‘Minha mãe foi cortesã e não me envergonho’:betbry casino online
Em vezbetbry casino onlinese fecharbetbry casino onlinecasa como as outras cortesãs (mulheres artistas), ela vestia um belo sári, noite após noite, cantando e dançando para gruposbetbry casino onlinehomens que vinham assistir às suas apresentações no kotha – uma palavrabetbry casino onlineidioma hindi que designa o local onde as dançarinas profissionais se apresentavam para os homens ou, até mesmo, um bordel.
Sua vida havia lhe ensinado que as dificuldades, muitas vezes, eram o caminho da oportunidade – ou, pelo menos, da sobrevivência.
A conturbada vidabetbry casino onlineRekhabai agora é temabetbry casino onlineum livro, intitulado The Last Courtesan – Writing My Mother’s Memoir (“A última cortesã – escrevendo as memórias da minha mãe”,betbry casino onlinetradução livre). O autor é seu filho, Manish Gaekwad.
Uma toneladabetbry casino onlinecocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
Episódios
Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa
“Minha mãe sempre quis contarbetbry casino onlinehistória”, afirma Gaekwad. Ele não sente vergonha nem constrangimento por narrar a história como ela aconteceu. Depoisbetbry casino onlineviver com a mãe no kotha até o final da adolescência, a vidabetbry casino onlineRekhabai não tem segredos para ele.
“Crescendo no kotha, a criança observa muito mais do que deveria”, ele conta. “Minha mãe sabia e não sentia necessidadebetbry casino onlineesconder nada.”
Gaekwad escreveu seu livro com base nas memórias contadas porbetbry casino onlinemãe. A obra oferece ao leitor uma visão surpreendentemente honesta da vidabetbry casino onlineuma cortesã indianabetbry casino onlinemeados do século 20.
As cortesãs – também chamadasbetbry casino onlinetawaifs, na cultura popular indiana – já existiam desde cerca do século 2 a.C. no subcontinente indiano, segundo Madhur Gupta, dançarinabetbry casino onlineOdissi – dança típica do leste da Índia – e autora do livro Courting Hindustan: The Consuming Passions of Iconic Women Performers of India (“Cortejando o Hindustão: as paixões que consumiam emblemáticas mulheres artistas da Índia”,betbry casino onlinetradução livre).
“Elas eram mulheres artistas, cuja função era oferecer entretenimento e prazer à realeza e aos deuses”, segundo Gupta.
Até o domínio britânico, as cortesãs indianas eram consideradas artistas respeitadas. Elas eram profundamente qualificadas nas suas artes, ricas e apadrinhadas por alguns dos homens mais poderosos dabetbry casino onlineépoca.
“Mas elas também enfrentavam a exploração nas mãos dos homens e da sociedade”, afirma Gupta.
A cultura das cortesãs na Índia começou a declinar quando os britânicos criaram leis destinadas a restringir essa prática. Eles as consideravam dançarinas ou profissionais do sexo.
O seu status caiu ainda mais depois da independência da Índiabetbry casino online1947, quando muitas cortesãs foram forçadas e prostituir-se para sobreviver. A prática extinguiu-se por completo, mas as históriasbetbry casino onlinecortesãs famosas e suas vidas fascinantes foram perpetuadasbetbry casino onlinelivros e filmes.
Uma dessas histórias é exatamente abetbry casino onlineRekhabai.
Ela nasceubetbry casino onlineuma família pobre na cidadebetbry casino onlinePune, no oeste da Índia. Era a sextabetbry casino online10 irmãos. Rekhabai não se lembra exatamente da data ou do ano, poisbetbry casino onlinenoçãobetbry casino onlinetempo é nebulosa.
Cansadobetbry casino onlinegerar cinco meninas, seu pai, embriagado, teria tentado afogá-labetbry casino onlineum lago quando ela nasceu.
Com nove ou 10 anosbetbry casino onlineidade, Rekhabai casou-se para liquidar uma dívida da família. Mais tarde, ela foi vendida pelos sogros para um kotha na regiãobetbry casino onlineBowbazar,betbry casino onlineCalcutá, no leste do país.
Rekhabai ainda não era adolescente quando começou a aprender a cantar e dançar, para se tornar tawaif. Masbetbry casino onlinevida e seus ganhos eram controlados por uma mulher da família que também era cortesã no mesmo local.
Durante a guerra sino-indianabetbry casino online1962, essa mulher saiu do kotha e Rekhabai teve a chancebetbry casino onlineassumirbetbry casino onlineprópria vida. Suas apresentações à luzbetbry casino onlinevelas a ajudaram a ganhar independência e a fizeram perceber que ela podia serbetbry casino onlineprópria provedora e protetora, se tivesse coragem suficiente.
Este princípio a orientaria pelo resto da vida.
Liberdade e conflitos
Ao contrário das personagens famosas dos filmesbetbry casino onlineBollywood, como Umrao Jaan e Pakeezah, Rekhabai nunca desejou ter um homem.
Ela decidiu não se casar novamente, apesarbetbry casino onlineter uma longa listabetbry casino onlineprotetores que a cortejavam. Seus pretendentes variavambetbry casino onlinepequenos criminosos até ricos xeques e músicos renomados, mas casar-se significaria deixarbetbry casino onlinevidabetbry casino onlinetawaif e deixar o kotha.
Ironicamente, o kotha – o pequeno espaço no qual ela se apresentava, morava, criava seu filho e onde abrigou diversos familiares,betbry casino onlinediferentes épocas – tornou-se seu símbolobetbry casino onlineliberdade e poder.
Ainda assim, o kotha também era um espaço repletobetbry casino onlineconflitos e dificuldades, onde as circunstâncias destruíam a inocência, eliminavam a humanidade e evocavam emoções destrutivas, como raiva, medo e desespero.
No seu livro, Gaekwad narra algumas lembranças profundamente perturbadoras contadas porbetbry casino onlinemãe, como o casobetbry casino onlineque um marginal sacou uma arma para atirarbetbry casino onlineRekhabai por ter se recusado a se casar com ele.
Em outro ponto, Rekhabai relembra o abuso que sofreubetbry casino onlineoutras cortesãs, com ciúmes do seu sucesso. Algumas tentaram intimidá-la contratando gângsteres para ficar à espreita no ladobetbry casino onlinefora do seu quarto, enquanto outras a chamarambetbry casino onlineprostituta – o que não era o caso.
Mas o kotha também formou a mulher determinada que ela acabaria se tornando. Foi ali que Rekhabai descobriu seu talentobetbry casino onlinedançarina e o poder que ela exercia sobre os homens que procuravam escapar das suas próprias inseguranças ou do tédio e da melancolia da vida.
Foi no kotha que ela aprendeu a ler os homens pela forma como eles a tratavam e a aplacar os egos quando necessário – ou despedaçá-los, se eles ameaçassem destruir o seu próprio.
“Eu dominava a linguagem do kotha. Eu tinha que falar quando era necessário”, ela conta.
Mas, ao lado daquela artista charmosa, esperta e exuberante, o kotha também viu Rekhabai transformar-sebetbry casino onlineuma mãe coruja, intensamente protetora, que fazia tudo ao seu alcance para dar uma vida melhor para o seu filho.
Quando Manish Gaekwad era bebê, ela o mantinha ao seu lado no kotha. Rekhabai relembra como ela corria para ver como estava a criança entre cada apresentação, se achasse que havia ouvido seu choro.
Mais tarde, ela o mandou para um internato e comprou um apartamento, para que ele pudesse convidar seus amigos para passar a noite sem constrangimentos.
Rekhabai se orgulhava pelo homem que seu filho se tornou, embora o ensino médiobetbry casino onlineinglês e a criação mais refinada do internato tenha feito com que ele ficasse diferente delabetbry casino onlinemuitas formas.
Ela relembra uma história encantadora, quando seu filho a visitou nas férias da escola e pediu garfo e colher para comer.
“Eu conhecia o garfo [kaanta,betbry casino onlinehindi], mas nunca havia ouvido aquele nomebetbry casino onlineinglês antes [fork]... Precisei ir ao mercado comprar quando você explicou [o que era aquilo]”, conta ela no livro.
No final dos anos 2000, a cultura das cortesãs havia desaparecido por completo. Rekhabai deixou o kotha para viver no seu apartamentobetbry casino onlineCalcutá. Ela morreubetbry casino onlineMumbai, no oeste da Índia,betbry casino onlinefevereiro.
Gaekwad conta que irá admirarbetbry casino onlinemãe para sempre, combetbry casino onlinecoragem, seu talento e seu gosto pela vida.
“Espero que os homens leiam este livro.” Segundo ele, os homens indianos têm essas “noções sobre a figura materna,betbry casino onlineque ela precisa ser um modelobetbry casino onlinepureza”.
“Mas espero que este livro ajude as pessoas a identificar a individualidade das suas mães e aceitar quem elas são como pessoas, independentemente do seu relacionamento conosco”, conclui Gaekwad.