Como guerra contra Israel há 50 anos fez países árabes desenvolverem 'arma do petróleo' :sportingbet brasileiro

O rei Faisal Bin Abdulaziz da Arábia Saudita,sportingbet brasileiroimagemsportingbet brasileiroarquivo

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Em outubrosportingbet brasileiro1973, o rei Faisal Bin Abdulaziz da Arábia Saudita decidiu impor um embargosportingbet brasileiropetróleo contra os Estados Unidos

Mas como a coisa chegou a esse ponto?

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Como era o mundosportingbet brasileiro1973

Em 1973, o mundo estava no meio da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética e os blocos que ambos lideravam.

Embora ambas as potências nunca tenham se enfrentado num confronto militar direto, elas entravamsportingbet brasileirochoque atravéssportingbet brasileiroterceirossportingbet brasileiroconflitos locais nos quais apoiavam lados diferentes.

Era um mundo que ainda temia o fantasmasportingbet brasileirouma guerra nuclear entre as duas superpotências e era absolutamente dependente do petróleo, o ouro negro que movia uma sociedadesportingbet brasileiroconsumo cada vez mais voraz, que tinha na universalização do automóvel o seu símbolo.

Até então, o petróleo era relativamente barato e acessível aos países. As empresas obtinham o petróleo a preços vantajosos nos países produtores, principalmente no Oriente Médio.

Seu papel como grande fornecedorasportingbet brasileiroenergia para o mundo tinha dado uma importância crescente à região e ali se desenrolaram os primeiros capítulos do conflito árabe-israelense que surgiu após a criação do Estadosportingbet brasileiroIsraelsportingbet brasileiro1948.

Por que a crise do petróleo começou

Em outubrosportingbet brasileiro1973, diversos movimentos naquela parte do mundo iriam exigir a atençãosportingbet brasileiroum diplomata americano judeu chamado Henry Kissinger.

Nixon acabarasportingbet brasileironomear Kissinger como seu novo Secretáriosportingbet brasileiroEstado, com a tarefa principalsportingbet brasileiroacabar com a sangria dos EUA na guerra do Vietnã.

Mas outra guerra recém-declarada captou subitamente a atenção do mundo.

Em 6sportingbet brasileirooutubrosportingbet brasileiro1973, uma coalizão árabe liderada pelo Egito e pela Síria lançou um ataque combinado contra Israel, coincidindo com o feriado do Yom Kippur, um dia sagrado para os judeus.

A primeira ministra israelense, Golda Meir,sportingbet brasileirouma reunião com o presidente americano Richard Nixon e seu secretáriosportingbet brasileiroEstado, Henry Kissinger.

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Nixon, ao centro, e Kissinger, seu secretáriosportingbet brasileiroEstado, garantiram o apoiosportingbet brasileiroWashington ao governo israelensesportingbet brasileiroGolda Meir na Guerra do Yom Kippur

O então presidente egípcio, Mohamed Anwar el-Sadat, e o mandatário sírio, Hafez al-Assad, queriam recuperar territórios ocupados por Israel na Guerra dos Seis Diassportingbet brasileiro1967.

Enquanto aparatos militares começavam a chegarsportingbet brasileiroMoscou para seus aliados sírios e egípcios, Nixon anunciou um generoso pacotesportingbet brasileiroajuda e Washington começou a enviar material militar para Israel, o que irritou o mundo árabe.

Onze dias depois, os países árabes exportadoressportingbet brasileiropetróleo anunciaram um corte nasportingbet brasileiroprodução e um embargo aos EUA e a outros países acusadossportingbet brasileiroapoiar Israel, como Holanda, Portugal e África do Sul.

A Arábia Saudita, que exercia um papelsportingbet brasileiroliderança na Organização dos Países Exportadoressportingbet brasileiroPetróleo (OPEP), liderou um movimento que teria consequências econômicas e geopolíticas duradouras e mostrou que os EUA não podiam considerar seu abastecimentosportingbet brasileiropetróleo como algo garantido.

Soldados israelenses avançam com apoio aéreo na Guerra do Yom Kippur

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Egito e Síria lançaram um ataque combinadosportingbet brasileiro1973 que colocou o exército israelensesportingbet brasileirosérios apuros e deu início à Guerra do Yom Kippur

O rei saudita, Faisal Bin Abdulaziz, foi o grande promotor da medida, embora alguns autores destaquem o papel do presidente egípcio Anwar el-Sadat, que o teria convencido meses antessportingbet brasileirolançar o embargo se os Estados Unidos apoiassem militarmente Israel na guerra planejada contra o Estado judeu.

"O embargo nunca teria ocorrido se Sadat e Faisal não tivessem concordado com ele", diz Graeme Bannerman, que trabalhou durante anos como analistasportingbet brasileiroOriente Médio no Departamentosportingbet brasileiroEstado dos EUA.

"Naquela época, havia um sentimentosportingbet brasileirounidade árabe muito mais forte do que o atual e os países que procuravam libertar os palestinos com opções diferentes da militar promovida pelo Egito perceberam que o petróleo lhes dava uma vantagem poderosa", completa Bessma Momani, especialistasportingbet brasileiroOriente Médio da Universidadesportingbet brasileiroWaterloo, no Canadá,sportingbet brasileiroentrevista à BBC Mundo (serviços da BBCsportingbet brasileiroespanhol).

O rei Faisal e o líder egípcio Anwar el-Sadat numa reuniãosportingbet brasileiro1974

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Historiadores acreditam que o rei Faisal da Arábia Saudita e o presidente egípcio Anwar el-Sadat concordaram com o embargo contra os EUA pelo apoio a Israel

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Na realidade, os países árabes tiveram motivos para se sentirem desconfortáveis com os EUA durante algum tempo.

Num movimento muito discutido, Nixon decidiusportingbet brasileiro1971 romper com o chamado padrão-ouro, a convertibilidade do dólar por uma onçasportingbet brasileiroouro que tinha sido um dos alicerces do sistema financeiro mundial concebido no final da Segunda Guerra Mundial, nos Acordossportingbet brasileiroBretton Woods.

A medida prejudicou os exportadoressportingbet brasileiropetróleo, que vendiam o produto principalmentesportingbet brasileirodólares e agora não viam seu valor garantido, dependendosportingbet brasileiroum fator mais difícilsportingbet brasileiroprever: a taxasportingbet brasileirocâmbio livre da moeda norte-americana frente a outras moedas.

Neste contexto, vários países árabes vinham apelando há anos pela utilização da "arma do petróleo" para fazerem ouvir suas exigências no cenário global.

Mas outros, como a própria Arábia Saudita, se mostravam até então relutantes, presumivelmente por receiosportingbet brasileiroque os EUA encontrassem fornecedores alternativos.

Ignacio Álvarez-Ossorio, professorsportingbet brasileiroEstudos Árabes e Islâmicos da Universidade Complutensesportingbet brasileiroMadrid, na Espanha, diz que "na realidade, o rei Faisal tomou a decisão do embargo com um poucosportingbet brasileirorelutância, forçado pelos acontecimentos. Outros países mais próximos da União Soviética, como a Argélia, exigiram medidas mais agressivas".

Seja como for, quando Nixon decidiu enviar ajuda militar ao governosportingbet brasileiroGolda Meirsportingbet brasileiroIsrael para enfrentar seus inimigos árabes, a opçãosportingbet brasileirousar a "arma do petróleo" foi definitivamente imposta.

Os Estados Unidos seriam punidos.

Que efeitos teve a crise do petróleo?

A entradasportingbet brasileirovigor do embargo teve efeitos imediatos e causou choque nos Estados Unidos.

O preço do barril, que era entãosportingbet brasileiroUS$ 2,90sportingbet brasileirojulho daquele ano, subiu para US$ 11,65sportingbet brasileirodezembro.

Nos Estados Unidos, os postos ficaram sem gasolina e as filassportingbet brasileirocarros à espera para reabastecer tornaram-se uma visão comum durante meses. O racionamentosportingbet brasileirocombustível foi impostosportingbet brasileirovários Estados.

Num país apaixonado pelos motores e onde o automóvel era o símbolo da liberdade e dos valores do chamado "sonho americano", a escassezsportingbet brasileirogasolina foi um choque com poucos precedentes e um doloroso golpe econômico.

Americanos empurram carro sem gasolinasportingbet brasileiroimagemsportingbet brasileiroarquivo.

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Os americanos tiveramsportingbet brasileiroconviver com uma escassezsportingbet brasileirocombustível sem precedentes até então

O PIB (Produto Interno Bruto) do país caiu 6% até 1975 e o desemprego dobrou, chegando a 9%. Milhõessportingbet brasileirocidadãos americanos sentiram as consequências da recessão.

Segundo Bruce Riedel, analista e ex-agente da CIA (Agência Centralsportingbet brasileiroInteligência dos Estados Unidos), com o embargo, a Arábia Saudita "causou mais danos econômicos aos EUA do que qualquer outro país desde que os britânicos incendiaram Washingtonsportingbet brasileiro1815".

A partir desse momento, Kissinger viajou repetidas vezes às capitais árabes envolvidas na tentativasportingbet brasileiroiniciar o levantamento do embargo, que só ocorreriasportingbet brasileiromarçosportingbet brasileiro1974, quando a Guerra do Yom Kippur já havia terminado.

Muitas famílias e empresas norte-americanas esportingbet brasileirooutros países que dependiam da importação do petróleo respiraram aliviadas e regressaram a uma certa normalidade.

Os promotores do embargo não conseguiram romper o compromisso dos Estados Unidos com Israel, que continuou a apoiar o Estado judeu ao longo dos anos. Mas as ações causaram transformações profundas na ordem mundial e no comportamento das pessoas que perduram até hoje.

Como terminou a crise do petróleo e seus protagonistas

Embora Sadat não tenha alcançado os objetivos que tinha estabelecido ao atacar Israel, ele mostrou que poderia representar uma ameaça militar real.

Isso incentivou um processosportingbet brasileironegociação patrocinado por Washington que se cristalizou nos históricos acordossportingbet brasileiroCamp Davidsportingbet brasileiro1978, através dos quais Israel devolveu a Península do Sinai ao Egito.

Bannerman acredita que "os Acordossportingbet brasileiroCamp David nunca teriam sido possíveis sem a mudança na política dos EUA" forçada pela experiência do embargo.

Em troca da devolução do Sinai, o Egito tornou-se o primeiro país árabe a reconhecer o Estadosportingbet brasileiroIsrael, uma decisão que fezsportingbet brasileiroSadat uma figura impopularsportingbet brasileirogrande parte do mundo árabe.

A decisão, no entanto, fez o presidente egípcio ser visto pelo Ocidente como um pacifista e favoreceusportingbet brasileiroaproximação com Washington,sportingbet brasileirodetrimento da União Soviética.

Os líderes do Egito, dos Estados Unidos esportingbet brasileiroIsrael assinam os acordossportingbet brasileiroCamp Davidsportingbet brasileiro1978

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A assinatura dos Acordossportingbet brasileiroCamp Davidsportingbet brasileiro1978 devolveu a península do Sinai ao Egito

Nixon renunciou apenas cinco meses após o levantamento do embargo,sportingbet brasileiromeio ao escândalosportingbet brasileiroWatergate, tornando-se o único presidente dos Estados Unidos na história a renunciar ao cargo.

E o Rei Faisal foi assassinado por seu sobrinho que atirou contra ele numa recepção realsportingbet brasileiroRiad, a capital saudita.

O assassino viveu durante algum tempo nos Estados Unidos, o que alimentou suspeitas nunca confirmadassportingbet brasileiroum possível envolvimento da CIA.

Que consequências a crise do petróleo teve a longo prazo?

A era do petróleo barato acabou para sempre e o preço do barril tornou-se desde então um dos indicadores mais fiáveissportingbet brasileiroestabilidade no Oriente Médio.

Sempre que a região sofreu convulsões, como a Revolução Iranianasportingbet brasileiro1979 ou a Guerra do Golfosportingbet brasileiro1991, o petróleo bruto disparou e a economia mundial sofreu.

Após o embargo, a OPEP, que até então desempenhava um papel modesto no mercado energético mundial, agregou novos membros e passou a atuar como um cartel agressivo e poderoso cujas reuniões, nas quais são definidos os volumessportingbet brasileiroproduçãosportingbet brasileiropetróleo dos seus membros, foram seguidas com a maior atenção pelos países.

E muitos paísessportingbet brasileirodesenvolvimento, incluindo alguns latino-americanos, decidiram apostar nas exportaçõessportingbet brasileiropetróleo e nos seus rendimentos como formasportingbet brasileirocompensar seu atraso histórico.

Uma reunião da OPEP,sportingbet brasileiroimagemsportingbet brasileiroarquivo

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A OPEP tornou-se um poderoso cartel cujas decisões tiveram um grande impacto na economia mundial

Nos EUA, onde a indústria automobilística se acostumou a produzir carros pesados e com uso intensivosportingbet brasileirocombustível, o público com o tempo começou a exigir modelos mais eficientes, uma tendência que se espalhou pela Europa e outras partes do mundo. O planeta se encheusportingbet brasileirocarros menores e mais baratos.

A constatação dos perigos da dependência excessiva nos países árabes também incentivou o investimento e a investigação na procurasportingbet brasileirofontessportingbet brasileiroenergia alternativas ao petróleo.

O desenvolvimento da tecnologiasportingbet brasileirofaturamento hidráulico (fracking) permitiu aos Estados Unidos reduzir constantemente as suas importaçõessportingbet brasileiropetróleo bruto desde 2005. Em 2020, os EUA já exportavam mais petróleo do que importavam.

Dos personas observan una panorámica nocturnasportingbet brasileiroRiad desde lo altosportingbet brasileiroun rascacielos.

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A riqueza petrolífera permitiu que países do Golfo como a Arábia Saudita modernizassem suas infraestruturas

Mas talvez a região do mundo que se transformou mais profundamente tenha sido o Oriente Médio.

Especialmente o Golfo Pérsico, onde a subida dos preços do petróleo e as nacionalizações levadas a cabo nas décadassportingbet brasileiro1960 e 1970 transformaram as monarquias petrolíferas da região (Kuwait, Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes Unidos)sportingbet brasileiroreceptorassportingbet brasileiroenormes receitas que aumentaram asportingbet brasileirovasta riqueza e cimentaram a prosperidadesportingbet brasileiroque desfrutam hoje.

Desde então, os EUA mantiveram uma política cordialsportingbet brasileirorelação à Arábia Saudita que, até muito recentemente, funcionou como um freio aos planos da Opepsportingbet brasileirocortar a produção, o que teria tornado o petróleo bruto mais caro.

A amizade Washington-Riad também é fruto do embargosportingbet brasileiro1973.

"Todos os presidentes americanos cortejaram os sauditas, principalmente para garantir o fluxo contínuosportingbet brasileiropetróleo", diz Riedel.

Riad consolidou um papelsportingbet brasileirogrande potência islâmica que até então não tinha e com o tempo tornou-se a grande rival do Irã dos aiatolás.

Com o dinheiro do petróleo melhorou as condiçõessportingbet brasileirovida dasportingbet brasileiropopulação, desenvolveu suas infraestruturas, fortaleceu seu exército e promoveusportingbet brasileirooutros países o wahabismo, visão conservadora do Islã que predomina na Arábia Saudita.

Cinquenta anos depois, embora as alterações climáticas levem o mundo a gradualmente abandonar a dependência do petróleo, não há previsãosportingbet brasileirofim para a bonança daqueles que o produzem.

As bases dessa bonança foram assentadas na décadasportingbet brasileiro1970 e acontecimentos como a guerra da Ucrânia reafirmamsportingbet brasileirovigência, empurrando os preços do petróleo bruto novamente para cima.

Hoje, a petrolífera saudita Aramco é a segunda empresa mais valiosa do mundo, atrás apenas da Apple e este ano anunciou um lucro recordesportingbet brasileiroUS$ 161 bilhões (R$ 812 bilhões).