O homem que previu o fim do capitalismo e que ajuda a entender a economiaunibetcomhoje:unibetcom

Schumpeter "está para o capitalismo assim como Freud está para a psicologia: alguém cujas ideias se tornaram tão onipresentes e arraigadas que não podemos separar seus pensamentos fundamentais dos nossos", disse o acadêmico.

Para Steven Pearlstein, professor da Universidade George Mason, nos Estados Unidos, Schumpeter "foi para a economia o que Charles Darwin é para a biologia". Ele foi chamadounibetcomum dos maiores economistas do século 20, um gênio, um profeta. Para vários, inclusive, economistas, o século 21 será o "séculounibetcomSchumpeter".

A tragédia

Schumpeter nasceuunibetcom1883unibetcomuma cidade da República Tcheca, que na época fazia parte do império austro-húngaro.

Ele era filho único e perdeu o pai aos 4 anosunibetcomidade. Sua educação ficou a cargounibetcomsua mãe e seu novo marido, que frequentavam a aristocracia local.

Embora estudasse direito, o tema que o atraiu foi a economia — Schumpeter se tornaria um dos melhores alunos da Escola AustríacaunibetcomEconomia.

"Schumpeter era um excelente aluno, leitor incansável, tinha uma mente viva e curiosa, era um mestreunibetcomvárias línguas", escreveu Gabriel Tortella, professor eméritounibetcomHistória e Instituições Econômicas da UniversidadeunibetcomAlcalá, no artigo Um profeta da social-democracia, publicado na revista Book.

Ele tinha uma personalidade carismática, era mulherengo e amava cavalos. Viveu por um tempo na Inglaterra, onde teve um relacionamento com uma mulher 12 anos mais velha que ele.

Sylvia Nasar,unibetcomseu livro "Grande Busca: A história do Gênio Econômico, conta que se casou com o economista, mas que, com o tempo, ambos reconheceram que o casamento fora um erro. Em 1913, eles se separaram e anos depois se divorciaram oficialmente.

Schumpeter se casou novamenteunibetcom1925, desta vez com uma mulher muitos anos mais nova. Mas, um ano depois, uma tragédia abalariaunibetcomvida:unibetcomesposa morreu enquanto dava à luz seu filho, que também morreu pouco tempo depois. Nesse mesmo ano, ele ainda perderia a mãe.

Entre luxo e academia

Schumpeter morouunibetcomViena após a Primeira Guerra Mundial e a queda do império austro-húngaro.

Schumpeter foi ministro da economia do governo socialista que governou a Áustriaunibetcom1919. Depois, morouunibetcomsete países,unibetcomalguns dos quais foi professor e trabalhou como banqueirounibetcominvestimentos, o que lhe permitiu fazer uma fortuna — que depois desapareceria.

Antesunibetcomseu segundo casamento, por algum tempo, Schumpeter levou uma vidaunibetcommuitos luxos e parecia não se importarunibetcomser vistounibetcompúblico com prostitutas, diz Nasar.

"Schumpeter era um acadêmico brilhante que fracassou retumbantemente como ministro das Finanças da Áustria", escreveu Pearlstein, vencedor do prêmio Pulitzer,unibetcomuma resenha do livrounibetcomNasar publicada no jornal americano The Washington Post.

O economista se estabeleceu nos Estados Unidosunibetcom1932, onde lecionou na UniversidadeunibetcomHarvard pelo resto da vida. Emunibetcomnova casa, diz Tortella, Schumpeter se apaixonou e se casou com uma historiadoraunibetcomeconomia chamada Elizabeth Boody, 15 anos mais nova que ele.

Foi ela quem compilou e editou os textos dele sobre a história do pensamento econômico, publicados postumamente (ambos morreram antes da publicação do livrounibetcom1954: eleunibetcom1950 e elaunibetcom1953) no monumental History of Economic Analysis (História da Análise Econômica,unibetcominglês).

unibetcom Destruição unibetcom criativa

Durante a Grande Depressão da décadaunibetcom1930, disse Thomas K. McCraw, "muitas pessoas inteligentes da época acreditavam que a tecnologia havia atingido seu limite, e que o capitalismo atingira seu auge ".

"Schumpeter acreditava exatamente no oposto e, é claro, estava certo", afirmou McCraw, foi o autor do livro Profeta da Inovação: Joseph Schumpeter e Destruição Criadora.

O conceitounibetcomdestruição criativa ou destruição criativa foi um dos que Schumpeter ajudou a popularizar. E, segundo Fernando López, professorunibetcomPensamento Econômico da UniversidadeunibetcomGranada, essa ideia é uma espécieunibetcomdarwinismo social.

"É a ideiaunibetcomque o capitalismo destrói empresas não criativas e não competitivas", disse o professor à BBC Mundo, o serviçounibetcomnotíciasunibetcomespanhol da BBC. "O processounibetcomacumulaçãounibetcomcapital continuamente os leva a competir entre si e a inovar e apenas os mais poderosos sobrevivem".

Uma ansiedade constante

Essa dinâmica ideal do capitalismo significa que os empreendedores nunca podem relaxar. "Esta é uma lição extremamente difícilunibetcomaceitar, principalmente para pessoasunibetcomsucesso. Mas os negócios são um processo darwiniano e Schumpeter frequentemente o vincula à evolução", afirmou McCraw.

Novos produtos aparecem constantemente para substituir os antigos, que se tornam obsoletos.

"É um processo contínuounibetcomaprimoramento, e essa é a característica número um do capitalismo", disse à BBC Mundo Pep Ignasi Aguiló, professorunibetcomeconomia aplicada na Universidade das Ilhas Baleares, na Espanha.

A dinâmica dos negócios leva à "única maneiraunibetcomsair da competição, que é muito dura, é atravésunibetcomtentativasunibetcomreduçãounibetcomcustos, o que exige processosunibetcominovação na produção ou através do desenvolvimentounibetcomnovos produtos preferidos pelos consumidoresunibetcomrelação aos anteriores ", diz o doutorunibetcomEconomia.

No entanto, as tentativasunibetcomreduçãounibetcomcustos também podem levar a superexploraçãounibetcomtrabalhadores, lobby para regulamentação e práticas nocivas para o ambiente — temas que muitas vezes são "esquecidos" quando se fala do assunto.

O fim do capitalismo e das meias femininas

Schumpeter usava dois exemplos para explicar suas teorias foi o das meias femininas.

No início do século 20, apenas mulheres da classe alta podiam comprá-las. Mas, após a Segunda Guerra Mundial, eles se tornaram mais acessíveis aos consumidoresunibetcomdiferentes grupos sociais.

"Tornar algo acessível a todos leva a mentalidade socialista a entrar gradualmente nos poros do sistema capitalista e desacelerarunibetcomcaracterística essencial, que é a competição entre produtores", diz o professor.

O raciocínio do austríaco era que, ao "apaziguar a concorrência e acabar gerando igualdade no acesso aos produtos", o capitalismo chegaria ao fim.

Schumpeter fixou um prazo para isso: o fim do século 20.

"Ele estava errado sobre isso. Acreditava que até então as condiçõesunibetcomdisseminação da produçãounibetcommassa eunibetcomprodutos entre toda a população fariam todas a pessoas viverem melhor do que o rei da França do século 18 e, portanto, o clamor pelo socialismo seria grande".

Vítimaunibetcomseu próprio sucesso

"A ideia era aunibetcomque o capitalismo leva à produçãounibetcommassa, a produçãounibetcommassa leva a uma riqueza extraordinária que se espalha por uma parte muito importante da população, o que aumentaria o desejounibetcomigualdade", explica Aguiló.

O automóvel, por exemplo, deixouunibetcomser um produto que apenas uma elite poderia adquirir e passou a estar disponível para milhõesunibetcompessoas. "O preço cai, as quantidades aumentam, e isso acontece repetidas vezes com todos os produtos", diz o professor.

Essa circulaçãounibetcommassaunibetcomprodutos significa que os padrõesunibetcomvida dos consumidores aumentam, que há uma "demanda por mais igualdade" e que isso acaba dificultando a essência do sistema: a concorrência", explica Aguiló.

"Esse grande sucesso da abundância compartilhada, ao alcanceunibetcomtodos, é o que levaria ao fim do capitalismo".

No entanto, embora a riqueza seja mais bem distribuídaunibetcomalguns países, o que se viu no mundo desde então foi o contrário: apesarunibetcommuitos produtos estarem acessíveis para grande parte da população, o que se vê é uma concentração cada vez maior da riqueza produzida.

Virtude e perigo

Seguindo a lógicaunibetcomSchumpeter, a concorrência se tornaria, ao mesmo tempo, uma virtude e um problema para as empresas.

Segundo López, Schumpeter acreditava que "o processounibetcomacumulação incessanteunibetcomcapital levaria,unibetcomalgum momento, ao que Marx chamavaunibetcomtendência decrescente da taxaunibetcomlucro".

"O capitalismo é um sistema incomparávelunibetcomtermos produtivos, é um sistema que, no nível produtivo, eu uso Marx novamente, é o mais progressista da história, mas tem o problemaunibetcomque a acumulação incessanteunibetcomcapital o leva a competir também incessantemente."

"Essa competição força as empresas a estarunibetcomuma guerra constante para inovar, obter novos mercados, novos produtos. E aí mora o perigo".

Harry Landreth e David C. Colander,unibetcomseu livro História do Pensamento Econômico, explicam que "enquanto Marx havia previsto que o declínio do capitalismo derivariaunibetcomsuas contradições, Schumpeter especulou que seu fim seria produto do seu próprio sucesso".

Sua ideiaunibetcomuma sociedade socialista

Em seu trabalho Capitalismo, Socialismo e Democracia, Schumpeter imaginou o tipounibetcomsociedade socialista que surgiria depois que o capitalismo perecesse.

Guillermo Rocafort, professor da FaculdadeunibetcomCiências Sociais e Comunicação da Universidade Europeia, inclui o pensador austríaco no grupounibetcomeconomistas pessimistas ou fatalistas, desiludidos com o capitalismounibetcomsua época.

Enquanto Marx via uma lutaunibetcomclasses entre a burguesia e a classe trabalhadora, Schumpeter percebia uma grande tensão entre um grupounibetcomempreendedores, aqueles que provocam "vendavais capitalistas que levam a um grande crescimento econômico" e outro compostounibetcomempreendedores "que implementam um capitalismo não tão pioneiro, mas calculista, mais conservador ", diz Rocafort à BBC Mundo.

Na sociedade imaginada por Schumpeter, a distribuição da riqueza seria mais justa ainda existiria mercado.

Seria uma sociedadeunibetcomque o valor da igualdade estaria acimaunibetcomtudo, segundo Aguiló, "o que levaria a um status quo que desacelera a inovação para e na qual, portanto, o peso do mercado na distribuição dos recursos é menor, e o peso do Estado aumenta."

Landreth e Colander citam Schumpeter: "Os verdadeiros promotores do socialismo não foram os intelectuais ou agitadores que o pregaram, mas os Vanderbilts, Carnegies e Rockefellers (famílias ricas do início do século 20)".

Ciclos econômicos

Rocafort explica que Schumpeter reforçou a teoria dos ciclos econômicos como formaunibetcomevolução do capitalismo.

"Como se fosse uma montanha-russa, subindo e descendo, (...)Schumpeter refere-se a ciclos econômicos que têmunibetcomorigemunibetcominovações tecnológicas e financeiras. Elas causam momentosunibetcomgrande boom, depois estabilização e depois uma depressão ou recessão", diz o professor.

O especialista cita como exemplos a quebra da bolsaunibetcom1929 e a crise financeiraunibetcom2008.

Schumpeter nos faz ver o capitalismo como "um processo histórico e econômico que não tem crescimento contínuo, o que seria desejável, mas um crescimento bastante volátil, e que,unibetcomúltima análise, tem consequências para a sociedadeunibetcomtermos de, por exemplo, desemprego".

No século 21

"Vários economistas, incluindo Larry Summers e Brad DeLong, disseram que o século 21 será 'o século Schumpeter' e eu concordo", disse McCraw.

"O motivo disso é que a inovação e o empreendedorismo estão florescendounibetcomtodo o mundounibetcomuma maneira sem precedentes, não apenas nos casos bem conhecidos da China e da Índia, masunibetcomtodos os lugares, excetounibetcomáreas que tolamente continuam a rejeitar o capitalismo."

"A destruição criativa pode acontecerunibetcomuma grande empresa inovadora (Toyota, GE, Microsoft), mas é muito mais provável que isso aconteça nas start-ups, especialmente agora que elas têm muito acesso ao capitalunibetcomrisco", afirmou McCraw.

De fato, segundo o autor, Schumpeter foi um dos primeiros economistas a usar esse termo: ele o fezunibetcomum artigo que escreveuunibetcom1943, no qual falavaunibetcomcapitalunibetcomrisco.

Os inovadores

Schumpeter, suas idéias e, acimaunibetcomtudo, o conceitounibetcomdestruição criativa ganharam uma importância especial nas últimas duas décadas.

"É essencial para entender nossa economia", diz Aguiló. Essa competiçãounibetcomnegócios nem sempre significa "dominar o mercado com um produto, mas com uma idéia, com um tipo ou modelounibetcomnegócios".

Rocafort destaca que nessa destruição criativa, inovadores e empreendedores são os principais protagonistas.

Um exemplo é como a indústriaunibetcomtecnologia e seus gigantes como Google e Microsoft ocuparam o espaçounibetcomum setor que nas décadasunibetcom20, 30, 40 e 50 era um dos principais: a indústria automotiva.

"Se você observar o preço das ações, as empresasunibetcomtecnologia são as mais importantes e são todas americanas", diz ele.

Um alerta

Por outro lado, especialistas como López pedem cautela na aplicação das idéiasunibetcomSchumpeter para explicar a economia atual. "Não é conveniente usar categorias históricas porque são sociedades diferentes. As velhas teorias não funcionariam para nós ", diz ele à BBC Mundo.

Schumpeter é o produtounibetcomuma época e "seu capitalismo não é o capitalismounibetcomhoje", alerta.

A acumulaçãounibetcomcapital era diferente e não tinha nem o alcance global nem o impacto ecológicounibetcomhoje. Segundo o professor, o sistema está atravessando barreiras que antes pareciam impensáveis: se um país se industrializa, o emprego aumenta, mas o meio ambiente se deteriora.

"Isso não estava na menteunibetcomSchumpeter, nem John Maynard Keynes. [Na época,] a industrialização era o elemento fundamental do desenvolvimento."

Mas López reconhece que "aspectos parciais do trabalhounibetcomSchumpeter [como destruição criativa] podem nos ajudar a entender o sistema".

Em transição?

Rocafort também concorda que o trabalhounibetcomSchumpeter éunibetcomvisão pessoal da realidadeunibetcomque ele viveu. "Agora temos um contexto macroeconômico que não existia na época: paraísos fiscais, fundosunibetcominvestimento especulativos, endividamento excessivo das nações", explica.

No entanto, ele esclarece que dada a situaçãounibetcomincerteza que enfrentamos diante da economia mundial, faz sentido procurar explicações nos grandes clássicos da economia. "É preciso tentar ver o que se aplicaunibetcomcada teórico, porque não pode haver ortodoxia ou dogmatismo na economia. Nós idolatramos Keynes e o resultado, como vimos nos últimos 15 anos, está sendo um fracasso", diz Rocafort.

O economista acredita que Schumpeter e suas ideias como "ciclos econômicos e destruição criativa" podem ajudar a esclarecer alguns pontos do momento que vivemos. "Talvez o modelo econômico atual esteja esgotado e estejamos precisandounibetcomnovas inovações tecnológicas e financeiras".

"Ele falaunibetcomdestruição criativa como aquele novo ciclo causado por um grande desenvolvimento tecnológico. Talvez um ciclo esteja colidindo com outro, como placas tectônicas", reflete.

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