Como os alimentos processados ajudaram a moldar espécie humana:site de aposta bob
- Nicola Temple
- BBC Future
site de aposta bob Fui apresentado aos alimentos processados pela primeira vez na infância, na zona rural do Canadá, onde cultivávamos 90% do que comíamossite de aposta bobnossa propriedadesite de aposta bob3 hectares.
Depoissite de aposta bobum verão sem preocupações, pegando vagalumes, capturando sapos e colhendo frutas do pé, o finalsite de aposta bobagosto marcou o início da preparação para o inverno.
Na umidade sufocante do verãosite de aposta bobOntário, debruçados sobre móveissite de aposta bobcozinhasite de aposta bobvinil dos anos 1970, nós cortávamos, descascávamos, fervíamos e escaldávamos — processando todos os produtos cultivados na horta para que nos alimentassem durante o longo e frio inverno.
No entanto, os alimentos processados hojesite de aposta bobdia têm uma conotação muito mais negativa.
A expressão evoca imagenssite de aposta boblanches semelhantes a isopor cobertossite de aposta bob"queijo" ou refeições que pedem para "adicionar apenas água" com sachêssite de aposta bob"sabor" suspeitos; estes são os alimentos ultraprocessados.
Mas será que é justo tratar todos os alimentos processados com o mesmo desdém?
Esquecemos que as inovações no processamentosite de aposta bobalimentos também ajudaram a melhorar a nutrição, reduzir o desperdíciosite de aposta bobalimentos e nos proporcionar mais tempo livre.
É muito mais complexo do que afirmar que todos os alimentos processados são ruins. Alimentos processados mudaram, para melhor ou para pior (e provavelmente ambos), nossa relação com a comida. E, muito antes disso, nos moldou como espécie.
Nosso parente hominídeo, o Homo habilis, que viveu entre 2,4 milhões e 1,4 milhõessite de aposta bobanos atrás, carrega a primeira evidência do processamentosite de aposta bobalimentos. Diferentementesite de aposta bobseus predecessores evolutivos, o habilis tinha dentes relativamente pequenos.
Acredita-se que essa tendência evolutiva só poderia ter começado se o alimento estivesse sendo manipulado antessite de aposta bobchegar à boca.
Martelar as raízes com pedras ou fatiar a carnesite de aposta bobtiras finas para torná-la mais fácilsite de aposta bobmastigar pode significar cercasite de aposta bob5% menos mastigação.
Com menos pressão no aparelhosite de aposta bobmastigação — mandíbulas, músculos e dentes—, o corpo pode redirecionar esses tecidos energeticamente dispendiosos para outro lugar, fazendo com que o rosto fique menorsite de aposta bobrelação ao tamanho total do crânio.
O Homo erectus (1,89 milhõessite de aposta bobanos - 108 mil anos atrás) e o Homo neanderthalensis (400 mil - 40 mil anos atrás) tinham dentes muito menores do que se poderia prever com base no tamanhosite de aposta bobseus crânios.
A evolução só poderia favorecer essa redução no tamanho dos dentes se a comida tivesse se tornado mais fácilsite de aposta bobmastigar, e isso provavelmente só foi alcançado por meio do processamento térmico — o cozimento.
Alimentos cozidos requerem 22% menos músculos para serem mastigados e podem liberar energia (calorias) que,site de aposta boboutra forma, seriam inacessíveis no produto cru.
Evolução cerebral
Alémsite de aposta bobindiscutivelmente proporcionar a nossos ancestrais uma tendência a rostos pequenos e corpos grandes, os alimentos processados levaram a um ganho significativosite de aposta bobtempo. Menos tempo gasto na mastigação deixa a boca livre para desenvolver uma linguagem oral complexa.
A energia poderia ser direcionada para o crescimentosite de aposta bobum cérebro maior,site de aposta bobvezsite de aposta bobum mecanismo pesadosite de aposta bobmastigação, e a comida cozida alimentava esse cérebro faminto por calorias.
Quando digo que os alimentos processados ajudaram a nos moldar como espécie, falo literalmente.
Mas eles continuam a fazer isso — e isso talvez seja mais preocupante. Alimentos ultraprocessados têm sido associados ao nosso tamanho corporal cada vez maior, e nossa dieta cozida e macia é,site de aposta bobúltima análise, a culpada pelo desalinhamento dos dentes.
Rosto pequeno, corpo grande, dentes tortos — talvez esta não seja uma tendência que desejamos manter.
O que levou nossos primeiros ancestrais a processar alimentos — a preservação — continua sendo o principal fator por trás do processamentosite de aposta bobcomida hoje.
Avanços na tecnologia significam que agora podemos congelar rapidamente a colheita no auge da estação, logo depoissite de aposta bobter sido extraída da terra, retendo os nutrientes essenciais até que sejam liberados novamente meses depoissite de aposta bobalgum fogão a milharessite de aposta bobquilômetrossite de aposta bobonde o produto foi cultivado.
No entanto, houve muitos outros fatores ao longo do caminho que forçaram a inovação alimentar.
Quando mais marinheiros morreramsite de aposta bobdesnutrição do quesite de aposta bobcombate durante a Guerra dos Sete Anos e as Guerras Napoleônicas, a pressão para encontrar novas maneirassite de aposta bobconservar os alimentos impulsionou o desenvolvimento e a adoção generalizadasite de aposta bobenlatados.
Em 1912, uma mudança na legislação do Reino Unido estabeleceu que a classe média desse aos empregados que trabalhavam na casa meio diasite de aposta bobfolga por semana; isso levou às primeiras versões das "refeições prontas", uma vez que as donassite de aposta bobcasasite de aposta bobclasse médiasite de aposta bobrepente se viram obrigadas a preparar o jantar uma vez por semana.
Influência dos conflitos
Foi a guerra novamente (desta vez, a Segunda Guerra Mundial) que limitou a disponibilidadesite de aposta bobmetal proveniente da China, interrompendo a produçãosite de aposta bobenlatados e abrindo o mercado para os alimentos congelados.
Um excessosite de aposta bobofertasite de aposta bobperu na décadasite de aposta bob1950 deu origem à invenção dos pratos congelados.
O desperdíciosite de aposta bobcomida levou até um fazendeiro californiano na décadasite de aposta bob1980 a revolucionar o lanche saudável. Cansadosite de aposta bobver maissite de aposta bob360 toneladassite de aposta bobcenouras esteticamente feias sendo desperdiçadas a cada ano, ele comprou um cortador industrial e começou a descascá-las e cortá-lassite de aposta bobpedaços convenientessite de aposta bob5 cm.
Foi o início da revolução da mini-cenoura, que impulsionou o consumosite de aposta bobcenoura nos Estados Unidossite de aposta bob33%.
Guerra, desnutrição, oferta e demanda, desperdíciosite de aposta bobalimentos — todos estes são motoressite de aposta bobinovação, assim como sustentabilidade e segurança alimentar.
Outro fator importante por trás da inovação alimentar na sociedade moderna é a conveniência. Em apenas 60 anos, o tempo gasto na preparação do jantar no Reino Unido passousite de aposta bob1,5 hora para pouco maissite de aposta bob30 minutos.
Também houve uma mudança dramática na unidade familiar nesses 60 anos. O númerosite de aposta bobmulheres que trabalham fora aumentou significativamente, e a quantidadesite de aposta bobfamílias monoparentais triplicou.
Não ésite de aposta bobse estranhar que as pessoas não estejam dispostas a passar uma hora e meia na cozinha preparando uma refeição com as criançassite de aposta bobseus calcanhares após um longo diasite de aposta bobtrabalho.
No entanto, as famíliassite de aposta bobgeral ainda conseguem incluir na rotina quase 4 horassite de aposta bobtelevisão por dia (o que aumentou para maissite de aposta bobseis horas durante o lockdown imposto pela pandemiasite de aposta bobcovid-19).
Portanto, talvez a gente precise ser honesto sobre até que ponto temos tempo para cozinhar ou se escolhemos gastar nosso tempo fazendo coisas diferentes.
Não é apenas a razão pela qual processamos os alimentos, mas como os processamos, que mudou drasticamente com o tempo. A fabricaçãosite de aposta bobqueijos é um excelente exemplo, já que os humanos fazem isso há pelo menos 10 mil anos.
A primeira investida na fabricaçãosite de aposta bobqueijos provavelmente aconteceu por acidente. O leite que era levadosite de aposta bobum sacosite de aposta bobpele feito do estômagosite de aposta bobum animal esquentou ligeiramente, e as enzimas remanescentes no saco fizeram o leite coalhar.
Ou talvez o conteúdo estomacalsite de aposta bobum animal lactante abatido tenha sido explorado, e alguma alma corajosa tenha decidido provar o leite coalhado.
Esses primeiros consumidores aventureiros teriam notado que a coalhada não tinha os mesmos efeitos nocivos que o leite cru (a maioria dos adultos na época seria intolerante à lactose). E os laticínios se tornaram uma fonte básicasite de aposta bobproteína.
Apenas 8,7 mil anos depois, havia aproximadamente 700 tipos diferentessite de aposta bobqueijo sendo produzidossite de aposta bobtodo o mundo. De cheddars envelhecidossite de aposta bobcavernas a bries macios,site de aposta bobfetas frescos ao chhurpupu do Himalaia feitosite de aposta bobleitesite de aposta bobiaque que pode durar 20 anos se armazenado corretamente.
Então, ao longo dos 200 anos seguintes, conseguimos pegar uma boa parte dessa diversidade e transformá-lasite de aposta bobuma aproximação monótona produzidasite de aposta bobmassa da coisa real.
A industrialização fez com que o leitesite de aposta bobvárias fazendas fosse amalgamado, perdendo o sabor distintosite de aposta bobcada fazenda esite de aposta bobcada estação, levando ao desaparecimento do produtorsite de aposta bobqueijo da fazenda.
Os fabricantes passaram a privilegiar um produto mais consistente, com menos gordura e que pudesse ser feitosite de aposta bobmenos tempo e com menos dinheiro.
Eles retiravam o creme da superfície para transformá-losite de aposta bobprodutossite de aposta bobvalor mais alto e, ao perder a rica cor amarela do queijo, começaram a adicionar sucosite de aposta bobcenoura ou calêndula para recuperá-la.
Os fabricantes adicionaram enzimas ao leite para acelerar o temposite de aposta bobmaturação.
Na décadasite de aposta bob1950, a cromatografia gasosa permitiu que os compostos aromáticos associados a um queijo maturado fossem analisados, isolados e identificados.
Isso possibilitou aos cientistassite de aposta bobalimentos começar a realmente alterar o processosite de aposta bobfabricação dos queijos — aprimorando os sabores por meio da adiçãosite de aposta bobaminoácidos específicos para atingir um sabor fortesite de aposta bobmenos tempo.
A ciência alimentar acabou usando enzimas e compostos aromáticos para criar um queijo que era tão baratosite de aposta bobproduzir que se tornou um ingrediente econômico para outros fabricantessite de aposta bobalimentos.
Os queijos enzimaticamente modificados podem conferir um verdadeiro saborsite de aposta bobqueijo a qualquer alimento, com muito pouco produto lácteo caro envolvido.
Mas isso levanta a questãosite de aposta bobqual deve ser o limite — a partirsite de aposta bobque ponto se torna uma enganação?
A série Beyond Natural, da BBC Future, analisa os alimentos processados sob diversas perspectivas.
Dos aditivos escondidossite de aposta bobalimentos saudáveis até os processos vistos na própria natureza, a série leva os leitores aos bastidoressite de aposta bobum dia na vidasite de aposta bobum cientista alimentar, alémsite de aposta boboferecer conselhos práticos sobre como ler os rótulos dos alimentos.
Também reconhece a complexidade do tema e ajuda a desafiar as percepções sobre alimentos processados.
Como consumidores, temos a obrigaçãosite de aposta bobestar informados e fazer com que os fabricantes saibam o que consideramos aceitável (e quando sentimos que passaram do limite) por meio do nosso podersite de aposta bobcompra.
As inovações no processamentosite de aposta bobalimentos podem ajudar a resolver a insegurança alimentar, reduzir o desperdíciosite de aposta bobalimentos e diminuir os impactos ambientais da produçãosite de aposta bobalimentos — ou colocar mais dinheiro no bolso dos fabricantes.
site de aposta bob Leia a versão original site de aposta bob desta reportagem (em inglês) no site BBC Future site de aposta bob .
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