'Fui à polícia para que paremcrash blaze doubleusar foto da minha filha como meme':crash blaze double
Toda essa situação começoucrash blaze doublesetembrocrash blaze double2022, quando Evelyn publicou uma montagemcrash blaze doublevídeos com a evolução dos primeiros mesescrash blaze doublevida da filha.
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Fim do Matérias recomendadas
Evelyn publicou o registrocrash blaze doubleum perfil no Instagram que mantinha para compartilhar a rotina como mãe. Ela diz que o vídeo começou a viralizar semanas depoiscrash blaze doubleser publicado, bateu 7 milhõescrash blaze doublevisualizações e se tornou um problema para ela.
“Quando fui ver o motivocrash blaze doubleo vídeo viralizar, era porque estavam falando da aparência da minha filha quando ela era recém-nascida. Não teve elogioscrash blaze doublenenhum momento, só comentários negativos sobre ela”, conta.
“Não seicrash blaze doubleonde veio isso ou quem começou a compartilhar e fez com que ele viralizassecrash blaze doubleforma tão negativa”, acrescenta.
A filha dela virou meme e alvocrash blaze doublecomentários ofensivos. A mãe passou a receber críticas por ter exposto a criança na internet.
Em pouco tempo, a imagem da menina recém-nascida foi pararcrash blaze doublepublicaçõescrash blaze doublepáginascrash blaze doublehumor e vídeoscrash blaze doubleinfluenciadores digitais.
A garota se tornou um exemplocrash blaze double“bebê feio”.
"Fiquei pensando que se não tivesse postado aquele vídeo, nada disso teria acontecido”, diz Evelyn.
Ela denunciou o caso à polícia, mas diz que nada foi feito. Agora, levará o caso à Justiça.
A propagação do meme
Desde que o vídeo viralizou, os compartilhamentos com prints da imagem da recém-nascida aumentaram cada vez mais.
Evelyn viu esses printscrash blaze doubleposts no X (antigo Twitter). Em algumas publicações, a imagem da criança estava alterada, com nariz, olhos e boca aumentados.
A forma como a imagem da filha passou a ser usada causou indignaçãocrash blaze doubleEvelyn. “Acho que essas pessoas são covardes, principalmente porque estão na internet.”
“Foi horrível. Senti muita raiva e ódio. Queria xingar as pessoas que estavam fazendo isso com a imagem da minha filha”, desabafa Evelyn.
Na época, a menina estava pertocrash blaze doublecompletar um ano, e Evelyn diz que o meme a fez pensarcrash blaze doublenão comemorar a data.
“Fiquei muito mal emocionalmente e quase desisti da festa que estava organizando”, diz ela, que no fim decidiu manter a celebração.
Ela acreditou que os compartilhamentos da imagem da filha e os comentários ofensivos iriam parar ao longo dos meses. “Mas as coisas só pioraram.”
Evelyn conta que chegou a pedir a algumas pessoas para removerem os posts com o rosto da filha, mas diz que foi ignorada.
Há um ano, ela registrou um boletimcrash blaze doubleocorrência sobre o caso na Polícia Civil do Riocrash blaze doubleJaneiro, Estadocrash blaze doubleque a família mora.
No documento, ela denuncia que a foto da filha estava sendo usadacrash blaze doubleforma pejorativa e sem o consentimento dos responsáveis pela criança.
Mas Evelyn diz que nada foi feito após essa denúncia. “Quando eu fui procurar saber o que tinha acontecido, vi que arquivaram o procedimento sem me dar nenhum retorno."
A Polícia Civil disse à BBC News Brasilcrash blaze doublenota que o caso “foi registrado na 35ª DP (Campo Grande) e encaminhado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim)”, sem dar mais detalhes sobre a investigação.
O Tribunalcrash blaze doubleJustiça do Riocrash blaze doubleJaneiro informou não ter localizado nenhum processo com o nomecrash blaze doubleEvelyn. Segundo o órgão, o caso pode estarcrash blaze doublesegredocrash blaze doublejustiça, “situaçãocrash blaze doubleque não aparece na busca.”
‘Me criticaram por ter compartilhado a foto da minha filha’
Mesmo após a denúncia na polícia, o meme continuou se espalhando.
A situação piorou, diz Evelyn, quando começaram a usar a imagem da criançacrash blaze doublevídeoscrash blaze double“pegadinhas” no TikTok e no Instagramcrash blaze doubleque uma pessoa mostra a foto a um familiar para mostrar um “bebê feio” para registrarcrash blaze doublereação.
“Quando me alertaram que estavam usando a foto da minha filha assim, eu não quis ver, mas a proporção foi tão grande que acabei vendo”, conta.
Foi nesse período, no fimcrash blaze doublejulho deste ano, que Evelyn desabafoucrash blaze doubleum vídeocrash blaze doubleque contou sobre o que estava passando e pediu que parassemcrash blaze doubleusar a imagem da filha.
“Então, errada é a mãe (por ter publicado um vídeo da filha) e certos são os que estão xingando ou atacando”, comentacrash blaze doubleparte do desabafo.
“Já não basta a culpa, ainda tenho que lidar com pessoas falando: 'ah, é meme, é engraçado'. Claro, meu amor, não é o seu filho, não é seu parente, não é nada seu”, afirma no vídeo.
O desabafo teve 9,7 milhõescrash blaze doublevisualizações e maiscrash blaze double640 mil curtidas somente no TikTok.
Foi a partir disso, diz Evelyn, que as pessoas começaram a dar atenção ao que ela estava passando.
“Deu muita repercussão. Teve gente que me criticou por ter compartilhado a foto da minha filha, mas recebi muita força também.”
Por causa desse vídeo, a história dela chegou aos representantes da Associação Nacional das Vítimascrash blaze doubleInternet (Anvint), que presta apoio a vítimascrash blaze doublecrimescrash blaze doubleinternet.
A associação passou a dar assistência jurídica a Evelyn, que diz que vai entrar com processos na Justiça.
“Queremos responsabilizar as pessoas que postaram (o meme)crash blaze doubleforma ofensiva”, diz a advogada Iolanda Garay, presidente da Anvint.
Garay frisa que o caso envolve a exposição indevidacrash blaze doubleuma criança.
"A Constituição diz que a imagem das pessoas é inviolável. Além disso, os direitoscrash blaze doubleimagem são também alvo da proteção do Código Civil, que veda a exposição ou utilização da imagemcrash blaze doublealguém sem permissão, caso o uso indevido atinja acrash blaze doublehonra."
No casocrash blaze doubleuma criança, ressalta a advogada, a situação é ainda pior porque se tratacrash blaze doubleum indivíduocrash blaze doubledesenvolvimento.
"O direito ao respeito, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, traz uma cúpula adicionalcrash blaze doubleproteção ao menorcrash blaze doublediversas esferas, garantindo como invioláveis a integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, o que abrange a preservação da imagem.”
Ela considera que o compartilhamento da imagem da criançacrash blaze doubletom jocoso é também um tipocrash blaze doubleracismo.
"Se fosse uma bebê loirinhacrash blaze doubleolhos azuis, você acha que issocrash blaze double'bebê feio' estaria acontecendo? A maioria das crianças expostas nesse tipocrash blaze doublepublicação têm traçoscrash blaze doubleorigem preta", diz Garay.
Segundo a advogada, o caso da exposição da imagem da garota pode ser considerado “crime contra a honra e crimecrash blaze doubleperseguição, alémcrash blaze doubleintimidação sistemática (atocrash blaze doubleviolência física ou psicológica)”.
Garay acrescenta que cabem pedidoscrash blaze doubleindenização por danos moraiscrash blaze doublecasos assim.
As plataformas nas quais o meme foi compartilhado também devem ser alvoscrash blaze doubleprocessos, diz Garay, porque muitas publicações não foram removidas, mesmo após Evelyn denunciar.
O peritocrash blaze doublecrimes digitais Wanderson Castilho, também membro da Anvint, afirma que as redes sociais ajudam,crash blaze doublecerta forma, a propagar conteúdos que deveriam ser tirados do ar.
“Essa demora (para remover ou avaliar conteúdos denunciados) é uma das grandes revoltas das vítimas”, diz Castilho.
"Além disso, o algoritmo ajuda a propagar o sofrimento dessa vítima, porque quanto mais interação e gente compartilhando, maior será a quantidadecrash blaze doublegente que o algoritmo vai alcançar."
Em alguns casos, afirma o perito, a plataforma concorda que uma determinada publicação infringiu as regras e a apaga.
Mas na maioria das vezes, diz Castilho, a publicação permanece mesmo após denúncias. Isso porque, segundo o perito,crash blaze doublemuitos casos não há um padrão que aponte exatamente quais publicações serão excluídas somente por meiocrash blaze doubleuma denúncia na plataforma, sem precisar recorrer à Justiça.
“E assim (sem apagar por meiocrash blaze doubledenúncia na plataforma), casos como o da filha da Evelyn tomam proporções inimagináveis”, declara Castilho.
O perito frisa que os pais têm o direitocrash blaze doublecompartilhar fotos dos filhos nas redes. No entanto, recomenda que tenham mais controle sobre o alcance dessas imagens.
“Existem vários modoscrash blaze doubleessas fotos serem usadascrash blaze doubleformas maléficas, comocrash blaze doubleformacrash blaze doublememe, falsificações ou atécrash blaze doublesitescrash blaze doublepedofilia”, diz.
"Então, para os pais que gostamcrash blaze doublecompartilhar, a dica é deixar os perfis privados, somente para as pessoas mais próximas e conhecidas."
O especialista ressalta que não recomenda nenhum tipocrash blaze doubleexposiçãocrash blaze doubleperfis abertos.
"Mas pode ser considerado crime atacar uma pessoa que compartilhou foto da filha ou achar que pode propagar ofensacrash blaze doublecima dessa mãe ou dessa criança”, acrescenta.
A BBC News Brasil procurou o Twitter para comentar sobre o caso, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.
A Meta, responsável pelo Facebook e o Instagram, informa,crash blaze doublenota, que sempre revisa conteúdos por meiocrash blaze doubleuma combinaçãocrash blaze doubletecnologiacrash blaze doubleinteligência artificial e equipes humanas.
Isso, segundo a empresa, ajuda a “detectar, analisar e remover conteúdos" que violam suas políticas.
“Também incentivamos as pessoas a denunciarem conteúdos e contas através das ferramentas disponíveis dentro dos próprios aplicativos”, acrescenta a Meta.
Em relação ao WhatsApp, que também é da Meta, a companhia diz que não tem acesso aos conteúdos das mensagens trocadas entre usuários e não faz essa moderação.
Apesar disso, a Meta informa que o aplicativocrash blaze doublemensagens “não permite o uso do seu serviço para fins ilícitos ou difamatórios, oucrash blaze doubledireitoscrash blaze doubleprivacidade.”
"Nos casoscrash blaze doubleviolação destes termos, o WhatsApp toma medidascrash blaze doublerelação às contas como desativá-las ou suspendê-las”, informa a companhia.
Já o TikTok dizcrash blaze doublenota que trabalha constantemente para garantir que a plataforma seja um ambientecrash blaze doubleque todos se sintam acolhidos.
“Nossas diretrizes deixam claro o que pode e o que não pode ser publicado, incluindo o temacrash blaze doubleassédio e bullying”, diz a empresa.
“Quando um conteúdo é identificado como uma potencial violação, ele pode ser removido por meio da tecnologia ou marcado para análise adicional por nossa equipecrash blaze doublemoderação.”
‘Me sinto um pouco mais forte’
Após o vídeocrash blaze doubledesabafo, os compartilhamentoscrash blaze doubleimagens da filhacrash blaze doubleEvelyn diminuíram, e muitos conteúdos com o rosto da criança foram apagados pelos usuários que fizeram essas publicações.
Mas ela diz que só ficarácrash blaze doublepaz quando tiver a certezacrash blaze doubleque não há mais nenhuma imagem da filha compartilhadacrash blaze doubleforma jocosa nas redes.
“Com o apoio que recebi, me sinto um pouco mais forte sobre isso e tenho um pouco maiscrash blaze doubleesperança", diz Evelyn.
"Acho que agora as coisas podem melhorar e as pessoas podem pararcrash blaze doublecompartilhar a foto da minha filha.”
Ela conta que ainda sofre com os danos psicológicos causados pela forma como a filha se tornou meme nas redes.
“Não tenho mais nem forças para me justificar que não estou errada por ter postado a minha filha”, diz.
"Era um vídeo comum. Os errados são os monstros que começaram a atacar a aparência da minha filha, sem pensar que existe uma família, uma mãe e uma criança por trás disso."
Hoje, ela diz que evita ao máximo compartilhar publicações com a filha para não enfrentar mais nenhum tipocrash blaze doubleproblema.
“Mas agora entendo também que não fui a errada disso. As pessoas não podem usar a imagemcrash blaze doubleuma criança assim e achar que a internet é terra sem lei”, declara.