Como a homossexualidade está presente na Índia desde a antiguidade :roleta demo
Catorze anos mais tarde,roleta demouma decisão histórica, o Supremo Tribunal da Índia decidiu que o sexo gay já não era um crime, anulando uma decisãoroleta demo2013 que sustentava uma lei da era colonial - conhecida como secção 377 - segundo a qual o sexo gay era classificado como "uma prática antinatural e ofensiva".
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Fim do Matérias recomendadas
Embora alguns na Índia manifestassem preocupaçõesroleta demoque a revogação da lei da era colonial estivesse levando o país à adoção dos ideais ocidentaisroleta demoliberalismo, o argumentoroleta demoVanita era que a história na verdade demonstra o contrário.
Em parceria com o historiador Saleem Kidwai, a professora Vanita trabalhouroleta demoSame-Sex Love in India: Readings from Literature and History, uma coleçãoroleta demotraduçõesroleta demotextosroleta demo15 línguas indianas, complementada por ensaios que explicavam e analisavam o material. “Demonstramos conclusivamente que o amor entre pessoas do mesmo sexo e a amizade romântica floresceram na Índia antiga e medievalroleta demovárias formas, sem qualquer longa históriaroleta demoperseguição”, escreve Vanita.
Esse sentimento foi repetido pela historiadora Rana Safvi quando disse à BBCroleta demo2018 que “o amor era celebrado na Índiaroleta demotodas as formas”. Ela disse que "seja na Índia antiga ou medieval, a sexualidade fluida estava presente na sociedade. Pode-se ver as representações da homossexualidade nos templosroleta demoKhajuraho e nas crônicas Mughal".
Na semana passada, durante o julgamento, até os magistrados concordaram. “Sexualidades não normativas são um fenômeno natural conhecido na Índia desde os tempos antigos”, disse o presidente do Supremo Tribunal DY Chandrachud. O juiz SK Kaul acrescentou: “O aspecto significativo é que as uniões do mesmo sexo foram reconhecidas na antiguidade, não apenas como uniões que facilitam a atividade sexual, mas como relações que promovem o amor, o apoio emocional e o cuidado mútuo”.
Em um artigo sobre uniões entre pessoas do mesmo sexo na Índia, particularmente na cultura hindu, o professor Vanita afirma que as perspectivas indianas sobre sexo e amor sofreram uma transformação “radical” durante o domínio britânico no país. “Os nacionalistas indianos absorveram os ideais vitorianosroleta demomonogamia heterossexual e repudiaram qualquer coisa nas tradições indígenas que parecesse desprezar essas ideias”, observou ela. O autor Devdutt Patnaik diz que uma "visão geral das imagens do templo, das narrativas sagradas e das escrituras religiosas sugere que as atividades homossexuais -roleta demoalguma forma - existiam na Índia antiga".
O Kamasutra do século IV, o livro didáticoroleta demoamor erótico mais antigo do mundo, menciona que "dois homens amigos que se simpatizam e têm total confiança um no outro podem se unir mutuamente". A professora Vanita escreve que encontrou evidênciasroleta demotextos antigosroleta demo"pais decidindo aceitar os casamentos entre castas e classes cruzadasroleta demoseus filhos com base no fatoroleta demoque os jovens devem ter sido cônjuges da mesma casta e classeroleta demouma vida anterior". Da mesma forma, esses textos explicam que as ligações entre pessoas do mesmo sexo podem durar toda a vida.
Em 1988, os jornais noticiaram o que se acredita ser o primeiro casamento entre pessoas do mesmo sexo documentado na Índia contemporânea: uma pequena cerimôniaroleta demoMadhya Pradesh, onde duas polícias, Leela Namdeo e Urmila Srivastava, solenizaram a união.
As duas foram suspensas do emprego, embora amigos e familiares as apoiassem. Umaroleta demosuas vizinhas, uma professora casada, disse a um jornalista: "Afinal, o que é um casamento? É um casamentoroleta demoduas almas. Onde nas escrituras está escrito que tem que ser entre um homem e uma mulher? "
A professora Vanita observa que, desde então, a mídia cobriu uma sérieroleta democasamentos desse tipo que ocorreramroleta demovárias partes do país, envolvendo predominantemente jovens mulheres hindus. Essas noivas vêm principalmenteroleta democlasses médias baixasroleta democidades pequenas, com proficiência limitadaroleta demoinglês. No entanto, muitas possuem algum nívelroleta demoeducação e têm empregos e nenhum desses casamentos tem ligações com movimentosroleta demodefesa das mulheres ou LGBTQIA+. É certo que estes casamentos não têm peso jurídico.
Ao mesmo tempo, muitos casais do mesmo sexoroleta demodiferentes partes da Índia foram levados a se suicidar, por conta da forma como são considerados quando comparados a casais compostos por pessoasroleta demosexo oposto - porque "o próprio amor romântico é visto como oposto às normas sociais".
A professora Vanita diz que se lembra "das centenasroleta democasais jovens, naroleta demomaioria mulheres, que cometeram suicídio conjunto desde pelo menos a décadaroleta demo1980 - isso continua até hoje - porque não tinham permissão para casar. E também uma saudação aos muitos outros casais que se casaram. tenho me casado segundo ritos hindus desde pelo menos 1987, uma épocaroleta demoque o casamento entre pessoas do mesmo sexo não era reconhecidoroleta demonenhum lugar do mundo". Esses "casaisroleta demobaixa renda e que não falam inglês são os verdadeiros pioneiros da igualdade no casamento na Índia".
Em 17roleta demooutubro, o Supremo Tribunal da Índia disse que a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo era tarefa do parlamento. Em vez disso, o tribunal aceitou a oferta do governoroleta democriar um painel para considerar a concessãoroleta demodireitos e benefícios sociais e legais a casais do mesmo sexo.
"Estou desapontada, mas não totalmente surpresa. A opinião pública está se voltando a favor da igualdade no casamento, mas está profundamente dividida, assim como todos os partidos políticos. A Índia é, tanto quanto eu sei, o único paísroleta demoque os peticionários pela igualdade no casamento incluem pessoas da extrema direita à extrema esquerda e tudo mais", afirma a professora Vanita.
Desde 2001, 34 países legalizaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
No Brasil, esse tiporoleta demomatrimônio foi legalizadoroleta demomaioroleta demo2011, após o Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecer esse tiporoleta demounião estável. Na prática, significou que a união homoafetiva passou a ser entendida como um núcleo familiar como outro qualquer. Apesar disso, o tema costuma voltar a ser debatido por conservadores, que tentam proibir esse tiporoleta demounião no Brasil.
Já a Índia terároleta demoesperar para se juntar aos países que já oficializaram esse tiporoleta democasamento: o sucesso desse movimento dependeroleta demoos políticos acelerarem a mudança na opinião pública. Focarroleta demoleis contra a discriminação seria um bom começo.