Sem celular nas escolas: todos são a favor, mas dá para implementar nova lei?:pixbet reclamações

A nova lei pretende equilibrar os benefícios e prejuízos do uso desses dispositivos, especialmentepixbet reclamaçõessalaspixbet reclamaçõesaula.

O PL aprovado prevê:

A lei não prevê nenhum tipopixbet reclamaçõessanção específica aos alunos que a descumprirem, mas empodera as escolas para ter mais controle sobre o uso dos aparelhos.

Como será a aplicação da leipixbet reclamações2025?

O início da lei não significa que o que acontece nas escolas - tanto por parte dos alunos quanto dos educadores - mudará instantaneamente.

Poucos dias antes da votação no Senado,pixbet reclamações5pixbet reclamaçõesdezembro, o governadorpixbet reclamaçõesSão Paulo, Tarcísiopixbet reclamaçõesFreitas (Republicanos), sancionou a lei aprovada por unanimidade na Assembleia Legislativa do estado (Alesp)pixbet reclamaçõesnovembro, tornando São Paulo o primeiro estado a implementar a proibição.

A BBC News Brasil visitou escolas da capital paulista para entender como estão se preparando para se adaptar à nova lei e o que fizeram aquelas que já haviam adotado a prática antes da aprovação da legislação.

Em visita da reportagem à Escola Estadual Professor Antônio Emílio Souza Penna,pixbet reclamaçõesSão Paulo, os educadores compartilharam que ainda não tem um plano totalmente definido, e afirmam que não há recomendações muito específicas vindas do Estado, visto que cada escola pode ter uma realidade distinta.

Manuela Fachini, vice-diretora, diz que o caminho serápixbet reclamações'tentativa e erro'.

Maria das Graças e Rogério Migotto dão aulas para o ensino fundamental II e para o Ensino Médio, e relatam que, atualmente, é difícil controlar o uso mesmo durante as aulas.

"Eles acham que tudo precisa ser feito no celular – cercapixbet reclamações80% dos alunos usa dentro da salapixbet reclamaçõesaula. A gente pede para guardar, mas eles escondem o aparelho embaixo da carteira ou até da perna. Parece que não conseguem ficar sem."

Ainda assim, os professores não se sentem confortáveispixbet reclamaçõestirar o aparelhopixbet reclamaçõesum aluno.

"Eu pareipixbet reclamaçõespegar celular por que se acontecesse uma queda, qualquer coisa, eu poderia ser responsabilizada por ter pego o celular", diz Graças.

Migotto relata também que há alunos discutindo com os professores dizendo que eles "não podem fazer nada"pixbet reclamaçõesrelação ao uso das telas – e alguns poucos se tornam agressivos.

"Já tive uma experiência que resolvi tirar o alunopixbet reclamaçõessala por não guardar o celular. Ele atirou o celular na parede e saiu me xingando."

Eles esperam que a lei os garanta mais autoridadepixbet reclamaçõessalapixbet reclamaçõesaula, mas ainda não sabem como exatamente isso poderia ser feito.

"Uma coisa que me preocupa muito é como vamos nos responsabilizar pelos celulares. Até que ponto conseguiremos, junto com as famílias, dar um destino adequado para esses aparelhos, evitando qualquer tipopixbet reclamaçõesproblema,pixbet reclamaçõesambos os lados? Estamos pensandopixbet reclamaçõesalternativas para que isso aconteça", acrescenta a vice-diretora.

Os alunos Rafaela Teodoro e Gabriel Takashi,pixbet reclamações17 e 16 anos, dizem compreender que o celular pode ser nocivo e não deve ser usado durante as aulas.

"Eu acho que, por termos crescido tão ligados às telas, quando estamos na salapixbet reclamaçõesaula e chega uma notificação no celular, a vontadepixbet reclamaçõesolhar é quase inevitável, e isso acaba gerando até uma sensaçãopixbet reclamaçõesansiedade", diz Rafaela.

Gabriel concorda, mas preferia ter acesso durante os intervalos.

"O celular acaba, sim, desviando nossa atenção. Eu acho válido proibir, mas acredito que isso vai depender muito da abordagem adotadapixbet reclamaçõessalapixbet reclamaçõesaula. Mas acho que a proibição não deveria se estender ao recreio, que é um momentopixbet reclamaçõesque os alunos estão mais livres para relaxar."

Escolas particulares que já adotaram a medida ficam mais confortáveis

Quem tem mais recursos têm também mais liberdade para explorar soluções que mantêm os alunos longe da tentação das telas.

É o caso do Colégio Porto Seguro, particular, que impõe uma regra internapixbet reclamaçõesnão usopixbet reclamaçõestelas - mesmo durante intervalos - há seis anos.

Em conversa com a reportagem, Meire Nocito, diretora institucional educacional do colégio, diz que o segredo é o espaçopixbet reclamaçõesdiálogo direto com os alunos, sobretudo com aqueles que demonstram mais resistênciapixbet reclamaçõesficarem afastados do celular.

"Os alunos já estavam tão focados no celular durante os intervalos que pararampixbet reclamaçõesinteragir socialmente ou brincar entre si. Por isso, implementamos o 'detox' às sextas-feiras, um diapixbet reclamaçõesque eles deixavam os celularespixbet reclamaçõeslado nos intervalos para brincar e participarpixbet reclamaçõesatividades recreativas, esportivas e culturais."

Depois, a regra passou a valer para todos os dias. E mesmo com uma infraestrutura completa, com quadras, laboratórios e salaspixbet reclamaçõesmúsica, os alunos puderam oferecer atividades que, empixbet reclamaçõesvisão, poderiam ajudá-los a ignorar as telas.

"Independentemente das atividades que já oferecemos, eles começaram a apresentar suas próprias ideias. Foi assim que surgiram propostas como oficinaspixbet reclamaçõescupcakes, contaçãopixbet reclamaçõeshistórias e ateliêspixbet reclamaçõesartes."

No também particular colégio Camino, situado na zona Oeste, há cercapixbet reclamaçõesquatro anos é proibido que os alunos usem celular ou outros dispositivos eletrônicos. Para evitar a tentação, os aparelhos são colocadospixbet reclamaçõesuma caixa. Se alguém é pego usando, um funcionário da escola pode retirar e devolver somente após o término do dia escolar.

A diretora Letícia Lyle conta que decidiu impor a regra após a pandemia, quando percebeu que os alunos estavam ainda mais apegados à tecnologia.

"No começo, muitos ficaram revoltados, fizeram até um protesto. Mas não durou muito. Depoispixbet reclamaçõesuma semana eles começaram a engajarpixbet reclamaçõesatividades, jogar vôlei, conversar entre eles... E passaram a ver que também existiam benefícios."

"Eu quase não sinto falta do celular, porque estou com meus amigos. Mas, por exemplo, quando saiu o Spotify Wrapped [uma retrospectiva personalizada com os artistas mais ouvidos no ano], no ano passado, eu fiquei muito ansiosa para ver o meu. Estávamos na escola, e eu só conseguia pensar: 'Quero muito ver o meu'", diz Alicia Pereira, aluna do colégio Camino,pixbet reclamações15 anos.

"Mas,pixbet reclamaçõesrelação às redes sociais, eu não sinto tanta necessidade, porque sei que, quando a aula acabar e eu puder mexer, vou acabar vendo as mesmas coisaspixbet reclamaçõessempre. E eu acho que quanto mais tempo a gente passa online, é pior para a nossa saúde mental, por conta da comparação com outras pessoas".

A aluna admite, porém, que muitos dos amigos tem seus 'jeitinhos' para manter os celulares escondidos e usar quando ninguém está olhando.

O papel da família e a 'sensaçãopixbet reclamaçõescontrole'

Tanto nas escolas públicas quanto nas particulares, muitos pais defendem que os filhos tenham o celular consigo "para emergências" ou para garantir que "a criança está bem". Ao mesmo tempo, há um consenso quase unânimepixbet reclamaçõesque as famílias esperam que os educadores consigam garantir que, pelo menos durante as aulas, os jovens estejam focados no conteúdo acadêmico.

"Os pais querem manter essa conexão, o que é compreensível, então nem sempre é fácil. Eles precisam aprender a desapegar um pouco e confiar que seus filhos estãopixbet reclamaçõesum ambiente seguro e favorável para o aprendizado", defende Lyle.

A vice-diretora da Escola Estadual Professor Antônio Emílio Souza Penna, Manuela Fachini, ressalta que os pais precisam estar alinhados não apenas com as regras da escola, mas também colaborando para promover uma educação digital mais equilibrada.

"Não posso delegar ao professor algo que, como mãe, é minha responsabilidade. O que vemos hoje é que muitos pais, pela correria do dia a dia, acabam permitindo que o filho use o celular como uma recompensa, como se isso fosse uma formapixbet reclamaçõescompensar a faltapixbet reclamaçõestempo com ele."

Camila Bruzzi, uma das mães por trás do 'Movimento Desconecta', avalia que o argumentopixbet reclamaçõesmuitos pais para que as crianças sigam portando os aparelhospixbet reclamaçõesescolas partepixbet reclamaçõesuma "falsa sensaçãopixbet reclamaçõescontrole", já quepixbet reclamaçõescasopixbet reclamaçõesemergências, como, por exemplo, um ataque violento à escola, o aluno deve focarpixbet reclamaçõesse proteger e seguir as orientações da instituição.

"E se precisar contatar a criança, o caminho é ligar na escola, como sempre foi feito", diz ela, que pretende espalhar a ideia do grupopixbet reclamaçõescriar ações coletivas para adiar, limitar e controlar o acessopixbet reclamaçõescrianças a smartphones e redes sociais.

Para ela, o porte deve ser totalmente proibido. "As crianças e adolescentes estão sempre tentando quebrar regras. Com o nívelpixbet reclamaçõessofisticação dos algoritmos usados para viciar e capturar a atenção das pessoas, é injusto esperar que se comportem bem e sigam as regras sem o apoiopixbet reclamaçõesdiretrizes claras da escola."

Bruzzi considera alarmante a faltapixbet reclamaçõesdefinição da lei que menciona que se houver uma necessidade importante, a criança pode usar o celular sem qualquer autorização.

"O texto se tornou mais amplo e nada claro. A preocupação é que, basicamente, qualquer coisa pode ser considerada uma exceção."

O impacto na saúde mental dos jovens

O psicólogo Cristiano Nabuco alerta que os efeitos das dependências das telas, tema do qual é pesquisador, são especialmente nocivos para os jovens.

"O córtex pré-frontal, responsável pelo controlepixbet reclamaçõesimpulsos e pela reflexão sobre nossas ações, só se desenvolve totalmente por volta dos 25 anos. O uso constantepixbet reclamaçõestelas digitais estimula atalhos no cérebro, liberando dopamina, o que acelera as decisões e reduz a influênciapixbet reclamaçõesoutras áreas cerebrais", diz ele.

Segundo Nabuco processo reforça a sensaçãopixbet reclamaçõesprazer imediato, como ao receber "curtidas" nas redes sociais, mas também altera a estrutura do cérebro, diminuindo a conectividade entre os neurônios. "Isso pode ter efeitos negativos no longo prazo, como a redução do QI,pixbet reclamaçõesacordo com pesquisas."

A expectativa é que, uma vez implementada, a lei contribua não apenas para um melhor desempenho acadêmico, mas também para a melhoria da saúde mental e das habilidades cognitivas dos alunos, como redução da ansiedade, aumento da atenção, maior foco nas atividades escolares, melhora na interação social e maior capacidadepixbet reclamaçõesconcentração nas tarefas.

*Com colaboraçãopixbet reclamaçõesJéssica Cruz