali, emcw betcasacw betPau Ferro, o antropólogo Alexandre Gomes Vieira,cw bet30 anos, também registra acidentes, mas, no caso dele, envolvendo pássaros nativos da caatinga que se chocam contra as torres.

Há alguns anos, Alexandre, que herdoucw betseu bisavô um pequeno sítio, resolveu pesquisar os impactos ambientais e sociais das eólicascw betseu mestrado e doutorado na UFPE.

“Constatamos que muitas aves, como gaviões, águias e codornas são atraídas pelas hélices e acabam colidindo com as torres, diminuindo a incidênciacw betespécies que já são raras. Os agricultores relatam que não ouvem mais o cantocw betalguns pássaros, como o acauã e a mãe da Lua, que têm uma simbologia religiosa”, explica.

Segundo o antropólogo, que faz partecw betum grupocw betpesquisadores que estuda os impactos da energia eólica, parte da vegetação da caatinga foi suprimida para a construçãocw betestradas para a passagenscw betveículos durante a instalação e, agora, para manutenção dos parques.

Antropólogo Alexandre Gomes Vieira emcw betcasa

Crédito, Vitor Serrano/BBC

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O o antropólogo Alexandre Gomes Vieira passou a pesquisar os impactos das eólicas nas comunidadescw betCaetés

A 'resta'

Sombra das torres

Crédito, Vitor Serrano/BBC

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A sombra das torres pode aparecer como miniatura ou com vários metros, como nessa imagem

Um dos fenômenos visíveis das eólicascw betCaetés é a "resta", como os agricultores chamam a sombra das torres.

A depender do horário, a sombra das hélices aparececw betvários lugares. Às vezes, ela é bem pequena, e forma o desenhocw betuma torrecw betminiatura, girando devagar na paredecw betalguma casa;cw betoutros momentos, é bem maior e gira rapidamente, cobrindo vários metroscw betum pasto cheiocw betanimais.

Os moradorescw betCaetés dizem que a “resta” piora a ansiedade deles, provoca sustos e deixa os animais inquietos.

Esse fenômeno foi descrito por alguns pesquisadores como “efeito estroboscópico”. Há estudos científicos divergentes sobre se ele pode ou não causar problemascw betsaúde.

De toda forma, a “resta” aparececw betvários momentos do dia na casacw betAcácio Noronha. “Estou deitadocw betmanhã, tentando dormir, aí vejo um vulto assim. Olha ela alicw betnovo...”, diz.

Acácio é um dos agricultores que pretendem entrar na Justiça para receber alguma indenização que o ajude a saircw betSobradinho depoiscw betviver a vida inteira ali.

Com os geradores nos fundos, ele se orgulhacw betdizer que “Lula nasceu no sítio Riacho Fundocw betCaetés,cw betuma casacw bettaipa, comendo beijucw betmassa”.

E conta o que falaria ao presidente caso ele aparecessecw betSobradinho: “Se eu tivesse a liberdadecw betestarcw betuma reunião com ele, e eu não estivesse muito emocionado e nervoso como estou agora, eu só diria assim: ‘Homem, dê um jeitocw bettirar nós. Nós, a população da nossa comunidade, estamos debaixo dessas torres'”.