As mulheres jovens dependentesc12 roletaopioidesc12 roletapaís africano:c12 roleta

Amino Abdic12 roletamáscara

Crédito, Fathi Mohamed Ahmed

Legenda da foto, Amino Abdi conversou com a BBC sobrec12 roletadependência na esperançac12 roletareduzir o tabu sobre a questão

O costume local era mascar a folha narcóticac12 roletakhat (que não é ilegal), consumir bebida alcoólica, cheirar cola e fumar haxixe. Mas cada vez mais gente vem abusandoc12 roletaopioides injetados diretamente na veia. Entre eles, morfina, tramadol, petidina e codeína.

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No inícioc12 roletadezembroc12 roleta2022, a polícia apreendeu uma grande quantidadec12 roletaremédios controlados, sobretudo opioides, no aeroporto internacionalc12 roletaMogadíscio. Os importadores foram presos.

Crianças do ladoc12 roletaforac12 roletauma farmáciac12 roletaMogadíscio, na Somália - 2016

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Muitas substâncias são vendidas sem receita nas farmáciasc12 roletaMogadíscio, capital da Somália

"Comprimidos e drogas injetáveis são muito populares entre as mulheres jovens e as meninas", diz um médicoc12 roletaMogadíscio, que pediu para não ser identificado por se tratarc12 roletaum tema sensível.

"Muitas dessas substâncias causam dependência e são facilmente encontradas à venda sem receita médicac12 roletafarmácias por toda a cidade."

'Comecei a dormir nos carros'

Outra droga popular consumida pelas mulheres jovens é um tipoc12 roletafumoc12 roletamascar conhecido como "tabbuu", que pode causar câncerc12 roletaboca ec12 roletagarganta.

Amino Abdi,c12 roleta23 anos, usa drogas há cinco anos. A dependência entre as mulheres é um tabu na Somália, mas ela decidiu falar abertamente com a BBC, na esperançac12 roletapoder ajudar a romper o silêncio e diminuir o preconceito.

Um médico manipulando drogas injetáveis ​​populares entre as jovens na Somália

Crédito, Fathi Mohamed Ahmed

Legenda da foto, A Somália não tem centrosc12 roletareabilitação adequados para ajudar as pessoas a deixar a dependência das drogas

"Comecei a mascar tabbuu com as meninas com quem morava", ela conta.

"Elas exerciam uma má influência sobre mim. Fiquei dependente do fumo e então comecei a usar drogas mais pesadas, especialmente as que eu podia injetar por via intravenosa, principalmente tramadol e petidina."

Abdi conta que seu consumoc12 roletadrogas disparou quando começou a ter problemas com o marido. Agora, ela é divorciada e mora com a filha pequena.

"Meu ex é a razão pela qual me tornei dependentec12 roletadrogas pesadas", diz ela.

"Minha dependência ficou tão forte que perdi a cabeça. Comecei a dormirc12 roletacarros e nas ruas."

Abdi está tentando deixar as drogas, mas diz que é muito difícil porque não existem centrosc12 roletareabilitação adequados na Somália para gerenciar a abstinência.

Segundo ela, é impossível pararc12 roletausar todas as substâncias ao mesmo tempo. Abdi conseguiu reduzir a injeçãoc12 roletaopioides, mas ainda masca tabaco e fuma narguilé.

Os pais, especialmente as mães, estão extremamente preocupados com o aumento do consumoc12 roletadrogas entre as filhas — muitas aindac12 roletaidade escolar.

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Khadijo Adan percebeu que a filhac12 roleta14 anos vinha se comportandoc12 roletaforma incomum:

"Ela dormiac12 roletahorários estranhos e estava agindoc12 roletaforma diferente".

"Um dia, encontrei comprimidosc12 roletatramadol e fumoc12 roletamascar na bolsa dela. Eu a confrontei, e ela me disse que havia começado a usar drogas devido à pressão das colegas", relata a mãe.

Adan encaminhou a filha para morarc12 roletaum centro administrado por xeques muçulmanos. Ela não usa mais drogas porque não consegue ter acesso a elas no centro.

Muitos pais encaminham filhos "problemáticos" para essas instituições, especialmente quando têm problemasc12 roletasaúde mental, quando se envolvemc12 roletacrimes ou com drogas e quando há suspeitac12 roletahomossexualidade.

Já foram registrados abusos sériosc12 roletaalguns desses centros, incluindo casosc12 roletapacientes que foram acorrentados e agredidos.

Criançasc12 roletaruac12 roletarisco

Tudo isso acontece enquanto a Somália luta para enfrentar a pior seca dos últimos 40 anos e maisc12 roletatrês décadasc12 roletaconflitos. Diante deste cenário, os recursos limitados do país são insuficientes para cobrir as necessidades humanas mais básicas, que dirá combater problemas como a dependênciac12 roletadrogas.

Algumas pequenas organizações estão tentando preencher essa lacuna, promovendo conscientização sobre os perigos das drogas.

Mulheres vendendo maçosc12 roletakhatc12 roletaum mercado na capital da Somália, Mogadíscio — fotoc12 roletaarquivo

Crédito, AFP

Legenda da foto, As folhas frescasc12 roletakhat são populares na Somália — elas possuem um suave efeito estimulante quando mascadas

A Green Crescent Society visita escolas e universidades para alertar os alunos sobre os diferentes tiposc12 roletadependência, incluindo o uso abusivoc12 roletasubstâncias, jogosc12 roletaazar, games e redes sociais.

Sirad Mohamed Nur dirige a Fundação Mama Ugaaso, dedicada ao uso abusivoc12 roletadrogas entre jovens, incluindo meninas.

"Fazemos o melhor que podemos para desestimular o consumoc12 roletadrogas pelos jovens, mantendo programasc12 roletaconscientização que destacam os riscos à saúde associados ao uso abusivoc12 roletasubstâncias."

"Também fazemos lobby para que o governo se apresente e faça alguma coisa", acrescenta Nur.

"Mas não é suficiente. São necessárias medidas drásticas para evitar que esse flagelo saiac12 roletacontrole, especialmente entre as criançasc12 roletarua."

Segundo o Ministério do Desenvolvimento das Mulheres e dos Direitos Humanos, maisc12 roleta40% das criançasc12 roletarua consomem drogas. Cercac12 roletaum quinto das criançasc12 roletarua na Somália são meninas e aproximadamente 10% têm menosc12 roletaseis anos — algumas, chegam a ter apenas três anos.

O khat, a cola e o fumoc12 roletamascar são as substâncias mais comuns consumidas pelas criançasc12 roletarua. Mas um estudo realizado pelo ministério concluiu que cercac12 roleta10% delas usam opioides — e aproximadamente 17% tomam comprimidos para dormir.

O aumento do usoc12 roletadrogas entre os jovens marginalizados fez aumentar a criminalidade, incluindo a violência contra meninas e mulheres.

E, segundo a organizaçãoc12 roletapesquisa Somali Public Agenda, também gerou o recente fenômeno das ganguesc12 roletarua, conhecidas como "Ciyal Weero", que vêm espalhando o terrorc12 roletaMogadíscio.

Em alguns casos, as drogas são usadas para se aproveitar das mulheres, como na cidadec12 roletaBaidoa, no sudoeste da Somália, onde uma mulher teria sido violentada depoisc12 roletareceber um opioide.

Existe também o riscoc12 roletaque o aumento do usoc12 roletadrogas intravenosas possa reverter a incidência relativamente baixac12 roletaHIV e Aids na Somália.

"O recente aumento das pessoas que injetam drogas, especialmente opioides, está colocando todo um novo grupoc12 roletasomalisc12 roletariscoc12 roletainfecção pelo vírus", afirma a diretora do programac12 roletaHIV do Ministério da Saúde da Somália, Sadia Abdisamad Abdulahi.

Repressão às farmácias

Os profissionais da saúde afirmam que uma das formas mais eficazesc12 roletacombater o problema dos opioides é mirar nas pessoas que vendem os medicamentos — emc12 roletamaioria, farmacêuticos.

E a polícia começou a reprimi-los.

Caixasc12 roletaremédios fotografadas na Somália

Crédito, Fathi Mohamed Ahmed

Legenda da foto, As farmácias vinham ganhando um bom dinheiro com a vendac12 roletaanalgésicos e opioides para os jovens

Um farmacêutico que não quis se identificar afirma que ele e seus colegas não estão nem um pouco satisfeitos com a intervenção policial.

"Administrei uma farmáciac12 roletaMogadíscio por muitos anos", ele conta.

"Costumava ser muito fácil vender drogas para os jovens, incluindo as meninas,c12 roletaparte porque ninguém sabia que tipoc12 roletaefeito as drogas teriam sobre eles."

"Nós costumávamos vender para todo mundo e ganhávamos um bom dinheiro", acrescenta o farmacêutico.

"Mas os pais agora estão trabalhando com a polícia, que começou a nos vigiar e a nos prender,c12 roletaalguns casos. Agora, temos medoc12 roletavender drogas para os jovens e, por isso, estamos perdendo dinheiro."

Ao falar abertamente sobre a questão da dependência entre as mulheres, jovens corajosas, como Amino Abdi, e mães, como Khadijo Adan, deram o primeiro (e importante) passo para trazer à tona este problema.

A intervenção policial e os programasc12 roletaconscientizaçãoc12 roletarelação às drogas também vão ajudar — mas, sem novos recursos e atenção, é improvável que o problema seja solucionado no curto prazo.

* Fathi Mohamed Ahmed é editora-chefe da agênciac12 roletanotícias Bilan Media, formada só por mulheres, na Somália.