Dopamina: por que busca desenfreada por estímulos pode tirar satisfação da vida:american roulette bet365

O livro se debruça sobre o funcionamento da dopamina, um neurotransmissor do cérebro cuja descoberta é relativamente recente — foi feitaamerican roulette bet3651957 pelo neurofarmacologista sueco Arvid Carlsson, pesquisa que lhe rendeu um Prêmio Nobel no anoamerican roulette bet3652000.

Esse mensageiro químico do cérebro é conhecido erroneamente como "hormônio do prazer".

Na realidade, suas características estão ligadas à motivação ou estímulo reforçador, com destacada atuação no sistemaamerican roulette bet365recompensa cerebral. A sensaçãoamerican roulette bet365prazer tem outros componentes químicos envolvidos.

A dopamina, no entanto, é uma molécula fundamentalamerican roulette bet365um processo maturado durante milhõesamerican roulette bet365anosamerican roulette bet365evolução: o corpo instintivamente evita a dor. Procura o oposto.

"Quando a dopamina é liberada e seus níveis sobemamerican roulette bet365resposta a algo que ingerimos ou fizemos, o corpo sente prazer, recompensa, euforia. E, então, claro, nós sempre estamos buscando recriar essa sensação", diz Lembkeamerican roulette bet365entrevista à BBC News Brasil.

Um experimento com ratos dá uma ideiaamerican roulette bet365como algumas atividades e substâncias fazem disparar o neurotransmissor acima dos níveis basais:

Mas o nosso organismo sempre tenta restabelecer um equilíbrio interno, chamadoamerican roulette bet365homeostase. Ou seja, se o nívelamerican roulette bet365dopamina foi para as alturas, o corpo tenta compensar o outro lado da balança.

"É aquela 'descida' após qualquer experiência prazerosa. Às vezes essa descida ocorreamerican roulette bet365forma óbvia, como a ressaca depoisamerican roulette bet365uma bebedeira. Mas outras vezes é muito mais sutil", diz a psiquiatra.

"Essencialmente, é a dopaminaamerican roulette bet365queda livre, que não volta apenas a níveis basais, mas cai para abaixo deles. Então, para cada prazer, há um custo. E o custo é uma sensação temporária da abstinênciaamerican roulette bet365uma substância. Algo universalmente traduzidoamerican roulette bet365ansiedade, irritabilidade, depressão e fissura pela drogaamerican roulette bet365preferência."

A tolerância

Com repetidas exposições a esses estímulos que tanto nos atraem — sejam substâncias ou comportamentos — começa um processo conhecido no mundo do vício: a tolerância.

O cérebro passa a necessitar doses maiores e mais frequentes para obter a mesma sensação das primeiras vezes.

Lembke trata na clínicaamerican roulette bet365Stanford casos gravesamerican roulette bet365abusosamerican roulette bet365substâncias ouamerican roulette bet365dependênciaamerican roulette bet365sexo ou apostas, mas observa que os atrativos surgidos com a internet e a tecnologia digital massificaram e banalizaram a dinâmica dos disparosamerican roulette bet365dopamina e da compulsão.

Ela acredita que todos nós podemos aprender com casos gravesamerican roulette bet365dependência, "versões extremas do que todos nós somos capazes".

"A riqueza, a abundância e a tecnologia da nossa época faz com que quase toda experiência humana tenha o potencialamerican roulette bet365vício,american roulette bet365uma droga. As mídias sociais são conexão humanaamerican roulette bet365formaamerican roulette bet365droga. O que torna algo viciante? Algo que dispara dopamina no sistemaamerican roulette bet365recompensa do cérebroamerican roulette bet365forma rápida", diz ela.

"E nós temos acesso fácil, quantidade ilimitada, grande potência e novidades ilimitadas. A dopamina responde a todas essas condições."

"As próprias notícias são uma espécieamerican roulette bet365droga da novidade, certo? É a percepçãoamerican roulette bet365que o mundo tem a todo momento eventos transformadores. Mas depoisamerican roulette bet365um tempo nós precisamosamerican roulette bet365mais e mais eventos chocantes para sentir algo. Nós passamosamerican roulette bet365horrorizados para entorpecidos — e é algo preocupante porque fala da natureza antissocial que circunda o vício,american roulette bet365que o dependente se torna indiferente ao sofrimento dos outros."

A própria autora admite no livro que não é imune às compulsões. No caso dela, ocorreu uma "fixação nada saudável" com livrosamerican roulette bet365erotismo soft.

Lembke descreve queamerican roulette bet365rotina começou a ser ocupada por romances genéricosamerican roulette bet36550 Tonsamerican roulette bet365Cinzaamerican roulette bet365vezamerican roulette bet365socializar, cozinhar, dormir e dar atenção à família — ela afirma que até o intervalo entre uma consulta ou outra na clínicaamerican roulette bet365Stanford tinha que ser usado para saciar a vontade.

Lembke diz que não foi fácil fazer essas revelações sobre si mesma.

"Na verdade foi um grande risco. Olha, eu sou professoraamerican roulette bet365Stanford e médica. A expectativa sobre nós é que nunca sejamos vulneráveis, não é? Mas eu conto tantas histórias reais dos meus pacientes, e eles deram permissão para isso [ninguém é identificado]. Então, se eles tiveram coragem o suficiente, eu poderia ter também."

Abrace o desconforto

A psiquiatra da Universidade Stanford acredita que a ideiaamerican roulette bet365eliminar a dor a qualquer custo como paradigma trouxe desvantagens para a sociedade.

Lembke se refere tanto à fuga automáticaamerican roulette bet365desconfortos como o tédio e a monotonia quanto ao uso indiscriminadoamerican roulette bet365medicamentos para combater a dor - algo que teve grande papel na crise dos opioides, que vitimou centenasamerican roulette bet365milharesamerican roulette bet365norte-americanos nas últimas décadas.

"Evitar a dor nos privaamerican roulette bet365experiências que constroem os calos mentais para encarar desafios futuros. E eu faloamerican roulette bet365doramerican roulette bet365uma forma ampla: emocional, espiritual, todos os diferentes tiposamerican roulette bet365sofrimento físico e psicológico."

A retomada do contato com o desconforto é exemplificada no livro por algo frugal: a terapia do banho gelado (e,american roulette bet365fato, pesquisas sugerem benefícios da água fria não só para melhorar a circulação, mas também para aliviar depressão).

"Junto com o acesso crescente a medicamentos e a comportamentos que nos apartam das experiências tradicionaisamerican roulette bet365dor, nós desenvolvemos uma narrativaamerican roulette bet365que a dor deve ser evitadaamerican roulette bet365nós ou nos nossos filhos", afirma.

"Como resultado, pais se tornaram temerososamerican roulette bet365deixar que seus filhos experimentem qualquer tipoamerican roulette bet365sofrimento, com medoamerican roulette bet365que eles acabem no divã ou com algum distúrbio psicológico. Mas o fato é que proteger as criançasamerican roulette bet365experiências desafiadoras é privá-las da oportunidadeamerican roulette bet365construir uma fortaleza mental que elas necessitam no mundo."

Mas uma pergunta paira: não será justamente a vida moderna, com toda aamerican roulette bet365pressão e desafios, que impõe peso sobre todos que a habitam e dessa forma precisamosamerican roulette bet365algo para sanar essas dores?

Ela responde: "Eu concordo que nós vivemosamerican roulette bet365um mundo muito estranho eamerican roulette bet365uma época muito estranha, e que a vidaamerican roulette bet365tempos modernos é difícil por razões paradoxais".

"Acho que medicamentos psicotrópicos têm representado uma maneira para nos adaptar a um mundo para o qual a nossa evolução ainda não chegou. Mas,american roulette bet365geral, eu acho que esses remédios são prescritosamerican roulette bet365forma excessiva, sem o reconhecimentoamerican roulette bet365seus lados negativos, incluindo o potencial para se viciar ou nos privaramerican roulette bet365sentir as intensas emoções que nos tornam humanos."

"A sugestão no livro é que,american roulette bet365vezamerican roulette bet365usar medicamentos para nos adaptar a esse novo mundo é tentar mudar as nossas experiências nele."

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