Como China superou Brasil e virou grande produtoraapostasapostas em cassino onlinecassino onlinepeixes amazônicos:apostas em cassino online
- André Biernath - @andre_biernath
- Da BBC News Brasilapostas em cassino onlineLondres
apostas em cassino online Uma rápida pesquisa no siteapostasapostas em cassino onlinecassino onlinecomércio online chinês AliBaba permite encontrar algumas ofertasapostasapostas em cassino onlinecassino online"red pacu", um peixe cinzaapostasapostas em cassino onlinecassino onlinebarriga vermelha, vendido por US$ 0,80 a 1,23 (R$ 4,35 a 6,68) o quilo.
O tal "red pacu" nada mais é que a pirapitinga, um peixe típico da região amazônica e da bacia dos rios Araguaia-Tocantins.
Dados oficiais da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) revelam que a China é hoje a maior fonte deste peixe no mundo.
Em 2020, foram produzidas 59,4 mil toneladasapostasapostas em cassino onlinecassino onlinepirapitinga no país asiático. Na sequência, aparecem Colômbia (33 mil toneladas), Vietnã (23 mil), Peru (2,1 mil) e Brasil (1,8 mil) — vale destacar que esse peixe não é muito apreciado entre os habitantes da região amazônica brasileira, que preferem outras opções locais, como o tambaqui, o matrinxã e o jaraqui, sobre os quais falaremos mais adiante.
Além da produçãoapostasapostas em cassino onlinecassino onlinepescados para consumo humano, a China e outras nações asiáticas viraram referência na criaçãoapostasapostas em cassino onlinecassino onlinepeixes ornamentais amazônicos. Hoje, há variaçõesapostasapostas em cassino onlinecassino onlineuma espécie chamada acará-disco que só são encontradas na Ásia, segundo pesquisadores ouvidos pela BBC News Brasil.
Mas como esses peixes, nativosapostasapostas em cassino onlinecassino onlineAmazônia e adjacências, foram parar do outro lado do mundo? Por trás dessa verdadeira saga, existem lendas, históriasapostasapostas em cassino onlinecassino onlinecooperação e investimento pesadoapostas em cassino onlineciênciaapostasapostas em cassino onlinecassino onlineponta.
Da Amazônia para a Ásia
Diz a lenda que, antes da Rio-92, a histórica conferência do clima realizada no Rioapostasapostas em cassino onlinecassino onlineJaneiro, o primeiro-ministro chinês Li Peng teria viajado para Manaus, onde se reuniu com o então governador do Estado do Amazonas, Gilberto Mestrinho (MDB).
Durante o encontro, o emissário da China recebeuapostasapostas em cassino onlinecassino onlinepresente casais vivosapostasapostas em cassino onlinecassino onlinetambaquis, que foram levadosapostasapostas em cassino onlinecassino onlinevolta ao país asiático — e teriam dado início ao interesse pelas espécies aquáticas amazônicas por lá.
O fato é que existem poucas evidências ou registros oficiais dessa reunião entre emissários chineses e amazonenses, e os principais nomes supostamente envolvidos no episódio (Li Peng e Gilberto Mestrinho) já morreram.
A BBC News Brasil entrouapostas em cassino onlinecontato com o Governo do Estado do Amazonas e com a Embaixada da China no país para confirmar ou descartar o tal episódioapostasapostas em cassino onlinecassino online1992, mas não foram enviadas respostas até a publicação desta reportagem.
Os especialistasapostas em cassino onlinepiscicultura consideram que é muito mais provável que essa introduçãoapostasapostas em cassino onlinecassino onlineespécies amazônicasapostas em cassino onlineoutros países tenha acontecido aos poucos e por meioapostasapostas em cassino onlinecassino onlinevárias fontes diferentes.
Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), lembraapostasapostas em cassino onlinecassino onlineum convênio firmado nos anos 1980 entre Brasil e China.
"Houve uma troca,apostas em cassino onlineque nosso país recebeu carpas e tecnologias para a produção desses peixes e,apostas em cassino onlinetroca, ofereceu materiais sobre algumas espécies nativas", diz. "E cada parte aproveitou as informações do jeito que quis."
Um artigo publicadoapostas em cassino online2018 destaca que o tambaqui e espécies híbridas já foram observadasapostas em cassino onlinediversos países onde eles não são nativos, como Estados Unidos, China, Indonésia, Mianmar, Vietnã, Tailândia e Singapura.
Ainda segundo os autores, essa introdução ocorreuapostasapostas em cassino onlinecassino onlineforma acidental ou deliberada, nesse caso, com o objetivoapostasapostas em cassino onlinecassino onlineiniciar criações desses peixesapostas em cassino onlineoutros lugares.
Outra possível fonte do espalhamento é o aquarismo, a práticaapostasapostas em cassino onlinecassino onlinemanter espécies aquáticasapostas em cassino onlinetanques para decoração e apreciação.
Um estudoapostasapostas em cassino onlinecassino online2011 feito na Universidadeapostasapostas em cassino onlinecassino onlineZagreb, na Croácia, tentou desvendar como duas pirapitingas foram pararapostas em cassino onlinerios da Europa Central.
A principal hipótese levantada é aapostasapostas em cassino onlinecassino onlineque aquaristas jogaram, por algum motivo, esses seresapostas em cassino onlinereservatóriosapostasapostas em cassino onlinecassino onlineágua locais, que reuniam as condições básicas para que eles pudessem sobreviver e se reproduzir.
Que fique claro: essa trocaapostasapostas em cassino onlinecassino onlineespécies entre países era bem menos regulada há três ou quatro décadas. Só mais recentemente que surgiram leis rígidas que impedem ou dificultam a saída e a entradaapostasapostas em cassino onlinecassino onlinevegetais, animais, fungos e outros seres vivos entre fronteiras.
"É só lembrar que a soja, um dos principais produtosapostasapostas em cassino onlinecassino onlineexportação do Brasil nas últimas décadas, é originária da China", ilustra Medeiros.
"Ou seja, falamosapostasapostas em cassino onlinecassino onlineum processo legal. A diferença, no caso dos peixes, é que a China resolveu transformá-los num produto comercial e ganhar dinheiro com isso."
Mais beleza nos aquários
Além das espécies criadas para consumo (como o tambaqui e a pirapitinga), também chama a atenção o que aconteceu com os peixes ornamentais amazônicos.
"O acará-disco, nativo da Amazônia, é vendido no exterior com novas colorações e características que não existem no próprio Brasil", aponta Giovanni Vitti Moro, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura.
Essas novas linhagens da espécie foram desenvolvidas a partirapostasapostas em cassino onlinecassino onlinecruzamentos ou pela seleçãoapostasapostas em cassino onlinecassino onlinecaracterísticas desejadas por meio da manipulação genética e são apreciados por aquaristas do mundo inteiro.
"Hojeapostas em cassino onlinedia, nós temos que importar essas matrizes diferentes do acaráapostasapostas em cassino onlinecassino onlineChina, Índia e Tailândia", complementa Moro.
O biólogo Adalberto Luis Val, do Instituto Nacionalapostasapostas em cassino onlinecassino onlinePesquisas da Amazônia, aponta que o Brasil também está ficando para trás nesse mercado do aquarismo.
Isso porque os produtores locais ainda dependem do extrativismo, que se baseiaapostas em cassino onlinecoletar esses peixes diretamente na natureza,apostas em cassino onlinevezapostasapostas em cassino onlinecassino onlinecriá-los e reproduzi-losapostas em cassino onlinetanques.
"Nós precisamos desenvolver tecnologias para a produção desses animaisapostas em cassino onlinecativeiro. A China já faz isso, e o mercadoapostasapostas em cassino onlinecassino onlineaquarismo sinalizou que, entre 2025 e 2030, vai reduzir aos poucos a importaçãoapostasapostas em cassino onlinecassino onlinepeixes ornamentais oriundos do extrativismo", conta o pesquisador e professor.
"Isso porque,apostasapostas em cassino onlinecassino onlinecada dez peixes que são coletados do ambiente natural para exportação, nove morrem no caminho."
O que dizem os números
Não há dúvidasapostasapostas em cassino onlinecassino onlineque a China éapostasapostas em cassino onlinecassino onlinelonge a líder global no mercadoapostasapostas em cassino onlinecassino onlinepescados. Segundo os registros da FAO, o país asiático produziu 83,9 milhõesapostasapostas em cassino onlinecassino onlinetoneladas métricasapostasapostas em cassino onlinecassino onlinepeixe com captura e aquicultura sóapostas em cassino online2020.
Para se ter uma ideia, o segundo lugar é da Indonésia, com 21,8 milhões, um valor quase quatro vezes menor. Na sequência, aparecem Índia (14 milhões), Vietnã (8 milhões) e Peru (5,8 milhões).
Dentro desse cenário, os peixes amazônicos ainda representam uma fatia muito pequena, quase insignificante, do mercado piscicultor chinês.
"Por lá, a pirapitinga atende a alguns nichos específicos. Ela é vendida pequena, grande, inteira,apostas em cassino onlinefilé… Conforme o tamanho, o preço muda", descreve Moro.
Medeiros acrescenta que "a China vê a pirapitinga como um produtoapostasapostas em cassino onlinecassino onlinecombate (de margem reduzidaapostasapostas em cassino onlinecassino onlinelucro para chamar atenção do mercado), vendido para públicos com baixo poder aquisitivoapostasapostas em cassino onlinecassino onlineÁfrica e Índia". "O preço é menor, mas eles ganham no volume", diz.
E o Brasil?
Apesarapostasapostas em cassino onlinecassino onlinepossuir uma costa litorânea extensa e a maior quantidadeapostasapostas em cassino onlinecassino onlinerecursos hídricos do planeta, o país está bem longe da liderança do mercadoapostasapostas em cassino onlinecassino onlinepescados.
A FAO calcula que o Brasil produziu 1,3 milhõesapostasapostas em cassino onlinecassino onlinetoneladasapostasapostas em cassino onlinecassino onlinepeixes para consumoapostas em cassino online2020. Isso faz com que o país ocupe a 21ª posição no ranking mundial, atrásapostasapostas em cassino onlinecassino onlinenações com menos território, como Equador, Marrocos, Japão e Peru.
Também é curioso pensar que o peixe mais consumido pelos brasileiros é "estrangeiro": a tilápia, originária do Rio Nilo, no continente africano, reina absoluto nas cozinhas do país.
O anuárioapostasapostas em cassino onlinecassino online2022 da Peixe BR aponta que a tilápia já representa 63,5% da produção brasileira (486,2 mil toneladas), e a tendência é que esse número suba para 80% até o final da década.
Na sequência, aparecem os peixes nativos do país, que representam hoje 31,2% do total (262,3 mil toneladas). E o principal representante do grupo é justamente o tambaqui.
O grande problema, apontam os pesquisadores, é que esse consumo dos peixes nativos está concentrado principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste, e as carnesapostasapostas em cassino onlinecassino onlinetambaqui, matrinxã, pirarucu e companhia são muito menos frequentes nos lares no Nordeste, Sudeste e Sul, onde a densidade populacional é maior.
Para Moro, há pelo menos três entraves para a popularização desses pescados.
"Vamos pegar a tilápia como exemplo. Ela tem uma proteínaapostasapostas em cassino onlinecassino onlinealta qualidade, um preço competitivo e é fácilapostasapostas em cassino onlinecassino onlinepreparar", diz.
"O tambaqui e outros peixes amazônicos são vendidos inteiros e têm espinhas entre os músculos, o que dificulta o preparo e o consumo."
O desafio está, então,apostas em cassino onlinedesenvolver linhagens com menos espinhas e mais carne, capazesapostasapostas em cassino onlinecassino onlinecrescer rapidamente e que tenham um tamanho padrão.
Esse é mais ou menos o caminho que levou a tilápia e o salmão ao sucessoapostasapostas em cassino onlinecassino onlinevendasapostas em cassino onlinemercados e peixarias: nos últimos 40 anos, foram feitos vários estudos com o objetivoapostasapostas em cassino onlinecassino onlinedesenvolver um produto que reunisse uma sérieapostasapostas em cassino onlinecassino onlinecaracterísticas desejáveis, como maciez, gosto, facilidadeapostasapostas em cassino onlinecassino onlinepreparo…
E o mesmo processo já começou a ser feito com o próprio tambaqui mais recentemente. Além dos trabalhos realizados na China e no resto da Ásia, os pesquisadores brasileiros também pensamapostas em cassino onlinecomo desenvolver esse setor por aqui.
"Nos últimos cinco ou seis anos, temos trabalhado na Embrapa formasapostasapostas em cassino onlinecassino onlinegarantir a rastreabilidade dos tambaquis, para garantirmos que aquele produto não foi retirado da naturezaapostasapostas em cassino onlinecassino onlineforma indevida", destaca Giovanni Moro, da Embrapa.
"Isso é algo que certamente fará a diferença, especialmente na horaapostasapostas em cassino onlinecassino onlineexportar o pescado para mercados cada vez mais preocupados com o manejo sustentável dos recursos."
Cientistas brasileiros também descobriram linhagens do tambaqui que possuem pouca ou nenhuma espinha entre os músculos, o que futuramente pode render cortes maiores e mais fáceisapostasapostas em cassino onlinecassino onlinepreparar ou consumir.
Um potencial enorme
Entre os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, não há dúvidasapostasapostas em cassino onlinecassino onlineque peixes como o tambaqui podem turbinar o mercado nacional e até as exportações.
"Trata-seapostasapostas em cassino onlinecassino onlineuma carneapostasapostas em cassino onlinecassino onlineexcelente qualidade, muito apreciada pelo público, com a qual é possível fazer diferentes cortes e pratos, como o lombo, a costelinha, a moqueca, as iscas fritas ou os filés assados", diz Antonio Leonardo, do Centroapostasapostas em cassino onlinecassino onlinePesquisa e Desenvolvimento do Pescado Continental, do Institutoapostasapostas em cassino onlinecassino onlinePescaapostasapostas em cassino onlinecassino onlineSão Paulo.
Outro ponto positivo do tambaqui está na facilidadeapostasapostas em cassino onlinecassino onlineprodução. Afinal, trata-seapostasapostas em cassino onlinecassino onlineuma espécie resistente e que cresce com velocidade — na natureza, ele pode chegar a até 30 ou 40 quilos.
"Além disso, o tambaqui se alimenta principalmenteapostasapostas em cassino onlinecassino onlinefrutos. Isso significa que, para se desenvolver, ele não dependeapostasapostas em cassino onlinecassino onlinefarinhasapostasapostas em cassino onlinecassino onlinepeixe usadasapostas em cassino onlineoutras criações", afirma o zootecnista Alexandre Hilsdorf, pesquisador do Núcleo Integradoapostasapostas em cassino onlinecassino onlineBiotecnologia da Universidadeapostasapostas em cassino onlinecassino onlineMogi das Cruzes,apostas em cassino onlineSão Paulo.
"Essas farinhas estão se tornando um problemaapostasapostas em cassino onlinecassino onlinesustentabilidade, pois as empresas precisam capturar peixes para processar e transformarapostas em cassino onlineração para os outros peixes."
"Reunindo todas essas características, para mim não há dúvidasapostasapostas em cassino onlinecassino onlineque peixes como o tambaqui podem se transformarapostas em cassino onlineuma commodityno futuro", opina Hilsdorf, que publicou um artigo no ano passado sobre a produção sustentável desse pescado.
A economia da florestaapostas em cassino onlinepé
Mas aumentar a produçãoapostasapostas em cassino onlinecassino onlinepescados nativos não pode representar uma ameaça à biodiversidade?
"A piscicultura depende do meio ambiente. Sem o equilíbrio dos recursos naturais, nosso negócio fracassa", responde Antonio Leonardo, do Institutoapostasapostas em cassino onlinecassino onlinePescaapostasapostas em cassino onlinecassino onlineSão Paulo.
Para Val, é possível incentivar esse mercado sem destruir a natureza: "O segredo está no manejo das espécies".
O biólogo, inclusive, acredita que há potencialapostas em cassino onlinedesenvolver a produção não apenas do tambaqui, como também do pirarucu, do jaraqui, do matrinxã eapostasapostas em cassino onlinecassino onlineoutras variedades populares entre os moradores da Amazônia.
"Sabemos que o matrinxã, por exemplo, pode ser produzidoapostas em cassino onlinepequenos igarapés espalhados pela Amazônia. Um canalapostasapostas em cassino onlinecassino online20 metrosapostasapostas em cassino onlinecassino onlineextensão, dois metrosapostasapostas em cassino onlinecassino onlinelargura e um metroapostasapostas em cassino onlinecassino onlineprofundidade é capazapostasapostas em cassino onlinecassino onlinegerar até uma tonelada desse peixe por ano", calcula o biólogo.
"Agora, imagine que esse pequeno igarapé seja gerido por uma famíliaapostasapostas em cassino onlinecassino onlinequatro pessoas, que vai consumir 400 quilosapostasapostas em cassino onlinecassino onlinepescado por ano. Os 600 quilos que sobram poderiam ser vendidos para cooperativas, que fariam o processamento e a vendaapostas em cassino onlinelarga escala", complementa.
Segundo o especialista, "o produto mais importante da bioeconomia, ou a economia da florestaapostas em cassino onlinepé, é a informação".
"Ao saber como os peixes vivem, comem e se reproduzem, temos o domínio do conhecimento para fazer o manejo adequado, sem prejuízo à biodiversidade", conclui.
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