'É decepcionante que te parem para perguntar sobre o beijo e não para parabenizar pela Copa do Mundo', diz goleira da Espanha:bolao quina
Coll, que também participou das conquistas das Copas do Mundo sub-17 e sub-19, diz que manterá até o fim seu apoio à denúncia feita pela colegabolao quinaseleção.
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As 23 integrantes da equipe campeã disseram que não voltarão a jogar pela seleção até que Rubiales seja removido da presidência da federação.
O atobolao quinaRubiales recebeu uma enxurradabolao quinacríticas e gerou um acalorado debate no meio desportivo, que acabou envolvendo toda a sociedade e classe política da Espanha.
O caso repercutiu na mídia internacional e nas redes sociais, gerando discussões sobre temas como consentimento, sexismo e abusobolao quinapoder.
Rubiales, suspenso do cargo temporariamente pela Fifa, teve também o pagamentobolao quinaseu salário cancelado, e tem enfrentado pedidobolao quinarenúncia feito por diversos setores da sociedade, incluindo o governo espanhol. Ele vem negando, desde o começo, ter beijado Hermoso sem consentimento da jogadora.
Em entrevista à BBC Mundo, Catalina Coll,bolao quina22 anos, não escondebolao quinadecepção pelos acontecimentos que, para ela, ofuscaram uma conquista que deveria estar sendo comemorada por todo o país.
Ela falou sobre o episódio do beijo, mas também sobre a vitória ebolao quinacomo, após uma derrota, ganhou a posiçãobolao quinatitular no golbolao quinaum time que seguiu firme rumo ao título.
A seguir, leia os principais trechos da entrevista concedida à BBC Mundo, serviçobolao quinaespanhol da BBC.
bolao quina BBC Mundo - Apesar da grande polêmicabolao quinaque a Espanha parece estar mergulhada no momento por conta do episódio do beijo dado pelo presidente da federaçãobolao quinafutebol, Luis Rubiales, nabolao quinacompanheirabolao quinaseleção Jenni Hermoso, queria começar te dando os parabéns pela conquista da Copa do Mundo e te perguntar como foi participar dessa vitória histórica na final.
Catalina Coll - Foi emocionante. Sabíamos que ganharíamos (da Inglaterra). Durante a partida tínhamos certezabolao quinaque tudo iria acabar bem. Na verdade, os 13 minutosbolao quinaacréscimos pareciam durar uma eternidade, mas terminar assim (vencendo por 1 a 0) foi uma emoção que não sei como explicar.
bolao quina BBC Mundo - E como você achava que seriam essas semanas após ter conquistado a Copa do Mundo?
Coll - Comemorei aquibolao quinaMallorca, minha terra natal, tenho recebido muito carinho, vou às compras e sou reconhecida, as pessoas me param nas ruas pedindo uma foto, isso me deixa muito contente.
É tudo muito novo porque é como se tivéssemos dado um soco na mesa dizendo: "Ei, estamos aqui, e vai ter mais", e isso vai crescendo.
bolao quina BBC Mundo - Vamos falar da final. Para quem viu aquibolao quinafora, parecia que o time espanhol esteve todo o tempo no controle da partida, mas como foibolao quinafato lá dentro do campo? Como você viu o jogo?
Coll - É verdade que começamos controlando bem as ações, mas também houve momentosbolao quinaque sofremos e passamos por apertos. Mas nosso plano era muito claro, sabíamos o que tínhamos que fazer e acho que mostramos isso durante todo o mundial.
bolao quina BBC Mundo - Qual foi a melhor partida do mundial, nabolao quinaopinião, e qual o jogo mais difícil?
Coll - A partidabolao quinaque eu mais sofri foi contra a Holanda (nas quartas-de-final, vencida pela Espanha por 2 a 1), porque elas têm um time muito forte. Fomos para a prorrogação e eu já notava que nosso time estava cansado, mas teríamos que aguentarbolao quinaqualquer maneira. Acho que foi a partidabolao quinaque nossa equipe sofreu mais.
bolao quina BBC Mundo - E você tem uma história pessoal: nessa Copa, você não começou como titular, mas tudo mudou após a derrota para o Japão na fasebolao quinagrupos. Como você recebeu a notíciabolao quinaque passaria a ser a titular?
Coll - Bom, é verdade que foi uma surpresa. Por outro lado, sempre falávamos que éramos um timebolao quina23 e todas tinham condiçãobolao quinajogar porque estávamos preparadas para entrar caso fosse necessário. Mas logicamente a goleira é uma posição mais complicada porque você é única na função dentrobolao quinacampo.
Uma hora e meia antes do jogo começar, vi a escalação e fiquei sabendo que iria começar jogando. Mas como sou uma pessoa bem segura, encarei com a maior naturalidade possível.
bolao quina BBC Mundo - Você é das que têm a chamada coroa tríplice: campeã sub-17, sub-19 e agora campeã absoluta. Como se sente por ter conquistado tanto com apenas 22 anos?
Coll - Pois é, não sei, tudo aconteceu muito rapidamente.
Parece que foi ontem que joguei o Campeonato Mundial Sub-17 e agora sou campeã do Mundo.
Acho que o futebol passa muito rapidamente, não dá tempobolao quinavocê tomar consciência.
Eu acredito que os jogadores só se dão conta do que conquistaram quando você se machuca ou quando se aposenta.
Acho que ainda não tenho consciênciabolao quinatudo que ganhei até aqui na minha carreira.
bolao quina BBC Mundo - Vocês conseguiram quebrar uma hegemonia dos Estados Unidos, que tinham vencido as duas últimas Copas do Mundo. Ganharam uma Copa que teve a maior cobertura da mídia, que teve o maior númerobolao quinaseleções e com uma grande audiência. O que essa conquista significou para você? Quando você era criança e jogava futebol, algum dia pensou que poderia ganhar uma Copa do Mundo?
Coll - Acredito que a conquista significou muito para nosso país.
Demos um passo enorme. Dissemos: "Estamos aqui, podemos voltar a jogar bem e voltar a vencer."
Não posso deixarbolao quinaagradecer também à Austrália e à Nova Zelândia, poisbolao quinacada partida havia maisbolao quina20 mil pessoas no estádio, algo impensável há bem pouco tempo.
Estamos vendo o crescimento e sentimos orgulho.
Quando era criança, nunca esperei conseguir tanto. Quando era pequena, nem assistia a futebol feminino, pois nem sabia que existia. Chegar até aqui é a realizaçãobolao quinaum sonho para mim e para todas as garotas para a qual abrimos portas para que no futuro tenham um caminho mais fácil pela frente e não precisem lutar contra tanta injustiça.
bolao quina BBC Mundo - Vamos agora falar sobre outro assunto. Como você tem visto esse episódio, essa crise criada pelo beijo dado pelo Rubiales na tua colegabolao quinaseleção Jenni Hermoso?
Coll - É uma pena que nós, as 23 jogadoras, não sejamos as protagonistas. É decepcionante que agora todos te parem nas ruas para te perguntar do beijo e não te digam: parabéns pela Copa do Mundo.
Ou que digam os parabéns, mas logobolao quinaseguida passem a falar sobre o caso do beijo.
Isso tudo nos deixa tristes, mas acredito que tudo será esclarecido e essa história acabará bem.
bolao quina BBC Mundo - Qual o sentimento que prevalecebolao quinavocê agora?
Coll - É claro que me sinto feliz por tudo que conquistamos, mas me sinto também um poucobolao quinatristeza. Lamento que não sejamos as protagonistas e que os protagonistas sigam sendo os mesmos.
bolao quina BBC Mundo - Vocês decidiram não jogar pela seleção espanhola. Como foi esse processo?
Coll - Entramosbolao quinacontato, todo o grupo. Acho que todas nós tínhamos a mesma opiniãobolao quinaque o que tinha acontecido não poderia seguir do mesmo jeito.
Afinal, aconteceu com uma colega,bolao quinaquem gostamos muito, e decidimos fechar com ela até à morte, não importando o que acontecesse.
E foi o que fizemos, fechamos com ela, até à morte. E essa foi nossa decisão e é uma decisão até o final.
bolao quina BBC Mundo - E o que terá que acontecer para que vocês voltem a jogar pela seleção?
Coll - Bom, depois que tudo fique bem. Acredito que é o que todos desejam, pois todos viram o que aconteceu, e nós apenas queremos que tudo acabe bem, que nossos direitos sejam considerados e que isso não volte a acontecer.
bolao quina BBC Mundo - Você tem falado com Jenni Hermoso? Como ela está se sentindo?
Coll - Acho que ela ficou com o celular lotadobolao quinatantas mensagens que recebeu.
Todas nós temos dado nosso apoio e estamos fechadas com ela até à morte.
Ela não está passando por um momento fácil, eu não gostariabolao quinaestarbolao quinaseu lugar. Mas é como falei, estou do lado dela e assim vou com ela até a morte.
bolao quina BBC Mundo - Você se surpreendeu com a atitudebolao quinaRubiales?
Coll - No fim das contas, não é que tenha me surpreendido. É claro que não gostei. Acredito que ninguém gostariabolao quinaestar falando sobre isso.
Eu gostaria que estivéssemos falando sobre nossa campanha na Copa do Mundo.
bolao quina BBC Mundo - Muitas pessoas e instituições têm dado apoio a vocês. Você sente faltabolao quinaalgum apoio específico?
Coll - Não. Acredito que quem quiser nos apoiar que assim o faça e quem não quiser que não apoie. Sabemos o que aconteceu, temos nossa verdade e todos sabem qual é. É como eu lhe disse, quem quiser vir junto, que venha, quem não quiser, que não venha.
bolao quina BBC Mundo - Nabolao quinaopinião, qual seria o melhor desfecho para essa crise?
Coll - Que tudo acabe bem, acho que é isso que desejam todas as jogadoras, todo mundo.
No final das contas, somos jogadoras e queremos jogar futebol, queremos que nos respeitem e que respeitem a todos. É isso, é o que gostamosbolao quinafazer, jogar futebol, portanto, queremos que tudo acabe bem e que possamos voltar a ganhar títulos.