Os milhõestv sport hdjumentos mortos todos os anos para produzir remédio tradicional:tv sport hd

Casos como esse,tv sport hdroubotv sport hdjumentos, têm se tornado cada vez mais comunstv sport hddiversas partes da África, mas tambémtv sport hdoutras partes do mundo com grandes populações desses animais.

Steve e seus jumentos são umtv sport hdmuitos casostv sport hdum controverso comércio globaltv sport hdpele dos animais.

As origens desse mercado estão a milharestv sport hdquilômetros do Quênia. Mais precisamente na China, onde há alta demanda por um remédio medicinal tradicional feito com a gelatinatv sport hdpeletv sport hdjumento.

Chama-se ejiao e acredita-se que tenha propriedades que melhoram a saúde e preservem a juventude. As peles são fervidas para extrair a gelatina, que é transformadatv sport hdpó, pílulas ou líquido, ou é adicionada aos alimentos.

Ativistas contra o comércio dizem que pessoas como Steve, e os jumentos dos quais dependem, são vítimastv sport hduma demanda insustentável pelo ingrediente tradicional do ejiao.

Em um novo estudo, a organização The Donkey Sacntuary, que faz campanha contra o comércio desde 2017, estima que globalmente pelo menos 5,9 milhõestv sport hdjumentos são abatidos todos os anos para abastecê-lo.

E a instituiçãotv sport hdcaridade diz que a demanda está crescendo, embora a BBC não tenha sido capaztv sport hdverificar esses númerostv sport hdforma independente.

É muito difícil obter o número exatotv sport hdjumentos mortos para abastecer a indústriatv sport hdejiao.

Na África, onde vivem cercatv sport hddois terços dos 53 milhõestv sport hdjumentos do mundo, os países têm leis diferentes: a exportaçãotv sport hdpeles desses animais é legaltv sport hdalguns e ilegaltv sport hdoutros.

No último domingo (18/2), a União Africana aprovou uma propostatv sport hd proibição sem prazo definido do abate e a comercialização das peles dos animaistv sport hdtoda a África.

Mas a alta demanda somada aos altos preços pagos pelas peles alimentam o roubotv sport hdanimais, e a Donkey Sanctuary diz ter descoberto animais sendo transportados para locais onde o comércio é permitido.

No entanto,tv sport hdbreve poderá haver um pontotv sport hdvirada, com os governos dos Estados africanos e do Brasil discutindo a proibição do abate e a exportaçãotv sport hdjumentostv sport hdresposta à diminuição das populações.

"Entre 2016 e 2019, estimamos que cercatv sport hdmetade dos jumentos do Quênia foram abatidos (para abastecer o comérciotv sport hdpele)," diz Solomon Onyango, que trabalha para Donkey Sanctuary,tv sport hdNairóbi.

Estes são os mesmos animais que transportam pessoas, bens, água e alimentos, e são espinha dorsaltv sport hdcomunidades rurais pobres. Portanto, a escala e o rápido crescimento do comérciotv sport hdpele alarmaram ativistas e especialistas e levaram muitas pessoas a participartv sport hdmanifestações contra o comérciotv sport hdpele no Quênia.

No Brasil, um imbróglio jurídico permite que os abates continuem ocorrendo no Estado da Bahia, onde três frigoríficos atuam no setor.

Após uma sérietv sport hdações pedindo a proibição, uma decisãotv sport hd2021 do Tribunal Regional Federal da 1ª região (TRF-1) manteve a atividade. Mas um ano depois, o mesmo tribunal proibiu os abatestv sport hdtodo o país, sob o argumentotv sport hdrisco sanitário e à sobrevivência da espécie no Nordeste.

Os frigoríficos e o governo da Bahia argumentam que a primeira decisão é a que vale – ou seja, o setor pode continuar operando. Já ONGs e entidadestv sport hddefesa do direitos dos animais discordam e dizem que a segunda decisão do TRF deve ser seguida. A Justiça ainda deve se manifestar sobre o caso.

A Câmara dos Deputados também discute a questão e,tv sport hdnovembrotv sport hd2023, aprovou projeto que proíbe o abatetv sport hdjumentos, jegues e cavalos para o comérciotv sport hdcarne, pele e outras partes. Ele ainda precisa precisar ser analisado pela Comissãotv sport hdConstituição e Justiça etv sport hdCidadania.

Steve espera que uma possível proibiçãotv sport hdtoda a África ajude a proteger os animais, "ou a próxima geração não terá jumentos".

Mas as proibiçõestv sport hdtoda a África e no Brasil não poderiam acabar somente mudando o comércio para outro lugar?

Os produtorestv sport hdejiao costumavam usar pelestv sport hdjumentos provenientes da China. Mas,tv sport hdacordo com o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais chinês, o númerotv sport hdjumentos no país despencoutv sport hd11 milhõestv sport hd1990 para pouco menostv sport hd2 milhõestv sport hd2021.

Ao mesmo tempo, o ejiao passoutv sport hdum produtotv sport hdnichotv sport hdluxo para um item popular e amplamente disponível.

E as empresas chinesas foram buscar seus suprimentostv sport hdpele no exterior. Matadourostv sport hdjumentos foram estabelecidostv sport hdpartes da África, América do Sul e Ásia.

Na África, isso levou a um cabotv sport hdguerra sombrio sobre o comércio.

Na Etiópia, onde o consumotv sport hdcarnetv sport hdjumento é tabu, um dos dois matadouros do país foi fechadotv sport hd2017tv sport hdresposta a protestos públicos e nas redes sociais.

Países como Tanzânia e Costa do Marfim proibiram o abate e a exportaçãotv sport hdpelestv sport hdjumentostv sport hd2022, mas o vizinho da China, o Paquistão, abraça o comércio. No final do ano passado, matérias na imprensa alardearam a primeira "fazenda oficialtv sport hdcriaçãotv sport hdjumentos" do país para criar "algumas das melhores raças".

E trata-setv sport hdum grande negócio. De acordo com a professora Lauren Johnston, da Universidadetv sport hdSydney, estudiosa das relações China-África, o mercadotv sport hdejiao na China aumentoutv sport hdcercatv sport hdUS$ 3,2 bilhõestv sport hd2013 para cercatv sport hdUS$ 7,8 bilhõestv sport hd2020.

Virou uma preocupação para autoridadestv sport hdsaúde pública, ativistastv sport hdbem-estar animal e até mesmo investigadorestv sport hdcrimes internacionais.

A pesquisa revelou ainda que os carregamentostv sport hdpelestv sport hdjumentos são usados para traficar outros produtos ilegais da vida selvagem. E há a preocupacãotv sport hdque proibições nacionais ao comércio acabem empurrando-o ainda mais para a clandestinidade.

Para os líderes dos países afetados, há uma questão fundamental: os jumentos valem mais para uma economiatv sport hddesenvolvimento mortos ou vivos?

"A maioria das pessoas na minha comunidade é agricultortv sport hdpequeno porte e usa os jumentos para vender produtos", diz Steve. Ele estava economizando dinheiro vendendo água para pagar a mensalidade para estudar Medicina.

Faith Burden, veterinária e vice-executiva chefe da Donkey Sanctuary, diz que os animais são "absolutamente intrínsecos" à vida ruraltv sport hdmuitas partes do mundo. São animais fortes e adaptáveis. "Um jumento pode ficar por 24 horas sem beber água e se reidratar muito rapidamente, sem problemas."

Mas, apesartv sport hdtodas as suas qualidades, os jumentos não se reproduzem fácil ou rapidamente. Portanto, os ativistas temem que, se o comércio não for reduzido, as populações continuarão a encolher, privando pessoas mais pobrestv sport hduma tábuatv sport hdsalvação e tambémtv sport hduma companhia.

"Não criamos nossos jumentos para o abatetv sport hdmassa," explica Onyango.

A professora Lauren Johnston relembra que os jumentos "carregaram os pobres" por milênios. "Eles carregam crianças, mulheres. Eles carregaram Maria quando ela estava grávidatv sport hdJesus", diz.

Mulheres e meninas, acrescenta ela, carregam o peso da perda quando um animal é levado. "Uma vez que o jumento se vai, as mulheres basicamente tornam-se o jumento novamente", explica ela. E há uma amarga ironia nisso, porque o ejiao é comercializado principalmente para as mulheres chinesas mais ricas.

É um remédio que tem milharestv sport hdanos e que se acredita ter inúmeros benefícios, desde o fortalecimento do sangue até ajudar no sono e aumentar a fertilidade.

Mas foi um programatv sport hdTV chinêstv sport hd2011 chamado Imperatrizes no Palácio - um conto fictíciotv sport hduma corte imperial - que elevou as buscas pelo remédio.

"Foi um product placement inteligente", explica a professora Lauren. "As mulheres do programa consumiam ejiao todos os dias para se manterem bonitas e saudáveis - para pele e fertilidade. Virou um produtotv sport hdfeminilidade da elite. Ironicamente, isso agora está destruindo a vidatv sport hdmuitas mulheres africanas."

Steve, que tem 24 anos, está preocupadotv sport hdter perdido, junto com seus jumentos, o controle sobretv sport hdvida e meiostv sport hdsubsistência. "Estou preso agora", diz ele.

Trabalhando com uma instituiçãotv sport hdcaridade localtv sport hdbem-estar animaltv sport hdNairóbi, a instituição Brooke atua para encontrar jumentos para jovens como Steve, que precisam deles para acessar trabalho e educação.

Janneke Merkx, da Donkey Sanctuary, diz que quanto mais países criarem legislação para proteger seus jumentos, "mais difícil será".

"O que gostaríamostv sport hdver é as empresastv sport hdejiao pararemtv sport hdimportar pelestv sport hdjumento e invistiremtv sport hdalternativas sustentáveis - como a agricultura celular (produzindo colágenotv sport hdlaboratórios). Já existem maneiras seguras e eficazestv sport hdfazer isso."

Faith, da Donkey Sanctuary, chama o comérciotv sport hdpeletv sport hdjumentotv sport hd"insustentável e desumano".

"Eles estão sendo roubados, potencialmente caminham centenastv sport hdquilômetros, são mantidostv sport hdum curral lotado e depois massacrados na frente dos outros jumentos", diz ela. "Eles precisam que a gente denuncie isso."

A Brooke deu a Steve um novo jumento, uma fêmea, que ele batizoutv sport hdJoy Lucky.

"Eu sei que ela vai me ajudar a alcançar meus sonhos", diz ele. "E eu vou garantir que ela esteja protegida."