7 fatores que explicam os ataquesplataformas de apostas desportivas8plataformas de apostas desportivasjaneiroplataformas de apostas desportivasBrasília:plataformas de apostas desportivas

O material também faz parteplataformas de apostas desportivasum documentário publicado nesta semana, que você pode assistir acima ou no canal da BBC News Brasil no Youtube.

1. Redes sociais

A funcionária pública Anna Carolina Rocha mora próximo à Praça dos Cristais, o espaço que foi ocupado pelo acampamentoplataformas de apostas desportivasapoiadores do presidente Jair Bolsonaroplataformas de apostas desportivasBrasília entre o fim das eleições e o inícioplataformas de apostas desportivasjaneiroplataformas de apostas desportivas2023.

Ela passa por ali pelo menos uma vez por semana, quando está a caminho do hospital universitárioplataformas de apostas desportivasque faz tratamento.

Rocha viu todas as fases do acampamento. Das primeiras barracas à chegada do comércio -plataformas de apostas desportivasbarbearia a lanchonete, segundo ela -, e a expansão da estrutura.

Na madrugada entre 7 e 8plataformas de apostas desportivasjaneiro, ela dirigia mais uma vez pela avenida do Exército quando uma movimentação atípica chamou-lhe atenção.

"Bem no meio da madrugada, tinha ônibus chegando, com gente descendo. No primeiro momento eu parei, olhei e pensei: 'Gente, isso são pessoas indo embora ou pessoas chegando?'"

Cercaplataformas de apostas desportivas4 mil pessoas desembarcaramplataformas de apostas desportivasBrasília nos dias anteriores ao 8plataformas de apostas desportivasjaneiro, respondendo a convocações que circularam nas redes sociais.

"A partir do dia 3plataformas de apostas desportivasjaneiro a gente percebe que começam a aparecer muitos vídeosplataformas de apostas desportivaspessoas reunidas no QG fazendo uma convocatória para que outros manifestantes do Brasil inteiro fossem a Brasília para um grande ato", relata Luis Fakhouri, diretorplataformas de apostas desportivasestratégia da Palver. A plataformaplataformas de apostas desportivasescuta social monitorou 15 mil gruposplataformas de apostas desportivasWhatsApp durante as eleições, dentro da iniciativa montada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para combater a desinformação.

"No dia 5, isso se torna muito forte. Muitos vídeos sendo compartilhados,plataformas de apostas desportivasônibus chegando,plataformas de apostas desportivascaravanas."

As redes sociais são um elemento importante no mosaico do 8plataformas de apostas desportivasjaneiro.

Ainda que a operação Lesa Pátria da Polícia Federal indique que há evidênciasplataformas de apostas desportivasque houve financiamento da estrutura que possibilitou os ataques eplataformas de apostas desportivasque grupos específicos os fomentaram, sem as redes sociais não haveria plataforma que permitisse a organização difusa dos atos.

2. Desinformação

As mídias sociais também estão ligadas a outro fator que ajuda a explicar aquele dia, o ganhoplataformas de apostas desportivasescala da desinformação.

Muita gente foi para Brasília acreditando que poderia reverter o resultado das eleições.

O policial legislativo Adilson Paz, que esteve por três horasplataformas de apostas desportivasconfronto com os invasores na Câmara dos Deputados, diz ter ouvido no Salão Verde da Câmara naquele dia que era preciso "chamar atenção das Forças Armadas" para que elas pudessem decretar uma intervenção militar.

Essa ideia não nasceu no 8plataformas de apostas desportivasjaneiro. Por maisplataformas de apostas desportivasum ano, mensagens que circularam nas redes sociais espalharam a falsa ideiaplataformas de apostas desportivasque as urnas eletrônicas não eram seguras eplataformas de apostas desportivasque a Constituição, por meioplataformas de apostas desportivasseu artigo 142, autorizaria uma intervenção militarplataformas de apostas desportivascasos excepcionais para restabelecer a ordem.

Desde que a fake news do artigo 142 foi mencionada por Bolsonaroplataformas de apostas desportivasuma reunião com ministrosplataformas de apostas desportivas2020, constitucionalistas reiteram queplataformas de apostas desportivasnenhum trecho ele autoriza uma intervenção militar. O STF inclusive já se manifestou,plataformas de apostas desportivas2020, por meioplataformas de apostas desportivasuma liminar declarando que os militares não têm a prerrogativaplataformas de apostas desportivasexercer a funçãoplataformas de apostas desportivaspoder moderadorplataformas de apostas desportivasum cenárioplataformas de apostas desportivasconflito entre Executivo, Legislativo e Judiciário.

A crença na notícia falsa ganha força, todavia, quando Bolsonaro deixouplataformas de apostas desportivas reconhecer a derrota no segundo turno. Mais que isso, o silêncio do presidente alimenta outra fake news, aplataformas de apostas desportivasque ele precisaria ficar calado por 72 horas, enquanto as pessoas fossem espontaneamente para as ruas, para que pudesse pedir uma intervenção militar sem ser acusadoplataformas de apostas desportivastentativaplataformas de apostas desportivasgolpe.

Mesmo depois que o então presidente se pronuncia, 40 horas depois do resultado, ele dá uma declaração ambígua: "Os atuais movimentos populares são frutoplataformas de apostas desportivasindignação e sentimentoplataformas de apostas desportivasinjustiçaplataformas de apostas desportivascomo se deu o processo eleitoral. As movimentações pacíficas sempre serão bem vindas, mas os nossos métodos não podem ser o da esquerda, que sempre prejudicaram a população".

Quem fala sobre a transiçãoplataformas de apostas desportivasgoverno é o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, apenas depoisplataformas de apostas desportivasBolsonaro deixar o local da coletivaplataformas de apostas desportivasimprensa.

Todos esses ingredientes se misturam no caldoplataformas de apostas desportivascultura que levou bolsonaristas a fecharem rodovias pelo país, acamparemplataformas de apostas desportivasfrente aos quartéis-generais do Exército e a depredarem patrimônio públicoplataformas de apostas desportivasBrasília.

O uso das redes sociais para espalhar desinformação e engajar eleitores é um fenômeno deste século 21. E isso vale para todo o espectro ideológico, ressalta Darren Linvill, professor da Universidadeplataformas de apostas desportivasClemson, do Estado americano da Carolina do Sul, e pesquisador do Watt Family Innovation Center Media Forensics Hub.

"Acontece na extrema direita e na extrema esquerda, assim como no centro. Estáplataformas de apostas desportivastoda parte."

Muitos movimentosplataformas de apostas desportivasdireita e extrema direita, contudo, acabaram se beneficiando do fatoplataformas de apostas desportivasterem sido os primeiros a explorar as redes sociais como plataforma para comunicação política, pontua Lisa-Maria Neudert, pesquisadora do Oxford Internet Institute, ligado à Universidadeplataformas de apostas desportivasOxford.

"Na Europa, os movimentosplataformas de apostas desportivasextrema direita estão entre os primeiros que olharam para as redes sociais. Quando os partidos políticos começaram a experimentar nesse mundo, também foram os partidosplataformas de apostas desportivasdireita - e acho que isso lhes deu enorme vantagem", avalia.

No Brasil, os estudosplataformas de apostas desportivasanálise descritiva sinalizam que o compartilhamento é maior entre gruposplataformas de apostas desportivasdireita e extrema direita, pontua o cientista social Tiago Ventura, pós-doutorando no Center for Social Media and Politics da New York University.

Olhando especificamente para o bolsonarismo, o ecossistemaplataformas de apostas desportivasdesinformação criado pelo movimento apareceplataformas de apostas desportivasforma rudimentar nas eleiçõesplataformas de apostas desportivas2018 - com fake news como a do "kit gay" e da "mamadeiraplataformas de apostas desportivaspiroca" - e vai se sofisticando nos anos seguintes, passando a misturar acontecimentos reais com informações falsas.

3. O avanço do populismoplataformas de apostas desportivasdireita

Tudo isso dialoga com uma nova ascensão global do conservadorismo e populismoplataformas de apostas desportivasdireita, que nas últimas duas décadas chegou ao poderplataformas de apostas desportivaspaíses como Hungria, Polônia, Estados Unidos, Israel, Itália e Brasil.

Guardadas as particularidades, seus líderes autoritários têmplataformas de apostas desportivascomum o fatoplataformas de apostas desportivasterem sido eleitos dentro das regras da democracia - sem, no entanto, trabalharem para fortalecê-las uma vez no poder.

Pelo contrário: muitos deles têm promovido ou promoveram o enfraquecimento das instituições democráticas, corroendo o sistemaplataformas de apostas desportivasdentro para fora. No exemplo prático da Hungria e da Polônia, onde a direita populista está no poder há maisplataformas de apostas desportivasdois mandatos, a promoçãoplataformas de apostas desportivasmudanças pontuais e reiteradas nas leis que regem o Legislativo e o Judiciário fragilizaram o equilíbrio entre os três poderes e têm concentrado forçasplataformas de apostas desportivastorno do Executivo.

Na visãoplataformas de apostas desportivasespecialistas como Steven Levitsky (autorplataformas de apostas desportivasComo as Democracias Morrem), essa é uma expressão central do autoritarismo do século 21 e um risco à democracia.

E é por isso que, desde o 8plataformas de apostas desportivasjaneiro, o mundo observa atento o caso brasileiro, diz Oliver Stuenkel, professor associadoplataformas de apostas desportivasRelações Internacionais na Fundação Getulio Vargas (FGV):

"O Brasil é visto como um laboratórioplataformas de apostas desportivasmovimentos radicais, sobretudo da extrema direita. O país talvez seja um dos mais afetados pela disseminaçãoplataformas de apostas desportivasnotícias falsas por fake news, já teve o segundo ciclo eleitoral profundamente afetado por notícias falsas."

"O Brasil faz parte da ondaplataformas de apostas desportivasdemocratização que aconteceu nos anos 90 com muitos outros países aqui na América Latina, mas também no leste europeu. O fracassoplataformas de apostas desportivasum caso importante como o do Brasil seria péssima notícia para muitas outras democracias na região. É um sinalplataformas de apostas desportivasque, depoisplataformas de apostas desportivas30 anos,plataformas de apostas desportivasvários sentidos, todas essas democracias ainda enfrentam vários desafios."

4. Polarização

O avanço do populismo -plataformas de apostas desportivasdireita e esquerda - geralmente vem acompanhadoplataformas de apostas desportivaspolarização social e política.

"Esses líderes ganham poder e mantêm intenso apoio polarizando a sociedade", escreve a pesquisadora Rachel Kleinfeld, do Carnegie Endowment for International Peace,plataformas de apostas desportivasum artigo publicado no último mêsplataformas de apostas desportivasjunho sobre os impactos do populismoplataformas de apostas desportivasdireita na economia.

À medida que transforma oponentesplataformas de apostas desportivasinimigos e discordânciasplataformas de apostas desportivasvalores inconciliáveis, o discurso populista divide a sociedade. No caso do populismoplataformas de apostas desportivasdireita do século 21, a retórica é aplataformas de apostas desportivasque o mundo é dominado por uma agendaplataformas de apostas desportivasesquerda - que preza direitos humanos, direitosplataformas de apostas desportivaspessoas LGBT e diretos reprodutivos das mulheres, por exemplo - contra a qual é preciso lutar para defender os valores da família tradicional e da religião.

Nas convocações para o 8plataformas de apostas desportivasjaneiro, era frequente a mensagemplataformas de apostas desportivasque os atos seriam um sacrifício necessário para evitar que o país fosse "dominado pelo comunismo".

"Algumas das mensagens colocavam essa questão da urgência: 'Essa é uma luta que tem que ser feita agora. Se a gente atrasar, a gente vai perder essa guerra e nossos filhos vão pagar essa conta'. Então tinha esse tom do imediatismo, esse medo do comunismo, medo do Brasil se tornar uma Venezuela", diz Fakhouri, da Palver.

A ideia da ameaça do comunismo desconsidera o fatoplataformas de apostas desportivasque os partidosplataformas de apostas desportivasesquerda com maior expressividade na política brasileira não pregam essa ideologia política eplataformas de apostas desportivasque, como fenômeno político, o comunismo perdeu boa parteplataformas de apostas desportivassua relevância desde a dissolução da União Soviéticaplataformas de apostas desportivas1991.

Ainda assim, o fantasma do comunismo segue vivo entre muitos brasileiros. Uma pesquisa Datafolha divulgada no último dia 1ºplataformas de apostas desportivasjulho mostrou que 52% acham que o Brasil corre o riscoplataformas de apostas desportivasse tornar comunista.

O discursoplataformas de apostas desportivasBolsonaro durante os quatro anosplataformas de apostas desportivasgoverno - seja repetindo sem provas alegaçõesplataformas de apostas desportivasfraudes nas urnas ou durante a pandemia, atacando as recomendaçõesplataformas de apostas desportivascientistas e promovendo tratamentos sem eficácia comprovada - contribuiu para dividir o país, mas a polarização é anterior àplataformas de apostas desportivaseleição.

Parte dela vem do antipetismo, um sentimento que, na definição do cientista político Glauco Peres, existiaplataformas de apostas desportivasforma difusa no eleitorado quando o Partido dos Trabalhadores (PT) era oposição e que vai se consolidando depois que a sigla ganha as eleições presidenciaisplataformas de apostas desportivas2002.

Um processo que atinge uma espécieplataformas de apostas desportivasápice entre 2014, quando é deflagrada a Operação Lava Jato, e 2018, no movimento que culmina na vitóriaplataformas de apostas desportivasBolsonaro.

O antipetismo é uma das forças que ajudaram a elegê-lo naquele ano. Entre os 57,7 milhõesplataformas de apostas desportivasbrasileiros que digitaram seu número na urna, uma parte queria evitar um retorno do PT ao poder, ainda que não se entusiasmasse com suas propostas.

É o que indica a pesquisa Datafolha às vésperas daquele segundo turno, que apontava que 54% dos eleitores não votariamplataformas de apostas desportivasjeito nenhumplataformas de apostas desportivasFernando Haddad (PT), enquanto Bolsonaro era rejeitado por 41% dos entrevistados.

5. O acampamento

O país segue rachado na eleiçãoplataformas de apostas desportivas2022. Lula vence com a margem mais estreita da história recente do país, 50,9%, enquanto Bolsonaro atinge 49,1%.

Entre os 58 milhões que votaram no capitão reformadoplataformas de apostas desportivas2022, uma parte, assim comoplataformas de apostas desportivas2018, é antipetista. Há também aqueles que queriam reelegê-lo pelo discurso liberalplataformas de apostas desportivasseu ministro da Economia, alguns se identificavam com a pautaplataformas de apostas desportivascostumes conservadora e outros, com a própria figura do capitão reformado.

"Essa minoria, algo que oscila entre 15% e 20% do momentoplataformas de apostas desportivasque ele foi eleito ao que ele sai, são aqueles que chameiplataformas de apostas desportivasum artigoplataformas de apostas desportivas'bolsonaristasplataformas de apostas desportivascoração'", diz Angela Alonso, livre-docente do departamentoplataformas de apostas desportivassociologia da Universidadeplataformas de apostas desportivasSão Paulo (USP).

"É um tipoplataformas de apostas desportivasadesão emotiva a esse líder. E não acho que tem a ver com o fatoplataformas de apostas desportivasque ele está produzindo algum tipoplataformas de apostas desportivaslavagem cerebral ou qualquer coisa assim - é porque tem uma grande coincidênciaplataformas de apostas desportivascrenças", avalia.

São essas, emplataformas de apostas desportivasmaioria, as pessoas que vão às portasplataformas de apostas desportivasquartéis por todo o país quando Bolsonaro perde as eleiçõesplataformas de apostas desportivas30plataformas de apostas desportivasoutubroplataformas de apostas desportivas2022, na crençaplataformas de apostas desportivasque convenceriam as Forças Armadas a decretar uma intervenção militar e mudar o resultado das urnas.

Fruto,plataformas de apostas desportivascerta forma, dessa mistura entre redes sociais, desinformação, polarização política e fortalecimento do conservadorismo, o acampamentoplataformas de apostas desportivasfrente ao QG do Exércitoplataformas de apostas desportivasBrasília vai se tornar um dos maiores do país.

A BBC News Brasil conversou com dois jornalistas que frequentaram o espaço disfarçados desde os primeiros dias.

"Era uma épocaplataformas de apostas desportivasque chovia muitoplataformas de apostas desportivasBrasília, então as pessoas traziam lona pra conseguir dar suporte às barracas. Depois começaram a chegar as estruturasplataformas de apostas desportivasalimentação, banheiros químicos, tenda, palco, geradorplataformas de apostas desportivasenergia", diz Ana, que pediu para ter o sobrenome suprimido devido a ataques que vem sofrendo na internet.

"Tinha uma estrutura muito grande. Foi quando a gente percebeu que ninguém tinha ido pra passar um dia ou dois. Eraplataformas de apostas desportivasfato pra ficar. A gente só não sabia até quando e pra quê."

A certa altura a estrutura passou a contar inclusive com uma "tendaplataformas de apostas desportivasYoutubers", com computadoresplataformas de apostas desportivasedição grandes, câmeras e roteadorplataformas de apostas desportivasinternet.

"Eles tinham uma rotina muito bem definidinha, com os horários certos das refeições. De manhã tinha um horário do hino nacional, depois eles formavam pelotões e marchavam como se fossem militares, cumprimentando os soldados que passavam. À tarde tinha o horárioplataformas de apostas desportivasque todo mundo ia para onde os caminhões estavam estacionados. À noite cantavam o hino da independência, da bandeira…", descreve Ana.

O acampamento foi o local onde desembarcaram as caravanasplataformas de apostas desportivasônibus que chegaram a Brasília nos dias anteriores ao 8plataformas de apostas desportivasjaneiro eplataformas de apostas desportivasonde partiu a marchaplataformas de apostas desportivasquase 8 km até a Praça dos Três Poderes no dia dos ataques.

No relatório produzido pela equipe que assumiu a Secretariaplataformas de apostas desportivasSegurança Pública do Distrito Federal logo após os ataques e que investigou as causas da insurreição, o acampamento é apontado como elemento-chave da trama.

"Havia estruturas montadas para apoioplataformas de apostas desportivasrefeições e carroplataformas de apostas desportivassom para disseminaçãoplataformas de apostas desportivasinformações e coordenação dos manifestantes, evidenciando que o acampamento, desdeplataformas de apostas desportivasinstalação, foi elemento crucial para o desenvolvimento das açõesplataformas de apostas desportivasperturbação da ordem pública que culminaram nos atos do dia 08plataformas de apostas desportivasjaneiroplataformas de apostas desportivas2023", diz o texto.

O documento, feito a partirplataformas de apostas desportivasinformações colhidasplataformas de apostas desportivasórgãos como o Gabinete da Secretariaplataformas de apostas desportivasSegurança Pública do DF, a Polícia Militar do DF, a Subsecretariaplataformas de apostas desportivasOperações Integradas da SSP/DF e a Subsecretariaplataformas de apostas desportivasInteligência da SSP/DF, lista diversas ocasiõesplataformas de apostas desportivasque os acampados hostilizaram profissionais que estava no espaço a trabalho, entre eles jornalistas, agentes da PF, um agenteplataformas de apostas desportivasvigilância ambiental e agentes do DF Legal.

E aponta o envolvimento do grupo com uma sérieplataformas de apostas desportivasatos violentosplataformas de apostas desportivasBrasília, entre eles a tentativaplataformas de apostas desportivasinvasão do prédio da Polícia Federalplataformas de apostas desportivas12plataformas de apostas desportivasdezembroplataformas de apostas desportivas2022, com a promoçãoplataformas de apostas desportivasatosplataformas de apostas desportivasvandalismo, com queimaplataformas de apostas desportivasônibus e veículos no Setor Hoteleiro Norteplataformas de apostas desportivasBrasília.

6. Presençaplataformas de apostas desportivasgrupos antidemocráticos nas Forças Armadas e nas polícias

O relatório também destaca as tentativasplataformas de apostas desportivasdesmontar a estrutura erguida na Praça dos Cristais pela PM do DF - e impedidas pelas Forças Armadas: "Desde o fimplataformas de apostas desportivas2022, ocorreram ações planejadas com o intuitoplataformas de apostas desportivasdesmobilização do acampamento, porém foram canceladas por fatores alheios às forçasplataformas de apostas desportivassegurança do Distrito Federal, sendo algumas operações interrompidas jáplataformas de apostas desportivasandamento e com tropas da segurança pública no terreno, por orientação do Exército Brasileiro".

Após os ataques, dois oficiais da PM do DF, o coronel Jorge Eduardo Naime Barreto e o ex-comandante Fábio Augusto Vieira, disseramplataformas de apostas desportivasdepoimentos que o Exército impediu pelo menos três iniciativas nesse sentido.

Procuradas, as Forças Armadas não responderam aos pedidosplataformas de apostas desportivasentrevista feitos pela reportagem. Em nota divulgada logo após uma tentativaplataformas de apostas desportivasremoção dos acampadosplataformas de apostas desportivas28plataformas de apostas desportivasdezembro, afirmaram que a ordem para interromper a ação fora dada "no intuitoplataformas de apostas desportivasmanter a ordem e a segurançaplataformas de apostas desportivastodos os envolvidos".

Assim como muitas das questõesplataformas de apostas desportivastorno do 8plataformas de apostas desportivasjaneiro, o papel dos militares nos eventos ainda não está claro.

Não se sabe, por exemplo, porque o Gabineteplataformas de apostas desportivasSegurança Institucional (GSI), órgão formado por militares e responsável pela segurança do Planalto, dispensou o reforçoplataformas de apostas desportivas36 homens do Batalhão da Guarda Presidencial horas antes dos ataques - quando as áreasplataformas de apostas desportivasinteligência do governo já sabiam da chegadaplataformas de apostas desportivascaravanas bolsonaristas a Brasília. As informações foram reveladas pelo jornal O Estadoplataformas de apostas desportivasSão Paulo.

Meses após os ataques,plataformas de apostas desportivasabril, imagens vazadas das câmerasplataformas de apostas desportivassegurança do Palácio mostraram o general Gonçalves Dias, nomeado por Lula como ministro-chefe do GSI, ao ladoplataformas de apostas desportivasinvasores no andar do gabinete presidencial no Planalto. Dias, que se tornaria o primeiro ministro do governo Lula a cair, e membros do GSI foram acusadosplataformas de apostas desportivasajudar os invasores. Ele nega e afirma que estava evitando estragos e encaminhando os invasores para serem presos.

Também ainda precisa ser esclarecido porque o ex-secretárioplataformas de apostas desportivasSegurança Pública do DF, Anderson Torres - também ex-ministro da Justiçaplataformas de apostas desportivasBolsonaro -, e o tenente-coronel Mauro Cid, ajudanteplataformas de apostas desportivasordensplataformas de apostas desportivasBolsonaro, tinham posseplataformas de apostas desportivasminutasplataformas de apostas desportivasdecretos para intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e reverter o resultado das eleições.

Em depoimento, Torres afirmou que o documento seria descartável e sem viabilidade jurídica e que não teria sido ele a colocá-loplataformas de apostas desportivasuma pasta na estanteplataformas de apostas desportivassua casa.

No casoplataformas de apostas desportivasMauro Cid, que está preso e deve depor na próxima semana na Comissão Parlamentarplataformas de apostas desportivasInquérito (CPMI) do 8plataformas de apostas desportivasjaneiro, a perícia feita pela Polícia Federalplataformas de apostas desportivasseu aparelho telefônico revelou, além da minuta, conversas com teor golpista com outros oficiais do Exército.

Nesse sentido, uma das reflexões centrais sobre aquele dia giraplataformas de apostas desportivastorno das Forças Armadas. Elas estão diretamente ligadas à imagemplataformas de apostas desportivasBolsonaro como candidato, fizeram parteplataformas de apostas desportivasseu governo e são mais influentes na vida civil e política do Brasil do que na maioria dos países com democracias estáveis.

"O 8plataformas de apostas desportivasjaneiro reflete, claramente, a presençaplataformas de apostas desportivascorrentes antidemocráticas nas Forças Armadas, na Polícia Militar", avalia Stuenkel.

"Aquilo mostra uma realidade que acho que alguns não queriam acreditar ou aceitar ao longo das últimas décadas - que uma parte das Forças Armadas e da polícia no Brasil não aceita o controle civil, que é um ingrediente fundamentalplataformas de apostas desportivasqualquer democracia", completa.

O Brasil viveu sob uma ditadura militar por 21 anos após o golpeplataformas de apostas desportivasEstadoplataformas de apostas desportivas1964. Desde 1985, o país vem costurando a redemocratização - um processo que, tanto para Stuenkel quanto para Alonso, ainda é um trabalhoplataformas de apostas desportivasconstrução.

Stuenkel lembra que, desde a Constituinte, os movimentos para consolidar o controle civil sobre as Forças Armadas enfrentaram "muita resistência dos generais".

Um desses momentos, ele exemplifica, foi a criação do Ministério da Defesaplataformas de apostas desportivas1999, à qual os militares se opuseram. O mesmo aconteceu com a Comissão da Verdade, formadaplataformas de apostas desportivas2011 para apurar as graves violações aos direitos humanos cometidas durante a ditadura.

"Sempre há resistência por parte das Forças Armadas, se opondo a um processo natural que aconteceplataformas de apostas desportivastodas as democracias consolidadas. Quem manda na Força Armadas é um civil - o presidente, o ministro da Defesa", acrescenta.

Para a pesquisadora Angela Alonso, ainda hoje o país convive com um "passivo que vem da ditadura". Uma geraçãoplataformas de apostas desportivasmilitares, ela argumenta, que é remanescente daquele período e que carrega a ideiaplataformas de apostas desportivasque o melhor Estado é autoritário.

O próprio Bolsonaro, que começou a carreira militarplataformas de apostas desportivas1977, depoisplataformas de apostas desportivasse formar na Academia Militar das Agulhas Negras, faz parte desse grupo.

A questão das visões antidemocráticas, contudo, vai além dos oficiais mais antigos, argumenta a estudiosa.

"Há também uma nova geração formada nessa perspectiva. E acho que isso existe no Exército, na polícia. E isso não é algoplataformas de apostas desportivassolução nem rápida, nem simples", completa.

7. Apagão na segurança

No caso da polícia, as imagensplataformas de apostas desportivasagentes supostamente tirando selfies, socializando com os invasores e permitindo-lhes a entrada nos prédios do governo inundaram as redes sociais no domingoplataformas de apostas desportivas8plataformas de apostas desportivasjaneiro.

Logo após os ataques, a Corregedoria da Polícia Militar do DF instaurou pelo menos 6 inquéritos para apurar a conduta desses profissionais e a omissãoplataformas de apostas desportivascomandantes. No inícioplataformas de apostas desportivasfevereiro, quatro PMs foram presos. A reportagem procurou a PMDF, que não respondeu ao pedidoplataformas de apostas desportivasentrevista.

A possível complacênciaplataformas de apostas desportivasalguns agentes naquele dia é uma das falhasplataformas de apostas desportivassegurança que permitiram que a Praça dos Três Poderes fosse invadida e que o patrimônio público fosse depredado.

Há também o fatoplataformas de apostas desportivasque o efetivo policialplataformas de apostas desportivasplantão naquele dia - menosplataformas de apostas desportivas400 policiais militares e 30 policiais legislativos - era muito menor do que o mobilizado para a posse uma semana antes e insuficiente para fazer frente à quantidadeplataformas de apostas desportivaspessoas que desembarcaramplataformas de apostas desportivasBrasília para o ato marcado para 8plataformas de apostas desportivasjaneiro.

Hoje sabe-se que as autoridades estavam cientes sobre a possibilidadeplataformas de apostas desportivasmanifestações. Às 10h da manhã do dia 6plataformas de apostas desportivasjaneiro, representantesplataformas de apostas desportivaspelo menos 10 órgãos haviam se encontrado para planejar o esquemaplataformas de apostas desportivassegurança do domingo, como aponta o relatório produzido pela equipeplataformas de apostas desportivasintervenção no DF.

A ata da reunião mostra que os comandantes da segurança tinham percepções diferentes sobre o riscoplataformas de apostas desportivasmanifestações. Enquanto um diz que não havia consenso sobre o alcance das convocações, que havia inconsistência sobre o deslocamentoplataformas de apostas desportivascaravanas para Brasília, outros se mostram mais preocupados, inclusive com o riscoplataformas de apostas desportivasações violentas isoladas.

Como Brasília é uma cidade com status especial, o Distrito Federal, o planejamentoplataformas de apostas desportivassegurança para manifestações é particular: envolve tanto órgãos ligados ao Ministério da Justiça quanto a Secretariaplataformas de apostas desportivasSegurança Pública do DF, com competência estadual.

Naquele momento, o governador era Ibaneis Rocha e seu secretárioplataformas de apostas desportivassegurança, Anderson Torres, que assumiu o cargoplataformas de apostas desportivas2plataformas de apostas desportivasjaneiro e logo depois viajouplataformas de apostas desportivasférias aos Estados Unidos.

Antesplataformas de apostas desportivasdeixar o Brasil, o ex-ministroplataformas de apostas desportivasBolsonaro exonerou dois funcionários que ocupavam cargos centrais na estruturaplataformas de apostas desportivasplanejamento e coordenação da pasta: o Secretário Executivoplataformas de apostas desportivasSegurança Pública e o Subsecretárioplataformas de apostas desportivasInteligência. Eles foram substituídos, respectivamente, por Fernandoplataformas de apostas desportivasSousa Oliveira e Marília Ferreira Alencar, as únicas pessoas que Torres,plataformas de apostas desportivasdepoimento, disse ter trazidoplataformas de apostas desportivassua antiga equipe do Ministério da Justiça para ocupar funçõesplataformas de apostas desportivasrelevância na secretaria.

Ele foi presoplataformas de apostas desportivasjaneiro, por suposta omissão nos atos golpistas, soltoplataformas de apostas desportivasmaio e segue sendo investigado no inquérito que investiga o 8plataformas de apostas desportivasjaneiro. Na ocasião da soltura, seu advogado afirmou que ele iria "cooperar para que se esclareça o mais breve possível os fatos que levaram àqueles odiosos atosplataformas de apostas desportivas8plataformas de apostas desportivasjaneiro".

Da reunião do dia 6plataformas de apostas desportivasjaneiro saiu um protocoloplataformas de apostas desportivasações integradas, documento que divide tarefas e atribuições a cada um dos órgãos responsáveis pela segurança no planejamento para manifestações.

"O protocolo não é só um papel onde você coloca as decisões que foram consensuadas, assina e pronto. Não é só criar um foguete, é preciso monitorá-lo, caso contrário ele não sai do chão", destaca Tânia Pinc, pesquisadora associada do Laboratórioplataformas de apostas desportivasAnálise da Violência da Uerj e major da reserva da PMplataformas de apostas desportivasSão Paulo, na qual trabalhou por 25 anos.

"É muito provável que grande parte do que estava previsto no protocolo não tenha sido colocadoplataformas de apostas desportivasprática. E isso é um problema no fluxoplataformas de apostas desportivascomunicação", acrescenta.

Ela explica que o planejamento das operações para manifestações geralmente acontece no médio escalão dos órgãosplataformas de apostas desportivassegurança. E aqui há dois pontos-chave: a predição do risco, ou seja, entender o grauplataformas de apostas desportivasameaça que o evento representa, e o diálogo com o alto escalão para que se possa estabelecer uma comunicação entre diferentes agências envolvidas e coordenar as operações.

"É importante levarplataformas de apostas desportivasconsideração que tudo isso está acontecendo dentroplataformas de apostas desportivasum contextoplataformas de apostas desportivastransiçãoplataformas de apostas desportivasgoverno. Então, o que pode ter acontecido que acabou interrompendo ou descontinuando esse fluxoplataformas de apostas desportivascomunicação?"

A reportagem levou essa pergunta ao ministro da Justiça, Flávio Dino, que estava trabalhandoplataformas de apostas desportivasBrasília no 8plataformas de apostas desportivasjaneiro e chegou a seu gabinete,plataformas de apostas desportivasfrente para a Praça dos Três Poderes, por voltaplataformas de apostas desportivastrês da tarde.

Ele diz que vinha dialogando sobre a possibilidadeplataformas de apostas desportivasmanifestações com o governador Ibaneis Rocha e que, pela comunicação, acreditava que a preparação seria similar à que havia sido feita para a posse.

"Houve relatos do então secretárioplataformas de apostas desportivasSegurançaplataformas de apostas desportivasexercício no Distrito Federal ao governador, e o governador me passava no sentidoplataformas de apostas desportivasque tudo estava planejado, organizado, que não havia risco", afirma.

Parte desse diálogo foi registrado pelo ministroplataformas de apostas desportivassuas redes sociais, inclusive um ofício alertando o governador Ibaneis Rocha sobre "intensa movimentaçãoplataformas de apostas desportivaspessoas que, inconformadas com o resultado das Eleições 2022, estão organizando caravanasplataformas de apostas desportivasônibus para se deslocarem até Brasília", postadoplataformas de apostas desportivassuas redes sociais na véspera da invasão.

O governador também se manifestou publicamente no sábado, e,plataformas de apostas desportivasentrevista, disse apenas que a manifestação no domingo estaria liberada desde que fosse "pacífica".

Depoisplataformas de apostas desportivasficar 64 dias afastado, Ibaneis Rocha foi reconduzido ao cargoplataformas de apostas desportivasmarço e é investigado no inquérito que apura as responsabilidades pelo que aconteceu naquele domingo.

A BBC News Brasil o procurou para uma entrevista, e umplataformas de apostas desportivasseus advogados respondeu dizendo que ele não se manifestaria.

Saldos e ecos

O Brasil ainda vai falar sobre o 8plataformas de apostas desportivasjaneiro e refletir sobre seu significado por muito tempo. As centenasplataformas de apostas desportivaspessoas presas por suposto envolvimento com a invasão ainda aguardam julgamento, e a Polícia Federal segue investigando as eventuais negligências, falhas, omissões, erros e crimes que permitiram os ataques.

Instaladaplataformas de apostas desportivasmaio, a CPMI do 8plataformas de apostas desportivasjaneiro se estenderá pelo menos por seis meses e o PL das Fake News, colocadoplataformas de apostas desportivaspauta como uma resposta ao papel das redes sociais e da desinformação naquele dia, continua tramitando.

A questão do tensionamento entre o governo e os militares, porplataformas de apostas desportivasvez, parece longeplataformas de apostas desportivasser equacionada. Um sinal recente veio do desfechoplataformas de apostas desportivasuma longa disputa entre o GSI e a Secretaria Extraordináriaplataformas de apostas desportivasSegurança Presidencial, formada majoritariamente por policiais federais. Frustrando a cúpula da PF - e aqueles que defendiam um comando civil da segurança presidencial -, Lula devolveu a coordenação ao GSI no fim do mêsplataformas de apostas desportivasjunho.