Pesquisadores acham plástico dentroapostas rocket98% dos peixes analisadosapostas rocketestudo na Amazônia:apostas rocket
- Matheus Magenta
- Da BBC News Brasilapostas rocketLondres
apostas rocket Um estudo realizado pela Universidade Federal do Pará (UFPA) encontrou,apostas rocketmédia, seis pedaçosapostas rocketplástico dentro do corpoapostas rocket98% dos peixes coletados por um grupoapostas rocketpesquisadoresapostas rocketnascentes e riachos da Amazônia.
Ao todo, foram encontradas 383 partículas plásticas, sendo 201 no trato gastrointestinal e 182apostas rocketbrânquias (órgão respiratórioapostas rocketanimais aquáticos, também conhecido como guelras)apostas rocket67 dos 68 peixes analisados pelo grupoapostas rocketpesquisa do Laboratórioapostas rocketEcologia e Conservação (Labeco), da UFPA.
Pesquisadores afirmam que a ingestãoapostas rocketplástico pode provocar mortandade desses peixes ou afetar a reprodução deles e levar ao desequilíbrio da cadeia alimentar; ou mesmo que esse material sintético pode,apostas rocketúltima análise, parar no corpo humano.
Esse tipoapostas rocketpoluição dá sinaisapostas rocketestar espalhado por toda a bacia amazônica. Em janeiroapostas rocket2019, um grupoapostas rocketpesquisadores liderados pelo ictiólogo Marcelo Andrade, também ligado à UFPA, identificou pela primeira vez a presençaapostas rocketplásticoapostas rocketpeixes amazônicos. Na ocasião, eles encontraram partículas no trato gastrointestinalapostas rocketquase 25% dos peixes coletados no rio Xingu, incluindo a piranha-vermelha (Pygocentrus nattereri).
Um estudo publicado na revista Nature Communicationsapostas rocketjunhoapostas rocket2017 estima que sejam despejadas no oceano 39 mil toneladasapostas rocketplástico por ano via rio Amazonas — que passa por Peru, Equador, Colômbia e Brasil.
Desequilíbrio ecológico
Estudos anteriores já haviam investigado esse tipoapostas rocketpoluiçãoapostas rocketpeixes que vivemapostas rocketoutros locais do curso da água, como rios e oceanos, e são consumidos pelo homem.
A diferença desse trabalho, feito por um grupoapostas rocketpesquisadoresapostas rocketpeixeapostas rocketágua doce e publicadoapostas rocketjulho na revista científica Environmental Pollution, é apontar a extensão dos danos ao sistema respiratório dos animais e que esse problema ambiental atinge com mais intensidade nascentesapostas rocketrios e riachos, onde os peixes têm,apostas rocketmédia, 10 cm na fase adulta, não costumam ser consumidos pelo homem e enfrentam riscos maioresapostas rocketdesequilíbrio ecológico.
Foram analisadas 14 espéciesapostas rocketpeixe coletadasapostas rocket12 locais na bacia do rio Guamá, no município paraenseapostas rocketBarcarena, e na bacia do Acará-Capim, nos municípiosapostas rocketIpixuna do Pará, Concórdia do Pará e Tomé Açu.
Essas duas regiões ribeirinhas não têm tratamentoapostas rocketesgoto e utilizam essas nascentes e riachos tanto como espaçoapostas rocketlazer quanto para descartar dejetos.
Nesses lugares, esses peixes menores têm papel fundamental no equilíbrio ecológico da região. Eles podem ser predadores responsáveis, por exemplo, pelo controleapostas rocketinsetos ou servirapostas rocketalimento para sapos.
“Sem a presença no futuroapostas rocketuma dessas espécies que consomem larvasapostas rocketinsetos, por exemplo, poderia haver a explosãoapostas rocketuma populaçãoapostas rocketmosquitos e o espalhamento desenfreadoapostas rocketdoenças”, explica a pesquisadora Danielle Ribeiro-Brasil, uma das autoras do artigo e integrante do grupoapostas rocketpesquisa da UFPA,apostas rocketentrevista à BBC News Brasil.
Um dos animais estudados é o Crenicichla regani, conhecido também como jacundá ou joaninha. Os peixes dessa espécies são predadores que se alimentamapostas rocketpequenos crustáceos e larvasapostas rocketinsetos e podem demonstrar um comportamento agressivo. Com boa visão noturna, muitas vezes se alimentam no escuro e às vezes nem são percebidos pelas pessoas no ambiente, já que não costumam passarapostas rocket8 cmapostas rocketcomprimento na fase adulta.
Essa espécie, analisada no estudo da UFPA, continha mais plásticoapostas rocketsuas brânquias eapostas rocketseu trato gastrointestinal que as outras.
Segundo ela, os próximos estudos vão analisar o impacto dessa poluição para a perdaapostas rocketespécies ou diminuição dessas comunidades. Deve-se analisar também a origem dessas partículas, mas a principal hipótese é que esses pedaços achadosapostas rocketriachos e nascentes amazônicas tenham saídoapostas rocketroupas sintéticas. Do total, 93% das partículas encontradas nos animais são fibras.
Em geral, essas partículas são origináriasapostas rocketfontes diversas, como roupas, pneus, tintas e escovasapostas rocketdente. Calcula-se que entre 2% e 5%apostas rockettodo o plástico produzido por ano acabe descartado nos mares, mas não se sabe direito qual é a dimensão real do problema.
Um estudo do Centro Nacionalapostas rocketOceanografia do Reino Unido, divulgado nesta semana, estima que a quantidadeapostas rocketplástico boiando no oceano Atlântico seja capazapostas rocketencher maisapostas rocketmil navios-cargueiros, somando 21 milhõesapostas rockettoneladas (uma quantidade dez vezes maior do que se pensava).
À medida que esses materiais vão se deteriorando, acabam sendo consumidos por animais marinhos, entrando na cadeia alimentar — um caminho que,apostas rocketúltima instância, traz o plástico para o organismo humano.
Nesta semana, um outro estudo,apostas rocketpesquisadores da Universidade do Arizona, nos EUA, apontou pela primeira vez micropartículas plásticasapostas rockettecidosapostas rocketpulmão, fígado, rim e baço humanos.
Ainda não há informações conclusivas sobre o impacto desse tipoapostas rocketpoluição na saúde das pessoas, mas já se sabe o que a presençaapostas rocketplástico dentro do corpo pode causar aos peixes.
Essas partículas podem atacar dois pontos centrais dos peixesapostas rocketriachos: as brânquias e o trato digestivo. No primeiro, o plástico interfere na aptidão física do animal, afetandoapostas rocketenergia para a capturaapostas rocketalimentos e para a reprodução. No segundo, essas partículas podem dar uma falsa sensaçãoapostas rocketsaciedade ao peixe ou mesmo feri-lo até a morte.
Segundo o estudo, os peixes que vivem nesses riachos analisados consomem proporcionalmente mais plástico do que os encontradosapostas rocketrios.
“Não é todo peixe que ingere o plástico. Isso está relacionado também ao comportamento dele no ambiente. Se é carnívoro, por exemplo, faz uma busca ativa por alimentos e pode confundir o pedaçoapostas rocketplástico com algo que possa comer”, afirma Ribeiro-Brasil.
Outros estudos apontam que esses plásticos são ingeridos por algumas espécies não apenas porque se parecem com comida mas também porque cheiram a comida.
Segundo cientistas do Instituto Real Holandêsapostas rocketPesquisas Marítimas, essas partículasapostas rocketplástico no oceano são rapidamente colonizadas por uma fina camadaapostas rocketmicróbios, normalmente chamadaapostas rocket"plastisfério", que libera substâncias químicas que fazem o plástico ter cheiro e gostoapostas rocketalimento para alguns animais marinhos.
Para o grupoapostas rocketpesquisadores da UFPA, as ações para evitar o aumento da contaminação por plástico da bacia Amazônica demandam o envolvimento da população local, iniciativasapostas rocketeducação ambientalapostas rocketmanejo dos resíduos sólidos e o engajamentoapostas rocketinstituições públicas e privadas, entre outros pontos.
Eles defendem, por exemplo, medidasapostas rocketincentivo para a redução do consumoapostas rocketplásticosapostas rocketuso único, como cotonetes e canudos, eapostas rocketregulação para garantir a preservação desses ecossistemas atingidos pela poluição.
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