'Não sei como vou comer': o atraso das bolsas que deixa pesquisadores sem dinheiro:esporte bet português

Luane Toméesporte bet portuguêsPaulaesporte bet portuguêsCampos

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Legenda da foto, Luane Toméesporte bet portuguêsPaulaesporte bet portuguêsCampos é pesquisadora e mestranda na UnB e está sem dinheiro para comprar comida e pagar o aluguel desde que a Capes atrasouesporte bet portuguêsbolsa

Nesta semana, o governo liberou R$ 300 milhões para a pasta, mas entidades que atuam na causa da educação estimam que o MEC precisariaesporte bet portuguêspelo menos R$ 1,1 bilhão só para o pagamentoesporte bet portuguêsdespesasesporte bet portuguêsabertoesporte bet portuguêsuniversidades federais. Após protestosesporte bet portuguêsestudantes, o ministro da Educação, Victor Godoy, anunciou nesta quinta-feira (8/12) que o governo havia liberado mais R$ 460 milhões para o MEC e prometeu que o pagamento das bolsas da Capes seria feito na semana que vem.

O atraso no pagamento das bolsas, porém, pegou milharesesporte bet portuguêspesquisadoresesporte bet portuguêstodo o Brasil e no exterioresporte bet portuguêssurpresa. Como,esporte bet portuguêsgeral, os bolsistas não podem ter outras fontesesporte bet portuguêsrenda fixa, muitos se viramesporte bet portuguêssituaçãoesporte bet portuguêsvulnerabilidade

"Eu sou a primeira mulher da minha família a entraresporte bet portuguêsuma universidade federal. Desde a graduação, sempre preciseiesporte bet portuguêsauxílio financeiro e me engajeiesporte bet portuguêsprojetos para conseguir algum dinheiro. Eu moro sozinha e a bolsa é minha única fonteesporte bet portuguêsrenda. Tem dois dias que eu não consigo dormir direito", conta Luane, que moraesporte bet portuguêsum pequeno apartamento alugadoesporte bet portuguêsPlanaltina, uma cidade-satélite no entornoesporte bet portuguêsBrasília.

A pesquisadora atuaesporte bet portuguêsum projeto que tenta descobrir novos processos químicos para o beneficiamento do jeans.

Maria Camila Acero Castillo

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Legenda da foto, Maria Camila Acero Castillo é colombiana e recebe uma bolsaesporte bet portuguêsR$ 2,2 mil cujo valor está atrasado

Outra bolsista da Capes afetada pelo atraso é a colombiana Maria Camila Acero Castillo,esporte bet português27 anos. Ela faz doutoradoesporte bet portuguêsbiologia molecular, também na UnB. Por mês, ela recebe R$ 2,2 mil. Para dividir as despesas, ela se juntou a outras duas estudantes estrangeiras para alugar um apartamentoesporte bet portuguêsÁguas Claras, uma região administrativaesporte bet portuguêsBrasília.

Ela conta que começou a semana aguardando o pagamento da bolsa para pagaresporte bet portuguêsparte no aluguel e nas demais contas da casa, mas o dinheiro simplesmente não chegou.

"A gente está com o aluguel, luz e outras contas atrasadas. Nós falamos com a dona do imóvel. Ela entendeu, mas é uma situação muito instável. Estou no Brasil há três anos e esse é o pior momento que vivi desde que cheguei", lamenta Maria.

A cientista pesquisa um novo modeloesporte bet portuguêstratamento para a epilepsiaesporte bet portuguêspacientes que apresentam resistência biológica aos medicamentos já existentes.

Sem comida e sem remédios

Os cortes orçamentários na área da educação não afetaram apenas os estudantesesporte bet portuguêspós-graduação. Alunos da graduaçãoesporte bet portuguêssituaçãoesporte bet portuguêsvulnerabilidade também estão sofrendo com a suspensão do pagamentoesporte bet portuguêsauxílios e benefícios considerados vitais para a manutenção deles dentro das universidades. Em alguns casos, esses benefícios garantem a própria segurança alimentaresporte bet portuguêsalguns estudantes.

É o caso da estudante Esther Sales, aluna do cursoesporte bet portuguêsBiologia, na UnB. Mulher e negra, ela vive com a mãeesporte bet portuguêsuma casaesporte bet portuguêsSão Sebastião, uma cidade-satélite na periferiaesporte bet portuguêsBrasília.

Esther Sales

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Legenda da foto, Cortes no orçamento do MEC suspenderam o pagamentoesporte bet portuguêsum auxílio que Esther Sales. "Fui a primeira mulher da família a chegar à universidade. Não quero ser a última", disse

Ela recebe R$ 465 por mêsesporte bet portuguêsum programa da UnB para auxiliar alunosesporte bet portuguêssituaçãoesporte bet portuguêsvulnerabilidade a permanecerem no Ensino Superior. Esther diz queesporte bet portuguêsmãe não pode trabalhar por problemasesporte bet portuguêssaúde e que o dinheiro que recebe ajuda a complementar a renda da família.

Neste mês, porém, a universidade anunciou que não poderia manter o pagamento por conta dos cortes orçamentários impostos pelo governo federal. Em uma nota oficial publicada na segunda-feira (5/12), a UnB disse que o último corteesporte bet portuguêsR$ 17 milhões no orçamento do órgão feito pelo governo federal impede o pagamentoesporte bet portuguêsauxílios, contratos e pode comprometer até mesmo o funcionamento do restaurante universitário. A UnB classificou a situação como "insustentável".

No laboratório onde estuda, Esther diz estar desesperada.

"Sem esse dinheiro, eu não consigo comprar comida e nem meus remédios. Preciso tomar medicamentos controlados pois tenho TDAH (Transtorno do Déficitesporte bet portuguêsAtenção e Hiperatividade). Sem esses remédios, eu não rendo nas aulas. A sensação éesporte bet portuguêsdesespero", conta.

Esther diz que desde que seu benefício foi cortado, ela reduziu a quantidadeesporte bet portuguêsalimentos que ingere todos os dias.

"Agora, eu só me alimento quando vou no restaurante universitário. Tomo café, almoço e janto lá. Não tenho mais condiçõesesporte bet portuguêstomar um lanche no meio das refeições. Meu maior medo é fecharem o restaurante", afirma.

Aparentando tristeza com a situação, Esther disse que vai tentar resistir até onde conseguir.

"Eu fui a primeira mulher da minha família a chegar no ensino superior, mas não quero ser a última", disse.

"Anestesiado" e longeesporte bet portuguêscasa

Os cortes nas bolsas não afetaram apenas estudantes que vivem no Brasil. Segundo a Associação Nacionalesporte bet portuguêsPós-Graduados (ANPG), há relatosesporte bet portuguêspelo menos 100 estudantes brasileiros fazendo parte dos seus estudos fora do país e que tiveram suas bolsas suspensas.

O doutorando Anderson Keity Ueno, que estuda biologia química na Universidade Federalesporte bet portuguêsSão Paulo (Unifesp), estáesporte bet portuguêsReims, na França, onde atua como pesquisadora e recebe uma bolsa da Capes no valoresporte bet português1,3 mil euros.

Longeesporte bet portuguêscasa, da família e com a bolsa atrasada, Anderson diz se sentir "anestesiado" e que já começou a pensaresporte bet portuguêsalternativas para sobreviver ao atraso.

"Eu estou anestesiado porque me custa acreditar que essa situação aconteceu [...] Se até o final da semana que vem não cair (o dinheiro na conta) cogitoesporte bet portuguêspedir algum tipoesporte bet portuguêsempréstimo ou conversar com a gerente da residência sobre o uso do caução.", diz.

Quebraesporte bet portuguêscontrato e vulnerabilidade

Para o presidente da ANPG, Vinícius Soares, o atraso nas bolsas da Capes é uma "quebraesporte bet portuguêscontrato".

"O não pagamento é uma quebraesporte bet portuguêscontrato com esses estudantes. Para muitas famílias, as bolsas são as únicas fontesesporte bet portuguêsrenda da família. Esse atraso coloca milharesesporte bet portuguêsfamílias inteirasesporte bet portuguêstodo o Brasil e foraesporte bet portuguêssituaçãoesporte bet portuguêsvulnerabilidade", afirma Soares.

Nos últimos dias, a Capes se manifestou sobre os cortes por meioesporte bet portuguêsuma nota.

Segundo ela, o atraso é decorrenteesporte bet portuguêsum decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da economia Paulo Guedes que impediu o pagamento das bolsas.

"A Capes foi surpreendida com a edição do Decreto n° 11.269,esporte bet português30esporte bet portuguêsnovembroesporte bet português2022, que zerou por completo a autorização para desembolsos financeiros durante o mêsesporte bet portuguêsdezembro [...] o que a impediráesporte bet portuguêshonrar os compromissos por ela assumidos, desde a manutenção administrativa da entidade até o pagamento das maisesporte bet português200 mil bolsas", diz um trecho da nota.

Também por meioesporte bet portuguêsnota, a UnB se manifestou sobre os cortesesporte bet portuguêsseu orçamento no início desta semana.

"A situação financeira da UnB e das demais universidades federais já era dramática desde o inícioesporte bet português2022, piorou com o corteesporte bet português7,2% feito pelo governo federal no mêsesporte bet portuguêsjunho (R$ 18 milhões só na UnB) e, agora, torna-se insustentável", disse o órgão.

A BBC News Brasil enviou questionamentos ao MEC que, até o momento, não enviou respostas.

Procurada, a UnB informou, por meioesporte bet portuguêssua assessoriaesporte bet portuguêsimprensa, que as bolsasesporte bet portuguêsassistência estudantil como a recebida por Esther Sales foram pagas nesta quinta-feira. Aindaesporte bet portuguêsacordo com a nota, os serviços que foram prejudicados pelos cortes orçamentários foram o pagamentoesporte bet portuguêsbolsas,esporte bet portuguêsserviços terceirizados, água, luz e contratos do restaurante universitário.

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