Chikungunya provoca doenças vasculares irreversíveishand pokerpacientes, revela pesquisa:hand poker

  • Diana Brito
  • De Londres para a BBC Brasil
A paciente Vera Marques

Crédito, Paulo Paiva/BBC Brasil

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Vera Marques passou a usar muleta quando sente as pernas muito pesadas um ano depoishand pokersentir os primeiros sintomas da chikungunya

hand poker As pernas pesadas, o inchaço nos pés e a dificuldadehand pokerandar fizeram a donahand pokercasa Vera Lúcia Amaral Marques,hand poker45 anos, usar sandálias especiais ortopédicas e muleta um ano após ser diagnosticada com o vírus da febre chikungunya no Recife.

Ela integra o grupohand pokerpacientes que participamhand pokeruma pesquisa inédita do Hospital das Clínicas da Universidade Federalhand pokerPernambuco (UFPE), que revela lesões vasculares irreversíveis provocadas pela doença.

"Tanto as minhas pernas como os meus pés ficam horríveishand pokertão inchados. Sinto câimbras anteshand pokerdormir e tenho vergonhahand pokerusar short ou vestido curto. Pareço mais velha, não vou mais para academia e até os meus sapatos eu tive que deixarhand pokerlado porque já não cabem mais", disse a pernambucana à BBC Brasil.

Dos 32 pacientes analisados com os sintomas, 29 voltaram para serem acompanhados pelos especialistas no estudo. Destes, 20 repetiram o exame e foi constatado que 65% mantinham as alterações vasculares crônicas.

"Manifestações vasculares na chikungunya estavam restritas a fases iniciais da doença. Agora, o estudo mostra não só uma nova manifestação como a cronificação dela, já que os sintomas persistiram por maishand pokertrês meses", destaca Catarina Almeida, cirurgiã vascular responsável pelo estudo, que defende o tema emhand pokertesehand pokermestrado.

Os pacientes apresentaram problemas como linfedema agudo (acúmulohand pokerlíquido nas pernas devido ao bloqueio do sistema linfático) e edema no dorso do pé.

As alterações linfáticas foram detectadas pelo examehand pokerlinfocintigrafia. Ainda é desconhecido o motivo das lesões vasculares crônicas atingirem apenas os membros inferiores.

"Nosso próximo passo, agora, é fazer uma investigação molecular e entender o motivo disso acontecer. Se é resposta imunológica a infecção exacerbada do paciente ou ação direta do vírus", disse Almeida à reportagem.

Os pesquisadores explicam ainda que a morbidade do paciente aumenta com essas lesões e eles ficam mais suscetíveis a terem infecção nos membros inferiores. "Além disso, o linfedema crônico não tem cura - é irreversível."

O levantamento foi feitohand pokermarço a novembrohand poker2016. Assim como a dengue e a zika, a chikungunya também é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.

Convivendo com a dor

Um ano e três meses após sentir os primeiros sintomas da febre, o aposentado pernambucano José Severino Pedrosa,hand poker76 anos, diz que o usohand pokeranalgésicos acaba sendo inevitável.

"Aprendi a conviver com a dor, mas tem vezes que eu não aguento e tenho que tomar analgésico. Antes caminhava todos os dias. Agora, se caminho num dia, tenho que descansar dois ou três porque fico todo dolorido. Também não posso com muito peso como antes", conta.

Funcionáriahand pokeruma escola municipalhand pokerRecife, Jaciane Braz,hand poker57 anos, passou a usar sapatoshand pokernúmero maior por conta do inchaço. Ela conta que ficou com a pele escura e escamosa nos membros inferiores e não aguentar ficar muito tempohand pokerpé.

"Sofri um AVC e logo depois veio a febre chikungunya. Mas só consegui marcar consulta para confirmar a doença sete meses depois porque não tinha vaga no hospital", lamentou.

Jaciane Braz

Crédito, Paulo Paiva/BBC Brasil

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Funcionáriahand pokeruma escola municipalhand pokerRecife, Jaciane Braz sofre com problemas vasculares

A grande maioria dos pacientes que participaram da pesquisa são mulheres - segundo médicos, isso acontece porque os homens buscam com menos frequência o sistemahand pokersaúde.

Para amenizar o problema, a orientação é o usohand pokermeiashand pokercompressão, drenagem linfática e elevação dos membros.

Preocupação

De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretariahand pokerVigilânciahand pokerSaúde do governo federal,hand poker2016 foram registrados 271.824 mil casoshand pokerchikungunya no país - um aumento expressivo se comparado a 2015, que teve 36 mil casos.

Segundo o Ministério da Saúde, houve ocorrênciahand pokercasoshand pokertodo o país, mas com maior incidência no Nordeste (235.136 casos) e no Sudeste (24.478).

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No Brasil, a transmissão autóctone (contraída na cidadehand pokerque se vive) foi confirmada no segundo semestrehand poker2014, inicialmente nos Estados do Amapá e da Bahia.

O númerohand pokermortes passouhand poker14hand poker2015 para 196hand poker2016. Os Estados que apresentaram o maior númerohand pokervítimas são Pernambuco (54), Paraíba (32), Rio Grande do Norte (25), Ceará (21) e Riohand pokerJaneiro (9).

"Surpreendentemente não temos epidemia como era previsto neste verão, mas o aumentohand pokercasos e mortes preocupa e, indiscutivelmente, os números são muito maiores do que esses e a tendência é continuar, infelizmente", disse o infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha, coordenadorhand pokerVigilânciahand pokerSaúde e Laboratórioshand pokerReferência da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

"Em campo, temos visto muitas lesões vasculareshand pokerdoentes - mas muitos deles já tinham uma certa idade e uma certa insuficiência vascular", acrescentou.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que "o governo federal intensificou a atuação contra o mosquito transmissor da febrehand pokerChikungunya, Dengue e Zica com campanhas publicitáriashand pokerTV, rádio, internet e outros meios, distribuiçãohand pokertestes rápidoshand pokerZika, campanhas educativas e mutirõeshand pokerfaxina".

Regiões atuais ou anterioreshand pokertransmissão local do vírus chikungunya

Crédito, Hospital for Tropical Diseases

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Países e territórios onde casoshand pokerchikungunya foram reportados (em verde escuro)

Europa

Um levantamento feito pelo Hospital para Doenças Tropicaishand pokerLondres mostra,hand pokerum mapa, que pouco maishand poker100 países já registraram casos reportadoshand pokerpossível transmissão local. Na América Latina, apenas Chile e Uruguai ficaramhand pokerfora do índicehand pokerocorrência.

De acordo com Mike Brown, médico especialistahand pokerdoenças infecciosas e medicina tropical da instituição, tem havido alta incidência globalhand pokerchikungunya nos últimos dez anos e os vetores ainda têm potencial para propagaçãohand pokeroutras regiões.

"Para a maioria dos pacientes é uma doença viral autolimitada (seus sintomas acabam desaparecendo sozinhos), mas para muitos a artralgia pode ser muito prolongada e debilitante. A mortalidade devido a condição é considerada baixa, mas complicações como encefalite, especialmentehand pokerindivíduos imunodeprimidos, pode ocorrer (também)", afirmou à BBC Brasil.

O médico diz que organizações como Geosentinel (redehand pokervigilância global e tropicalhand pokermedicina) já registraram casoshand pokerpacientes com chikungunya importados para a Europa - na França e Itália - e adquiridos localmente no sul do Mediterrâneo.

"Cercahand pokerdois, três anos atrás, alguns hospitais, como o nosso, passaram a ter atendimento clínico dedicado a pacientes com chikungunya com uma equipe formada por reumatologistas e especialistashand pokermedicina tropical para melhor gerenciar e entender casos relacionadoshand pokerartralgia e artrite", destacou.