Invasãobet bwinBrasília: por que, mesmo detidos, bolsonaristas mantiveram celulares?:bet bwin

  • Felipe Souza - @felipe_dess
  • Da BBC News Brasilbet bwinSão Paulo
Mulher agita bandeira do Brasil após ser detidabet bwinBrasília

Crédito, Reuters

bet bwin Ao menos 1.500 pessoas foram detidas após as invasões e destruiçãobet bwinprédios dos Três Poderes no domingo (8/1),bet bwinBrasília. Os suspeitosbet bwincometerem atosbet bwinvandalismo continuaram com seus celulares enquanto aguardavam passar por uma triagem, antesbet bwinserem liberados ou encaminhados para presídio.

Isso gerou um questionamento, principalmente nas redes sociais, sobre se essas pessoas deveriam permanecer com seus celulares enquanto aguardavam ser interrogadas na sede nacional da Polícia Federal. Os principais argumentos foram osbet bwinque essas pessoas poderiam ocultar provasbet bwinpossíveis crimes ou até mesmo se comunicar com outras pessoas para planejar novos ataques.

Em vídeos publicados nas redes sociais, principalmente o Telegram, é possível ver as pessoas detidas na sede da PF gravando vídeos, mandando mensagens pelo celular e inclusive convocando protestos para reivindicar melhores condiçõesbet bwinalimentação e cuidados.

A BBC News Brasil conversou com especialistasbet bwinsegurança pública e cibernética para ouvir a avaliação deles sobre o procedimento adotado pela Polícia Federal durante a triagem dos detidos. Entenda, a seguir, os argumentosbet bwinquem defende ebet bwinquem critica o procedimento.

Para o cientista político Guaracy Mingardi, que já foi secretáriobet bwinSegurança Públicabet bwinGuarulhos e policial civil, a Polícia Federal errou ao não apreender os celulares dos detidos, inclusive aqueles que não foram pegos nas invasões e estavam acampados na frente do QG do Exércitobet bwinBrasília.

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resumo

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"Deixar o celular com eles presos foi um erro. Com os aparelhos, se comunicaram com quem está fora e ainda puderam sumir com as provas. A polícia acertou ao separar quem deveria ser mantido no ginásio. Alguns detidos foram liberados para aguardarbet bwincasa, além dos idosos e pessoas acompanhadasbet bwincrianças", afirmou.

Para Mingardi, que é membro do Fórum Brasileirobet bwinSegurança Pública, as pessoas que foram detidas no acampamento deveriam ter tido seus celulares apreendidos assim que foram abordadas.

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BBC Lê

Podcast traz áudios com reportagens selecionadas.

Episódios

Fim do Podcast

"O correto seria revistar os detidos quando entraram ou desceram dos ônibus que os levaram para a Polícia Federal. Terem os celulares, dinheiro e pertences pessoais apreendidos, etiquetados e guardados. Poderiam ter deixado as pessoas com a roupa do corpo e roupabet bwincama. Mas não sei se a PF tinha mão-de-obra para isso. Acredito que isso não ocorreu, por um lado, por erro, e pelo outro, por faltabet bwincondições. Mas pelo menos os celulares deveriam ter sido apreendidos", disse o especialista.

Até a noitebet bwinterça-feira (10/01), 727 pessoas tinham sido presas após passar pela triagem da Polícia Federal, segundo a assessoriabet bwinimprensa da PF. Outras 599 haviam sido liberadas por questões humanitárias, como idosos, moradoresbet bwinrua e pessoas acompanhadas por crianças.

Todas receberam ao menos quatro refeições por dia, atendimento médico e psicológico quando necessário, segundo as autoridades.

Para Mingardi, os critérios deveriam ter sido mais rígidos, pois até mesmo entre as pessoas acampadas poderia haver suspeitosbet bwinplanejar o ataque ou que até mesmo pessoas que invadiram e depredaram prédios públicos.

"Se uma mulher furtar salamebet bwinum supermercado para matar a fome (furto famélico), ela vai para a polícia e, por mais pobre que ela seja, vai ser tirado o celular dela, tudo. Se o juiz resolver liberar ou responder processobet bwincasa, ele avalia se o aparelho vai ser devolvido. Os detidosbet bwinBrasília foram privilegiados. Foram muito mais bem tratados do que a maioria dos presos", afirmou Guaracy Mingardi.

Procurados, o Ministério da Justiça e a Polícia Federal não se manifestaram até a publicação desta reportagem.

'Foi o mais adequado'

O defensor público federal William Charley Costabet bwinOliveira, que acompanhou diversas audiênciasbet bwincustódia dos detidosbet bwinBrasília, disse à BBC News Brasil que o procedimento adotado pela Polícia Federal foi o mais adequado.

Ele explicou que houve duas situações diferentes e que elas devem ser tratadasbet bwinmaneira distinta.

"Houve invasão e depredação e aquilo é crime. São pessoas que foram presas com facão, maçarico, pedra e objetos que tenham ou possam ter relação com o crime. No caso do acampamento, é um pouco diferente - aquelas pessoas foram detidas para averiguação. Essas pessoas, até serem ouvidas, podem usar o telefone porque não são objetosbet bwincrime. Mas, a partirbet bwinidentificada a participaçãobet bwinalgum crime, as pessoas podem ter os aparelhos apreendidos", disse.

Soldados desmontam acampamentobet bwinbolsonaristas que foi montadobet bwingrente a QGbet bwinBrasília

Crédito, EPA

Legenda da foto,

Para defensor público que acompanhou diversas audiênciasbet bwincustódia dos detidosbet bwinBrasília, procedimento adotado pela PF foi o mais adequado

Segundo ele, todos podem usar seus celulares até que seja comprovado que o aparelho possa ter alguma prova ou ligação com a execuçãobet bwinum crime.

"Há o casobet bwinuma mulher do Sul que gravou vídeos dentro do ônibus que ela viajou para Brasíliabet bwinque ela convoca pessoas para o ato. Aquele celular dela pode ser provabet bwinum crime e, naturalmente, pode ser apreendido. As pessoas que foram presas na praça dos Três Poderes tiveram o celular apreendido. Os do QG são detidos para averiguação e não dá para dizer nem sequer que participaram do ato, muito menos das invasões, antesbet bwininterrogá-los", afirmou o defensor público.

Segundo ele, a grande quantidadebet bwinpessoas presas dificultou o trabalho policial, tanto para transportá-las quanto para fazer a triagem. O especialista afirmou ainda que essa situação atípica pode ter facilitado a ocultaçãobet bwinprovas.

"Pelo volumebet bwinpessoas, com certeza muita gente deve ter apagado mensagens e outros registros que possam incriminá-las. Por outro lado, tem muita gente que nem sabe onde está. Pessoas que nunca tinham ido a Brasília e que dizem ter ido pararbet bwinum prédio que estava sendo destruído", afirmou Williambet bwinOliveira, um dos 37 defensores que estão atuandobet bwinBrasília no caso dos atosbet bwindepredação.

Recuperação difícil

Especialistabet bwinsegurança digital e gerentebet bwinprojetos na Safernet Brasil, Guilherme Alves reforçou que os detidos tiveram a chancebet bwinapagar provas dos celulares e que o processobet bwinrecuperar mensagens apagadas pode ser complexo.

Pessoas detidas sendo transportadas para sede da PF

Crédito, Reuters

Legenda da foto,

Especialistabet bwinsegurança afirmou que é muito difícil recuperar mensagens apagadas do celular

"Durante a investigação, a autoridade pode solicitar a uma rede social, por exemplo, o bloqueio e informações cadastraisbet bwinum perfil. Ainda que o suspeito apagasse o perfil ou os conteúdos postados enquanto estivesse aguardando a detenção. O acesso a históricobet bwintrocasbet bwinmensagens no WhatsApp, no entanto, é mais complexo. Caso a pessoa apague o histórico e o backup do telefone, a criptografia empregada no aplicativo impede a solicitação judicialbet bwinacesso ao conteúdo, salvo se a autoridade conseguir acesso ao telefonebet bwinum possível destinatário que não tenha apagado nada, e ainda assim sem garantia".

Alémbet bwinapagar informações, o especialista ressalta que esses celulares "são muito importantes para a investigação que a autoridade policial vai fazer para identificação das origens dessas redes".

"É bastante perigoso que as pessoas continuem tendo acesso a telefone celular e desencadeando essa narrativabet bwingolpe. Mais do que isso, é bastante possível que essas pessoas tentem destruir provas dos crimes que elas cometeram, como vídeos, fotos, contatos, mensagens, acesso delas a gruposbet bwinmensagens e coisas do tipo", disse.

No entanto, uma fonte que pediu para não ser identificada afirmou à reportagem que deixar o celular com os detidos também poderia fazer partebet bwinuma estratégia da polícia. Isso porque o serviçobet bwininteligência do governo pode deixar que essas pessoas se comuniquem após o crime para que eles possam identificar outras pessoas envolvidas - algumas que possivelmente nem estavambet bwinBrasília, mas podem ter financiado as açõesbet bwinvandalismo.