Por que genoma humano nunca foi decifrado completamente (e o que falta para se chegar lá):app de aposta jogo

Rostoapp de aposta jogohomem com óculos e sequênciaapp de aposta jogogenoma ao fundo

Crédito, Getty Images

O projeto trazia muitas promessas. Ele revelaria, por exemplo, a função dos genes, especialmente os relacionados às doenças, o que traria a medicina personalizada, com tratamentos baseados na nossa composição genética.

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O genoma também prometia revelar informações sobre nossas origens evolutivas, para sabermos exatamenteapp de aposta jogoonde viemos e como nos diferenciamos dos outros primatas.

Mas o estudo apresentadoapp de aposta jogo2000 não estava completo. Não era apenas um primeiro rascunho não revisado. Ele também incluía regiões enormes nas quais a sequênciaapp de aposta jogoDNA sequer aparecia.

O projeto continuou. Em 2003, veio novo anúncio, desta vez com menos alarde,app de aposta jogoque o genoma humano havia sido completado. Mas cercaapp de aposta jogo8% das informações continuavam faltando.

Essas lacunas incluíam os fragmentos mais difíceisapp de aposta jogosequenciar, nos quais as letras do DNA são repetidas maisapp de aposta jogouma vez. E, com a tecnologia disponível na época,app de aposta jogoleitura era impossível.

Assim, o genoma humano, oficialmente, estava completo, mas permaneceu por 20 anos sem que fosse totalmente decifrado. Até que,app de aposta jogo2021, um consórcio científico chamado Telometer-to-Telometer (Telômero a Telômero, T2T) anunciou que havia conseguido ler todo o genoma.

Mas era verdade?

Sim, mas... embora tenham atingido locais antes inacessíveis (especificamente, esses 8% que não podiam ser lidos), a realidade é que existem partes do genoma humano que continuam fora do alcance dos geneticistas.

Sequênciaapp de aposta jogoDNA

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Legenda da foto,

A leitura do genoma humano foi se tornando mais completa à medida que avançava nossa tecnologia

Os avanços da tecnologia possibilitaram ler o genoma humano completo, sem lacunas e com o mínimoapp de aposta jogoerros. Mas esse genoma humanoapp de aposta jogoreferência é um "composto", para o qual foi utilizado DNA extraídoapp de aposta jogodiversos indivíduos.

Ou seja, não é o genomaapp de aposta jogouma pessoa real que tenha vivido entre nós.

As dificuldades

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Por que decifrar o genoma humano é um trabalho tão difícil?

"A principal limitação foi que as tecnologias que nos permitem decifrar a sequência do DNA usam fragmentos curtos que são lidosapp de aposta jogouma máquina e, depois, precisam ser recompostos, como se fossem peçasapp de aposta jogoum complicado quebra-cabeça", explica o professorapp de aposta jogogenômica Manuel Corpas, da Escolaapp de aposta jogoCiências da Vida da Universidadeapp de aposta jogoWestminster,app de aposta jogoLondres.

"Se, no quebra-cabeça, você encontrar uma região na qual a cor e a forma das peças não se altera (é repetitivo), é difícil colocá-las na ordem corretaapp de aposta jogoforma inequívoca sem ter um marcoapp de aposta jogoreferência", explica ele à BBC News Mundo, o serviçoapp de aposta jogoespanhol da BBC.

De fato, sequenciar um genoma é como cortar um livroapp de aposta jogofragmentosapp de aposta jogotexto e tentar reconstruir o livro juntando novamente todos os fragmentos. Os fragmentosapp de aposta jogotexto que contêm palavras e frases repetidas e comuns são muito mais difíceisapp de aposta jogoreunir que os trechos que são únicos e diferentes.

Com o genoma humano, é preciso montar milhõesapp de aposta jogopeças que descrevem a diversidadeapp de aposta jogoum indivíduo. Grandes fragmentos dessas peças estão cheiosapp de aposta jogorepetições e estas são as regiões mais difíceisapp de aposta jogoler no genoma humano.

Mas isso foi até 2021, quando as novas técnicasapp de aposta jogosequenciamento conseguiram capturar essas repetições.

"É como se tivéssemos um mapa cartográfico do século 18, descrevendo a geografia mundial", explica Corpas.

"Primeiro, foram verificadas as formas do litoral dos continentes próximos e os espaços vazios foram sendo preenchidos conforme a nossa capacidadeapp de aposta jogodefinir regiões ambíguas foi se refinando", acrescenta.

DNA

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Legenda da foto,

Regiões repetitivas do DNA são as mais difíceisapp de aposta jogoler e determinar

O avanço importante atingidoapp de aposta jogo2021 pelo T2T, que foi oficializadoapp de aposta jogo2022 por diversos estudos publicados na revista Science, foi a capacidadeapp de aposta jogoler com precisão fragmentosapp de aposta jogoDNA muito mais longos, depois que se descobriu a formaapp de aposta jogomapear suas regiões repetitivas mais misteriosas e esquecidas.

O consórcio T2T foi criadoapp de aposta jogo2018 por Adam Phillippy, do Instituto Nacionalapp de aposta jogoPesquisa do Genoma Humanoapp de aposta jogoMaryland, nos Estados Unidos, e Karen Miga, geneticista da Universidade da Califórniaapp de aposta jogoSanta Cruz, nos Estados Unidos.

O T2T não era um projeto respaldado por bilhõesapp de aposta jogodólares, mas aapp de aposta jogoconquista – poder ler um genoma humano completo – foi considerada um marco.

Para poder sequenciar o genoma, os cientistas utilizaram uma espécieapp de aposta jogo"atalho".

As células humanas normais são diploides, o que significa que elas têm duas cópiasapp de aposta jogocada tipoapp de aposta jogocromossomo. O pai e a mãe fornecem ao par um cromossomo cada um.

Mas as células utilizadas pela equipe do T2T para seu sequenciamento continham apenas um conjuntoapp de aposta jogocromossomos herdados do pai. Isso facilitou a reconstrução da sequência precisa, mas também significou que o genoma do T2T não pode revelar como varia o DNA dentroapp de aposta jogouma mesma pessoa.

Ou seja, mesmo com o enorme avanço do T2T, o genoma sequenciado é uma única versãoapp de aposta jogoum genoma que não representa um ser humano que tenha realmente vivido. Não é “o” genoma humano.

Mas este genoma sequenciado agora irá estabelecer as bases da novas pesquisas genômicas.

Com a capacidadeapp de aposta jogoler todo o genoma humano, os cientistas esperam agora poder sequenciar os genomasapp de aposta jogopessoasapp de aposta jogodiversas populaçõesapp de aposta jogotodo o mundo para formar uma imagem real da diversidade genética da nossa espécie.

Ou seja, o verdadeiro sucesso será poder ler diversos genomas que permitam observar como suas regiões variam dentroapp de aposta jogouma pessoa,app de aposta jogouma pessoa para outra,app de aposta jogouma população para outra ouapp de aposta jogouma espécie para outra.

"Existem muitas variantes ou diferençasapp de aposta jogocada organismo, cercaapp de aposta jogocinco milhõesapp de aposta jogocada ser humano", afirma Corpas. "A grande maioria das variantes não produz nenhum efeito, mas sim um pequeno percentual."

"Entender o efeito provocado por essas variantes e como elas condicionam o funcionamento do organismo é uma das principais fronteiras do conhecimento do genoma, mas não a única", explica o professor. "Esclarecer qual é a predisposição a doenças raras ou comuns, portanto, é um dos principais objetivos a serem alcançados."

"Outro objetivo importante é entender como muitas das variantes que condicionam o surgimento do câncer evoluem dentro do organismo para produzir tumores", acrescenta Corpas.

Pangenoma humano

Um novo esforço nesta área está sendo realizado pelos cientistas do chamado Consórcioapp de aposta jogoReferência do Pangenoma Humano.

Em conjunto com o T2T, o Consórcio do Pangenoma espera sequenciar os genomasapp de aposta jogocercaapp de aposta jogo450 pessoasapp de aposta jogotodo o mundo para poder ter melhor conhecimentoapp de aposta jogocomo o DNA varia dentroapp de aposta jogouma pessoa eapp de aposta jogouma pessoa para outra.

Um dos principais objetivos deste conhecimento será identificar as variantes que colaboram com o riscoapp de aposta jogodoençaapp de aposta jogouma pessoa e contar com a medicina personalizada no futuro.

"Poder desenvolver terapiasapp de aposta jogocâncer que sejam personalizadas para cada paciente é uma área muito ativa, bem como a farmacogenômica, ou seja, a influência da genética sobre a nossa dose ideal ou até sobre reações adversas a medicamentos", segundo Manuel Corpas.

O professor também explica que estão sendo realizados esforços para alterar nosso código genético com técnicas como CRISPR. Seu objetivo é "editar" os genes para eliminar e corrigir falhas causadorasapp de aposta jogodoenças.

Mas Corpas destaca que esta "é apenas a ponta do iceberg". A medicina do futuro será baseada na genômica eapp de aposta jogocomo as informações genéticas são herdadas e modificadasapp de aposta jogouma geração para outra.

Ilustração representando rostosapp de aposta jogoperfil e variaçõesapp de aposta jogoDNA

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Os esforços científicos agora tentam entender como o DNA varia dentroapp de aposta jogouma mesma pessoa eapp de aposta jogouma pessoa para outra

Os sucessos

Grande parte das promessasapp de aposta jogo1990, quando foi lançado o Projeto do Genoma Humano, já foi atingida. Hoje, sabemos muito mais sobre as funçõesapp de aposta jogodiversos genes e seu papelapp de aposta jogodoenças que variam do câncerapp de aposta jogomama até a esquizofrenia.

Mas, na prática, a medicina genômica não conseguiu chegar muito longe, já que se descobriu que a maior parte das doenças é afetada por centenasapp de aposta jogogenes.

Existem muito poucas doenças hereditárias que são causadas por um único gene defeituoso. E os exames genéticos para detectar as pessoas com riscoapp de aposta jogocontrair doenças raras são adotados,app de aposta jogogrande parte, apenas para as pessoas consideradasapp de aposta jogomaior risco.

Mas a genética conseguiu alterar nossa compreensão sobre a evolução humana. Agora sabemos, por exemplo, que nossos antepassados se misturaram com outros hominídeos, como os neandertais.

A pergunta que surge é se, com as novas iniciativas, como o projeto do Pangenoma Humano, conseguiremos finalmente completar o genoma humano.

A resposta é não. E o motivo é que não existe um único genoma humano. O DNAapp de aposta jogocada pessoa é diferente e as diferenças são consideráveis.

“Todos nós temos um genoma único, que condiciona nossa resposta a patógenos, enfermidades, medicamentos etc.”, segundo explica Manuel Corpas.

“Chegará um momentoapp de aposta jogoque o genomaapp de aposta jogoreferência será oapp de aposta jogocada pessoa, um único genoma para cada indivíduo, para detectar e prever doenças antes que surjam os sintomas”, prossegue o professor.

“Enquanto isso, já existe muito o que pode ser feito com as variações comuns que encontramosapp de aposta jogopopulaçõesapp de aposta jogoindivíduos,app de aposta jogodiferentes proporções. Essas variações nos ajudam a entender por que os asiáticos são menos tolerantes ao álcool ou à lactose e por que os europeus são mais sensíveis ao câncerapp de aposta jogopele.”

Por isso, realmente só iremos conseguir entender o genoma quando tivermos um registroapp de aposta jogocomo ele variaapp de aposta jogouma pessoa para outra e entre as diferentes populações.

Ou seja, enquanto houver seres humanos, haverá novos genomas. E nunca terminaremosapp de aposta jogoler o genoma humano.