Programa nuclear do Irã: como EUA ajudaram o país a iniciar polêmico plano atômico:dicas de apostas pixbet
O programa nuclear iraniano foi considerado uma questão bastante relevante durante os mandatos dos presidentes americanos George W. Bush, Barack Obama e Donald Trump. Embora com enfoques muito diferentes, os três presidentes tentaram deter o programa, receando que o Irã desenvolvesse armas nucleares — o que alteraria o equilíbriodicas de apostas pixbetpoder no Oriente Médio e, segundo muitos especialistas, poderia incentivar a proliferaçãodicas de apostas pixbetarmas nucleares na região.
Esses esforços prosseguem atualmente, no mandato do presidente Joe Biden.
Em 29dicas de apostas pixbetnovembrodicas de apostas pixbet2021, representantes dos EUA, Reino Unido, França, Rússia e China (que formam o grupo conhecido como P5, ou as cinco potências com poderdicas de apostas pixbetveto no Conselhodicas de apostas pixbetSegurança da ONU), além da Alemanha, retomaramdicas de apostas pixbetViena o diálogo com o Irã para tentar restabelecer o Planodicas de apostas pixbetAção Integral Conjunto assinadodicas de apostas pixbet2015 sobre o programa nuclear iraniano (JCPOA, na sigladicas de apostas pixbetinglês).
Mas a delegação americana não participou diretamente da mesadicas de apostas pixbetnegociações, permanecendodicas de apostas pixbetum hotel próximo ao local onde as reuniões eram realizadas, sendo informada regularmente sobre os progressos atingidos.
O JCPOA, que o governo Obama levou 20 meses para negociar, foi desfeito quando o governo Donald Trump decidiu abandoná-lodicas de apostas pixbet2018. Agora, para permitir que os Estados Unidos participem novamente das negociações, o Irã exige a suspensão das sanções impostas contra o país asiático.
Paradoxalmente, todo esse quebra-cabeças teve origem exatamente nos EUA, pois o programa nuclear iraniano foi iniciado graças a uma iniciativa americana na décadadicas de apostas pixbet1950.
'Átomos para a Paz'
Tudo começou com um discurso do então presidente americano Dwight Eisenhower.
No dia 8dicas de apostas pixbetdezembrodicas de apostas pixbet1953, perante a Assembleia Geral da ONU, Eisenhower abordou a ameaça representada pelo uso da tecnologia nuclear com fins bélicos — que, já há vários anos, não era mais monopólio dos Estados Unidos — e dos riscosdicas de apostas pixbetproliferação, à medida que cada vez mais países aprendessem a produzir bombas atômicas.
O então presidente americano afirmou que era necessário ir alémdicas de apostas pixbetprocurar a redução dessa ameaça e sugeriu que essa tecnologia fosse colocada a serviço da humanidade.
"Não é suficiente retirar as armas [nucleares] dos soldados. É preciso colocá-las nas mãosdicas de apostas pixbetpessoas que saibam como eliminar seu aspecto militar e adaptá-las à arte da paz", segundo ele.
Ele então propôs a criaçãodicas de apostas pixbetuma agênciadicas de apostas pixbetenergia atômica, subordinada às Nações Unidas e encarregadadicas de apostas pixbetprojetar formas para que o material nuclear "sirva aos propósitos pacíficos da humanidade", aplicando a energia atômica para atender a diversas necessidades,dicas de apostas pixbetáreas como a medicina ou a agricultura.
"Um objetivo especial seria fornecer eletricidadedicas de apostas pixbetabundância às regiões do mundo com escassezdicas de apostas pixbetenergia", indicou Eisenhower.
A ideia era que as potências capazesdicas de apostas pixbetproduzir material nuclear o fornecessem para a agência da ONU, que o manteriadicas de apostas pixbetsegurança e o entregaria para pesquisadores, a fimdicas de apostas pixbetverificar os usos pacíficos dessa energia.
O discursodicas de apostas pixbetEisenhower foi a semente da criação da IAEA, mas também daria início a uma iniciativa conhecida como Átomos para a Paz, segundo a qual os EUA ofereceriam educação e tecnologia a paísesdicas de apostas pixbetdesenvolvimento, para ajudá-los no uso pacífico da energia atômica.
Tirando o gênio nuclear da lâmpada
Menosdicas de apostas pixbetum ano depois desse discurso perante a ONU, os EUA alteraramdicas de apostas pixbetLeidicas de apostas pixbetEnergia Atômica para permitir a exportaçãodicas de apostas pixbettecnologia e material nuclear para outros países, desde que eles se comprometessem a não fazer uso dessa assistência para desenvolver armas nucleares.
Em marçodicas de apostas pixbet1955, o governo Eisenhower deu um passo adiante e autorizou a Comissãodicas de apostas pixbetEnergia Atômica dos Estados Unidos a fornecer, para países do chamado "mundo livre", quantidades limitadasdicas de apostas pixbetmaterial fissionável, alémdicas de apostas pixbetassistência para a construçãodicas de apostas pixbetreatores nucleares.
"O objetivo dessas exportações era manter a liderança global dos EUA, reduzir a influência soviética e garantir o acesso ao fornecimentodicas de apostas pixbeturânio e tório estrangeiro", segundo Peter R. Lavoy, que foi diretordicas de apostas pixbetPolíticasdicas de apostas pixbetCombate à Proliferação Nuclear do Pentágono,dicas de apostas pixbetum artigo publicado pela organização americana Arms Control Association.
A Índia foi o primeiro país a receber assistência nuclear dos EUA. Outros beneficiários foram África do Sul, Israel, Turquia, Paquistão, Portugal, Grécia, Espanha, Argentina, Brasil e Irã.
Reator para Teerã
Em 5dicas de apostas pixbetmarçodicas de apostas pixbet1957, os EUA e o Irã, então governado pelo xá Mohamed Reza Pahlevi, assinaram um acordodicas de apostas pixbetcooperação para uso civil da energia atômica que, com o apoio da iniciativa Átomos para a Paz, definiu as bases da criação do programa nuclear iraniano.
Para Washington, Teerã traria mais um benefício no contexto da Guerra Fria. "Segundo documentos [da época]dicas de apostas pixbetarquivo, o Irã não alinhado era considerado a basedicas de apostas pixbetuma estratégiadicas de apostas pixbetdissuasão contra a União Soviética e a iniciativa Átomos para a Paz serviria para solidificar a lealdade do Irã ao Ocidente", segundo o pesquisador Jonah Glick-Unterman,dicas de apostas pixbetuma análise publicadadicas de apostas pixbet2018 pelo centrodicas de apostas pixbetestudos Wilson Center, com sededicas de apostas pixbetWashington.
Em 1967, os EUA forneceram ao Irã um reator nucleardicas de apostas pixbetpesquisadicas de apostas pixbet5 megawatts, alémdicas de apostas pixbetuma certa quantidadedicas de apostas pixbeturânio altamente enriquecido paradicas de apostas pixbetoperação.
Três anos mais tarde, o Irã ratificou o Tratadodicas de apostas pixbetNão Proliferação Nuclear, comprometendo-se a não tentar obter nem desenvolver armas nucleares. Mas esse objetivo não havia sido totalmente descartado pelo xá.
"A ideia do xá na época era que, se o Irã fosse suficientemente forte e ele pudesse defender os interesses do país na região, ele não tentaria obter armas atômicas. Mas ele me disse que, se isso mudasse, precisaríamos 'tornar-nos nucleares'. Ele tinha issodicas de apostas pixbetmente", declarou Akbar Etemad, considerado o pai do programa nuclear iraniano,dicas de apostas pixbetentrevista à BBCdicas de apostas pixbet2013.
Etemad foi presidente da Organização Iranianadicas de apostas pixbetEnergia Atômica, fundadadicas de apostas pixbet1974, e esteve à frente do desenvolvimento inicial do programa nuclear do seu país.
Naquele ano, Reza Pahlevi anunciou planosdicas de apostas pixbetconstruçãodicas de apostas pixbet23 instalaçõesdicas de apostas pixbetenergia atômica, com capacidade para gerar cercadicas de apostas pixbet23 mil megawatts,dicas de apostas pixbetduas décadas. Ele também queria desenvolver o ciclo completodicas de apostas pixbetproduçãodicas de apostas pixbetcombustível nuclear.
Mas havia um obstáculo importante: o Irã não tinha especialistas qualificados, necessários para fazer esse projeto avançar.
"Como o Irã não contava com grandes quantidadesdicas de apostas pixbetindivíduos formadosdicas de apostas pixbetfísica e engenharia nuclear, o reatordicas de apostas pixbetTeerã permaneceu improdutivo por quase uma década, por não contar com mãodicas de apostas pixbetobra adequada paradicas de apostas pixbetoperação", segundo a pesquisadora Ariana Rowberry,dicas de apostas pixbetartigo publicado pelo centrodicas de apostas pixbetestudos Brookings Institution, com sededicas de apostas pixbetWashington.
A ajuda americana também seria fundamental para superar esse obstáculo.
Em julhodicas de apostas pixbet1974, as autoridades iranianas propuseram ao renomado Institutodicas de apostas pixbetTecnologiadicas de apostas pixbetMassachusetts (MIT, na sigladicas de apostas pixbetinglês) a criaçãodicas de apostas pixbetum programadicas de apostas pixbetmestrado para estudantes selecionados pela Organização Iranianadicas de apostas pixbetEnergia Atômica, que permitiu a formação das primeiras geraçõesdicas de apostas pixbetengenheiros nucleares iranianos.
Esse programa educacional, que custou ao Irã cercadicas de apostas pixbetUS$ 1,3 milhões (US$ 7,3 milhões, ou cercadicas de apostas pixbetR$ 41 milhões,dicas de apostas pixbetvaloresdicas de apostas pixbethoje) nos seus dois primeiros anos, foi motivodicas de apostas pixbetprotestos por partedicas de apostas pixbetprofessores e estudantes do MIT, que acusavam o xádicas de apostas pixbetviolar os direitos humanos e temiam que o programa contribuísse com a proliferaçãodicas de apostas pixbetarmas nucleares.
De qualquer forma, esse acordo educacional e a colaboração nuclear entre Washington e Teerã terminaram pouco tempo depois, com a vitória da Revolução Iranianadicas de apostas pixbet1979. Mas suas consequências persistiriam.
"Ninguém no MIT imaginava que os programas projetados para o xá cairiam rapidamente nas mãos dos revolucionários islâmicos. Ninguém acreditava que tantos estudantes e professores iranianosdicas de apostas pixbetformação apoiariam a revolução", segundo relatado pelos especialistasdicas de apostas pixbethistória da tecnologia Stuart W. Leslie e Robert Kargon,dicas de apostas pixbetum artigo publicado sobre o tema.
A Universidadedicas de apostas pixbetTecnologia Aryamehr (AMUT, na sigladicas de apostas pixbetinglês), que foi formada à imagem do MIT, acabou por ser um grande centrodicas de apostas pixbetatividadedicas de apostas pixbetestudantes revolucionários.
Inicialmente, o novo regime, liderado pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, rechaçou os projetos nucleares do xá e, com isso, muitos dos professores formados neste campo fugiram do país.
Após a revoluçãodicas de apostas pixbet1979, os iranianos tinham uma posição extremamente antinuclear, segundo explica Mohammad Homayounvash, professordicas de apostas pixbetrelações internacionais da Universidade Internacional da Flórida (FIU, na sigladicas de apostas pixbetinglês).
"Eles achavam que esse projeto era um 'elefante branco' do xá. E,dicas de apostas pixbetfato, os iranianos suspenderam o programa nuclear e o desmantelaram quase por completo", afirmou Homayounvash à BBC News Mundo (o serviçodicas de apostas pixbetespanhol da BBC).
"Houve um intervalodicas de apostas pixbetcercadicas de apostas pixbetcinco ou seis anosdicas de apostas pixbetque os iranianos desprezaram totalmente a energia nuclear. Eles acreditavam que era um desperdíciodicas de apostas pixbetrecursos, já que ela servia apenas para gerar eletricidade e o Irã detinha enormes recursos petrolíferos", acrescenta ele.
Mas a revolução iraniana logo perceberia a importância da tecnologia nuclear e começaria não apenas a tentar trazerdicas de apostas pixbetvolta para o país muitos especialistas que haviam partido, mas também iniciar o seu próprio programa atômico secreto.
Consequências inesperadas
Mas qual a real importância da Átomos para a Paz no desenvolvimentodicas de apostas pixbetarmas nuclearesdicas de apostas pixbetoutros países e no programa nuclear iraniano?
Segundo Homayounvash, havia por trás dessa iniciativa a preocupaçãodicas de apostas pixbetEisenhower com as consequências do uso da tecnologia nuclear no campo armamentista.
"Para evitar que outros países seguissem esse caminho, imaginou-se nesse momento que, fornecendo-lhes acesso a um certo níveldicas de apostas pixbettecnologia nuclear com fins civis, seria possível, até certo ponto, mantê-los sob controle, estabelecendo as proteções apropriadas", destaca.
Ele salienta, por exemplo, que os EUA não vendiam, mas sim alugavam o urânio entregue a países estrangeiros como combustível para os reatores — e apenasdicas de apostas pixbetquantidadesdicas de apostas pixbetlaboratório.
E foi assim que os EUA colaboraram com o estudo e a pesquisa da energia nucleardicas de apostas pixbetmaisdicas de apostas pixbet30 paísesdicas de apostas pixbettodo o mundo. Mas, analisando retrospectivamente, não existe consenso entre os especialistas sobre o quanto essa iniciativa teria contribuído para a proliferação das armas nucleares.
Homayounvash acredita que é possível argumentar que a iniciativa Átomos para a Paz criou um ambiente que possibilitou a transferênciadicas de apostas pixbettecnologia nuclear com fins pacíficos e os países que aprenderam a usar essa tecnologia puderam então iniciar seus avanços com outros propósitos.
Mas ele argumenta que não existem tantas razões para crer que, se não houvesse a iniciativa Átomos para a Paz, alguns países não teriam atingido o ponto a que chegaramdicas de apostas pixbettermosdicas de apostas pixbetdesenvolvimento nuclear. "A cadeia lógica [para chegar a essa conclusão] é um pouco mais complicada que simplesmente traçar uma linha reta — e é algo que eu não faria", destaca Homayounvash.
Mas outros especialistas acreditam ser evidente que a iniciativa do presidente Eisenhower acabou favorecendo a proliferação nuclear. "Existe muita literatura atualmente que destaca como isso foi perigoso e como a iniciativa Átomos para a Paz estimulou e possibilitou definitivamente o desenvolvimentodicas de apostas pixbetprogramasdicas de apostas pixbetarmas nucleares", segundo John Krige, professor do Institutodicas de apostas pixbetTecnologia da Geórgia, nos EUA, declarou à BBC News Mundo. "Pensar que seria possível traçar uma fronteira clara entre Átomos para a Paz e Átomos para a Guerra não só foi ingênuo, mas também demonstrou que é uma inverdade do pontodicas de apostas pixbetvista histórico."
"Compartilhar tecnologia nuclear para uso civil tem consequências importantes do pontodicas de apostas pixbetvista das armas nucleares. Não há dúvida a respeito", acrescenta Krige, que é especialista no estudo das relações entre a ciência e a tecnologia e a política externa dos EUA.
Os que compartilham essa opinião costumam apontar casos como a Índia e o Paquistão, que desenvolveram a bomba atômica e cujos primeiros cientistas nucleares foram formados pela Iniciativa Átomos para a Paz.
Mas seria também necessário incluir na balança todos aqueles que,dicas de apostas pixbetalguma forma, estavam dispostos a desenvolver armas nucleares, mas que, graças aos sistemasdicas de apostas pixbetproteção estabelecidos, não tiveram sucesso.
"Existem muitos outros casosdicas de apostas pixbetque o desviodicas de apostas pixbetmateriais nucleares científicos ou industriais para uso militar foi detectado e impedido pelos instrumentos e conceitos que formaram a iniciativa Átomos para a Paz. A Argentina, o Brasil, Taiwan e a Coreia do Sul são exemplos desses casos", segundo Peter R. Lavoy.
Na eventualidadedicas de apostas pixbetque o programa nuclear iraniano realmente tenha fins bélicos, como acreditam os EUA, a pergunta que permanece sem resposta é a qual desses dois gruposdicas de apostas pixbetpaíses o Irã pertencerá no futuro.
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