'Meu deus, eles estão aqui': o massacre do Hamas capturadosorteio da quina hojeum gruposorteio da quina hojeWhatsAppsorteio da quina hojemãessorteio da quina hojeIsrael:sorteio da quina hoje

Combatentes do Hamas haviam dado início ao que seria um dia inteirosorteio da quina hojeangústia naquele kibbutz (comunidade coletiva) no sulsorteio da quina hojeIsrael. As mulheres do grupo passariam as 20 horas seguintes compartilhando seu horror, descrença e mensagens tranquilizadoras pelo aplicativo, enquanto os integrantes percorriam a vizinhança, matando os moradores a tiros e incendiando as casas.

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Escondidassorteio da quina hojequartos secretos, essas mulheres – algumas delas, com suas famílias – descreveram os gritos e explosões que vinham do ladosorteio da quina hojefora. Elas contavam umas às outras onde estavam os homens do Hamas, divulgavam instruções sobre como lidar com a fumaça que invadia seus quartos e pediam ajuda repetidamente.

E,sorteio da quina hojealguns casos, essa ajuda nunca chegou.

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BBC Lê

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Fim do Podcast

À medida que as horas se passavam, elas faziam perguntas. Onde está o Exército? Por que a ajuda está demorando tanto? Alguém pode, por favor, procurar a minha mãe? Como tranco meu quarto seguro? Devemos abrir a porta para um homem que afirma ser um soldado?"

Em dado momento, alguém mudou o nome do grupo para "Mãessorteio da quina hojeBe'eri – Emergência".

As conversas do grupo foram compartilhadas com a BBC por uma mulher indicada pela comunidade para falar à imprensa após os ataques. Ela é uma das mães do grupo e compartilhou os detalhes para nos mostrar como foi o desenrolar daquele diasorteio da quina hojeterror – e como aquele grupo foi a tábuasorteio da quina hojesalvação daquelas mulheres nas horas mais desesperadoras das suas vidas (que,sorteio da quina hojemuitos casos, foram também as últimas).

Nós não conseguimos buscar a permissãosorteio da quina hojetodas as 200 mulheres que faziam parte daquele grupo. Mas três delas concordaramsorteio da quina hojenos contar suas históriassorteio da quina hojedetalhes. E mantivemos todas as outras trocassorteio da quina hojemensagenssorteio da quina hojeforma anônima, com o cuidadosorteio da quina hojegarantir que nenhuma delas possa ser identificada, protegendosorteio da quina hojeprivacidade.

Algumas das participantes do grupo não foram encontradas e provavelmente estão mortas ou desaparecidas. As sobreviventes estimam que cercasorteio da quina hoje100 pessoas foram mortas e muitas foram capturadas como reféns.

Minuto a minuto, o chat revelasorteio da quina hojedetalhes inéditos como o Hamas perseguiu, assassinou e queimou pessoas nas suas próprias casas, indo e voltando, repetidamente. É uma percepção do sentimento que varreu o sulsorteio da quina hojeIsrael enquanto os combatentes do Hamas cruzavam a fronteira e devastavam dezenassorteio da quina hojecomunidades.

Ele mostra como os moradores sobreviveram e se ajudaram. E também documenta, minuto a minuto, o desespero cada vez maior das pessoas, à medida ficava claro que elas não seriam resgatadas rapidamente pelo Estado israelense.

Como tudo começou

Dafna Gerster tem 39 anos. Ela havia vindo da Alemanha e passou a noitesorteio da quina hojesexta-feira no kibbutz onde ela cresceu.

Eles se reuniram na casa do seu pai e jogaram o jogosorteio da quina hojetabuleiro Camel Up até altas horas da noite, quando ela e seu marido dormiram no apartamento do irmão dela, perto dali.

Eles sabiam que o dia seguinte era um sábado, o diasorteio da quina hojedescanso dos judeus, quando as famílias poderiam se reunir novamente.

A comunidade fica ao lado da fronteira com a Faixasorteio da quina hojeGaza. Por isso, eles estão acostumados com mísseis.

Mas, quando Gerster acordou com o barulho dos foguetes às 6h30, ela imediatamente soube que algo estava diferente.

Dafna Gerster e o irmão
Legenda da foto,

Dafna Gerster (centro) mora na Alemanha e estava visitando Israel. Ela estava hospedada com seu irmão (esq.) quando o Hamas atacou o kibbutz.

"Normalmente, você ouve um alarme e um disparo do [sistemasorteio da quina hojedefesa antimísseissorteio da quina hojeIsrael] Domosorteio da quina hojeFerro. Desta vez, não houve alarme e foi muito alto. É um som que não conseguimos identificar", relembra ela.

"Fui até o quarto do meu irmão e perguntei: 'o que é isso?'"

Como as outras pessoas do kibbutz, eles correram até o quarto seguro – um quarto feitosorteio da quina hojeconcreto reforçado com portassorteio da quina hojeaço herméticas e janelas projetadas para suportar ataquessorteio da quina hojemísseis.

Mas logo ficou evidente que os mísseis não eram a única ameaça. Surgiu no gruposorteio da quina hojeWhatsApp a notíciasorteio da quina hojeque alguém havia sido alvejado e que havia homens armados nas ruas.

Imagens do circuito fechadosorteio da quina hojeTV, verificadas pela BBC, mostram um pequeno grupo do Hamas chegando ao portão do kibbutz antes das seis horas da manhã.

Um carro chega, o portão se abre e os homens do Hamas correm para dentro depoissorteio da quina hojematarem os ocupantes do veículo. Um vídeosorteio da quina hojealguns minutos depois mostra os mesmos dois integrantes do Hamas atravessando uma praça, carregando suas armas.

Ao mesmo temposorteio da quina hojeque as primeiras mensagens começaram a ser compartilhadas no gruposorteio da quina hojeWhatsApp, as imagens gravadas pela câmera mostram três motocicletas, cada uma com dois homens do Hamas fortemente armados, deixando a área pelo mesmo portão.

Outro vídeo mostra os integrantes no kibbutz às 9h05, três horas depois que eles entraram pela primeira vez. Nele, aparece o mesmo carro alvejado na primeira imagem, com pelo menos um corpo que foi arrastado e estirado na rua.

Legenda do vídeo,

Por que Hamas decidiu atacar Israel agora?

Por todo o kibbutz, a comunidade se escondeu nos seus quartos seguros. E a sensaçãosorteio da quina hojepavor no grupo aumentou quando muitas pessoas começaram a ter dificuldade para trancar as portas dos quartos.

"Como se faz uma travasorteio da quina hojeemergência? Como sabemos se ela realmente está trancada?", alguém perguntou.

"Você consegue trancar o quarto seguro?", perguntou outra pessoa.

"Contra mísseis, sim, mas contra terroristas, não."

Imagens com instruções para trancar as portas foram compartilhadas no gruposorteio da quina hojeWhatsApp. Mas as pessoas que não conseguiam trancá-las temiam que o Hamas pudesse simplesmente entrar nos quartos.

Os sons do ladosorteio da quina hojefora

Na casasorteio da quina hojeMichal Pinyan,sorteio da quina hoje44 anos, seu marido havia saído do quarto seguro para trancar a frente da casa. Foi quando a família ouviu gritossorteio da quina hojeárabe no ladosorteio da quina hojefora, seguidos por tiros.

Depoissorteio da quina hojecorrersorteio da quina hojevolta para o quarto seguro, o maridosorteio da quina hojePinyan construiu um dispositivosorteio da quina hojetrava com cordas e um tacosorteio da quina hojebasebol, que ele ficou segurando pelas quase 19 horas que eles passaram no quarto.

No silêncio assustador dos quartos seguros, as pessoas não se arriscavam a gritar, mas digitavam freneticamente. Pinyan acompanhava o fluxo das mensagens.

Elas não conseguiam ouvir o que acontecia no ladosorteio da quina hojefora, exceto pelos sons abafados através das espessas paredes. Mas, do pouco que conseguiam entender, elas tentavamsorteio da quina hojeconjunto compreender o que estava acontecendo.

As pessoas compartilhavam mensagenssorteio da quina hoje"batidas frenéticas" na porta enquanto os combatentes iamsorteio da quina hojecasasorteio da quina hojecasa.

"Não são batidas, são tiros", alguém disse.

Durante a primeira hora do ataque, as pessoas contavam ao grupo que conseguiam ouvir os tiros na vizinhança ou forasorteio da quina hojeuma casa específica. As respostas eram inevitáveis: "também ouvimos".

"Entendemos que não era um único terrorista, era um ataquesorteio da quina hojemassa", conta Pinyan. "De cada canto do kibbutz, nós ouvíamos 'eles estão aqui, eles estão aqui'. Eles estavamsorteio da quina hojetodos os lados ao mesmo tempo."

Ambulância transporta feridos para hospitalsorteio da quina hojeTel Aviv, após uma incursão do Hamas nos assentamentos israelenses ao redor da Faixasorteio da quina hojeGaza

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Ambulância transporta feridos para hospitalsorteio da quina hojeTel Aviv, após uma incursão do Hamas nos assentamentos israelenses ao redor da Faixasorteio da quina hojeGaza

À medida que ficava clara a escala do ataque, postagens temerosas e frustradas invadiram o grupo, perguntando quando chegaria o exército – e por que ainda não estava por lá.

"Você consegue ouvir os tiros por perto. Espero que seja o primeiro esquadrãosorteio da quina hojeresgate atirando", escreveu uma mulher. Ela se referia a uma pequena unidade do kibbutz que reage a alertassorteio da quina hojeintrusos antessorteio da quina hojeentregar os trabalhos para os militares.

O irmãosorteio da quina hojeGerster, Eitan Hadad, fazia parte daquela unidade e correu para ajudar, deixando o casal no quarto seguro. Mas aquela seria a última vezsorteio da quina hojeque ele seria visto.

"Ele saiu e nós ficamos no quarto seguro", ela conta. "Foi simplesmente um horror."

"Você não sabia o que estava acontecendo, você só ouvia os tiros a todo momento, bombas e lutas. E não parava por um minuto."

A unidadesorteio da quina hojeresgatesorteio da quina hojecercasorteio da quina hoje10 pessoas claramente não foi páreo para os integrantes do Hamas.

No WhatsApp, as pessoas relatavam cada vez mais tiros e homens falando árabe no ladosorteio da quina hojefora. Os apelos desesperados por ajuda ficaram mais frequentes.

"Estousorteio da quina hojecasa sozinha e muito assustada", escreveu uma moradora.

Em outro ponto do kibbutz, Shir Gutentag estava tentando confortar calmamente suas filhassorteio da quina hojeoito e cinco anossorteio da quina hojeidade, enquanto acompanhava as mensagens no WhatsApp sem acreditar no que lia.

"Primeiro, quando percebi que havia terroristas no kibbutz, fiquei abalada", ela conta. "Fiqueisorteio da quina hojechoque. Mas logo disse para mim mesma, 'você precisa ficar calma', porque elas estão olhando para mim, minhas filhas, vendo minhas reações e começando a ficarsorteio da quina hojepânico."

"Então, disse a elas que estava tudo bem. Tudo iria ficar bem", relembra ela.

Já haviam se passado horas desde o início do ataque e a crise só piorava. O Hamas invadia as casas das pessoas e ameaçava os quartos seguros. Enquanto isso, os membros do gruposorteio da quina hojeWhatsApp imploravam por ajuda.

'Seu pai não está bem'

Pinyan lia os pedidossorteio da quina hojeajuda e enviava mensagens parasorteio da quina hojefamília,sorteio da quina hojeum grupo separado no WhatsApp. Ela compartilhou com a BBC o conteúdo daquele grupo, que mostra uma percepção assustadora do desespero da família enquanto detalhava o ataque do Hamassorteio da quina hojetempo real.

Por volta das 9h30, a mãesorteio da quina hojePinyan escreveu no grupo da família que estava ouvindo vozessorteio da quina hojeárabe forasorteio da quina hojecasa. Quinze minutos depois, outra mensagem confirmou que o paisorteio da quina hojePinyan havia sido ferido.

Ambulância que resgatou israelenses após ataques

Crédito, Getty Images

Pinyan havia tentado ficarsorteio da quina hojesilêncio no seu quarto seguro até então. Mas ela simplesmente não conseguiu permanecer quieta e ligou parasorteio da quina hojemãe, que atendeu o telefone sussurrando.

"Eles estão aqui, eles atiraram no seu pai, ele não está bem", ela disse. "E,sorteio da quina hojeseguida, ela desligou", segundo Pinyan.

Sua mãe continuou escrevendo no grupo da família: "socorro, socorro".

Os combatentes do Hamas usaram uma arma para arrombar a porta do quarto seguro e atiraram no paisorteio da quina hojeMichal Pinyan quando ele tentou revidar. Em seguida, eles atiraram granadas.

Sua mãe escreveu um apelo final por socorro às 10h15. A partir dali, ela não respondeu mais às mensagens dos filhos. Ela também havia sido morta.

Os paissorteio da quina hojeMichal Pinyan
Legenda da foto,

Os paissorteio da quina hojeMichal Pinyan foram mortos durante o ataque do Hamassorteio da quina hoje7sorteio da quina hojeoutubro.

Enquanto seus pais estavam sendo atacados, Pinyan enviava mensagens desesperadamente no grupo das mães, pedindo que alguém os ajudasse. Ela continuaria postando mensagens por todo o dia, na esperançasorteio da quina hojeque,sorteio da quina hojealguma forma, eles houvessem sobrevivido.

E ela não foi a única. Outras pessoas continuavam implorando para que alguém, qualquer pessoa, procurasse pelos seus pais, amigos, primos.

Mas ninguém conseguia. Todos estavam na mesma situação,sorteio da quina hojebarricadas nos seus próprios quartos seguros.

Casas incendiadas

As armas do Hamas eram pistolas e granadas, mas eles também incendiaram casas.

"Toda a casa é só fumaça", escreveu uma moradora. "O que devo fazer? Digam-me o que fazer."

"Temos fogo dentro do quarto seguro", "a janela do quarto seguro está toda preta", diziam outras mensagens.

Na rua mais próxima à Faixasorteio da quina hojeGaza, a casa do paisorteio da quina hojeDafna Gerster, Meir Hadad, estava sendo queimada. Hadad é portadorsorteio da quina hojenecessidades especiais.

No seu grupo da família, a cuidadorasorteio da quina hojeHadad, Bhing Sol, filipinasorteio da quina hoje52 anos, implorava aos seus filhos que buscassem socorro.

"Eles estão aqui", escreveu ela, referindo-se ao Hamas,sorteio da quina hojeuma mensagem às 9h44.

"Está cheiosorteio da quina hojeterroristas", escreveu Sol mais tarde. Ela disse que eles pilharam a casa antessorteio da quina hojeatear fogo.

"O quarto seguro estava cheiosorteio da quina hojefumaça", ela conta. "Continuei pedindo a todos que nos ajudassem porque nós poderíamos ser queimados vivos. Mas ninguém podia nos ajudar porque todos estavam apavorados."

No grupo das mães, outras pessoas também pediram ajuda para Meir.

Como pouca coisa poderia ser feita para atender a todos os apelos, elas ofereciam sugestões práticas umas às outras – pequenas dicassorteio da quina hojesobrevivência doméstica que as ajudassem e, talvez, até salvassem suas vidas, nos momentossorteio da quina hojeque elas estivessem mais indefesas.

Este era o espírito do gruposorteio da quina hojeWhatsApp, não só naquele dia, mas ao longo dos seus anossorteio da quina hojeexistência. Era um lugar onde as mulheres podiam desabafar, oferecer conselhos e apoiar-se mutuamente.

"Toda a casa está cheiasorteio da quina hojefumaça, o que devo fazer?", perguntou alguém. "Tente colocar um pano úmido sobre o rosto. Ou urina", respondeu outra moradora.

Em outra trocasorteio da quina hojemensagens, uma moradora escreveu: "não consigo respirar dentrosorteio da quina hojecasa, acho que há um incêndio, socorro, urgente".

"Fique no quarto seguro e não saia, coloque um pedaçosorteio da quina hojepano sobre o nariz", respondeu uma vizinha.

Enquanto a esposa e os filhossorteio da quina hojeGolan Abidbol (de 44 anos) se abrigavam no quarto seguro da família, ele se pôs na cozinha com uma arma, enquanto via os membros do Hamas atirarem um coquetel molotovsorteio da quina hojeoutro prédio.

Enquanto ele assistia, ele viu uma família saltar da janela do segundo andar e correr para o quarto seguro do vizinho.

Golan Abidbol e família
Legenda da foto,

Golan Abidbol (embaixo, à direita), montou guarda na cozinha enquantosorteio da quina hojefamília se escondia no quarto seguro

"Foi uma injeçãosorteio da quina hojeadrenalina", ele conta. "Se alguém entrasse na minha casa, eu teria a luta da minha vida."

"Mandei fotos para o vizinhosorteio da quina hojebaixo porque a casa dele começou a pegar fogo", prossegue ele. "Eu disse: 'agora. Não vejo ninguém. É uma boa hora.' Ele então saiu para o abrigosorteio da quina hojeoutro vizinho."

Abidbol conta que esta é a "essência do kibbutz".

"Somos uma grande família", afirma ele. "Se precisarmos abrir a porta quando há terroristas no ladosorteio da quina hojefora e deixar os vizinhos entrarem para que eles sobrevivam, nós abrimos. Ninguém sequer hesitou."

Perto do meio-dia, dois ou três homens tentaram entrar na casasorteio da quina hojeAbidbol. Ele puxou o gatilho.

"Eles incendiaram a casa e saíram", ele conta. "Não sei por que eles decidiram fazer aquilo, mas eles saíram e não me enfrentaram mais."

Ao mesmo tempo, mensagens devastadoras continuaram a mostrar no grupo que o Hamas estava invadindo as casas e tentando entrar nos quartos seguros.

"Disparos na porta do nosso quarto seguro", dizia uma mensagem. "Socorrooo. Qualquer um."

Enquanto isso, na casa incendiadasorteio da quina hojeBhing Sol e Meir Haddad, integrantes haviam começado a atirar no quarto seguro, que se encheusorteio da quina hojefumaça.

Meir Hadad (esq.) e Bhing Sol
Legenda da foto,

A casasorteio da quina hojeMeir Hadad (esq.) e Bhing Sol foi incendiada

"Assumi o risco e abri a janela do quarto seguro, pensando que o ar iria entrar, mesmo por um espaço pequeno", conta Sol.

"Eles continuaram lançando bombas, granadas ou algo assim, dentrosorteio da quina hojecasa. Eu sabia que ela estava queimando porque a porta estava quente como fogo", segundo ela. "Mas continuei segurando a porta com um cobertor porque eu não sabia se eles conseguiriam abrir a porta."

Sol relata que, mais tarde, ocorreu um milagre: uma rachadura se formou no teto do quarto e a água começou a pingar sobre a cabeçasorteio da quina hojeHadad. Ela apertou as bochechassorteio da quina hojealegria quando as primeiras gotas caíram e ela esfregou as mãos sobre o rosto.

Enquanto esperavam, Sol e Hadad conseguiam ouvir reféns sendo levadossorteio da quina hojedireção à Faixasorteio da quina hojeGaza.

"Ouvi muitas pessoas que foram levadas para fora. Depois, ouvi gritos e o Hamas rindo e comemorando que havia capturado alguém", conta Sol.

A primeira referência no grupo das mães a alguém sequestrado surgiu às 12h09.

A BBC verificou as filmagens daquele dia, que mostram integrantes do Hamas conduzindo cinco reféns, incluindo uma idosa, pela rua no kibbutz Be'eri. Não sabemos o horário daquelas imagens.

Israel afirma que, ao todo, cercasorteio da quina hoje150 pessoas foram raptadas e levadas para a Faixasorteio da quina hojeGaza. Não se sabe quantas delas vieram do kibbutz Be'eri.

À esperasorteio da quina hojesocorro

Enquanto algumas pessoas eram levadas embora pelo Hamas, outras se perguntavam quando chegaria o exército.

Shir Gutentag lia as mensagens enquanto tentava confortar suas filhas, colocando continuamente uma das mãos sobre cada uma delas.

"Ouvi mensagenssorteio da quina hojevoz terríveis", ela conta. "Houve uma mulher que disse quesorteio da quina hojebebê estava morta. Ela gritava, pedindo ajuda."

"Outra viusorteio da quina hojemãe ser morta e estava esperando há horas no quarto seguro, sussurrando para pedir ajuda, dizendo 'salve-me, não quero morrer'."

Outras mensagens no gruposorteio da quina hojeWhatsApp contam ferimentos horríveis, incluindo um familiar sangrando, com uma ferida enorme.

Existem muitas mensagens naquele chat. Algumas descrevem ferimentos, mas não conseguimos determinar o destinosorteio da quina hojetodas as participantes do grupo.

Enquanto esperavam pela chegada dos soldados israelenses, sentadas nos quartos seguros, as moradoras do kibbutz continuavam a apoiar umas às outras.

Gutentag fez ligações silenciosas para as vizinhas que postavam mensagens expondosorteio da quina hojeangústia, dizendo "respire comigo".

"Postei muitas mensagenssorteio da quina hojeincentivo: tenho certezasorteio da quina hojeque o exército está aí, tenho certezasorteio da quina hojeque eles estão chegando, tenha paciência, respire", ela conta. Outras pessoas do grupo fizeram o mesmo.

Em uma trocasorteio da quina hojemensagens, alguém perguntou: "alguém pode dizer alguma coisa para nos acalmar?" Foi questãosorteio da quina hojesegundos até que uma vizinha respondesse "eu posso" e descrevesse como o exército iria lidar com a questão.

Perto das 15 horas, Gutentag recebeu uma ligaçãosorteio da quina hojevizinhos pedindo para ir para asorteio da quina hojecasa porque a deles estava cheiasorteio da quina hojefumaça.

Ela correu para a porta da frente e começou a desfazer uma pilhasorteio da quina hojemóveis que ela havia colocado contra a porta, para impedir que alguém entrasse. Ela então deixou a famíliasorteio da quina hojequatro pessoas passar, levando-os para o quarto seguro antessorteio da quina hojemontar novamente a barricada.

Poucos minutos depois, outra mulher entrousorteio da quina hojecontato pedindo para entrar e Gutentag conduziu novamente o mesmo processo.

Enquantosorteio da quina hojefamília aguardava o resgate que elas não tinham certeza se iria acontecer, Michal Pinyan conta que colocava as mãos sobre seus três filhos e "dava beijinhos, massorteio da quina hojesilêncio".

Uma mensagem no grupo do WhatsApp ofereceu conselhos sobre como manter as crianças calmas. A mensagem dizia que o medo é normal e aconselhava a acalmar as crianças com um abraço.

A chegada das forçassorteio da quina hojesegurança

À tarde, as atualizações compartilhadas no grupo indicavam que os soldados das Forçassorteio da quina hojeDefesasorteio da quina hojeIsrael (IDF, na siglasorteio da quina hojeinglês) haviam chegado e começavam a avançar.

"Os soldados, agora, estão lutando... mais dois batalhões estão a caminho", dizia uma mensagem, enviada pouco depois das 15h30.

As pessoas continuavam a postar seus endereços, na esperançasorteio da quina hojeque alguém viesse salvá-las. Elas acrescentavam informações rápidas, como "terroristas escondidos".

O grupo palestino Hamas realizou um ataque surpresa no sulsorteio da quina hojeIsrael nas primeiras horas deste sábado (7/10)

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

O grupo palestino Hamas realizou um ataque surpresa no sulsorteio da quina hojeIsrael nas primeiras horas deste sábado (7/10)

Mas a confusão continuava a dominar a todos e ninguém parecia saber quantos soldados haviam chegado, nem se eles vinhamsorteio da quina hojeum grupo organizadosorteio da quina hojecondiçõessorteio da quina hojecontrolar a situação.

As pessoas relataram ouvir gritossorteio da quina hoje"IDF, IDF!" no ladosorteio da quina hojefora, mas não sabiam se podiam confiar no barulho. Talvez fosse o Hamas disfarçado para tentar fazer os moradores abrirem suas portas.

Abidbol continuavasorteio da quina hojepé comsorteio da quina hojearma na cozinha. Ele conta que conseguia ver os homens do Hamas com granadas, gritando "IDF, IDF".

"Enviei mensagens para os vizinhos dizendo que eu não achava que fosse a IDF", ele conta. "Eles tinham sotaque e não estavam adequadamente vestidos – estavamsorteio da quina hojeuniforme, mas não estavam vestidos direito."

Esta mensagem também foi compartilhada no grupo. "Eles também se disfarçaramsorteio da quina hojesoldados, não atendam ninguém do ladosorteio da quina hojefora", dizia uma das mensagens.

A evacuação

À medida que a noite se aproximava, as mensagens começaram a trazer mais esperança.

Os sons ouvidos pelas pessoas nos seus quartos seguros eram diferentes. Muitos começaram a ouvir mais vozes falandosorteio da quina hojehebraico.

Eles haviam esperado por socorro quase um dia inteiro.

Em uma das primeiras mensagens no grupo, uma das participantes disse às pessoas que não se preocupassem e que elas não precisavam do exército. Tudo estaria resolvidosorteio da quina hojebreve.

Mas, poucos minutos depois, as pessoas estavam implorando pela chegada dos soldados.

Agora que a ajuda finalmente havia chegado, os moradores tentavam coordenar com os soldados os locais para onde as tropas das IDF deveriam ser enviadas para lutar.

Israelenses sob o controlesorteio da quina hojehomens do Hamas na comunidade Be'eri

Crédito, Twitter

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Israelenses sob o controlesorteio da quina hojehomens do Hamas na comunidade Be'eri

"Quem precisasorteio da quina hojeajuda e onde? Mandem as localizações das casas", escreveu alguém.

Pouco antes das 18 horas, circulou uma mensagem dizendo que as principais forças do exército estavam cuidando do incidente.

"Até agora, vocês foram incríveis e corajosos. Permaneçam nos quartos seguros e o incidente irá terminar. Todos estão cientes da situação e as informações estão chegando a todo momento", dizia a mensagem.

Foi perto desse horário que Bhing Sol e Meir Hadad foram resgatados do seu quarto seguro.

A casa àsorteio da quina hojevolta, onde a família estava reunidasorteio da quina hojetorno do jogosorteio da quina hojetabuleiro na noite anterior, agora eram cinzas. Mas,sorteio da quina hojealguma foram, eles sobreviveram, presossorteio da quina hojeum quarto minúsculo, enquanto todos os seus pertences queimavam.

Sol olhou para trás enquanto eles saíam escoltados pelos soldados. Pelo celular, ela tirou uma foto do que sobrou dasorteio da quina hojecasa.

Médicos empurram um homem ferido na entradasorteio da quina hojeemergência do hospital Ichilov,sorteio da quina hojeTel Aviv, após uma incursão do Hamas nos assentamentos israelenses ao redor da Faixasorteio da quina hojeGaza

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Médicos empurram um homem ferido na entradasorteio da quina hojeemergência do hospital Ichilov,sorteio da quina hojeTel Aviv, após uma incursão do Hamas nos assentamentos israelenses ao redor da Faixasorteio da quina hojeGaza

De volta ao grupo, uma mensagem enviada às 18h08 dizia: "estão começando um processosorteio da quina hojeevacuação". Esta postagem foi seguida pelas primeiras mensagenssorteio da quina hojepessoas contando que haviam sido salvas.

Mas o processo foi lento. Muitas continuaram a pedir ajuda noite adentro.

"Muitas balas também por aqui. Não para. Por favor, eles estão aqui", disse uma mensagem enviada pouco depois das 19 horas.

Os militares chegaram ao apartamento do irmãosorteio da quina hojeGerster às 20 horas, dizendo a ela e ao seu marido que eles seriam resgatadossorteio da quina hojeuma hora.

Participantes do grupo das mães começaram a compartilhar as senhas que os soldados iriam fornecer para que os moradores pudessem confirmar que eram realmente eles. As pessoas continuavam preocupadas se, na verdade, não seria o Hamas tentando entrar nas suas casas.

Enquanto isso, o som dos disparos prosseguia. Eles foram informados que não havia acabado, mas, como eles haviam passado o dia inteiro sem ver nada, mas ouvindo tudo, a sensação era que eles não conseguiam diferenciar nada, nem confiarsorteio da quina hojeninguém.

"Eles não estão dizendo a senha, ajudem", escreveu uma moradora.

Antes e depois: casasorteio da quina hojeMeir queimada pelo Hamas
Legenda da foto,

Antes e depois: casasorteio da quina hojeMeir queimada pelo Hamas

Quando os militares chegaram à casasorteio da quina hojeMichal Pinyan, ela inicialmente se recusou a abrir a porta. Uma das pessoas da unidadesorteio da quina hojeemergência do kibbutz ligou para o maridosorteio da quina hojePinyan, para ter certezasorteio da quina hojeque realmente eram as IDF.

"Eles disseram que eles iriam voltando e gritar", conta ela. "E ele disse a eles que gritassem o nosso nome e eles abririam."

Os soldados formaram um círculosorteio da quina hojevolta da família e do cachorrosorteio da quina hojeestimação. E os escoltaram para fora do kibbutz.

"Eles nos disseram 'vamos sairsorteio da quina hojesilêncio e,sorteio da quina hojealgum momento, vocês irão precisar cobrir os olhos dos seus filhos, pois existem muitos corpos no ladosorteio da quina hojefora'."

"Então, nós andamos, com o cachorro e ele, realmente, estava muito calmo. Levamos, eu acho, 15 minutos para sair do kibbutz até onde eles reuniram todas as pessoas. Os soldados visitaram todas as famílias desta forma, então levou muito tempo."

Pinyan cobriu os olhos das crianças, mas manteve os seus abertos.

"Eu queria olhar", relembra ela. "Vi corpos. Meu marido disse que viu corpossorteio da quina hojepessoas do kibbutz, mas eu vi corpossorteio da quina hojeterroristas."

Outras pessoas não conseguiam olhar para os restos dasorteio da quina hojecomunidade. "Eu olhava para baixo", conta Gutentag. "Acho que isso salvou a minha alma."

Enquanto eles esperavam para serem levados embora, um atirador abriu fogo perto deles. Aquilo ainda não havia acabado.

Os moradores foram levadossorteio da quina hojecaminhões do exército para uma cidade próxima, antessorteio da quina hojeserem transportados para um hotel no Mar Morto.

Dafna Gerster viu os militares pela primeira vez às 20 horas, mas só foi resgatada depoissorteio da quina hojeuma hora da manhã. Ela havia passado as últimas 19 horassorteio da quina hojeum estadosorteio da quina hojetensão e horror tão grande que não havia se preocupado muito com seu irmão.

Ela descobriu que ele morreu lutando. E não foi o único.

Uma mulher postou às 10 horas que integrantes do Hamas estavam dentro dasorteio da quina hojecasa e fez repetidos pedidossorteio da quina hojeajuda por toda a manhã. Ela ficousorteio da quina hojesilêncio por boa parte da tarde, até enviar uma enxurradasorteio da quina hojepostagens perto das 17 horas.

A primeira mensagem foisorteio da quina hojevoz, um sussurro devastador: "precisosorteio da quina hojeajuda".

Outras pessoas responderam que ela permanecesse ali.

Às 18 horas, ela postousorteio da quina hojenovo: "precisamos ser evacuados".

Estas foram as últimas mensagens daquela mulher observadas pela BBC no gruposorteio da quina hojeWhatsApp. Seus amigos afirmam que ela deve estar morta ou ter sido capturada.

Os moradores do kibbutz agora relembram a vida que tinham antes daquela primeira mensagem que dizia "Deus nos livre" – um temposorteio da quina hojeque aquela comunidade, para eles, era um paraíso.

Eles descrevem um belo cenário, uma comunidadesorteio da quina hojemães e amigos que confiavam uns nos outros e cuidavam dos seus vizinhos.

Os sobreviventes afirmam que estão reunindo forças com asorteio da quina hojecomunidade desfeita, mas não conseguem esquecer aqueles que perderam.

"Eles são nossos amigos, são nossa família, são tudo para nós", lamenta Golan Abidbol. "Nós os conhecemos. Eles fizeram parte das nossas vidas desde que nascemos e os queremossorteio da quina hojevolta."

Os moradores passaram décadas construindo uma comunidade no kibbutz Be'eri. Para eles, parecia algo indestrutível. Agora, muitos não sabem para onde ir e o que fazer.

"Não sei nem mesmo se teremos uma casa para onde ir depois disso", lamenta Gerster. "Vivíamos na ilusãosorteio da quina hojeque estávamos seguros."

* Com tradução das mensagens originaissorteio da quina hojeShaina Oppenheimer, Jonathan Beck, Liora Schurr e Jonathan Shamir, entre outros.

Design e visualizaçãosorteio da quina hojeTural Ahmedzade e Joy Roxas.

Verificação pela equipe BBC Verify.

Edição: Samuel Horti.