O grupo religioso internacional acusadoapostas do ufcabusos sexuais no Peru :apostas do ufc
A investigação começou logo após a publicação do livro Meio monges, meio soldados, escrito pelo jornalista peruano Pedro Salinasapostas do ufccolaboração com a jornalista Paola Ugaz.
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Fim do Matérias recomendadas
O texto reúne 30 depoimentosapostas do ufcabusos ocorridos ao longoapostas do ufcquase 30 anos, nos quais as supostas vítimas - que não foram nomeadas - apontam para o fundador do movimento, o leigo Luis Fernando Figari Rodrigo, e outros dirigentes da organização.
Desses depoimentos, cinco narram episódiosapostas do ufcabuso sexual. Destes últimos, três apontam o fundador Figari como autor do crime.
Os três apresentaram seus casos ao Vaticanoapostas do ufc2011, mas por muitos anos não obtiveram resposta, conforme confirmado à BBC News Mundo, o serviçoapostas do ufcespanhol da BBC,apostas do ufc2016 por Paola Ugaz e a ex-irmã sodálita Rocío Figueroa, que os ajudou a apresentar os casos.
Embora o grupo tenha admitido que houve abusos individuaisapostas do ufctipo físico e psicológico - mas não sexuais -, nega que sejam práticas estendidas a toda a organização.
Obediência absoluta
O Sodalício foi fundado há 45 anos com o nomeapostas do ufcSodalitium Christianae Vitae,apostas do ufchomenagem à sodalidade ou à ideiaapostas do ufcfraternidade entre os maristas.
Foi criada como uma sociedadeapostas do ufcvida apostólica, isto é, como um grupo formado por leigos e sacerdotes consagrados que vivemapostas do ufccomunidades ou casas compartilhadas entre si e realizam tarefasapostas do ufcevangelização.
Um ex-integrante, Martín Scheuch, disse à BBC que nos primeiros anos os membros do movimento liam livros fascistas.
O livro Meio monges, meio soldados afirma que um dos autores lidos foi José Antonio Primoapostas do ufcRivera, fundador da organização espanholaapostas do ufcinspiração fascista Falange Espanhola.
Scheuch relembrou ainda que uma das principais ideias com as quais o Sodalício surgiu foi aapostas do ufcque seus membros praticassem a obediência absoluta,apostas do ufctermosapostas do ufchorários, atividades, leituras, modoapostas do ufcvestir e até estudos profissionais.
Figari, diz, costumava repetir uma frase que ilustrava o conceito: "Quem obedece nunca erra".
Rocío Figueroa, uma ex-irmã sodálita, comenta que esse conceito lhe parecia "super perigoso" porque fazia "perder a capacidade crítica" e assim "os superiores podiam mandar qualquer estupidez".
Fernando Vidal, porta-voz do Sodalício, disse à BBC que no início, quando os Sodalits eram muito jovens, eles tomavam como referência velhos costumes da época.
Mas garantiu que nunca houve restrição ou proibiçãoapostas do ufcleituras para os congregados, mas sim "recomendações durante o treinamento".
Ele acrescentou que Primoapostas do ufcRivera era apenas um dos muitos autores que liam. "O Sodalício é uma instituição religiosa, não política", disse ele.
O Sodalício se estendeu do Peru ao Brasil, Colômbia, Chile, Argentina, Equador, Costa Rica, Estados Unidos e Itália.
Agora a "Família Sodalita" (que também agrupa leigos não consagrados) inclui maisapostas do ufc20.000 pessoasapostas do ufc25 países.
O grupo desfruta da lei canônica desde 1997, quando João Paulo II era papa.
Dormirapostas do ufcuma escada
Em 2000, a ordem começou a aparecer na imprensa peruana por motivos não religiosos.
Naquele ano, José Enrique Escardó Steck publicou uma sérieapostas do ufccolunas na revista peruana Gente, nas quais relatava os abusos psicológicos e físicos que diz ter sofrido durante o anoapostas do ufcque viveu nas comunidades do Sodalício.
Durante esse tempo, diz ele, seus superiores o obrigaram a dormir por um mêsapostas do ufcuma escada e comer pudimapostas do ufcarroz com ketchup.
Além disso, garante que o intimidaram com uma faca no pescoço e o esconderam no banheiro comunitário quandoapostas do ufcmãe foi visitá-lo.
Fernando Vidal não nega testemunhos como osapostas do ufcJosé Enrique Escardó.
"Acho queapostas do ufcsituações como esta muitas coisas se juntam: os defeitos e problemas do senhor Figari, o contexto sócio-cultural dos anos 60 e 70, a juventude e a inexperiênciaapostas do ufcquem iniciou este caminho", disse.
Assegurou que este tipoapostas do ufcprática, "independenteapostas do ufcser verdadeira ou não", não é realizada "há muitos anosapostas do ufcnenhuma das comunidades do Sodalício".
O porta-voz do grupo reconheceu que estes casosapostas do ufcabuso físico e psicológico são "inaceitáveis", mas disse tratar-seapostas do ufccasos individuais: "Temos a certezaapostas do ufcque foram acontecimentos isolados, limitados. Lamentáveis e inaceitáveis".
No entanto, ele aceitou que eles devem fazer mudanças emapostas do ufcinstituição e que estão "tomando consciência" dos "fracassos": "O Sodalício não se reduz a reclamações. Há muita gente boa e generosa".
José Enrique também contou suas experiênciasapostas do ufcum programa jornalístico da televisão peruanaapostas do ufc2001, mas a imprensa logo esqueceu o assunto.
Um menino nuapostas do ufcum hotel
Até 2007. Em outubro desse ano, a polícia encontrou o então pupilo Daniel Murguíaapostas do ufcum hotel com um meninoapostas do ufc11 anos,apostas do ufcquem ia tirar fotos nuas.
Murguía Ward era muito próximoapostas do ufcFigari, o fundador da organização, conforme confirmado à BBC porapostas do ufcprópria irmã, Patricia Murguía.
Dois dias depois da prisão, o grupo Sodalício anunciou que estava expulsando Daniel Murguía por "esta situação, até agora totalmente desconhecida para nós, que consideramos totalmente inaceitável, e que surpreendeu e atingiu dolorosamente toda a nossa comunidade".
Após o episódio do hotel, Daniel passou um ano e meio preso.
Três anos depois, tudo parecia seguir na normalidade. Até que no finalapostas do ufc2010, Figari surpreendentemente renunciou ao cargoapostas do ufcsuperior do movimento após 39 anos e "por motivosapostas do ufcsaúde".
Nesse mesmo ano, foi suspenso o processoapostas do ufcbeatificaçãoapostas do ufcGermán Doig Klinge, Vigário Geral do Sodalício, falecidoapostas do ufc2001.
Em fevereiroapostas do ufc2011, o jornal peruano Diario 16 publicou alguns testemunhosapostas do ufcabuso sexual que apontavam o candidato a beato como autor do crime.
O Sodalício teve que reconhecer esses testemunhos como o verdadeiro motivo que os levou a interromper o processoapostas do ufcbeatificaçãoapostas do ufcseu ex-líder.
O livro Meio monges, meio soldados recolhe o depoimentoapostas do ufcquem afirma ser uma das vítimasapostas do ufcGermán Doig.
"Ele era muito carinhoso", diz. Afirma que "seguravaapostas do ufcmão" e o abraçava nas salas privadas onde realizavam suas sessõesapostas do ufcaconselhamento espiritual.
Nessas sessões, diz, eles ficavam nus para fazer exercíciosapostas do ufcenergia e Doig o masturbava.
Outra vítima afirma que, nessas sessões, Doig pediu que ele o penetrasse, como formaapostas do ufc"experimentar e ajudar outros", conforme indicado no livro.
Outro dos testemunhos pertence a Rocío Figueroa, uma ex-integrante, que garante que Doig tocouapostas do ufcseu seioapostas do ufcuma "sessãoapostas do ufcioga".
O visitante do Vaticano
Em abrilapostas do ufc2015, antes da publicação do livro Meio monges, meio soldados, a Igreja Católica nomeou o padre peruano Fortunato Pablo Urcey como "visitante" das casas do Sodalício.
Em suas palavras,apostas do ufcfunção seria “coletar informações sobre o modoapostas do ufcvida do Sodalício e a autoridadeapostas do ufcLuis Fernando Figari”.
Embora tenha admitido que perguntou aos membros sobre os testemunhosapostas do ufcabuso, ele diz que investigá-los não era seu objetivo.
Fortunato Pablo foi a todas as casas do Sodalício no Peru e conversou com seus membros. Ele garantiu que “almoçou e compartilhou a Eucaristia com eles”.
Mas o padre disse à BBCapostas do ufc2016 que não havia lido o livro completamente porque teve que avaliar a "motivação" dos autores ao publicá-lo.
Com base no relatório do visitante, o Vaticano decidiria se enviaria um investigador formal.
Testemunhos contra o fundador
Mas o escândalo não parou por aí. Em agostoapostas do ufc2011, poucos meses depoisapostas do ufcpublicar a informação sobre Germán Doig, o jornal peruano Diario 16 publicou depoimentosapostas do ufcabuso sexual envolvendo o próprio Figari, o fundador.
Segundo o livro Meio Monges, Meio Soldados, um ex-Sodalit acusa Luis Fernando Figariapostas do ufclhe mostrar revistas pornográficas e lhe pedir que se sentasse sobre uma madeira.
Outra das vítimas aponta no livro que, quando tinha 17 anos, Figari lhe disse que era horaapostas do ufc"abrir o terceiro olho para ver melhor as auras e que despertariaapostas do ufc'kundalini' depositando seu sêmen".
Na época, o Sodalício e Figari negaram as acusações.
Apósapostas do ufcaposentadoriaapostas do ufc2010, Luis Fernando Figari viveu entre Lima e Roma até se estabelecer na capital italianaapostas do ufc2015.
Na ocasião, Figari respondeu às acusações com uma carta aos congregados, que foi divulgada pela mídia peruana.
No texto, ele reconheceu ter "cometido erros graves, falhas e leviandades", mas negou o abuso sexual.
Segundo o ex-superior do Sodalício, Alessandro Moroni, que se aposentou da organização no finalapostas do ufc2020, Figari não participa mais da administração do grupo que fundouapostas do ufc1971apostas do ufcLima.
Antes da investigação do Ministério Públicoapostas do ufc2016, o advogadoapostas do ufcFigari, Juan Armando Lengua Balbi, questionou o fato dos depoimentos do livro serem anônimos.
"Não pode haver perpetradores se não houver vítimas claras", disse ele na época, antesapostas do ufcgarantir que seu réu é inocenteapostas do ufctodas as acusações.
* Os responsáveis pela investigação encomendada pelo Vaticano são o arcebispoapostas do ufcMalta, Charles Scicluna, e o padre espanhol Jordi Bertomeu. Sua missão inclui encontros com porta-vozes da organização, assim como com supostas vítimas e jornalistas que cobriram os possíveis casosapostas do ufcabuso e corrupção financeira.
Após questionamentos, Scicluna e Bertomeu apresentarão um relatório que será enviado ao papa Francisco.