Calculadoranovibet deposito minimorenda: 90% dos brasileiros ganham menosnovibet deposito minimoR$ 3,5 mil; confiranovibet deposito minimoposição na lista:novibet deposito minimo

Dentro do grupo dos mais ricos, contudo, o espectro é bem diversificado.

Tomando a faixa da pesquisa do IBGE,novibet deposito minimoR$ 28 mil, o grupo dos 1% mais ricos inclui desde alguns profissionais liberais como advogados e engenheiros e a elite do funcionalismo público — promotores, procuradores, auditores da Receita —, a empresários, artistas e, finalmente, os milionários e bilionários que aparecem nas listas dos mais ricos do país.

Rico, eu?

Talvez por isso, muitos não se enxerguem como parte do topo da pirâmide.

A pesquisa Nós e As Desigualdades, realizada pela Oxfamnovibet deposito minimoparceria com o Instituto Datafolha, pergunta desde 2017 aos brasileiros,novibet deposito minimouma escalanovibet deposito minimo0 a 100, se eles se acham "muito pobres ou muito ricos".

As três edições do levantamento realizadas até agora apontam na mesma direção: quem está no topo pode ter uma visão bastante distorcida da realidade. A pesquisanovibet deposito minimodezembronovibet deposito minimo2020 apontou que, entre aqueles com renda superior a 5 salários mínimos, 75% disseram achar fazer parte da metade mais pobre do país.

Para se estar entre os 10% mais ricos do país, contudo, a renda média partenovibet deposito minimotrês salários mínimos,novibet deposito minimoacordo com os parâmetros da pesquisa.

Isso porque o Brasil é um paísnovibet deposito minimoque muita gente vive com muito pouco. Para se estar entre os "mais ricos", do pontonovibet deposito minimovista da distribuiçãonovibet deposito minimorenda, não é preciso tanto.

Síndrome da classe média

Esse descolamento entre percepção e realidade, entretanto, não é exclusividade do Brasil.

"Os estudos sobre percepção mostram que as pessoas tendem a se classificar no meio, como classe média. Pouca gente se classifica como pobre ou como rica", diz o professor visitante na Universidade Columbia, nos EUA, e pesquisador da desigualdade Marcelo Medeiros.

Mas por quê?

Estudiosa do tema, Asli Cansunar, professora do departamentonovibet deposito minimoCiência Política na Universidadenovibet deposito minimoWashington, nos EUA, ressalta que esses resultados são observados pelo menos desde os anos 1970.

A explicação é relativamente simples. A grande maioria das pessoas não consome informações sobre estatísticas econômicas no dia a dia. Na faltanovibet deposito minimodados técnicos, a maneiranovibet deposito minimocolocar sentido no mundo é por meionovibet deposito minimocomparações — é olharnovibet deposito minimovolta e se comparar aos amigos, familiares, às celebridades na TV ou, mais recentemente, aos influencers do Instagram.

O problema, nesse caso, é que a amostra é enviesada, já que o cotidiano está,novibet deposito minimomaneira geral, dominado por imagens que nos levam a associar o topo da pirâmide à ostentação: alguém que dirige um carro importado, que faz viagens internacionais, que consome produtosnovibet deposito minimoluxo.

"E quando você se compara a essas pessoas, claro, vai dizer: 'Imagina, eu não sou rico, sou classe média! Sou apenas alguém que está se esforçando para comprar um carro novo e conseguir viajar nas férias'. Na vida real, entretanto, se você olhar as estatísticas, vai ver que está ganhando muito mais do que muita gente no seu entorno", destaca a pesquisadora.

Mas então quem está no 'topo' é rico?

Para além das percepções individuais, a própria noçãonovibet deposito minimoriqueza é subjetiva. Não há um consenso acadêmico sobre o que seria uma "linhanovibet deposito minimoriqueza", por exemplo. Ser rico é ter dinheiro suficiente para poder pararnovibet deposito minimotrabalhar? É morarnovibet deposito minimoum determinado bairro da cidade? É ter um carro importado?

"A definição do que é ser rico é uma ferramenta, depende do que se quer fazer com ela", pontua Medeiros.

Cansunar também ressalta que a noçãonovibet deposito minimoriqueza é relativa - e pode variar inclusive dentronovibet deposito minimoum mesmo país. No Reino Unido, ela exemplifica, ganhar mais do que as 80 mil libras por ano (R$ 590 mil) que colocam alguém entre o 1% no topo da pirâmide não necessariamente significa uma vida confortávelnovibet deposito minimoLondres para quem temnovibet deposito minimopagar aluguel.

A própria pirâmidenovibet deposito minimorendimentos — que, aliás, não contabiliza a riqueza estocadanovibet deposito minimopatrimônio, a recebidanovibet deposito minimoherança — pode variar, a depender da metodologia. O IBGE usa suas pesquisas domiciliares, que, tradicionalmente, acabam subestimando a rendanovibet deposito minimoquem está no topo.

Seja por uma questão ligada à segurança, por constrangimento ou porque realmente não sabem quanto ganham na ponta do lápis, os mais ricos acabam informando valores menores aos recenseadores do instituto.

"O IBGE faz um trabalho fantástico, mas esse é um fenômeno que acontece no mundo inteiro. Então as pesquisas do IBGE captam muito bem, vamos dizer, os 90% mais pobres da população", pontua o sociólogo e pesquisador do Ipea (Institutonovibet deposito minimoPesquisa Econômica Aplicada) Pedro Ferreiranovibet deposito minimoSouza.

"Nos 10% mais ricos, quanto mais para cima, maior a subestimação", afirma o especialista, que é autor do livro Uma História da Desigualdade, vencedor do prêmio Jabutinovibet deposito minimo2019.

Por isso, pesquisadores como Souza utilizam também os dados da Receita Federal do Impostonovibet deposito minimoRenda, que captam melhor a renda que vemnovibet deposito minimoinvestimento e aplicações financeiras, por exemplo.

Entre os 5% mais ricos, conforme os cálculos que ele fez com dadosnovibet deposito minimo2015, a renda média apontada pelo levantamento do IBGE era 25% menor do que usando o IRPF. Para o 1% mais rico, a linhanovibet deposito minimocorte nos dados do IBGE era 45% menor do que no IRPF — pouco menos da metade.

Ainda que a linhanovibet deposito minimocorte, na prática, seja provavelmente superior aos R$ 28 mil apontados pela Pnad Contínua, o topo da pirâmide ainda é formado pelo grupo heterogêneo que inclui dos "super ricos" a profissionais liberais e parte do funcionalismo público.

O teto para o salário dos servidores federais é hojenovibet deposito minimoR$ 39 mil. Muitos, contudo, recebem valores superiores com a inclusãonovibet deposito minimobenefícios como auxílio alimentação e moradia.

"Se você ganha um salário muito alto, enovibet deposito minimoalguns casos muito acima do teto — principalmente no poder judiciário, a gente vê que é comum — com o tempo vai acumular renda e isso vai virar rendimentonovibet deposito minimocapital", acrescenta o sociólogo.

"O público leigo às vezes acha que todo funcionário público, ou pelo menos todo funcionário público federal, está no 1%. Tem um exagero grande aí, mas também não énovibet deposito minimotodo falso, certamente tem muita gente da elite do funcionalismo e, vamos ser sinceros, da elite política [no 1%]."

Como estudioso da desigualdade, encontrada no Brasilnovibet deposito minimonível "extremo", o pesquisador acredita que esse possa ser um bom parâmetro para se definir riqueza no Brasil.

"Onde está a concentraçãonovibet deposito minimorenda que torna o Brasil muito diferente da Europa? Bom, está no topo. É ali o 1%, os 5% mais ricos, talveznovibet deposito minimoalgum grau você possa falar que são os 10% mais ricos, alguma coisa assim. Mas a concentração grande mesmo é bem no topo, então fazer esse recorte — falarnovibet deposito minimo1% da população, 5% da população, acho que não tem como dizer que não é rico, né? Isso exigiria umas cambalhotas retóricas que não são muito fáceis", avalia Souza.

Por que isso importa?

Chamar atenção para o topo, na avaliação do sociólogo, é importante especialmente por dois motivos.

Primeiro, por uma questão política. Quando uma fração pequena da população concentra um percentual grande dos recursos, ela tende a "usar todos os meios possíveis para converter o poder econômiconovibet deposito minimoinfluência política e, assim, conseguir enriquecer ainda mais".

"Isso não é uma questão necessariamentenovibet deposito minimocaráter individual, mas uma dinâmica social que a gente vênovibet deposito minimodiversos países — e atrapalha o funcionamento da democracia."

Segundo, ele acrescenta, porque entender quem tem mais abre caminho para o desenvolvimentonovibet deposito minimopolíticas voltadas para melhorar o bem-estar dos mais pobres, como o financiamentonovibet deposito minimoserviços públicosnovibet deposito minimotransporte e saúde para atender essa população.

"O jeito mais eficientenovibet deposito minimofazer isso é pegarnovibet deposito minimoquem tem mais,novibet deposito minimoonde o dinheiro tánovibet deposito minimotese sobrando — pelo menosnovibet deposito minimoalgum grau, ninguém está falandonovibet deposito minimoconfisco, mas do padrãonovibet deposito minimoEstados Unidos e Europa —, tributar onde tem mais dinheiro concentrado e gastar onde tem mais necessidades", avalia.

"E para isso a gente precisa conhecer os mais ricos — e aí não adianta você também ter uma definiçãonovibet deposito minimoriqueza que seja só o Neymar, né?"

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