Ivermectina: como falsa ciência criou crençaaposta ganha prognosticosremédio milagroso contra covid:aposta ganha prognosticos

Membrosaposta ganha prognosticosgrupos nas redes sociais trocam dicas sobre como conseguir o remédio, defendendo até mesmo as versões usadasaposta ganha prognosticosanimais.

A promoção exageradaaposta ganha prognosticostorno da ivermectina — com base na força da crença nas pesquisas — levou um grande númeroaposta ganha prognosticospessoas ao redor do mundo a usar o medicamento.

Defensores da droga apontam para uma sérieaposta ganha prognosticosestudos científicos e afirmam com frequência que as evidências estão sendo ignoradas ou acobertadas.

Mas uma revisão destes estudos feita por um grupoaposta ganha prognosticoscientistas independentes levantou sérias dúvidas sobre esse conjuntoaposta ganha prognosticospesquisas.

A BBC mostra que maisaposta ganha prognosticosum terço dos 26 principais testes do medicamento para uso no combate à covid-19 apresentam erros graves ou sinaisaposta ganha prognosticospotencial fraude. E nenhum dos outros apresenta evidências convincentes da eficácia da ivermectina.

Kyle Sheldrick, um dos integrantes do grupoaposta ganha prognosticospesquisadores que investiga os estudos, disse que eles não encontraram "um único ensaio clínico" afirmando que a ivermectina evitou mortes por covid-19 que não continha "sinais óbviosaposta ganha prognosticosque tenham sido forjados ou erros tão críticos que invalidavam o estudo".

Os principais problemas incluem:

- Os mesmos dadosaposta ganha prognosticosum paciente são usados ​​várias vezes para pessoas supostamente diferentes;

- Evidênciasaposta ganha prognosticosque a seleçãoaposta ganha prognosticospacientes para gruposaposta ganha prognosticosteste não foi aleatória;

- Números improváveis ​​de ocorrerem naturalmente;

- Porcentagens calculadas incorretamente;

- Organismos locaisaposta ganha prognosticossaúde que desconhecem os estudos.

Todos os cientistas do grupo — Gideon Meyerowitz-Katz, James Heathers, Nick Brown e Sheldrick — têm um históricoaposta ganha prognosticosdesmascarar a ciência duvidosa. Eles vêm trabalhando juntos remotamenteaposta ganha prognosticosmaneira informal e voluntária durante a pandemia.

Eles formaram um grupo que analisou mais a fundo os estudos da ivermectina depois que o estudanteaposta ganha prognosticosbiomedicina Jack Lawrence detectou problemas com um estudo influente do Egito.

Entre outras questões, continha pacientes que haviam morrido antes do início da pesquisa. E agora a revista científica que publicou o estudo se retratou.

O grupoaposta ganha prognosticoscientistas independentes examinou praticamente todos os ensaios clínicos randomizados (ECR) sobre ivermectina e covid —aposta ganha prognosticosteoria, a evidênciaaposta ganha prognosticosmais alta qualidade — incluindo todos os estudos chave regularmente citados pelos defensores da droga.

Os ECRs preveem que os participantes sejam escolhidos aleatoriamente para receber o medicamento que está sendo testado ou um placebo — uma simulação do medicamento sem propriedades ativas.

A equipe também analisou seis ensaios observacionais particularmente influentes. Esse tipoaposta ganha prognosticosensaio analisa o que acontece com as pessoas que já estão tomando o medicamento — portanto, pode ser influenciado pelo tipoaposta ganha prognosticospessoa que opta por fazer o tratamento.

De um totalaposta ganha prognosticos26 estudos examinados, havia evidênciaaposta ganha prognosticoscincoaposta ganha prognosticosque os dados podem ter sido forjados — por exemplo, eles continham números praticamente impossíveis ou linhasaposta ganha prognosticostabelaaposta ganha prognosticospacientes idênticos que foram copiadas e coladas.

Em outros cinco, foram levantadas grandes bandeiras vermelhas — por exemplo, os números não batiam, as porcentagens foram calculadas incorretamente ou os órgãosaposta ganha prognosticossaúde locais não estavam cientesaposta ganha prognosticosque haviam ocorrido.

Além desses ensaios falhos, autoresaposta ganha prognosticos14 estudos não enviaramaposta ganha prognosticosvolta dados solicitados. Os cientistas independentes afirmam que esse tipoaposta ganha prognosticosatitude é um sinalaposta ganha prognosticospossível fraude.

A amostraaposta ganha prognosticosartigosaposta ganha prognosticospesquisa analisados pelo grupo independente também contém alguns estudosaposta ganha prognosticosalta qualidade do mundo todo.

Mas os maiores problemas estavam todos nos estudos que faziam grandes alegações sobre a ivermectina — na verdade, quanto maior a alegaçãoaposta ganha prognosticostermosaposta ganha prognosticosvidas salvas ou infecções evitadas, maiores as preocupações que sugerem que podem ter sido forjados ou ser inválidos, descobriram os pesquisadores.

Embora seja extremamente difícil descartar o erro humano nesses ensaios, Sheldrick, médico e pesquisador da Universidadeaposta ganha prognosticosNova Gales do Sul, na Austrália, acredita que é altamente provável que pelo menos alguns deles possam ter sido manipulados conscientemente.

Descobriu-se que,aposta ganha prognosticosum estudo recente no Líbano, detalhesaposta ganha prognosticos11 pacientes foram copiados e colados repetidamente — sugerindo que muitos dos supostos pacientes do ensaio, na verdade, não existiam.

Os autores do estudo disseram à BBC que "o conjunto originalaposta ganha prognosticosdados foi manipulado, sabotado ou inserido por engano no arquivo final" e que submeteram uma retratação à revista científica que o publicou

Outro estudo do Irã parecia mostrar que a ivermectina evitou a morteaposta ganha prognosticospessoas por covid.

Mas os cientistas que o investigaram encontraram problemas. Os registrosaposta ganha prognosticosquanto ferro havia no sangue dos pacientes continham númerosaposta ganha prognosticosuma sequência que era improvávelaposta ganha prognosticosocorrer naturalmente.

E os pacientes que receberam o placebo tinham níveis muito mais baixosaposta ganha prognosticosoxigênio no sangue antes do início do estudo do que aqueles que receberam ivermectina. Portanto, eles já estavam mais doentes e estatisticamente mais propensos a morrer.

Mas esse padrão se repetiuaposta ganha prognosticosuma ampla variedadeaposta ganha prognosticosmedições diferentes. As pessoas com mensurações "ruins" acabaram no grupo do placebo, e aquelas com mensurações "boas" no grupo da ivermectina.

A probabilidade disso acontecer aleatoriamenteaposta ganha prognosticostodas essas medições diferentes era muito pequena, argumenta Sheldrick.

Morteza Niaee, que liderou o estudo do Irã, defendeu os resultados e a metodologia e discordou dos problemas atribuídos a ele, acrescentando que era "muito normal ver tal randomização" quando vários fatores diferentes eram levadosaposta ganha prognosticosconsideração e que nem todos tinham relação com o riscoaposta ganha prognosticoscovid dos participantes.

Mas os ensaios do Líbano e do Irã foram excluídosaposta ganha prognosticosum artigo da Cochrane — os especialistas internacionaisaposta ganha prognosticosrevisãoaposta ganha prognosticosevidências científicas — porque eram "estudos mal relatados". A revisão concluiu que não havia evidênciasaposta ganha prognosticosbenefício por parte da ivermectina quando se trataaposta ganha prognosticoscovid.

O maior estudo eaposta ganha prognosticosmaior qualidade sobre ivermectina publicado até agora é o ensaio Together da Universidade McMasters, no Canadá. Ele não encontrou nenhum benefício por parte do medicamentoaposta ganha prognosticoscasoaposta ganha prognosticoscovid.

A ivermectina é geralmente considerada uma droga segura, embora tenha havido alguns relatosaposta ganha prognosticosefeitos colaterais.

As ligações sobre suspeitasaposta ganha prognosticosintoxicação por ivermectina nos EUA aumentaram muito, masaposta ganha prognosticosuma base muito pequena (435 para 1.143 neste ano) — e a maioria desses casos não era grave.

Os pacientes tiveram vômitos, diarreia, alucinações, confusão, sonolência e tremores. Mas o dano indireto pode adviraposta ganha prognosticosoferecer às pessoas uma falsa sensaçãoaposta ganha prognosticossegurança, especialmente se elas optarem pela ivermectina,aposta ganha prognosticosvezaposta ganha prognosticosprocurar tratamento hospitalar para covid ou se vacinarem.

Patricia Garcia, uma especialistaaposta ganha prognosticossaúde pública no Peru, disse queaposta ganha prognosticosum determinado momento estimou que 14aposta ganha prognosticoscada 15 pacientes que ela atendia no hospital estavam tomando ivermectina — e que quando eles chegavam, estavam "muito, muito doentes".

Grandes grupos pró-ivermectina no Facebook se transformaramaposta ganha prognosticosfóruns para as pessoas encontrarem dicas sobre onde comprar o medicamento, incluindo preparações destinadas a animais.

Alguns grupos contêm regularmente postagens sobre teorias da conspiraçãoaposta ganha prognosticosque estão acobertando a ivermectina, alémaposta ganha prognosticospromover o sentimento antivacina ou encorajar os pacientes a deixar o hospital se não estiverem recebendo o medicamento.

Esses canais coordenaram a perseguição a médicos que não prescrevem ivermectina, e insultos têm sido direcionados aos cientistas.

O professor Andrew Hill, da Universidadeaposta ganha prognosticosLiverpool, no Reino Unido, escreveu uma revisão positiva influente sobre a ivermectina, originalmente dizendo que o mundo deveria "se preparar, obter suprimentos, estar pronto para aprovar [o medicamento]".

Agora ele diz que os estudos não resistem a um exame minucioso — mas depois que ele mudouaposta ganha prognosticosopinião, com baseaposta ganha prognosticosnovas evidências que surgiram, foi alvoaposta ganha prognosticosinsultos.

Um pequeno númeroaposta ganha prognosticosmédicos qualificados teve uma influência exagerada no debate sobre a ivermectina no mundo.

As opiniões do notório defensor Pierre Kory não mudaram, apesar das principais questões apontadas sobre os estudos. Ele criticou "interpretações superficiaisaposta ganha prognosticosdados emergentesaposta ganha prognosticosensaios".

Tess Lawrie — médica especializadaaposta ganha prognosticosgravidez e parto — fundou o British Ivermectin Recommendation Development (Bird) Group. Ela pediu uma pausa na campanhaaposta ganha prognosticosvacinação contra covid-19 e fez alegações infundadas, sugerindo que a vacina havia causado um grande númeroaposta ganha prognosticosmortes, com baseaposta ganha prognosticosuma leitura equivocada comum dos dadosaposta ganha prognosticossegurança.

Quando questionada durante um painel online sobre que evidências poderiam convencê-laaposta ganha prognosticosque a ivermectina não funciona, ela respondeu: "A ivermectina funciona. Não há nada que vai me convencer."

E disse à BBC: "Os únicos problemas com a baseaposta ganha prognosticosevidências são os esforços implacáveis ​​para miná-la."

Em todo o mundo, não foi originalmente a oposição às vacinas, mas a falta delas que levou as pessoas à ivermectina.

O medicamento foi aprovado, recomendado ou receitadoaposta ganha prognosticosvários momentos para covid na Índia, África do Sul, Brasil, Peru e grande parte do resto da América Latina, assim como na Eslováquia.

No Brasil, o medicamento é defendido, sem base científica, pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como estratégiaaposta ganha prognosticoscombate ao coronavírus, dentro do chamado "kit covid" ou "tratamento precoce". No entanto, diretoresaposta ganha prognosticosUnidadesaposta ganha prognosticosTerapia Intensivaaposta ganha prognosticoshospitaisaposta ganha prognosticosreferência no Brasil ligam o 'kit Covid' a um maior riscoaposta ganha prognosticosmorte.

As autoridadesaposta ganha prognosticossaúde no Peru e na Índia pararamaposta ganha prognosticosrecomendar a ivermectinaaposta ganha prognosticossuas diretrizesaposta ganha prognosticostratamento.

Em fevereiro, a Merck — uma das empresas que fabrica o medicamento — disse que "não havia base científica para um potencial efeito terapêutico contra a covid-19".

Na África do Sul, a droga se tornou um campoaposta ganha prognosticosbatalha — os médicos apontam a faltaaposta ganha prognosticosevidências, mas muitos pacientes desejam desesperadamente ter acesso, já que a distribuição da vacina tem sido irregular e problemática.

Uma médica clínica geral do país contou o casoaposta ganha prognosticosuma parente, uma enfermeira registrada, que não agendou a vacina contra o coronavírus para a qual era elegível e acabou pegando o vírus.

"Quando ela começou a piorar,aposta ganha prognosticosvezaposta ganha prognosticosbuscar avaliação e tratamento adequados, ela se tratou por conta própria com ivermectina", diz ela.

"Em vezaposta ganha prognosticosconsultar um médico, ela continuou com a ivermectina e recebeu oxigênioaposta ganha prognosticoscasa. Quando eu soube como seus níveisaposta ganha prognosticossaturaçãoaposta ganha prognosticosoxigênio estavam baixos (66%), implorei à filha dela que a levasse ao pronto-socorro."

"No começo, elas estavam relutantes, mas as convenci a ir. Ela faleceu algumas horas depois."

*Reportagem adicionalaposta ganha prognosticosShruti Menon.

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