Bolsa Família, 20 anos: 'Meus pais foram beneficiários, hoje sou engenheirofoto da roleta cassinosoftware':foto da roleta cassino
Dener e a irmã fazem parte do grupofoto da roleta cassino"filhos do Bolsa Família" que conseguiu deixar o programa na vida adulta. A BBC News Brasil ouviu também a experiênciafoto da roleta cassinoquem precisou voltar a receber o benefício.
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As trajetórias dessas famílias sugerem que a saída permanente da pobreza depende da combinação da transferênciafoto da roleta cassinorenda com uma sériefoto da roleta cassinofatores, incluindo um conjunto maiorfoto da roleta cassinopolíticas públicas.
Avós analfabetos, pais no Bolsa Família, filhos na universidade
"Dos meus avós, só um foi alfabetizado. Minha mãe estudou até a quarta série e meu pai nunca concluiu o ensino médio", conta Dener.
A pernambucana Luzinete e o maranhense Francisco foram para São Paulo nos anos 1980, lembra o filho do casal.
"Eles foram naquela última grande levafoto da roleta cassinoimigrantes nordestinos – minha mãe, aos 15 anos, para ser empregada doméstica. E meu pai um pouco mais tarde, aos 18 anos, e foi lixeiro, porteiro, mecânico e operário industrial, mas sempre com vontadefoto da roleta cassinovoltar ao Nordeste."
Depoisfoto da roleta cassinouma primeira tentativa fracassada, Luzinete e Francisco se instalaramfoto da roleta cassinoParnaíba, no Piauí, no fim dos anos 1990, ela para trabalhar como cabeleireira e ele, como mecânicofoto da roleta cassinomotos.
"Minha mãe cortava cabelo e cobrava R$ 2 por corte, mas tinha dia que cortava três, quatro cabelos, e tinha dia que não cortava nenhum, então não tinha uma estabilidadefoto da roleta cassinorenda", lembra Dener, observando que a situação do pai, como mecânico autônomo, era similar.
"Foi quando surgiu o Bolsa Escola, alifoto da roleta cassino2001, e a gente começou a receber esse benefício, que na época erafoto da roleta cassinoR$ 15", recorda.
Criado durante o segundo mandatofoto da roleta cassinoFernando Henrique Cardoso (PSDB), o valor do benefício do Bolsa Escola era pago por criança entre 6 e 15 anos (até um máximofoto da roleta cassinoR$ 45), às famílias com renda abaixofoto da roleta cassinoR$ 90 por pessoa, com a contrapartidafoto da roleta cassinomanutenção das crianças na escola.
Em 2003, logo no início do primeiro mandatofoto da roleta cassinoLuiz Inácio Lula da Silva (PT), a família passou a receber o Bolsa Família, lembra Dener.
O Bolsa Família reuniu num só benefício quatro programasfoto da roleta cassinotransferênciafoto da roleta cassinorenda do governo FHC (Bolsa Escola, Vale Gás, Bolsa Alimentação e Cartão Alimentação). Inicialmente, o programa previa um benefício básicofoto da roleta cassinoR$ 50 para famílias com renda por pessoafoto da roleta cassinoaté R$ 50 e um benefício variávelfoto da roleta cassinoR$ 15 (também até um limitefoto da roleta cassinoR$ 45) para famílias com crianças com renda per capita até R$ 100.
"O Bolsa Família deu para a nossa família, naquele tempo, uma estabilidade, pelo menos para o básico do básico. Não salvava o mundo, obviamente, mas você sabia que tinha aquilo ali, que você ia receber e ir mantendo as coisas girando", diz o filhofoto da roleta cassinobeneficiários.
Mas a vida não era fácil. Dener lembra, por exemplo, que nessa época recebeu uma bolsa parcial para estudarfoto da roleta cassinouma escola privada, mas não havia dinheiro para o lanche.
"Eu ficava com vergonha, e minha mãe usava o dinheiro do Bolsa Família para pagar parte da mensalidade da escola. Acho que era R$ 50 à época, mas eu sentia que esse dinheiro fazia falta", conta o hoje engenheirofoto da roleta cassinosoftware.
"Então pedi para eles me colocarem na escola pública, porque isso resolveria dois problemas – eles ficariam com o dinheiro e a escola pública tinha merenda, então eu não ia mais ter esse problemafoto da roleta cassinoficar com fome às vezes durante as aulas."
A 'grande virada'
Assim, Dener estudou a maior parte do ensino fundamentalfoto da roleta cassinoescola pública.
Já a irmã mais nova, Vitória, num momentofoto da roleta cassinoque a vida da família já estava um pouco melhor, estudou no Sesi (Serviço Social da Indústria) efoto da roleta cassinoescolas particularesfoto da roleta cassinoParnaíba.
"Recebemos o Bolsa Família até 2006 ou 2007, daí o Brasil começou a dar aquela melhora econômica, a atividade aquifoto da roleta cassinoParnaíba melhorou bastante e meus pais começaram a melhorarfoto da roleta cassinovida."
Dener conta que lembra quando a assistente social visitou a casa da família na época da renovação do benefício, efoto da roleta cassinomãe disse a ela que não precisaria mais do auxílio.
Mas, segundo ele, a "grande virada" para a família veio quando o pai se tornou professorfoto da roleta cassinomecânicafoto da roleta cassinomotos do Pronatec, programafoto da roleta cassinoestímulo ao ensino técnico criado durante o primeiro mandatofoto da roleta cassinoDilma Rousseff (PT).
Em 2007, Dener começou a estudar numa escola técnica estadual e depois foi inaugurado o Instituto Federal do Piauífoto da roleta cassinoParnaíba, onde ele também foi aluno e bolsista, e teve acesso a professoresfoto da roleta cassinoprogramação com mestrado e doutorado.
Com a expansão das universidades públicas, ele foi o primeiro da família ir para a faculdade, estudando Ciência da Computação na Universidade Federal do Ceará (UFC), e teve a experiênciafoto da roleta cassinoser bolsista no exterior pelo programa Ciência sem Fronteiras.
Aos 23 anos, pouco mais do que a idade do programa Bolsa Família, Vitória segue o mesmo caminho, estudando Medicinafoto da roleta cassinoSão Paulo graças a uma bolsa do Fies.
"Eu sempre gostofoto da roleta cassinopontuar uma coisa: o Bolsa Família não veio sozinho, ele foi apenas uma das ferramentas empregadas na época", diz Dener. "Então se você olha o programafoto da roleta cassinotransferênciafoto da roleta cassinorenda e pensa que apenas ele resolve a situação, não resolve. Porque a transformação social e a saída da pobreza crônica exigem investimentofoto da roleta cassinoeducação,foto da roleta cassinoinfraestrutura,foto da roleta cassinovárias áreas."
'Bolsa Família sozinho não é suficiente'
O que Dener conclui a partir da trajetóriafoto da roleta cassinosua família, o Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), fundado pelos economistas Armínio Fraga e Paulo Tafner, constatoufoto da roleta cassinouma sériefoto da roleta cassinoestudos sobre o destino dos filhosfoto da roleta cassinobeneficiários do Bolsa Família publicados no ano passado e neste ano.
Esses estudos mostram que 64% dos beneficiários dependentesfoto da roleta cassino7 a 16 anos do programa Bolsa Famíliafoto da roleta cassino2005 não se encontravam mais no Cadastro Único 14 anos depois,foto da roleta cassino2019. Naquele ano, essas pessoas tinham entre 21 e 30 anos.
Da parcela que permanecia no Cadastro Único (registro do governo das famíliasfoto da roleta cassinobaixa renda do país), 20% continuavam recebendo o Bolsa Família no início da vida adulta, enquanto outros 14% constavam do cadastro, mas não recebiam o benefício – ou seja, conjunturalmente estavam acima da "linhafoto da roleta cassinopobreza", mas ainda sob riscofoto da roleta cassinovoltar a ela a qualquer momento.
Os dados revelam que a críticafoto da roleta cassinoque o Bolsa Família criaria dependência para as famílias beneficiárias não se sustenta na prática, com a maioria encontrando a "portafoto da roleta cassinosaída".
Os estudos também mostram que 45% desses jovens acessaram o mercadofoto da roleta cassinotrabalho formal pelo menos uma vez entre 2015 e 2019, com esse acesso sendo mais frequente entre homens (51%) do que mulheres (39%) e entre brancos (55%) do que negros (45%) ou indígenas (31%).
O nívelfoto da roleta cassinoescolaridade dos pais também influencia, com o acesso ao mercadofoto da roleta cassinotrabalho mais frequente entre os filhosfoto da roleta cassinopais com ensino médio completo (51%), do que entre aqueles com pais com os anos iniciais do ensino fundamental incompletos (38%), por exemplo.
"A taxafoto da roleta cassinosaída do Cadastro Único nos leva a entender que as condicionalidades do programa surtiram efeito, ou seja, a manutenção da criança na escola e os cuidados comfoto da roleta cassinosaúde permitiram que essas crianças acumulassem capital humano que lhes garantisse um emprego formal que lhes tirasse da pobreza, embora um choque como a pandemia possa jogá-los novamente nessa condição", observa Paulo Tafner, diretor-presidente do IMDS.
É um bom resultado, observa o economista, mas há determinantes que facilitam que as crianças beneficiárias consigam alcançar um emprego formal com uma renda suficiente para tirá-las da pobreza na vida adulta.
Um desses elementos são as condições locaisfoto da roleta cassinoonde estão essas crianças.
"As crianças beneficiáriasfoto da roleta cassinomunicípios com melhor infraestrutura – com boa ofertafoto da roleta cassinoescolas, equipamentos públicos como praças, bibliotecas, centrosfoto da roleta cassinosaúde – têm probabilidadefoto da roleta cassinosair da pobreza bem maior."
Outro fator são as condições familiares. Os "filhos do Bolsa Família"foto da roleta cassinofamílias chefiadas por mulheres sem a presença masculina têm desempenho pior,foto da roleta cassinorelação aos filhosfoto da roleta cassinofamílias com dois adultos. Isso acontece pois as mães sozinhas têm uma renda mais baixa e maior dificuldadefoto da roleta cassinoconseguir empregos que garantam a elas uma autonomia e permita-lhes investir nos filhos.
"Se há boas pré-condições, que permitam a ascensão dessa criança e, além disso, você amplia as possibilidadesfoto da roleta cassinoformação superior dela quando jovem adulto, isso amplia o horizonte dessas crianças. São políticas que vão muito além do Bolsa Família, complementares", diz Tafner.
"O Bolsa Famíliafoto da roleta cassinosi tem um méritofoto da roleta cassinoaliviar a pobreza no curto prazo, mas ele sozinho não é suficiente para tirar a criança do ciclo da pobreza, são necessárias outras políticas públicas."
De volta ao Bolsa Família na vida adulta
Roberto Calvelo,foto da roleta cassino23 anos, é parte do outro grupofoto da roleta cassino"filhos do Bolsa Família" da primeira geração: aqueles que continuam como beneficiários do programa no início da vida adulta.
Roberto conta que foi a única testemunha ocular do assassinato do pai, quando tinha quatro anos. O crime aconteceu na porta da casa da família, na entrada da favela da Tieta, região centralfoto da roleta cassinoFortaleza, no Ceará.
"Minha infância foi bem complicada por essa questão do meu pai, que partiufoto da roleta cassinomaneira trágica quando eu era muito pequeno", lembra ele.
Após a morte do pai, a mãe ficou responsável pela criação dos dois filhos e pelos cuidados com o avôfoto da roleta cassinoRoberto, um idoso com a saúde debilitada após alguns AVCs (acidentes vasculares cerebrais).
"Minha mãe, por conta dessa situação do meu avô, nunca conseguiu trabalhar forafoto da roleta cassinocasa, e acabou se privandofoto da roleta cassinomuitas coisas da vida", afirma, lembrando ainda que a mãe engravidou do primeiro filho – o irmão mais velhofoto da roleta cassinoRoberto, hoje policial militar – aos 17 anos.
Nesse cenário, a renda da famíliafoto da roleta cassinoquatro pessoas era composta à época apenas da aposentadoria do avô,foto da roleta cassinogrande parte destinada à comprafoto da roleta cassinoremédios para o idoso, e do Bolsa Família.
"Eu pequeno, não tinha essa perspectiva da importância do programa. Eu sabia que aquilo ajudava a gente, que tinha o diafoto da roleta cassinoir na Caixa sacar, mas o impacto desse dinheiro eu só fui perceber com o decorrer do tempo, quando vi que minha mãe tirava uma parte do valor para pagar o curso."
O curso erafoto da roleta cassinotécnicafoto da roleta cassinoenfermagem, profissão que a mãefoto da roleta cassinoRoberto exerce até hoje.
"O Bolsa Família deu uma profissão à minha mãe", resume o jovem, lembrando que a primeira vez que ele comeu pizza na vida também foi com o dinheiro do programa.
"Eu não consigo imaginar o que seria [de nós] sem aquela ajuda que muitos chamamfoto da roleta cassino'esmola'. Para quem recebe uma grana, o valor é pequeno, mas para nós foi determinante para minha mãe ter a profissão que tem até hoje."
A família deixou o Bolsa Família quando a mãefoto da roleta cassinoRoberto passou a trabalharfoto da roleta cassinomadrugada como cozinheira num albergue da prefeitura, enquanto durante o dia terminava o curso. Em 2013, desempregada efoto da roleta cassinomeio a um relacionamento abusivo, ela acabou voltando ao programa, mas conseguiu sair novamente ao voltar a trabalharfoto da roleta cassinohospital, seguindo fora do programa até hoje.
Com a melhorafoto da roleta cassinovida da mãe, Roberto e o irmão foram a primeira geração da família a entrar no ensino superior – assim como Dener e Vitória, no Piauí.
O irmão mais velhofoto da roleta cassinoRoberto cursou Filosofia na UFC, fez pós-graduação e chegou a começar uma segunda graduaçãofoto da roleta cassinoLetras, até passar num concurso para a Polícia Militarfoto da roleta cassinoAlagoas, onde atualmente é tenente.
Já Roberto começou uma graduaçãofoto da roleta cassinoAdministração numa universidade privada, mas acabou trancando o curso no quinto semestre.
Ainda no ensino médio, ele começou a trabalhar como bancário e seguiu trabalhando no setor financeiro até ficar recentemente desempregado. Casado, paifoto da roleta cassinoduas filhas e até há pouco morando com os sogros, viufoto da roleta cassinofamília novamente dependendo do Bolsa Família na vida adulta.
"A ideia do programa era que as pessoas utilizassem, ascendessem e saíssem, e issofoto da roleta cassinofato aconteceu com muita gente – eu puder ver isso acontecer com a minha família. Mas faço um paralelo entre a minha história e a do Brasil – da mesma forma que, junto com o Brasil, a gente saiu da fome e desse processofoto da roleta cassinomiséria, a gente junto com o Brasil também voltou", diz Roberto.
"Acho que essas idas e vindas têm muito mais a ver com a situação política do país do que com o sucesso ou não do programa. Mas o aumento do valor [para R$ 600 mais benefícios variáveis] tem sido uma mão na roda."
Como tornar o Bolsa Família mais efetivofoto da roleta cassinotirar famílias da pobreza
Para Laura Müller Machado, professora do Insper e ex-secretáriafoto da roleta cassinoDesenvolvimento Social do Estadofoto da roleta cassinoSão Paulo, casos como ofoto da roleta cassinoRoberto, um "filho do Bolsa Família" que se viufoto da roleta cassinovolta ao programa na vida adulta num momentofoto da roleta cassinodesemprego, não denotam um "fracasso" do auxílio.
"Sempre vai ser necessário um programafoto da roleta cassinoassistênciafoto da roleta cassinorenda focalizado para quem mais precisa, é normal as pessoas precisarem [do benefício]foto da roleta cassinocaráter temporário ao longo da vida."
Machado lembra ainda que o valorfoto da roleta cassinoR$ 175 bilhões atualmente destinado ao programa é sem precedentes na história, vindofoto da roleta cassinoum orçamento que antes erafoto da roleta cassinocercafoto da roleta cassinoR$ 30 bilhões.
"Agora,foto da roleta cassinodiversos outros aspectos, eu acho que andamos para trás", avalia a pesquisadora, sobre o novo desenho do programa após seu relançamento, depois do breve hiatofoto da roleta cassinoque a transferência condicionadafoto da roleta cassinorenda tornou-se "Auxílio Brasil" sob o governofoto da roleta cassinoJair Bolsonaro (PL).
Para a economista, o Bolsa Família nunca teve a preocupaçãofoto da roleta cassinoauxiliar as famílias na buscafoto da roleta cassinosua autonomia. Isso envolveria essas famílias terem um planofoto da roleta cassinoacompanhamento para superação da pobreza, defende a pesquisadora, que escreveu um estudo sobre issofoto da roleta cassinocoautoria com um dos "pais do Bolsa Família", o também economista Ricardo Paesfoto da roleta cassinoBarros.
"As pessoas que deixaram o programa, como mostram as pesquisas, conseguiram por conta própria, mas o Bolsa Família não é orientado para tal. Então precisaríamos, junto à transferência, fazer algo como o Chile e o Paraná já fazem, que é ter uma orientação para a superação da vulnerabilidade."
Machado também avalia que, ao determinar uma transferênciafoto da roleta cassinoR$ 600 para todos, sem considerar o que a família já recebe através do trabalho, o Bolsa Família atualmente tem um resultado desigual para as famílias.
Além disso, com a faixafoto da roleta cassinocortefoto da roleta cassinorendafoto da roleta cassinoR$ 218 por pessoa para ser elegível ao programa, uma família que recebe R$ 216 por pessoa tem direito ao benefíciofoto da roleta cassinoR$ 600, mas uma que recebe R$ 219 não teria direito a nada – outro fatorfoto da roleta cassinodesigualdade.
Para corrigir essas distorções, Machado defende um modelo similar ao do Benefíciofoto da roleta cassinoSuperação da Pobreza da época do governo Dilma Rousseff, que previa a complementaçãofoto da roleta cassinorenda das famílias até um certo patamar.
Essa seria também, na visão da pesquisadora, uma formafoto da roleta cassinoincentivar mais beneficiários a trabalhar, já que o afastamento do mercadofoto da roleta cassinotrabalho por períodos longos gera impactos negativosfoto da roleta cassinolongo prazo.
Uma mudança feita nesse sentido na nova versão do Bolsa Família foi a introdução da chamada Regrafoto da roleta cassinoProteção, que estabelece que, mesmo elevando a renda a partir da conquistafoto da roleta cassinoum emprego, ou pelo empreendedorismo, a família beneficiária não precise deixar imediatamente o programa.
Em julho deste ano, por exemplo, das 20,9 milhõesfoto da roleta cassinofamílias atendidas pelo Bolsa Família, 2,18 milhões estavam na Regrafoto da roleta cassinoProteção, segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
Machado também defende uma melhor focalização do programa nas famílias com crianças e o pagamentofoto da roleta cassinoum bônus para as famílias que se engajassem no programafoto da roleta cassinosuperação da pobreza por ela defendido.
"Hoje o programa desincentiva a pessoa a declarar uma renda do trabalho – se ela declara, pode perder o benefício inteiro. Então precisamos que isso mude e que essas famílias sejam acompanhadas com um plano claro", afirma, defendendo um uso mais intensivofoto da roleta cassinotecnologia no processofoto da roleta cassinocadastrofoto da roleta cassinobeneficiários, para liberar as assistentes sociais para esse acompanhamento.
É preciso visitar as famílias e entender os motivos da pobreza, diz Machado.
"Tem mãe que não tem creche, têm famílias que não conseguem trabalhar porque têm um idoso que requer cuidado integral, têm pessoasfoto da roleta cassinomais idade cuja profissão desapareceu e elas precisamfoto da roleta cassinouma nova qualificação, ou às vezes a questão é apenas precisarfoto da roleta cassinoum emprego", enumera a pesquisadora.
"Tem que ter alguém que avalie o problema e desenhe uma solução, conectando essa família com os serviços públicos e a sociedade."
Já Roberto, o "filho do Bolsa Família" que voltou a depender do benefício na vida adulta, avalia que o programa hoje está muito melhor do que no passado, e defende outro caminho para a melhoria do auxílio.
"O ideal seria uma renda básica", afirma, citando a proposta – historicamente defendida no Brasil pelo deputado petista Eduardo Suplicy –foto da roleta cassinoum pagamento periódicofoto da roleta cassinodinheiro feito pelo governo para todas as pessoas, independentemente do nívelfoto da roleta cassinorenda ou do cumprimentofoto da roleta cassinocontrapartidas, com objetivofoto da roleta cassinogarantir um nívelfoto da roleta cassinovida mínimo a todos os residentes do país.
"Defendo um programafoto da roleta cassinorenda básica extensiva, que dialogasse mais ainda com a população e trabalhasse o preconceito das pessoas, porque hoje há muito preconceito com quem é usuário do Bolsa Família."
Com a colaboraçãofoto da roleta cassinoCaroline Souza e da equipefoto da roleta cassinoJornalismo Visual da BBC.