Independentemente do presidente eleito, militares não abrirão mão do espaço conquistado, dizem pesquisadores:jogos puzzle bolas
No total, os militares na cúpula do Executivo foramjogos puzzle bolas680jogos puzzle bolas2018 para 1085jogos puzzle bolas2021. É um processojogos puzzle bolasmilitarização que já vinhajogos puzzle bolasantes, mas se intensificou no atual governo. Segundo o Ipea, a tendênciajogos puzzle bolasexpansão foi observadajogos puzzle bolastodo o período desde 2013, "mas o maior aumento proporcional foi entre 2018 e 2019".
O número cresceu ainda mais com novas nomeações neste ano, mas os dadosjogos puzzle bolas2022 não foram contemplados na pesquisa.
A presença militar ejogos puzzle bolasinfluência é maior nas áreas consideradas estratégicas pelo governo, segundo o Ipea, como Economia e Educação. Isso ficou evidente também com a colocação do general Eduardo Pazuello na chefia do Ministério da Saúde no auge da pandemiajogos puzzle bolascovid-19.
Na Educação, o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares é uma das principais vitrines do governo. Feitojogos puzzle bolasparceria entre o Ministério da Educação (MEC) e o Ministério da Defesa, visa aplicar no país todo elementos da gestão dos colégios militares.
No Meio Ambiente, ao mesmo tempo que congelou ações do Instituto Brasileirojogos puzzle bolasMeio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o governo fez grande propagandajogos puzzle bolasações militares para combater o desmatamento na Amazônia, feitos sem apoio e expertisejogos puzzle bolasespecialistas na área.
Marques afirma ainda que diminuiu também a intermediação civil entre o governo e as Forças Armadas.
"O cargojogos puzzle bolasministro da Defesa, que nos governos desde a redemocratização era ocupado por civis, agora é ocupado por militares da reserva recém-saídos do serviço. O ministério da Defesa virou o Ministério das Forças Armadas."
Questionado pela BBC News Brasil sobre a ampliação do númerojogos puzzle bolascargos que militares ocupam, o Ministério da Defesa afirmou que "os militares, dentro ou fora do governo, ocupam cargos conforme a qualificação requisitada para o desempenho das respectivas funções ejogos puzzle bolasacordo com a legislação que rege a ocupaçãojogos puzzle bolascargosjogos puzzle bolasnatureza civil ejogos puzzle bolasnatureza militar".
Sobre o envolvimento das Forças Armadas na eleição, a pasta afirmou que os militares "atuam estritamente dentro da legalidade" e estão "colaborando com o TSE para o aperfeiçoamento da segurança e da transparência do processo eleitoral,jogos puzzle bolasforma a fortalecer a democracia".
"As Forças Armadas foram definidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como integrantes da Comissãojogos puzzle bolasTransparência das Eleições e como uma das entidades legitimadas a fiscalizar o sistema eletrônicojogos puzzle bolasvotação, ao ladojogos puzzle bolasoutras entidades fiscalizadoras."
Projetojogos puzzle bolaslongo prazo
Segundo Marques, os militares não enxergam esse envolvimento como excessivo ou um desviojogos puzzle bolasfunção. A mentalidade mais difundida seriajogos puzzle bolasque as Forças Armadas são mais competentes do que outras instituições.
"Pensam que são uma instituição que pode atuarjogos puzzle bolasqualquer área e resolver qualquer problema. Nem a passagem mal-sucedida do ministro Pazuello pelo Ministério da Saúde abalou essa certeza", afirma.
O pesquisador Piero Leirner, antropológo da Universidade Federaljogos puzzle bolasSão Carlos (Ufscar) que estuda militares brasileiros, vai além.
Leirner diz que suas pesquisas apontam que houve um grande esforço dos militares junto a outras instânciasjogos puzzle bolaspoder não só para ocupar cargos, mas para viabilizar seus próprios projetos indiretamente.
"Eles passaram a fazer lobbies e infiltraçõesjogos puzzle bolasvários setores, do Congresso ao Judiciário,jogos puzzle bolasorganizações empresariais à setores da imprensa. Militares vão para órgãosjogos puzzle bolasauditoria, desembargadores vão dar aulasjogos puzzle bolasEscolas Militares, por exemplo. Isso sem falarjogos puzzle bolaslaçosjogos puzzle bolasparentesco, amizade, etc."
Assim como Marques, Leirner afirma que essa militarização da política vai continuar mesmo caso Bolsonaro não se reeleja. Para o pesquisador, o questionamento das urnas faz partejogos puzzle bolasuma articulação para "se manter a longo prazo como um 'centrojogos puzzle bolasgoverno'".
"Depoisjogos puzzle bolasBolsonaro - sejajogos puzzle bolascurto prazo ou longo -, eles continuarão gerenciando o 'sistema operacional' da política", afirma.
Isso significaria que qualquer governo eleito ficariajogos puzzle bolascerta forma fica "refém" das Forças Armadas, segundo Marques.
"O limite depende do resultado das eleições. Um governo que tem apoiojogos puzzle bolas80% da população (aprovaçãojogos puzzle bolasLula quando encerrou seu segundo mandato) é um governo diferente do que uma governo com 10%jogos puzzle bolasapoio, como era ojogos puzzle bolasDilma", diz ela, fazendo referência a uma eventual vitória do ex-presidente Lula, que está à frente nas pesquisasjogos puzzle bolasintençãojogos puzzle bolasvoto.
"Em um governo fraco, as outras instituições crescem. Não acho que (o crescimento do poder dos militares) seja uma condição incontornável. Depende da conjuntura política. Quanto mais complicada a conjuntura, mais nosso governo vai ser refém das Forças Armadas", diz a pesquisadora.
Leirner defende que mesmo o governo Bolsonaro não tem controle dos militares e que a ideiajogos puzzle bolasque existe uma divisão entre "militares bolsonaristas" e um setor independente seria fabricada.
A estratégia, segundo o pesquisador, seria criar uma percepçãojogos puzzle bolasque atuações militares que foram muito criticadas são "bolsonaristas", preservando as Forças Armadas.
"A tática principal é sempre grudar o adjetivo 'bolsonarista'jogos puzzle bolascada coisa disfuncional. Qual é o efeito disso na percepção? A ideiajogos puzzle bolasque existe um 'outro lado' [dentro das Forças Armadas]", afirma Leirner.
Essa articulação, diz Leirner, teria o objetivojogos puzzle bolasfazer os militares sempre saírem com uma imagem positivajogos puzzle bolasuma crise, mesmo que estejam envolvidos nela. "É uma estratégia que prevê vitóriajogos puzzle bolasqualquer situação", diz.
Possibilidade remota
Marques avalia que, apesar dos temoresjogos puzzle bolasuma interferência direta diante do questionamento das urnas eletrônicas feito pelos militares - isso nunca havia ocorrido desde 1996, quando o sistema foi implantado -, a possibilidadejogos puzzle bolasum golpejogos puzzle bolasEstado clássico, com militares agindo abertamente para retirar do poder um presidente eleito legitimamente, é muito remota.
"Não seria necessário, seria contraproducente embarcaremjogos puzzle bolasuma aventura dessa, ainda mais com esse presidente", diz.
Em julho, Bolsonaro se encontrou com embaixadoresjogos puzzle bolasoutros países e fez uma apresentação questionando a confiabilidade das urnas, sem apresentar provas, apresentando um vídeojogos puzzle bolasque era ovacionado por apoiadores. O presidente também criticou o TSE e o Supremo Tribunal Federal (STF).
O episódio teve reações negativas - segundo o jornal americano The New York Times, diplomatas presentes disseram que causou constrangimento e gerou preocupações.
Isso, diz a pesquisadora, mostra que o quanto o Brasil ficaria isolado internacionalmente com um golpe - fator que deve desestimular a ações nesse sentido.
"Ficou claro que não haveria apoio internacional para um golpejogos puzzle bolasEstado clássico", afirma Marques.
Lerner não enxerga intenção entre os militaresjogos puzzle bolasfazer um questionamento sério sobre o processo eleitoral.
"O interesse deles é se colocar como fiadores finaisjogos puzzle bolasum processo que eles próprios ajudaram a desestabilizar. Esse tipojogos puzzle bolasameaça é típicajogos puzzle bolasquem está procurando obter vantagemjogos puzzle bolasalgum tipojogos puzzle bolasnegociação."
Os pesquisadores avaliam que o comportamento das Forças Armadas é uma ameaça à democracia, mesmo se não houver golpe.
"O que eles estão fazendo é interferir diretamentejogos puzzle bolasum assunto que não é da competência deles, uma interferência que afeta a democracia. Democracia não se restringe à existênciajogos puzzle bolaseleições, é preciso que cada instituição cumpra seu papel", diz Marques.
Este texto foi originalmente publicadojogos puzzle bolashttp://www.mi-rob.com/brasil-62443534.
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