O concurso10 casa de apostasbeleza num dos piores países do mundo para ser mulher:10 casa de apostas

A vencedora do concurso, Aisha Ikow

Crédito, Shukri Mohamed Abdi

Legenda da foto, A vencedora Aisha Ikow quer promover a educação10 casa de apostasmeninas

A criadora foi Hani Abdi Gas,10 casa de apostasuma decisão considerada corajosa10 casa de apostasum país culturalmente conservador, que enfrenta problemas com os militantes islâmicos.

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A Somália é frequentemente mencionada no topo da lista dos piores países do mundo para ser mulher.

Gas foi criada no campo10 casa de apostasrefugiados10 casa de apostasDadaab, no Quênia, como centenas10 casa de apostasmilhares10 casa de apostasoutros cidadãos somalis que fugiram da guerra civil e da seca. Ela voltou ao seu país10 casa de apostas2020.

O concurso é sobre beleza, mas Gas afirma que10 casa de apostasinspiração foi promover as vozes das mulheres e retirá-las do isolamento. Para ela, o concurso "incentiva a unidade e o empoderamento".

Gas acredita que está na hora da Somália se unir ao resto do mundo,10 casa de apostasrelação aos concursos10 casa de apostasbeleza.

"Quero enaltecer as aspirações das mulheres10 casa de apostasdiversas origens, fortalecer10 casa de apostasconfiança e dar a elas a possibilidade10 casa de apostasmostrar a cultura somali para o mundo", diz ela.

O concurso deste ano representou mulheres com diferentes trajetórias. Uma das participantes, por exemplo, era policial.

Participantes10 casa de apostasconcurso10 casa de apostasbeleza na Somália

Crédito, Shukri Mohamed Abdi

Legenda da foto, As participantes do concurso se arriscaram a ser condenadas10 casa de apostasalguns círculos sociais
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Muitas pessoas na Somália acham revoltante a ideia10 casa de apostaspromover concursos10 casa de apostasbeleza. Alguns consideram que é uma afronta ao Islã e à cultura somali. E outros defendem que é mais uma forma10 casa de apostasviolência10 casa de apostasgênero, que reduz as mulheres a objetos.

"Estou revoltado com a ideia10 casa de apostasver as nossas jovens concorrerem nesse concurso terrível", declarou Ahmed Abdi Halane, líder do seu clã. "Isso vai contra a nossa cultura e a nossa religião."

"Se uma menina vestir roupas justas e aparecer no palco, ela irá trazer vergonha para10 casa de apostasfamília e para o seu clã", afirma ele. "As mulheres devem ficar10 casa de apostascasa e usar roupas modestas."

Algumas mulheres também se opõem aos concursos10 casa de apostasbeleza.

"É bom apoiar a juventude somali, mas não10 casa de apostasforma conflitante com a nossa religião", declarou a estudante Sabrina, que não quis revelar seu sobrenome. "Não é apropriado para uma mulher aparecer10 casa de apostaspúblico sem cobrir o pescoço, como fizeram as concorrentes do Miss Somália."

Ao contrário dos mantos e véus com cores sóbrias usados por muitas mulheres somalis, as concorrentes ao título10 casa de apostasMiss Somália usaram vestidos considerados justos e exuberantes.

A criadora do concurso Miss Somália, Hani Abdi Gas (dir.)

Crédito, Shukri Mohamed Abdi

Legenda da foto, A criadora do concurso Miss Somália, Hani Abdi Gas (dir.), enfrentou críticas quando organizou a primeira competição,10 casa de apostas2021

Usando um longo vestido dourado com mangas que caíam até o chão, Aisha Ikow,10 casa de apostas24 anos, foi coroada Miss Somália.

Ela levou para casa um prêmio10 casa de apostasdinheiro10 casa de apostasUS$ 1 mil (cerca10 casa de apostasR$ 5,5 mil).

Ikow é estudante universitária e maquiadora. Ela representou o Estado do Sudoeste da Somália. As outras finalistas foram as vencedoras regionais da Jubalândia, no sul, e10 casa de apostasGalmudug, no centro do país.

"Usarei esta oportunidade para combater o casamento infantil e promover a educação das meninas", declarou a vencedora. "O concurso homenageia a cultura e a beleza somali, e prepara um futuro brilhante para as mulheres."

Os seis jurados – cinco mulheres e um homem – tiveram dificuldade para escolher a vencedora.

O júri incluiu a criadora do concurso, Hani Abdi Gas, uma representante do Ministério da Juventude, e a Miss Somália 2022. Eles avaliaram a beleza física das concorrentes, seu desfile na passarela, suas roupas e como elas falavam10 casa de apostaspúblico.

Houve também uma votação online, aberta para o público. Cada pessoa pagava US$ 1 (cerca10 casa de apostasR$ 5,50) para votar.

O dinheiro arrecadado será usado para cobrir os custos do evento10 casa de apostasMogadíscio e as viagens internacionais para os concursos Miss África, Miss Mundo e Miss Universo.

Seis mulheres da Somália cortam um bolo durante evento

Crédito, Shukri Mohamed Abdi

Legenda da foto, Os organizadores esperam que o concurso possa promover a cultura somali e tornar as mulheres mais confiantes

O concurso foi realizado à noite10 casa de apostasum hotel10 casa de apostasluxo com vista para o mar – um panorama muito distante da maioria das pessoas da Somália, especialmente as mulheres.

Quatro milhões10 casa de apostassomalis – cerca10 casa de apostas25% da população – foram forçados a sair10 casa de apostassuas casas e vivem10 casa de apostasoutros lugares do país. As Nações Unidas estimam que 70% a 80% dessas pessoas sejam mulheres.

Em 2024, pela primeira vez10 casa de apostastrês décadas, foram coletados dados suficientes para incluir a Somália no Índice10 casa de apostasDesenvolvimento Humano da ONU. O país ficou10 casa de apostasúltimo lugar.

A Somália é o quarto pior país do mundo no Índice10 casa de apostasDesigualdade10 casa de apostasGênero das Nações Unidas. Os grupos10 casa de apostasassistência afirmam que 52% das mulheres do país já sofreram violência10 casa de apostasgênero e cerca10 casa de apostas98% sofreram mutilação genital feminina.

Tradicionalmente, quando um homem comete um estupro,10 casa de apostas"punição" é se casar com a mulher10 casa de apostasquem ele abusou sexualmente. O comportamento10 casa de apostasrelação ao estupro e outras formas10 casa de apostasabuso contra as mulheres não foi muito alterada nos últimos anos.

Em 2013, uma mulher10 casa de apostasMogadíscio foi condenada a um ano10 casa de apostasprisão, por denunciar ter sofrido estupro por membros das forças10 casa de apostassegurança.

Na autodeclarada república da Somalilândia, líderes religiosos revogaram uma lei sobre abusos sexuais, quase imediatamente após a10 casa de apostassanção10 casa de apostas2018. A versão revisada não protege as mulheres contra o casamento infantil, casamento forçado, estupro ou outras formas10 casa de apostasabuso sexual.

Mas o fato10 casa de apostasque o concurso10 casa de apostasMiss Somália pôde ser realizado10 casa de apostasMogadíscio, ainda que a 1 km10 casa de apostasdistância10 casa de apostasum ataque suicida, demonstra que o país está mudando10 casa de apostastermos10 casa de apostascomportamento e segurança.

Poucos anos atrás, seria impensável realizar ali um concurso10 casa de apostasbeleza, especialmente quando o al-Shabab controlava a capital.

A multidão só deixou o Elite Hotel nas primeiras horas da manhã. Eles não ouviram os sons do ataque no restaurante próximo, que foram abafados pelo ruído das ondas do Oceano Índico quebrando na praia.

* Kiin Hassan Fakat é repórter da Bilan Media, uma agência10 casa de apostasnotícias totalmente feminina da Somália.

Mary Harper é autora10 casa de apostasdois livros sobre a Somália, incluindo "Everything You Have Told Me Is True" ("Tudo o que você me disse é verdade",10 casa de apostastradução livre), uma visão da vida sob o regime do al-Shabab.