Como 'estresse hídrico' vai assolar América Latina nos próximos 25 anos:betano promo

Criança bebendo água

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Continente vai sofrer duas vezes mais do que o resto do mundo

A seguir, veja por que o consumo está aumentando tanto na região e como está a situação do Brasilbetano promorelação aos vizinhos da região.

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Legenda da foto, Atividade industrial e agrícola são grandes motivadores do aumento da demanda

Três causas principais

Expansão agrícola, atividades industriais e crescimento populacional (e fluxos migratórios) são as três principais causas identificadas pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

Embora circunstâncias semelhantes se repitambetano promooutras partes do mundo, na América Latina elas ocorrem a um ritmo acelerado.

"O que está acontecendo é extremamente preocupante", diz à BBC News Mundo (serviçobetano promoespanhol da BBC) Michelle Muschett, chefe da Diretoria para a América Latina e o Caribe do Pnud.

Por um lado, o consumobetano promoágua aumenta e, por outro, a quantidadebetano promoágua disponível diminui à medida que aumentam os eventos extremos relacionados com as mudanças climáticas, com aumento progressivo das temperaturas e das secas.

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O estresse hídrico, explica Muschett, não é apenas um problema ambiental.

A escassezbetano promoágua aumenta a desigualdade e tem um sério impacto na nutrição, porque os alimentos podem se tornar escassos e mais caros.

Também afeta a saúde, pois pode incentivar o consumobetano promoágua contaminada e causar problemasbetano promohigiene, alémbetano promoprejudicar a subsistênciabetano promomuitas famílias quando as terras secam.

Só no ano passado, houve uma perdabetano promo30%betano promoalgumas culturas alimentícias na Argentina ebetano promo80% no Peru.

As secas sem precedentes também perturbaram o tráfegobetano promonavios através do Canal do Panamá, afetando o crescimento econômico do país e uma parte significativa do comércio marítimo global.

Outra consequência da escassezbetano promoágua é o seu impacto na energia.

Nas últimas duas décadas, mais da metade da energia produzida na região veiobetano promousinas hidrelétricas, marcando uma tendência crescente.

Embora a energia hidrelétrica seja uma fontebetano promoenergia renovável considerada "verde", o problema é que a escassezbetano promoágua a torna menos confiável.

Isso ficou evidente no Equador, que dependebetano promocentrais hidroelétricas para maisbetano promotrês quartos dabetano promoeletricidade. Em abril deste ano, o país declarou estadobetano promoemergência e começou a racionar eletricidade devido à faltabetano promochuva.

O Brasil também depende muito da energia hidrelétrica: 55%betano promotoda a nossa eletricidade é produzida por esse tipobetano promousina.

Mas a faltabetano promochuva é apenas uma face da moeda.

As projeções científicas indicam que alguns países terão estações chuvosas mais curtas e, ao mesmo tempo, a precipitação será mais extrema.

Nestas circunstâncias, como os aquíferos e os solos não conseguem absorver o excessobetano promoágua, perde-se uma parte importante dos recursos hídricos - e pode haver inundações com graves consequências.

Os países mais afetados da América Latina

Atualmente, 25 países no mundo sofrembetano promoestresse hídrico extremo.

Na América Latina, o Chile é o único nessa categoria, segundo análise do World Resources Institute.

Os outros países mais afetados pela escassezbetano promoágua na região são o México e o Peru, ambos com um elevado nívelbetano promoestresse hídrico.

No Brasil, o estresse hídrico é considerado médio/baixo no momento (veja gráfico acima).

Até 2050, o Chile continuará a liderar o ranking da América Latinabetano promoestresse hídrico extremo, enquanto o México e o Peru continuarão expostos a um nível elevado.

Os níveis foram calculados utilizando o cenário intermédio, ou seja, se os esforços atualmentebetano promocurso para mitigar os efeitos das alterações climáticas não aumentarem nem reduzirem.

Masbetano promo2080, o México e o Chile serão os dois países da região afetados por um estresse hídrico extremo, enquanto o Peru e El Salvador estarão num nível elevado, se as atuais políticas ambientais forem mantidas.

Mãos recolhem pingosbetano promoáguabetano promouma torneira sobre um fundo seco

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Previsões não são trazem um bom cenário

Estresse hídrico no Chile

Embora a escassezbetano promoágua afete toda a região, no Chile a situação é crítica.

O país sul-americano concentra várias das áreas mais secas do mundo e uma parte importante dabetano promoeconomia depende tanto da mineração quanto da agricultura.

"Essas duas atividades demandam grandes quantidadesbetano promoágua. E a isso se soma o fortíssimo impacto das mudanças climáticas", argumenta Muschett, do Pnud.

Para enfrentar o problema, acrescenta, o país deve aumentar seus esforços para que as atividades que geram maior estresse hídrico possam ser feitasbetano promoforma planejada.

Uma das chaves para enfrentar o problema, afirma a especialista, é que haja uma gestão integrada da água que garanta o consumo humano e as atividades econômicas do país, onde participem os setores público e privado.

E outro elemento fundamental, acrescenta Muschett, é que o planejamento seja feito com as comunidades.

Os esforços,betano promoúltima análise, deveriam visar a "um equilíbrio entre as aspirações econômicas e as aspirações ambientais", segundo ela.

A crise hídrica no resto do mundo

Os 25 países afetados pelo estresse hídrico extremo abrigam um quarto da população mundial,betano promoacordo com o Atlasbetano promoRisco Hídrico elaborado pelo World Resources Institute, localizadobetano promoWashington DC, Estados Unidos.

Viver com um nível tão elevadobetano promoescassezbetano promoágua põebetano promoperigo a vida das pessoas, o emprego e a segurança alimentar e energética, observa o estudo.

Sem uma intervenção mais profunda (como o investimentobetano promoinfraestruturas hídricas e uma melhor governança da água), argumenta o centrobetano promoinvestigação, o estresse hídrico continuará a piorar, especialmentebetano promolocais com populações e economiasbetano promorápido crescimento.

Os países com maior escassezbetano promoágua no mundo são Bahrein, Chipre, Kuwait, Líbano, Omã e Catar. O estresse hídrico nestes países deve-se principalmente à baixa oferta e à elevada procurabetano promoutilização doméstica, agrícola e industrial.

E as regiões com maior estresse hídrico são o Médio Oriente e o Nortebetano promoÁfrica, onde 83% da população está exposta a um estresse hídrico extremamente elevado.

Até 2050, espera-se que maisbetano promo1 bilhãobetano promopessoas vivam com um estresse hídrico extremamente elevado.

Apesar desta perspectiva, o estresse hídrico não conduz necessariamente a uma crise hídrica, argumentam os pesquisadores.

Por exemplo, locais como Singapura e a cidade americanabetano promoLas Vegas (Estadobetano promoNevada) demonstram que as sociedades podem prosperar mesmo nas condiçõesbetano promomaior escassezbetano promoágua, recorrendo a técnicas como e eliminação da pastagem intensiva, a dessalinização e o tratamento e reutilizaçãobetano promoáguas residuais.

O Atlasbetano promoRisco Hídrico aponta que "resolver os desafios hídricos globais é mais barato do que se imagina".

"O que falta é a vontade política e o apoio financeiro para tornar realidade estas soluções económicas", diz a publicação.