Quero ser Pablo Marçal: por dentro da arriscada indústria que promete fabricar milionários :vaidebob casa de apostas
Mas, no mundo digital, o empresário — que agora rejeita o termo coach que até então utilizava e define-se como mentor — já é uma estrela há muito tempo.
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Fim do Matérias recomendadas
Alavancado durante a pandemia, quando as vendas online explodiram, o universo do marketing digital é amplo. Reúne CEOsvaidebob casa de apostasbuscavaidebob casa de apostasum propósito, mas também todo mundo que aspira ganhar mais dinheiro e seguidores na internet.
O grupo inclui médicos e dentistas, pequenos comerciantes que buscam impulsionarvaidebob casa de apostaspresença online ou simplesmente aspirantes a empreendedores que querem ganhar dinheiro com negócios digitais.
Para tal, este mercado oferece um leque igualmente grandevaidebob casa de apostaspossibilidades. Desde mentoriasvaidebob casa de apostasautoconhecimento, a cursovaidebob casa de apostasvendasvaidebob casa de apostasqualquer tipovaidebob casa de apostasproduto, incluindo cursos sobre como vender cursos.
Em comum, está o discurso aspiracional e dos ganhos financeiros —vaidebob casa de apostaspreferência, rápidos.
É um mundo ainda pouco explorado do pontovaidebob casa de apostasvistavaidebob casa de apostasnúmeros e informações concretas. O Ministério do Trabalho, por exemplo, não tem ideiavaidebob casa de apostasquantas pessoas estão neste setor.
E as principais plataformas — a Meta, responsável pelo Instagram, Facebook e WhatsApp, e o TikTok — não abrem seus números sobre o tamanho da movimentação financeira ou a quantidadevaidebob casa de apostascontas comerciais que possuem.
Mas a BBC News Brasil teve acesso a um relatório inédito que será lançado no fim do ano sobre este universo.
Pesquisadores da University College Dublin (UCD) mergulharam neste mundo por dois anos e acompanharam os 500 maiores influenciadoresvaidebob casa de apostasmarketing digital do Brasil.
Analisaram também o perfilvaidebob casa de apostas1 milhãovaidebob casa de apostaspessoas que fizeram algum dos cursos destes influenciadores, ou manifestaram interessevaidebob casa de apostasfazer, chamadas aquivaidebob casa de apostasaspirantes a empreendedores.
O trabalho, que envolveu coletavaidebob casa de apostasdados e entrevistas mais aprofundadas, foi liderado pela antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, professora titular da UCD e diretora do Digital Economy and Extreme Politics Lab (Laboratóriovaidebob casa de apostasEconomia Digital e Extremos da Política), e teve financiamento do Conselho Europeuvaidebob casa de apostasPesquisa (ERC).
Aversão à CLT, valores tradicionais e ostentação
Com basevaidebob casa de apostasdados globais levantados no estudo, os pesquisadores estimam que 13 milhõesvaidebob casa de apostaspessoas estão empreendendo no Instagram hoje no Brasil, por meio das contas comerciais.
No entanto, eles também levantaram que, dos empreendedores na rede, somente 54% usam uma conta comercial na plataforma, com funcionalidades específicas para quem quer fazer negócios.
"Muitas pessoas nem sabem fazer uma business account", diz Rosana Pinheiro-Machado.
"Por isso, estimamos que a quantidadevaidebob casa de apostasgente usando o Instagram para vender algum produto no Brasil hoje é muito maior, girandovaidebob casa de apostastornovaidebob casa de apostas25 milhões."
Seguindo a projeção da pesquisa, cercavaidebob casa de apostasum quarto da população economicamente ativa do país já busca fazer dinheiro no Instagram,vaidebob casa de apostasuma transformação do enorme setor informal e autônomo brasileiro.
"A lógica da pessoa querer ser chefevaidebob casa de apostassi mesma,vaidebob casa de apostasum país onde muitos empregos estão marcados pela lógica da humilhação, é muito libertadora", analisa Pinheiro-Machado, citando condições precáriasvaidebob casa de apostastrabalhovaidebob casa de apostasparte do mercado brasileiro como fatorvaidebob casa de apostasestímulo à entrada neste setor.
As descobertas feitas pelos pesquisadores revelam a maneira como a maior parte dos influenciadores opera e seus padrões do discurso, que incluem a aversão ao emprego formal regido pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) — vista como limitadora —, e críticas à formação superior.
Também foram apontadas como características comuns o reforçovaidebob casa de apostasvalores ligados à religião cristã e à família tradicional (no duo "homem valoroso, mulher virtuosa"), e a ostentaçãovaidebob casa de apostasvalores materiais (exibir mansões, carros e relógiosvaidebob casa de apostasluxo e até mesmo resultadovaidebob casa de apostasprocedimentos estéticos) "em um ambiente propício à desinformação".
Em geral, os influenciadores analisados se alinham a valores conservadores, quer demonstrem ou não seus apoios políticosvaidebob casa de apostasmaneira explícita.
"Há uma notável ausênciavaidebob casa de apostasvozes divergentes, progressistas ou à esquerda nesta esfera", diz o relatório da UCD.
No universovaidebob casa de apostas1 milhãovaidebob casa de apostascontas compiladas, a pesquisa monitorou maisvaidebob casa de apostasperto 32 mil perfis que manifestaram interesse ou efetivamente fizeram algum cursovaidebob casa de apostasmarketing digital, independentementevaidebob casa de apostasqual ou com quem, para aumentarvaidebob casa de apostaspresença nas plataformas.
Os resultados e as análises desses números mostram a fragilidade dessa aposta, diz o relatório.
Somente 1,2% dos perfis monitorados ganhou seguidoresvaidebob casa de apostasfato, saindo da classificaçãovaidebob casa de apostas"aspirantes" para o postovaidebob casa de apostasinfluenciadores, com maisvaidebob casa de apostas5 mil seguidores.
"São pessoas vulneráveis que caem no discurso", afirma Pinheiro-Machado.
"Uma grande parte das entrevistas aponta para uma expectativa grandevaidebob casa de apostastornovaidebob casa de apostasganhar muito dinheiro, para viver bem. Mas também tem um número significativovaidebob casa de apostaspessoas dizendo que vai fazer milhões."
Como funciona o universovaidebob casa de apostasonde vem Pablo Marçal
O foco da parte qualitativa da pesquisa, feita com basevaidebob casa de apostasentrevistas e estudosvaidebob casa de apostascasos, estávaidebob casa de apostasgruposvaidebob casa de apostasbaixa renda que trabalham como autônomos, com contratos sem garantiavaidebob casa de apostasdireitos trabalhistas ou estão desempregados.
"Esses grupos têm menos opções profissionais e estão privadosvaidebob casa de apostasvárias capacidades, o que os torna mais vulneráveis aos impactos do mundo do marketing digital não regulamentado", segue a antropológa.
Se aparentemente este aparenta ser um mercado livre e horizontal, na prática, afirma o relatório, é um rígido esquema ditado por uma infraestrutura baseadavaidebob casa de apostasalgorítmos que empurra os participantes a querer crescer.
Para isso, é preciso investir tantovaidebob casa de apostascursos comovaidebob casa de apostastráfego pago, ou seja, dar dinheiro para as plataformas para ter seu conteúdo exibido para mais usuários.
"É deste universo que vem o Pablo Marçal", afirma Pinheiro Machado. "Em muitos sentidos, ele é a personificação do mundo do marketing digital e suas visões ideológicas."
Com uma presença digital na casa dos milhões há anos, Marçal foi citado como modelo a ser seguido por alguns dos entrevistados por Pinheiro-Machadovaidebob casa de apostascidades tão distantes como Manaus e Porto Alegre.
Sócio ou donovaidebob casa de apostasum emaranhadovaidebob casa de apostasempresas,vaidebob casa de apostasdiferentes segmentos, Marçal declarou ter um patrimôniovaidebob casa de apostasR$ 169 milhões ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A PLX Digital, umavaidebob casa de apostassuas empresas, é focadavaidebob casa de apostaslançamentos, o que, no jargão deste mercado, é o nome dado à vendavaidebob casa de apostasum curso ou produto online.
Fundadavaidebob casa de apostas2019 por Marçal e seu sócio, Marcos Paulovaidebob casa de apostasOliveira, a PLX promete "romper limites" e "transformar vidas",vaidebob casa de apostasacordo com as mensagens descritasvaidebob casa de apostasseu site — o candidato a prefeito já disse ter vendido cursos e mentorias a 1,5 milhãovaidebob casa de apostaspessoas.
A BBC News Brasil tentou falar com Marcos Paulo, mas ele não respondeu à mensagem enviada, e também com Marçal, por meiovaidebob casa de apostassua assessoriavaidebob casa de apostasimprensa, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.
Neste mercado, os valores dos cursos e mentoriasvaidebob casa de apostasdiferentes influenciadores variam muito, podendo custarvaidebob casa de apostasR$ 100 a maisvaidebob casa de apostasR$ 60 mil.
Mas todos prometem a mesma coisa: que qualquer um pode prosperar finaceiramente.
O dinheiro pode ser conquistado transformando-sevaidebob casa de apostasum influenciador e criadorvaidebob casa de apostasconteúdo, ou também apenas vendendo o conteúdo ou cursovaidebob casa de apostasalguémvaidebob casa de apostastrocavaidebob casa de apostasuma comissão, que é o caso dos chamados afiliados.
Por exemplo, a pessoa pode ser ensinada a ter renda revendendo cursos dos grandes influenciadores ou oferecendo atalhosvaidebob casa de apostascomércio digital para produtosvaidebob casa de apostasgigantes como a Amazon ou a Shopee.
Sem apontar diretamente para nenhuma empresa ou influenciador específico, o relatório faz um alerta sobre riscosvaidebob casa de apostastorno deste universo, que cria "pirâmides aspiracionais".
O estudo aponta para a presença dos esquemasvaidebob casa de apostaspirâmide, um modelo comercial fraudulento que depende do recrutamentovaidebob casa de apostasnovas pessoas que pagam às antigas integrantes da rede, sem regras clarasvaidebob casa de apostasremuneração. E também do estímulo nocivovaidebob casa de apostas"aspirações irrealistas" e gastos com "treinamento digital enganoso”.
Por isso, a pesquisa defende a necessidade da criaçãovaidebob casa de apostasmedidas regulatórias, inclusive com regras para o trabalhovaidebob casa de apostasinfluenciadores, alémvaidebob casa de apostasprogramas educacionais para o segmento.
Vender e-books, sonhar alto
Foi por meiovaidebob casa de apostasum atraente anúncio para ganhar dinheiro que o motorista Lucas Silva,vaidebob casa de apostas39 anos, foi atrás do primeiro cursovaidebob casa de apostasmarketing digital que fez.
Em seu currículo, constam trabalhos como atendente, garçom, motoristavaidebob casa de apostasaplicativo, vendedor e vigilante.
Seu sonho, no entanto, é ter uma hamburgueriavaidebob casa de apostasPorto Alegre, cidade onde vive com a mulher, Priscilla Carvalho dos Santos,vaidebob casa de apostas32 anos. Ela tem nível técnicovaidebob casa de apostascontabilidade e trabalha no momento como manicure.
Na tentativavaidebob casa de apostasser dono do próprio negócio, o casal já se aventurou por diferentes cursosvaidebob casa de apostasmarketing digital, com focos variados.
Um deles, voltado para a venda diretavaidebob casa de apostasprodutosvaidebob casa de apostasbeleza, como pílulas que prometem cabelos saudáveis, crescimento das unhas e fortalecimento do sistema imunológico, ou comprimidos cujo anúncio diz auxiliar na perdavaidebob casa de apostaspeso.
Desembolsaram quase R$ 1 mil, entre o valor do curso e dos impulsionamentos dos anúnciosvaidebob casa de apostasvendas, mas, até agora, não tiveram retorno.
"Trabalhar com carteira assinada hojevaidebob casa de apostasdia é uma coisa limitada", diz Lucas.
Por isso, ele diversifica as apostas, literalmente, já que também entrou no ramo das apostas esportivas, as bets. "Em um dia só, coloquei R$ 30 e ganhei R$ 700. Masvaidebob casa de apostasseguida perdi tudo."
O perfil do casal é comum entre os analisados pelos pesquisadores da UCD. "Todo mundo aposta nas bets, faz rifas e quer vender e-book", diz Pinheiro-Machado.
"É tudo parte do mesmo universovaidebob casa de apostasesquemas que jogam com a aspiração das pessoas."
Independentemente do meio, o fim se justifica pelo ganhovaidebob casa de apostasdinheiro graças a, teoricamente, o esforço individual, apontam os pesquisadores.
Para lucrar, é preciso vender, e, para vender, é preciso se esforçar e ter foco.
E, claro, fazer um curso, com "muitos entrevistadosvaidebob casa de apostasorigens menos privilegiadas, ou até mesmovaidebob casa de apostassituaçãovaidebob casa de apostaspobreza, reiterando a crençavaidebob casa de apostasque ainda não eram ricos porque não tinham o mindset (mentalidade) certo", diz o relatório.
"É um discurso baseado no hiperindividualismo", afirma Pinheiro-Machado, que cita também a presençavaidebob casa de apostasuma "meritocracia distorcida" — se algo não deu certo, é porque a técnica não foi bem aplicada. Um "caldovaidebob casa de apostascultura" que carrega junto milhõesvaidebob casa de apostasseguidores.
A cuidadora Crystian Rodrigues Ayres,vaidebob casa de apostas31 anos, já fez cinco cursosvaidebob casa de apostasvendas online, mas ainda não conseguiu empreender. "Não me dediquei o suficiente", diz ela.
"Não tenho vontadevaidebob casa de apostasfazer faculdade. Tenho o objetivovaidebob casa de apostasfazer dar certo no marketing porque sei que o retorno é bom."
Atualmente, Crystian, que vive no Riovaidebob casa de apostasJaneiro, é contratada como microempreendedora individual (MEI) por uma agência especializadavaidebob casa de apostascuidadosvaidebob casa de apostasidosos.
Altas expectativas, longas jornadas
A pesquisa da UCD aponta que pode haver vantagens no mundo digital para todos os tiposvaidebob casa de apostasempreendedores, mas a questão évaidebob casa de apostasque medida estão ancoradas suas expectativas.
"Quem já tem um pequeno comércio se beneficia do Instagram para promover seu negócio", afirma Pinheiro-Machado.
"Mas é um percentual muito pequenovaidebob casa de apostaspessoas quevaidebob casa de apostasfato estão ganhando dinheiro ali."
A professora Adriana Tavares, por exemplo, já dava aulasvaidebob casa de apostasinglês totalmente online quando conheceu o mundo do marketing digital.
Em 2022, quando ela lançou um curso voltado para pessoas com maisvaidebob casa de apostas50 anos, chegou a faturar R$ 100 milvaidebob casa de apostasuma semana, um marco para quem se aventura por esse universo — e ainda repetiu o feito outras duas vezes naquele ano.
Mas hoje ela não está milionária. Tampouco tem tempo livre ou faz viagens luxuosas.
Pelo contrário,vaidebob casa de apostasrotinavaidebob casa de apostastrabalho é extensa, duravaidebob casa de apostas12 a 15 horas por dia, inclusive aos finaisvaidebob casa de apostassemana.
Do que ganha hoje, parte ela separa para quitar as dívidas que fez justamente quando faturou os tão sonhados "seis dígitos". "Eu fiz errado no começo", diz Adriana.
"Quando faturei aquele valor, contratei gente, cheguei a ter 12 pessoas trabalhando comigo, contando que eu iria faturar aquele valorvaidebob casa de apostasnovo. E não é porque você fez 'seisvaidebob casa de apostassete' uma vez que fará sempre.”
Fazer "seisvaidebob casa de apostassete" significa faturar seis dígitos, ou ao menos R$ 100 mil,vaidebob casa de apostassete dias, ou uma semana.
O cursovaidebob casa de apostasAdriana custa R$ 1.597 e fica disponível por um ano para que o aluno o conclua quando quiser, na Hotmart, uma das maiores plataformasvaidebob casa de apostascursos online do país.
A plataforma foi fundadavaidebob casa de apostas2011 e diz que já ultrapassou US$ 10 bilhões (R$ 54,5 bilhões)vaidebob casa de apostasvendas.
Os cursos que estão ali são variados, desde aulas sobre a Bíblia, maquiagem, idiomas, dietas, preparo para concursos, passando por formações sobre todos os tiposvaidebob casa de apostasterapias, jornalismo, direito, medicina, e, claro, muitos cursos sobre como criar cursos.
A BBC News Brasil solicitou uma entrevista com os executivos à frente da Hotmart, mas não houve retorno ao pedido.
Hoje, Adriana comemora ter chegado a 800 alunos e conta com orgulho sobre avaidebob casa de apostasmais recente matriculada: uma senhoravaidebob casa de apostas84 anos.
"Sei que meu produto é bom. Sei que não estou enganando ninguém", diz ela.
Suas expectativas, no entanto, foram reduzidas. Dos 12 funcionários que chegou a ter, hoje trabalham com ela o marido e a filha.
"Se eu pudesse voltar atrás, não teria contratado equipe, teria cuidado mais", diz Adriana.
"O [influenciador] Erico [Rocha] não ensina isso, ele ensina o 'montinho montão', ou seja, a cada ganho, é preciso separar uma parte para investir no próximo lançamento.”
Esse ciclovaidebob casa de apostasinvestimentosvaidebob casa de apostaspublicidade a cada novo lançamento tem dado musculatura para esse setor da economiavaidebob casa de apostasinfluenciadores.
Segundo projeções do Goldman Sachs, esse ecossistema pode quase dobrarvaidebob casa de apostastamanho nos próximos cinco anos, chegando a movimentar US$ 480 bilhões até 2027 no mundo.
Os principais impulsionadores desse crescimento, segundo o banco, serão os gastos com impulsionamentos e a monetizaçãovaidebob casa de apostasvídeos curtos por meiovaidebob casa de apostaspublicidade.
Faixa-pretavaidebob casa de apostaschinelo
Com maisvaidebob casa de apostas2,5 milhõesvaidebob casa de apostasseguidores no Instagram, Erico Rocha é um sujeitovaidebob casa de apostasvoz mansa e gestos contidos, longe dos estereótipos mais agressivos utilizados por muitos influenciadores deste universo.
Um dos precursores do marketing digital no Brasil, é dele o método que Adriana aprendeu, chamado Fórmulavaidebob casa de apostasLançamento.
Ele importou o métodovaidebob casa de apostas2013 do guru dos gurus, o americano Jeff Walker, pagando royalties cujo valor ele não revela.
Hoje,vaidebob casa de apostasempresa tem 154 funcionários e, segundo ele, fatura R$ 100 milhões ao ano e ajuda a movimentar maisvaidebob casa de apostasR$ 1 bilhão indiretamente, por meio do faturamento dos alunos.
Seu discurso é voltado para o reinvestimento na empresa. "Sempre digo: não quero que você faça 'seisvaidebob casa de apostassete' e vá para Ibiza. A gente quer ser empreendedor, por isso eu falo para as pessoas fazerem reservavaidebob casa de apostascaixa, cuidar da empresa."
Quando conversou com a BBC News Brasilvaidebob casa de apostasseu escritóriovaidebob casa de apostasBrasília, Erico vestia camiseta, calça jeans e chinelo.
De acordo com ele, seu público, formado por pessoas com maisvaidebob casa de apostas25 anos, já não se vê mais atraído pela ostentaçãovaidebob casa de apostasriqueza.
"Minha audiência não quer isso. Eles querem pagar o segurovaidebob casa de apostassaúde da mãe, uma escola particular para o filho."
Rocha se orgulhavaidebob casa de apostasdizer que tem maisvaidebob casa de apostas400 "mentorados", como ele chama, que já faturaram R$ 2 milhõesvaidebob casa de apostasum ano, os chamados "faixas-pretas",vaidebob casa de apostasalusão às graduaçãovaidebob casa de apostasartes marciais.
"Quer dizer que todos fazem esse valor? Não. Teve gente que fez mais, teve gente que faliu, foi fazer outra coisa…"
O dinheiro, no entanto, não vem da noite para o dia. "A média para que um aluno faça 'seisvaidebob casa de apostassete' évaidebob casa de apostas12 a 14 meses", diz Rocha.
Mas há exceções. "[Pablo] Marçal deve ter feito seisvaidebob casa de apostassete no primeiro lançamento, ou no segundo", diz Rocha.
"O que ele faz hoje não é a fórmula clássica. Ele cria movimentos, é extremamente viral. As pessoas, para ter sucesso com a fórmula, não são virais. Eu não sou viral."
Viralizar um conteúdo e fazer com que ele chegue ao maior número possívelvaidebob casa de apostaspessoas é estratégico.
Nesta equação, larga na frente quem tem mais seguidores ou consegue ganhar novos com técnicas para capturar atenção e tráfego pago.
No monitoramento da UCD, alémvaidebob casa de apostasverificar o reduzido crescimentovaidebob casa de apostasnúmerovaidebob casa de apostasseguidores dos aspirantes a influenciadores, também apareceram os padrõesvaidebob casa de apostasdiscurso.
"Existe uma médiavaidebob casa de apostasrepetição muito clara", explicou a pesquisadora e cientistavaidebob casa de apostasdados Jéssica Matheus, também do Digital Economy and Extreme Politics Lab.
Entre as palavras comuns a todas as categorias, do maior influenciador para o menor aspirante a empreendedor, apareceram sempre a ideiavaidebob casa de apostasmentoria e expertise, como nas frases "te ajudo", "especialista".
"No entanto, à medida que eles ganham mais seguidores, a nuvemvaidebob casa de apostaspalavras muda também", afirma Matheus.
Saemvaidebob casa de apostascena palavras como "Deus", "mãe" e "CEO" e entram "mentor", "pai" e "curso", por exemplo,vaidebob casa de apostasum possível indicativovaidebob casa de apostasque, quanto mais seguidores, mais corporativa e masculina são as descrições do perfil.
Instagram como 'plataformavaidebob casa de apostastrabalho'
É por causa da escalavaidebob casa de apostasabrangência do setor e suas implicações que a pesquisa da UCD defende que redes como Instagram tem que ser classificadas como "plataformavaidebob casa de apostastrabalho" por governos e entidades globais como Organização Internacional do Trabalho (OIT), ao ladovaidebob casa de apostasempresas como Uber e Rappi, por exemplo.
Para a antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, essa mudança permitirá uma melhor análise para formular políticas públicas e uma maior cobrança das plataformas por transparência.
Na visão da pesquisadora, trabalhador "plataformizado" não seria apenas o motorista do aplicativo, mas um público muito mais amplo, que abarcaria da vendedoravaidebob casa de apostascosméticos que tem um perfil na redes até o dentista que quer se lançar como mentorvaidebob casa de apostasoutros dentistas. Todos "homogenizados" sob uma lógica ditada pela plataforma.
"As plataformas reforçam o tempo todo a promessavaidebob casa de apostasque é possível viver como influenciador digital", afirma Issaaf Karhawi, pesquisadora da cultura dos influenciadores digitais no Brasil e autora do livro De blogueira a influenciadora (Sulina, 2020).
"Isso te leva a trabalhar,vaidebob casa de apostasforma gratuita, produzindo diariamente conteúdo, na esperançavaidebob casa de apostasum dia viralizar e vir a se tornar um influenciador."
Para Karhawi, a pesquisa da UCD "está muito associada a uma virada crítica importante nos estudos dos influenciadores digitais", iniciados na épocavaidebob casa de apostasque surgiram as blogueirasvaidebob casa de apostasmoda.
Ela também compartilha da ideia, que aparece nos resultados da pesquisa,vaidebob casa de apostasque é um discurso muito presente no mundo digital, mas que não se concretiza e contém riscos.
A opacidade das plataformas, que não deixam claras as regras do algoritmo, e as próprias regras, como punições, suspensãovaidebob casa de apostasconteúdos considerados violadores, necessidadevaidebob casa de apostasconstância nas publicações e a imposiçãovaidebob casa de apostashorários para um conteúdo ter melhor desempenho criam, na verdade, um sistema esgotador para quem trabalha com isso,vaidebob casa de apostasacordo com a pesquisadora. É o que Karhawi chamavaidebob casa de apostas"exaustão algorítmica".
Já Cássio Calvete, economista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) que pesquisa inteligência artificial e seu impacto no mercadovaidebob casa de apostastrabalho, aponta que a tecnologia ou o trabalho mediado por algoritmos pode, inclusive, piorar as condiçõesvaidebob casa de apostastrabalho.
"Percebemos que o algoritmo tem uma sérievaidebob casa de apostasformas para intensificar e estender o ritmovaidebob casa de apostastrabalho, tanto por aplicativo, quanto para profissionais que trabalhamvaidebob casa de apostascentrosvaidebob casa de apostasdistribuição", diz ele.
Suas conclusões são um contraponto ao discursovaidebob casa de apostasmais liberdade atrelado ao trabalho mundo digital.
Pinheiro-Machado lembra, no entanto, que a digitalização também traz a promessavaidebob casa de apostasdignidade.
"Uma coisa é eu dizer que sou faxineira. A outra, é dizer que sou personal cleaner", afirma a antropóloga.
"A pessoa muitas vezes não ganhou dinheiro algum ainda, mas ganhou dignidade. Issovaidebob casa de apostasum país historicamente marcado pelo estigma da pobreza importa."
'Eu invado cérebros'
"O outro lá invade terrenos. Eu invado cérebros. Entro no cérebro da pessoa, faço ela ficar com raiva e depois pulo para o outro lado", disse Pablo Marçal durante uma entrevista no mês passado ao podcast Primocast, do grupo empresarial Primo, onde falou sobre seus negócios,vaidebob casa de apostasespecialvaidebob casa de apostasmarketing digital, e sobre política.
A declaração continha uma provocação ao adversário na corrida eleitoral, Guilherme Boulos (PSOL), que fez parte do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), e também foi uma janela para comentar as técnicas que ele usa tanto na carreira empresarial como na corrida eleitoral.
Ao longo dos meses, Marçal utilizou provocações e lançou mãovaidebob casa de apostasgatilhos emocionais para irritar adversários e ganhar holofotes. Também usou algo que aplicavaidebob casa de apostasseus "lançamentos digitais", os chamados campeonatosvaidebob casa de apostas"cortes", para divulgarvaidebob casa de apostascampanha.
Na modalidade, ele recruta milharesvaidebob casa de apostasseguidores para que façam pequenos clipsvaidebob casa de apostasseus conteúdos, os "cortes"vaidebob casa de apostasvídeos,vaidebob casa de apostasbuscavaidebob casa de apostasengajamento nas redes.
O candidato chegou a dizer publicamente que remuneraria os campeões dos cortes que tivessem mais engajamento, e, questionado pela campanhavaidebob casa de apostasTabata Amaral (PSB) na Justiça Eleitoral, acabou punidovaidebob casa de apostasagosto, ficando sem acesso às redes sociais que tinha. Isso no o impediuvaidebob casa de apostasseguir nas redes, já que ele criou novas contasvaidebob casa de apostasseguida.
"Deus vai mudar nossa sorte. A gente está sozinho. Nós, o povo, e Deus. [... ] Eu construí riqueza e você também vai construir. Chegou a hora do povovaidebob casa de apostasSão Paulo prosperar", dissevaidebob casa de apostasum programavaidebob casa de apostasTVvaidebob casa de apostasagosto,vaidebob casa de apostaslinguagem próxima a que usavaidebob casa de apostasseus próprios produtos digitais.
Se Marçal começou a campanha com 14% das intençõesvaidebob casa de apostasvoto antes do registro das candidaturas,vaidebob casa de apostasagosto, agora esse número chega a 21%, segundo apontou o Datafolhavaidebob casa de apostas27vaidebob casa de apostassetembro.
Para Rosana Pinheiro-Machado, o sucesso até agora é menos surpreendente do que parece, porque, emvaidebob casa de apostasvisão, trata-sevaidebob casa de apostasuma mensagem "individualista, consumista e conservadora" que ela vê repetida no mundo do marketing digital há muitos meses.
A hipótese da pesquisadora é que a plataformização do trabalho, aliada à precarização, une,vaidebob casa de apostasum só lugar, toda essa lógica, criando um "solo fértil" para a direita radical.